
Confrontos na Síria deixaram a maior parte do país em ruínas. Foto: ACNUR/Susan Schulman
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou veementemente nesta quinta-feira (26) os atentados suicidas ocorridos na cidade de Sueida, localizada no sudoeste do país e controlada pelo governo sírio, e que deixaram centenas de mortos e feridos.
De acordo com a imprensa internacional, os ataques foram reivindicados pelo grupo terrorista Estado Islâmico, ou Da’esh, que defende território na região após uma ampla ofensiva do governo.
“Ele está chocado com o total desrespeito pela vida humana exibido pelo Estado Islâmico”, disse o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, ressaltando que “os responsáveis pelos ataques devem ser responsabilizados”.
O secretário-geral da ONU enviou suas condolências às famílias das vítimas e desejou rápida recuperação aos feridos.
O coordenador humanitário da ONU para a região, Ali al-Za’tari, pediu melhor “proteção de civis e da infraestrutura civil e que eles sejam poupados da violência e do conflito onde quer que estiverem” no país devastado pela guerra.
Staffan de Mistura, enviado especial da ONU para a Síria que está tentando levar as partes em conflito para a mesa de negociação, atualizou o Conselho de Segurança na quarta-feira (25) em Genebra sobre a situação política e humanitária no país.
Agência da ONU alerta para necessidade de assistência a desabrigados
Depois de um ataque do governo às áreas controladas pela oposição na Síria, estima-se que 140 mil pessoas no sudoeste do país permaneçam desabrigadas e precisem de ajuda, disse a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) na sexta-feira (20), pedindo acesso contínuo às comunidades deslocadas.
“Um novo aumento de assistência é necessário e o ACNUR continua defendendo o acesso sustentado de agentes humanitários”, disse o porta-voz do ACNUR, Andrej Mahecic, a jornalistas em Genebra, explicando que a ONU e outros parceiros conseguiram alcançar dezenas de milhares de civis.
Durante os primeiros seis meses deste ano, em meio a contínuos combates e novos deslocamentos, estima-se que cerca de 13 mil refugiados de países vizinhos e outros 750 mil deslocados internos tenham retornado a Alepo, Homs, Hama, Damasco, no oeste e nordeste da Síria.
Mahecic lembrou que as Nações Unidas continuaram a melhorar sua resposta humanitária aos deslocados internos, retornados e outras comunidades afetadas pela crise.
“Em antecipação e reconhecimento dessa dinâmica, o ACNUR ampliou sua capacidade dentro da Síria já em 2017 para apoiar refugiados e deslocados internos que voltam espontaneamente”, afirmou.
Em reconhecimento ao anúncio de uma iniciativa conjunta sírio-russa para estabelecer um centro de refugiados na Síria para ajudar aqueles que desejam voltar para casa, o ACNUR disse que, embora ainda não tenha visto nenhum detalhe do plano, está pronto para discussões com os dois governos. A agência também disse estar preparada para trabalhar com as autoridades no sentido de encontrar soluções que atendam os padrões internacionais de refugiados e direitos humanos.
“Os refugiados sempre têm o direito de voltar”, ressaltou Mahecic, acrescentando que eles não devem ser pressionados, apressados ou prematuramente forçados a deixar os países onde encontraram abrigo.
“O ACNUR ressalta que qualquer plano que vise permitir que os refugiados exerçam esse direito deve estar alinhado com os padrões internacionais — o que significa que os retornos devem ser voluntários, precisam ocorrer em condições seguras e dignas e precisam ser sustentáveis”, declarou.
Em seu oitavo ano, o conflito sírio continua cobrando um pedágio terrível para os civis do país. Mais da metade da população foi forçada a sair de suas casas e muitos foram deslocados várias vezes.

Famílias deslocadas da cidade de Quneitra, sudoeste da Síria, buscam abrigo em áreas e campos abertos. A estimativa é de que 140 mil pessoas estejam deslocadas na região. Foto: UNICEF/Alaa Al-Faqir