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Para escapar do conflito armado, refugiados congoleses buscam segurança em Uganda

20 de Fevereiro de 2018, 14:55 , por ONU Brasil - | No one following this article yet.
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Com a ajuda de seu filho, Jack Bandinga está arrumando seus pertences na costa ugandense do Lago Alberto: “vimos corpos no chão”, relembra. “As pessoas foram cortadas a machadadas. Estas são as coisas que testemunhamos”.

Jack teve sorte de ter escapado da violência em Toregesi, na província de Ituri, nordeste da República Democrática do Congo (RDC). Após se esconder no mato por dois dias, ele, sua esposa e seus quatro filhos chegaram a Uganda, após atravessarem o lago a bordo de um barco de pesca em uma viagem perigosa de cinco horas.

Na semana passada, em apenas três dias, mais de 22 mil congoleses cruzaram o Lago Alberto rumo a Uganda, fazendo com que o número total de pessoas da RDC a chegar ao país vizinho atingisse a marca de 34 mil desde o início do ano.

Os refugiados usam canoas pequenas ou barcos de pesca superlotados e frágeis, que muitas vezes carregam mais de 250 pessoas em uma viagem que pode durar até 10 horas. A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) manifestou pesar com a notícia do afogamento de quatro refugiados congoleses após o barco em que viajavam ter virado.

Nas margens do Lago Alberto, multidões de congoleses recém-chegados se aglomeram, coletando seus pertences ou esperando para ver se membros da família e parentes também chegaram.

Anita Mave, de 24 anos, está entre aqueles que esperam pela família. Ela não tem certeza se eles estão vivos. Quando os conflitos se intensificaram, ela foi separada do marido e dos dois filhos. “Meu marido partiu em uma direção e eu, em outra”, conta. “Não tenho certeza se ele e meus filhos foram mortos ou se estão vivos”.

A bordo de um barco, Anita atravessou o Lago Alberto, esperando se reunir com eles do outro lado. Ela não os viu e nem teve notícias de seu paradeiro. “Não há comida lá. Vi muitas pessoas morrerem de fome”, diz. “Nós apenas sobrevivemos como animais selvagens”.

O agravamento do conflito entre grupos étnicos na RDC criou uma onda de deslocamento que se estende ao longo do lago rumo a Uganda. Na semana passada, mais de 1,3 mil pessoas atravessaram a aldeia ugandesa de Sebagoro, onde o ACNUR criou um centro de emergência para receber refugiados.

“A situação é bastante terrível”, afirma Andrew Harper, da Divisão de Apoio e Gestão de Programas do ACNUR. “Falta água, comida, equipamento médico e abrigo”.

Ele conta que os principais objetivos do ACNUR são registrar as chegadas, levar os refugiados para as áreas alocadas pelo governo ugandês e construir infraestrutura, como abrigos.

Na região, dezenas de pessoas foram mortas nos combates e milhares foram deslocadas. Há relatos perturbadores de aldeias completamente incendiadas. A maioria dos deslocados recebe assistência limitada e mal tem acesso a alimentos, água e suprimentos de emergência.

O ACNUR está em alerta máximo em ambos os lados da fronteira e reitera a necessidade de maiores esforços para garantir aos refugiados segurança e ajuda humanitária.

A agência está trabalhando com o governo de Uganda para facilitar o registro dos que chegam, o que é essencial para a sua realocação para o centro de acolhimento de Kagoma, no distrito de Hoima.

Mais de 5 milhões de pessoas foram deslocadas à força em razão do conflito na RDC. Cerca de 4,49 milhões estão deslocadas internamente e mais de 680 mil foram forçadas a fugir para países vizinhos, como Uganda e Burundi.

“A única ajuda que pedimos é a paz no nosso país”, diz Jack Bandinga. “Viemos para Uganda em busca de segurança, então um Congo pacífico é o único auxílio do qual precisamos”.


Fonte: https://nacoesunidas.org/para-escapar-do-conflito-armado-refugiados-congoleses-buscam-seguranca-em-uganda/

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