por Isabela Vieira
Último dia da Cúpula dos Povos, evento da sociedade civil no Aterro do Flamengo, a sexta-feira foi a oportunidade de correr atrás de assinaturas para abaixo-assinados, de tirar foto com o Pão de Açúcar ao fundo e de comprar as lembrancinhas que faltavam. Segundo os organizadores, o encontro reuniu cerca de 20 mil pessoas.
Os ativistas que participaram da Cúpula dos Povos se despedem depois de uma semana de debates, assembleias, exposições, denúncias e muitas críticas à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Para representantes de organizações não governamentais e de movimentos sociais, o fim da Rio+20 e da Cúpula dos Povos é um início de uma mobilização mais ampla.
“Foi intenso”, diz o babalaô Ivanir dos Santos, representante da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, do Rio. “Mas, no momento em que se diz que os movimentos sociais estão em baixa, isso deixa uma herança. O negócio não é agora, é o que vai vir”, declarou.
Quem volta para casa, além de lembranças de inúmeros protestos, leva até algum dinheiro no bolso. É o caso do índio Kowá Fulniô, que conseguiu vender quase todas as peças de artesanato que trouxe de sua aldeia, em Pernambuco. Para ele, o que mais valeu, no entanto, “foi juntar os povos indígenas para defender as terras [dos índios], que ainda não são respeitadas, e conhecer o Rio de Janeiro”.
Na fila para assegurar uma lembrança do evento, a estudante Carla Carvalho esperava, pacientemente, para tirar uma foto com amigas no estande dos Correios – que ficou lotado todos os dias do evento. A imagem se transformará em um selo personalizado. “Vim porque quero deixar registrado que participei de uma luta por um mundo melhor. Cúpula dos Povos, eu fui”, diz.
O mesmo sentimento é o do publicitário Jorge Alexandre. Segundo ele, a cúpula é um espaço de troca de experiências, “para saber o que se está pensando no país e, muitas vezes, não sai nos meios de comunicação”. “Quero mostrar para minha filha um monte de coisas, os índios, os Hare Krishna e estamos nessa babel”, contou, enquanto caminhava pela passarela principal.
Não tão ensolarada como a sexta-feira da semana passada, hoje, a cúpula também acolheu os participantes da conferência oficial, que, pela primeira vez, pisaram lá. A integrante da delegação dinamarquesa Lisbeth Poulson tomou um susto ao encontrar gente seu próprio país. “Aqui é o máximo. É menos duro, menos formal e tem muita coisa diferente”, relatou.
Para o inglês Charles Fewen, a segurança do evento da ONU nunca permitiria que a diversidade do Aterro fosse levada ao Riocentro, mas, na sua opinião, ambos encontros cumprem seu papel. “São duas coisas diferentes. No encontro oficial, tinha a diversidade da política mundial. Aqui, temos a diversidade do Brasil, da Caatinga ao Cerrado, com índios, quilombolas e o povo das cidades”.
Edição: Lana Cristina
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