
Equipe do curta “Alma Crespa”. Foto: Alma Crespa
O programa de cooperação intergovernamental IberCultura Viva divulgou no início de junho (8) os dez vencedores do concurso de curtas-metragens “Comunidades Afrodescendentes: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”, que teve mais de 130 inscritos.
Lançado em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil, o concurso selecionou vídeos que promovessem uma reflexão sobre as comunidades afrodescendentes no Brasil e sua busca pelo pleno exercício de direitos culturais.
Entre os dez vídeos vencedores, cinco são brasileiros — “ABAYA | resistência e ancestralidade”, de Frederico Moreira; “111 Tiros na Alma Negra”, de Pedro Henrique Lima de Oliveira; “Alma Crespa”, de Rebecca Joviano; “Afrografías”, de Denise Braz; e “BATE FOLHA: identidade ancestral”, de Carla Maria Ferreira Nogueira.
O Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) conversou com Rebecca Joviano e Paulo China, da produtora Memory Audiovisual, idealizadores do “Alma Crespa”.
O curta conta a história de Iza (Raphaela Joviano), jovem carioca cujo sonho é ser “reconhecida por sua alma e não por sua cor”, segundo sinopse de divulgação do filme.
Produzido no Rio de Janeiro em três dias, o vídeo mostra o cenário histórico da comunidade afro-brasileira na zona portuária, região conhecida como “Pequena África”, onde Iza relembra aspectos do passado e de sua própria vivência na cidade.
“Um concurso com esse tema é muito importante, porque estimula a produzir filmes com essa temática. É muito bacana trazer esse tipo de assunto para discussão, para ênfase, para um protagonismo”, disse Rebecca.
Segundo ela, “Alma Crespa” questiona a luta diária e a falta de liberdade do povo negro no Brasil. “É importante a gente falar nos filmes sobre nossa luta, nas artes plásticas, na dança. Todo tipo de arte em que a gente tiver oportunidade de falar e inserir isso é muito importante”.
“É vibrante ver um filme desse, contando um pouquinho da nossa história, da nossa vivência e da luta, que continua. O filme tem mesmo essa mensagem: a luta continua”, acrescentou.
Paulo China destacou a importância da representatividade e do audiovisual como “ferramenta poderosa para resgatar, preservar e difundir uma história”. Para ele, a popularização do audiovisual permitiu aumentar a diversidade de pessoas produzindo nesse meio.
“Com a popularização do audiovisual, muita gente, não só negros, mas pessoas da periferia, da Baixada Fluminense e das comunidades, estão conseguindo contar suas histórias”, afirmou. “Fico muito feliz de saber que essa história está indo adiante e está sendo contada mundo afora”.
O IberCultura Viva é um programa intergovernamental de cooperação técnica e financeira voltado para o fortalecimento das políticas culturais de base comunitária dos países ibero-americanos. Os membros são Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Peru e Uruguai.
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Assista ao curta “Alma Crespa”: