A representação diplomática da Argélia no Rio de Janeiro, com apoio do Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio), realizou no início de agosto (10), no Centro Cultural Correios, a palestra-exposição “Emir Abdelkader: precursor do direito humanitário e chanter do diálogo inter-religioso”. O evento foi conduzido por Elhacene El Bey, ministro-conselheiro e chefe da representação diplomática argelina no Rio.
El Bey apresentou a contribuição da Argélia no cenário do direito internacional humanitário através das realizações do emir Abdelkader ibn Muhieddine, líder religioso e militar argelino, conhecido como o fundador do Estado moderno da Argélia e reconhecido por seu respeito contínuo pelo que hoje é chamado de “direitos humanos”.
De acordo com o chefe da representação diplomática, o emir foi quem, pela primeira vez, formulou um regulamento militar estrito proibindo a matança ou os maus-tratos dos inimigos detidos. “Estipulando regras como ‘proibição absoluta de matar um prisioneiro desarmado’, Abdelkader deu o exemplo para um tratamento mais humano dos presos”, disse, acrescentando que “foi no princípio do Islã que ele encontrou a inspiração que o ajudou a estabelecer as fundações do direito humanitário.”
A palestra aconteceu na galeria da exposição “70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, com obras de Otávio Roth. Realizada pela primeira vez no Rio de Janeiro, a mostra apresenta 30 xilogravuras que traduzem os ideais de paz e igualdade defendidos nos artigos do documento. A exposição segue no local até 9 de setembro.
Ao final da exposição, Elhacene El Bey e Ednor Medeiros, diretor do Centro Cultural Correios, agradeceram Maurizio Giuliano, diretor do UNIC Rio, pela oportunidade do evento.
“Em nossa cultura, pouco falamos sobre a história dos países da África. Portanto, o UNIC Rio nos deu a chance de verificar o quanto de direitos humanos os nossos povos têm em comum”, observou Ednor.
Para Maurizio Giuliano, é realmente significativo que a Argélia tenha sido um dos países precursores do direito internacional humanitário, que não fazia parte do direito internacional até as Convenções de Genebra.
“Foi justamente na Argélia, nos anos 60, que tiveram lugar alguns dos abusos mais graves do direito internacional humanitário por mãos de estrangeiros”, pontuou o diretor do UNIC Rio. “O trabalho do emir Abdelkader nos lembra que os direitos humanos e o direito internacional humanitário não pertencem a nenhuma cultura ou civilização específica – pertencem à humanidade e tem as suas raízes no direito natural”, concluiu.