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ONU defende participação das mulheres indígenas em decisões sobre combate à fome

5 de Setembro de 2018, 17:32 , por ONU Brasil - | No one following this article yet.
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Participante do Acampamento Terra Livre, realizado em Brasília (DF), em abril de 2018. Foto: ONU Brasil/Karina Zambrana

Participante do Acampamento Terra Livre, realizado em Brasília (DF), em abril de 2018. Foto: ONU Brasil/Karina Zambrana

Em mensagem para o Dia Internacional da Mulher Indígena, lembrado nesta quarta-feira (5), o chefe da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, cobrou que países garantam a participação das indígenas em discussões políticas sobre nutrição. Dirigente celebrou o protagonismo dessa população em suas comunidades — além de produzirem alimentos, as mulheres dos povos originários são conhecidas por seus conhecimentos sobre sementes e plantas medicinais.

“Sem elas, não podemos alcançar a meta do Fome Zero e não alcançaremos o desenvolvimento sustentável ”, afirmou o dirigente máximo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Apesar de suas contribuições, as mulheres indígenas permanecem excluídas dos processos que afetam suas vidas, como a formulação de políticas de proteção social. Seu trabalho, conhecimento e necessidades também estão sub-representados nas estatísticas.

Atualmente, existem mais de 400 milhões de indígenas no mundo. Desse contingente, metade é composta por mulheres. São elas que criam gado, plantam, pescam e caçam para coletar alimentos para suas comunidades.

“Apelamos aos países para que se levantem e garantam um lugar à mesa para as mulheres indígenas nos processos de elaboração de políticas”, completou Graziano.

Em 2018, a FAO lançou a Campanha Global pelo Empoderamento de Mulheres Indígenas pelo Fome Zero, com o Fórum Internacional das Mulheres Indígenas e a Agência de Notícias das Mulheres Indígenas e Afrodescendentes. Um dos destaques da iniciativa foi a mobilização Violet Chair (Cadeira Violeta), que pede mais espaço em instâncias decisórias.

“Colocar uma cadeira violeta em uma reunião é um lembrete simples, mas eficaz, de que as mulheres indígenas devem ter um assento nas mesas de negociação onde as políticas que afetam as comunidades indígenas estão sendo discutidas”, explica a diretora da Divisão de Cooperação Sul-Sul da FAO, Marcela Villarreal.

O violeta se tornou a cor da luta das mulheres por representatividade. A FAO encoraja as pessoas a usar a cor em pinturas, tecidos ou artesanatos e na confecção de cadeiras, em apoio à campanha.

“Nós não somos pessoas que precisam de ajuda ou que são perpetuamente vulneráveis. Somos agentes de mudança. Temos potencial, mas esse potencial precisa ser catalisado ”, defende a indígena Mariam Wallet Aboubakrine, presidente do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas.

Desde que adotou, em 2010, a Política sobre Povos Indígenas e Tribais, a FAO vem aprimorando seu trabalho com as comunidades originárias. Isso inclui incorporar o consentimento livre, prévio e informado para a adesão aos projetos da agência da ONU.

A FAO também apoia a promoção e conservação de sistemas alimentares indígenas e o empoderamento de mulheres e jovens indígenas. Um dos projetos do organismo internacional são as Escolas de Liderança de Mulheres Indígenas na Ásia e na América Latina. Desde maio de 2015, mais de cem mulheres indígenas foram treinadas para se tornarem defensoras dos direitos humanos, da segurança alimentar e da nutrição na Bolívia, Peru, Índia, Filipinas, Panamá, El Salvador e Paraguai.

Celebrações na América do Sul

Para comemorar a data internacional e lançar sua campanha sobre mulheres indígenas na América do Sul, a FAO reuniu em Santiago, no Chile, 30 lideranças de povos originários. As convidadas participaram da Escola de Liderança da FAO. Na América Latina, pelo menos 26,5 milhões de mulheres indígenas vivem em mais de 600 aldeias.

Na capital chilena, durante a abertura do curso em liderança, o representante regional da FAO, Julio Berdegué, alertou para visões reducionistas da mídia e das políticas públicas. Segundo o dirigente, nesses espaços de discussão e produção de informação, ainda persiste uma imagem que diminui simbolicamente as mulheres indígenas — por sua origem, seu gênero e por serem pobres.

“Nós, da FAO, as consideramos três vezes poderosas porque são guardiãs da herança cultural de seus povos, agentes econômicos em seus territórios e líderes políticos na luta para erradicar a discriminação”, enfatizou Berdegué.

Uma das participantes da escola foi a jovem paraguaia Tania Vera, do povo Avá-Guarani. Ela não só fundou a primeira equipe de futebol feminino indígena em sua comunidade, como, hoje, faz parte do Comitê de Representantes Indígenas que participam do PROEZA, um programa governamental de combate às mudanças climáticas do Paraguai. O projeto recebeu 90 milhões de dólares do Fundo Verde para o Clima.


Fonte: https://nacoesunidas.org/onu-defende-participacao-das-mulheres-indigenas-em-decisoes-sobre-combate-a-fome/

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