Por Coordenação Andina de Organizações Indígenas (Caoi)
Enquanto o Peru é sacudido por múltiplos conflitos sociais provocados pela imposição da mineração em territórios indígenas, o presidente do país, Ollanta Humala, ratificou-se no extrativismo como modelo de desenvolvimento durante sua intervenção na Conferência de Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
O Presidente Humala, eleito com a promessa de que, em seu governo, a água valeria mais que o ouro, disse na Rio+20 que o Peru trabalha para melhorar a atividade extrativa, conseguindo a harmonia com o meio ambiente por meio dos marcos normativos para melhorar os padrões ambientais e a saúde da população, segundo informou o jornal A República de Lima. Humala também anunciou o fortalecimento do Ministério do Ambiente e uma institucionalidade ambiental com o compromisso de um modelo de desenvolvimento sustentável, inclusivo e coletivo.
Discurso e realidade
Desde que a ditadura de Alberto Fujimori mudou a Constituição e as leis, os sucessivos governos, formalmente democráticos, não têm mudado o modelo. Ao contrário, aprofundaram-no, emitindo diversas normas de criminalização da luta social. Centenas de líderes indígenas processados por defender os direitos de suas comunidades são o resultado dessas políticas. Ollanta Humala não é a exceção: durante os onze meses que está no governo, os conflitos socioambientais se multiplicaram e a repressão às comunidades indígenas tem custado novos mortos, feridos e processados.
Fazer questão do desenvolvimento extrativista não só aumenta os conflitos sociais, aprofunda as brechas econômicas e sociais, torna vulneráveis os direitos fundamentais e saqueia e maltrata à Mãe Terra. A Coordenadora Andina de Organizações Indígenas reafirma que a mineração é incompatível com o desenvolvimento sustentável. Não há “mineração boa” e “mineração má”, menos ainda nos países pobres, onde os governos se submetem ao mandato das corporações multinacionais.
0sem comentários ainda
Por favor digite as duas palavras abaixo