
Secretário-geral da ONU, António Guterres, fala ao Conselho de Segurança sobre manutenção da segurança e da paz internacional, com foco em mediação e resolução de disputas. Foto: ONU/Evan Schneider
Como a guerra e a mediação da paz se tornaram cada vez mais complexas, o pensamento inovador é necessário para salvar e melhorar a vida de milhões de pessoas, disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, ao Conselho de Segurança na quarta-feira (29).
Segundo o chefe da ONU, um cenário de conflitos em transformação exige pensamento criativo e ousado na mediação internacional. Para ele, isso significa usar as mídias sociais efetivamente como uma ferramenta para unir comunidades, falar uma só voz e apoiar os esforços de mediação de organizações regionais e sub-regionais. “Pensamento inovador na mediação não é mais uma opção, é uma necessidade”, declarou.
Falando ao lado do chefe da ONU estavam o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, membro do Conselho Consultivo de Alto Nível sobre Mediação, e Mossarat Qadeem, co-fundadora do PAIMAN Alumni Trust, um grupo da sociedade civil que trabalha para evitar o extremismo violento no Paquistão.
Como os oradores do debate de um dia advertiram que a manutenção da paz e da segurança internacionais enfrenta múltiplos desafios, Guterres observou que muitos conflitos internos caracterizam uma mistura mortal de grupos armados fragmentados e interesses políticos, financiados por atividades criminosas, e que acordos de paz estão se tornando mais evasivos e de curta duração.
O arcebispo Justin manifestou preocupação com o fato de a ordem internacional baseada em regras estar enfrentando dificuldades, com interesses nacionais muito frequentemente se sobrepondo, “mesmo nesta câmara”, à sabedoria daqueles que viveram a guerra.
Por essa razão, o secretário-geral da ONU tornou a diplomacia pela paz uma de suas principais prioridades, com foco na prevenção e no investimento em mediação, construção da paz e desenvolvimento sustentável.
Como exemplo de seu compromisso, ele citou a criação do Conselho Consultivo de Alto Nível sobre Mediação, em setembro de 2017, que visa permitir que a ONU trabalhe mais efetivamente com organizações regionais, grupos não governamentais e outros atores envolvidos na mediação de conflitos em todo o mundo.
Ele acrescentou que a ONU já tem uma ampla gama de recursos de mediação à sua disposição, incluindo enviados especiais e representantes em busca de consultas e conversas formais.
Guterres disse ao Conselho de Segurança que a ONU reconhece o importante papel desempenhado por uma “enorme gama” de atores, desde órgãos nacionais até grupos da sociedade civil, organizações de mulheres, líderes religiosos e jovens ativistas.
No Sudão do Sul, onde um acordo de paz foi recentemente aprovado, o enviado da ONU apoia esforços locais para resolver conflitos comunais e, como explicou o arcebispo Justin, líderes da Igreja Católica estão desempenhando um papel cada vez mais importante no impulso ao processo de paz no país.