Ban Ki-moon ressalta papel de governos locais para desenvolvimento sustentável
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindapor Alana Gandra
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, chamou a atenção hoje (21) a importância de os governos locais e os líderes de todo o mundo caminharem cada vez mais juntos na busca do desenvolvimento sustentável. Ele disse que, no mundo globalizado, há pouca diferença entre governos locais e governos nacionais e destacou as ações que vêm sendo empreendidas pelas prefeituras municipais para encontrar soluções para os problemas de transporte e de água, por exemplo.
Segundo Ban Ki-moon, foram feitos progressos em relação a ações sustentáveis no documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, que será firmado amanhã (22) pelos países-membros da ONU. “Há avanços para o desenvolvimento sustentável”, disse.
O secretário-geral da ONU que o tema cidades sustentáveis também foi contemplado. Ele observou que a urbanização crescente é a raiz dos problemas enfrentados pelas cidades no que diz respeito às mudanças climáticas. Por isso, Ban Ki-moon pediu o comprometimento dos governos locais para superar esse desafio e garantir às populações um ambiente de vida mais decente. “O envolvimento dos prefeitos é importante para evitar a pobreza, para proteger o meio ambiente e reduzir os riscos [das emissões de gases poluentes].”
Ban Ki-moon analisou que o documento conclusivo da Rio+20 não será o final do caminho rumo ao desenvolvimento sustentável, mas o início do processo. Ele lamentou que a ONU não possa dar suporte financeiro aos governos locais para que efetivem ações de redução das emissões de gases de efeito estufa.
Ele informou que a ONU vai criar um fundo de tecnologias verdes, com recursos no valor de US$ 100 milhões, para serem aplicados na viabilização de projetos para garantir o acesso de pessoas sem eletricidade nos países mais pobres à energia.
O presidente da instituição Governos Locais pela Sustentabilidade (Iclei), David Cadman, declarou que “há um senso de urgência que nós [governos locais] não sentimos nos governos nacionais”. A expectativa, segundo ele, era que a Rio+20 compensasse o que não foi feito nos últimos 20 anos, no mundo, em relação às mudanças climáticas. “O documento final da Rio+20 inclui as cidades, mas não os governos nacionais como gostaríamos”, manifestou.
Para ele, os governos nacionais e internacionais têm de ajudar os governos locais na promoção do desenvolvimento sustentável. Cadman frisou a necessidade de parceria e ajuda dos governos nacionais e internacionais. “Não temos tempo a perder”.
Ainda com relação ao documento, o secretário-geral da ONU reiterou que o documento da conferência estabelece orientações concretas em 26 áreas principais, entre as quais cidades e urbanização. Segundo Ban Ki-moon, há ainda problemas como falta de água, de saneamento, de transporte, questões climáticas, desertificação, desmatamento, para os quais seria impossível qualquer esforço sem a participação ativa das cidades.
Ele anunciou que será criado um painel com pessoas de alto nível, que vai trabalhar essas questões também no nível político. Ele designou o presidente da Libéria e o primeiro-ministro da Inglaterra para liderar o painel, que discutirá as ações e objetivos do desenvolvimento sustentável. Na avaliação do secretário-geral da ONU, os líderes mundiais que participam da Rio+20 acabarão concordando com um fórum político inclusivo para debater o desenvolvimento sustentável, capaz de criar condições para um mundo mais próspero e de maior qualidade para todos, nos níveis econômico, social e ambiental.
Edição: Lana Cristina
Comunidade ameaçada por obras da Copa recebe apoio na RIO+20
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Via Campesina
Mais de 1500 militantes de movimentos sociais do campo, da cidade e indígenas realizaram hoje nesta quarta-feira, 20, um ato de solidariedade à comunidade Vila Autódromo, localizada na Baixada de Jacarepaguá, durante a Cúpula dos Povos realizada no Rio de Janeiro durante o mês de junho.
A comunidade é ameaçada de despejos há mais de 20 anos, e sofre agora nova ofensiva por causa dos diversos eventos para os que a cidade vem-se preparando nos próximos anos.
Integrantes do MST denunciam crimes ambientais na agricultura
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaDa Agência Brasil
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fizeram hoje (21) uma passeata no centro do Rio de Janeiro com a finalidade de denunciar os crimes ambientais cometidos contra a agricultura. Segundo os representantes, os modelos de agricultura utilizados pelos empresários têm contribuído para um “envenenamento” do campo.
Os manifestantes saíram da Igreja da Candelária e percorreram a Rua Primeiro de Março e a Avenida Rio Branco, indo ao encontro dos representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que participavam, na zona portuária, de um evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. As ruas do centro tiveram o trânsito parcialmente interrompido em função do protesto.
O coordenador nacional da Via Campesina, uma organização mundial que congrega todas as entidades que atuam no campo, Diego Moreira, explicou que, no Brasil, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, a agricultura familiar detinha somente 23% do território do país livre para esta atividade.
Entretanto, o agronegócio usa 77% do território disponível, e 100% do que é produzido é exportado. “Nós temos um modelo de agricultura que está envenenando a natureza, a água e os lençóis freáticos. Um modelo que é totalmente produzido para a exportação”, disse.
Ainda segundo Moreira, no Orçamento Geral da União, o governo federal disponibilizou, no ano passado, R$120 bilhões para a agricultura, sendo que, desse total, somente R$ 16 bilhões foram repassados para a agricultura familiar. “O agronegócio é um modelo totalmente dependente dos agroquímicos. Portanto, depende das grandes empresas transnacionais que controlam a produção de sementes e de agrotóxicos, além de ser um modelo totalmente dependente do crédito do governo”, completou.
A marcha exigiu ainda o fim do uso dos agrotóxicos. A coordenadora estadual do MST do Maranhão, Divina Lopes, disse que o Brasil, desde 2009, tornou-se um dos países que mais utilizam agrotóxicos no mundo. Ela enfatizou que somente 30% do veneno que é pulverizado, ou seja, despejado por meio de aviões, são absorvidos pelas plantações. O restante é lançado no solo e na água. “O modelo do agronegócio é um modelo de desenvolvimento insustentável. Não há sustentabilidade nem para a natureza e nem para vida das pessoas”, lembrou.
Dentre as reivindicações do MST estão a redução de emissões por desmatamento; produção de energia por meio da biomassa, ou seja, a conversão de plantas e algas em fontes de energia para substituir o petróleo; e a agricultura climaticamente inteligente, aquela que se adapta aos diferentes climas. Entre as propostas do grupo estão a soberania alimentar, que permite acabar com os monocultivos; a reforma agrária; o incentivo à agricultura camponesa, além do uso de outras fontes de energia renovável.
Clique e veja a galeria de fotos da manifestação: MST faz passeata no centro do Rio
Edição: Lana Cristina
Chefe da delegação brasileira critica reclamações de líderes sobre texto final
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindapor Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
O chefe da delegação do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, embaixador André Corrêa do Lago, um dos principais negociadores do documento final da conferência, condenou hoje (21) a cobrança de líderes políticos por um texto mais amplo e completo. Para ele, os líderes não podem fazer cobranças porque seus negociadores participaram de todas as reuniões e concordaram com a redação do texto finalizado há dois dias.
“Líder [referindo-se a chefes de Estado e Governo] reclamar não faz sentido, pois todos participaram das negociações [sobre o texto final da conferência]. O que deve haver é uma dimensão de entendimento que há uma decisão global e outra que diz respeito a como cada país vai fazer individualmente”, disse o embaixador.
Publicamente, vários presidentes reclamaram do texto final, como François Hollande (França), Rafael Correa (Equador), José Pepe Mujica (Uruguai), Evo Morales (Bolívia) e Raúl Castro (Cuba), além de autoridades europeias. Nos últimos dias das negociações em torno do documento, houve divergências entre os negociadores dos países desenvolvidos e os de países em desenvolvimento.
Diferentemente do que ocorreu a portas fechadas no Riocentro, principal local das negociações da conferência, Lago elogiou os norte-americanos. Segundo ele, há uma compreensão do governo dos Estados Unidos sobre a necessidade de promover o desenvolvimento sustentável como oportunidade para gerar avanços sociais e ambientais.
O embaixador reiterou que a conclusão geral é que o saldo da Rio+20 é positivo. “O principal saldo da conferência foi fazer com que o desenvolvimento sustentável se transforme em paradigma em todos seus aspectos, o social, o ambiental e o econômico”, disse Lago.
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que entregou o documento com críticas ao texto final da Rio+20 às autoridades, rebateu a afirmação. Segundo ela, a sociedade civil não se vê representada nos 283 pontos contidos na redação acordada e que, por isso, não há razão para manter, no texto, a informação que os movimentos sociais apoiam o documento.
“É engraçado que, nesse momento, há um consenso, né? Os chefes de Estado [e Governo] todos dizem que estão insatisfeitos com o texto. Não sei para quem estão falando, talvez para eles mesmos”, disse a ex-ministra.
Marina Silva completou dizendo que “se não estão satisfeitos com o texto que eles decidiram, por que a sociedade vai chancelar? Neste momento, a sociedade está cumprindo seu papel. O que está sendo feito é adiar mais uma vez o inadiável”. O embaixador disse que é natural a cobrança da sociedade civil. “É função da sociedade civil cobrar”, ressaltou Lago.
Marcelo Yuka: “A música pode ser espelho da sociedade”
20 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda“A música pode ser espelho da sociedade”. Foi o que defendeu o cantor e compositor Marcelo Yuka depois de se apresentar na Arena Socioambiental. Para Yuka, várias das apresentações musicais que aconteceram no palco contêm as reivindicações do público da Arena em outra abordagem. “Uma coisa alimenta a outra, não tem como separar”.
O cantor lembrou, porém, que não basta estar junto, trocar informações e que é preciso pressionar por políticas públicas. “Se não vira a ciranda de entretenimento, esvazia o discurso”, observou.
Yuka, que também esteve no Aterro do Flamengo, na Rio 92, acredita que o encontro de vinte anos atrás foi alicerce para um importante ciclo, que inclui o Fórum Social Mundial, o Protocolo de Quioto e que chega à Cúpula dos Povos, maior evento da sociedade civil que acontece em paralelo à Rio+20. O cantor diz se sentir feliz em levar sua música para esse espaço. “Se minha música tem essa inquietude, essa contundência social, é por que isso me sensibiliza”, afirmou.