
Família aguarda chegada de ajuda humanitária fornecida pelo UNICEF em Hodeida, no Iêmen, em junho deste ano. Foto: UNICEF
A violência contínua e os ataques contra infraestrutura civil em Hodeida ameaçam diretamente centenas de milhares de crianças e suas famílias no Iêmen, segundo a chefe do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em comunicado divulgado nesta quarta-feira (1).
“Os ataques contra instalações e serviços civis são inaceitáveis, desumanos e violam as leis básicas da guerra”, disse a diretora-executiva do UNICEF, Henrietta Fore. “No entanto, os últimos dias registraram uma escalada nos ataques contra sistemas e instalações essenciais para a vida de crianças e famílias”, acrescentou.
Segundo a imprensa internacional, no fim de semana um armazém apoiado pela UNICEF contendo provisões humanitárias, incluindo utensílios de higiene e suprimentos relacionados à água, foi atingido por dois ataques aéreos.
No sábado (28), um centro de saneamento apoiado pela UNICEF no distrito de Zabid foi atacado, com danos no tanque de combustível. Um dia antes, ataques ocorreram contra a estação de água do distrito de Al-Mina, principal fonte de água para a importante cidade portuária.
No total, 22 milhões de pessoas precisam de algum tipo de assistência no Iêmen depois de anos de conflito entre o governo e as forças de coalizão lideradas pela Arábia Saudita, que vem lutando contra os rebeldes houthi pelo controle do país. Hodeida é o principal porto para a economia dependente de importações, já que mais de 70% de todos os suprimentos humanitários, bens comerciais e alimentos trazidos para o país passam por suas docas.
A coordenadora humanitária da ONU para o Iêmen, Lise Grande, descreveu a cidade no domingo (29) como à beira de “uma epidemia incontrolável”, devido ao risco iminente de um novo surto de cólera transmitida pela água.
O chefe da UNICEF disse nesta quarta-feira (1) que o país “já está enfrentando uma grave escassez de água potável, que está diretamente ligada a surtos de cólera e diarreia aquosa aguda”, ressaltando que os ataques à infraestrutura hídrica “prejudicam os esforços para prevenir outro surto de cólera e diarreia aquosa aguda no Iêmen”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que Hodeida registrou a maior incidência de casos suspeitos de cólera; cerca de 14% dos relatados em todo o país desde o início de um surto, em abril de 2017.
A chefe do UNICEF chamou novamente todos os envolvidos no conflito a proteger civis e infraestrutura civil. “A guerra no Iêmen não tem vencedores. Está roubando os filhos iemenitas de seus futuros”, concluiu.