
Bruna Martinez, participante da 22ª Conferência Internacional de AIDS. Foto: UNAIDS
Em Amsterdã, jovens de todas as partes do mundo fizeram um apelo, durante a 22ª Conferência Internacional de AIDS, por políticas de HIV inclusivas, que levem em consideração as necessidades reais da juventude. Em 2017, a ONU identificou 250 mil novas infecções pelo vírus entre adolescentes de dez a 19 anos. No mundo, existem 1,8 milhões de pessoas nessa faixa etária vivendo com o HIV.
“Na Índia, o sexo é um grande tabu. Um adolescente de 16 anos não pode comprar preservativos, por exemplo, e os pais precisam dar o seu consentimento para que façam o teste de HIV”, contou Chinmay Modi, de 25 anos, durante um painel de jovens da conferência.
O indiano nasceu com HIV e falou sobre sua luta para acessar serviços de saúde. Modi acredita que educar crianças e pais é fundamental. Seu maior desejo é ver a criação de serviços voltados especificamente para a juventude.
Por ano, em todo o planeta, 38 mil adolescentes morrem devido a causas relacionadas à AIDS, de acordo com estimativas do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).
Bruna Martinez acredita com firmeza que uma ampla educação sexual, discutindo questões de gênero, saúde e prazer, não apenas reduziria o estigma, como também diminuiria o medo que os adolescentes têm do HIV.
“O HIV não deve ficar no vácuo”, disse. “Somos uma geração que pode discutir sobre sexo e isso é ótimo.”
A ativista lembrou que “ainda há muitos jovens infectados pelo HIV e morrendo”. De acordo com o UNAIDS, o vírus é uma das principais causas de morte entre pessoas com idade de dez a 19 anos.
“Isso significa que estamos falhando e o sistema não está funcionando”, afirmou Bruna, que defendeu que a política de HIV tem que vir de baixo para cima. A jovem também discutiu a necessidade de estratégias como a educação entre pares e a valorização do conhecimento local.
“É importante que não sejamos atendidos, mas sim, muito mais, que sejamos reconhecidos”, completou.
Dany Stolbunov, da Ucrânia, foi taxativo sobre a necessidade de trazer as vozes dos jovens para os processos de formulação de políticas. “Nada para nós, sem nós”, enfatizou.
O ucraniano lamentou o fato de que, em seu país de origem, os jovens têm informações limitadas e não são vistos como uma prioridade. “Estamos prontos para lutar por nossos direitos”, acrescentou.
Segundo Melodi Tamarzians, embaixadora holandesa da Juventude para a Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos, a juventude deve participar da gestão de saúde com funções consultivas e concretas. “Não preencha a parte dos jovens dando-nos uma posição simbólica”, ressaltou.