Com o aprofundamento da crise na Síria, a situação humanitária continua se deteriorando. Há pelo menos 2,5 milhões de pessoas que necessitam de assistência e a estimativa é que, nos próximos meses, este número aumente para 4 milhões.
Danos e destruição de infraestrutura de saúde deixam uma grande quantidade de vítimas sem tratamento médico. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, 67% dos hospitais foram afetados pelo conflito – destes, 29% não funcionam mais. De um total de 520 ambulâncias, 177 tiveram de ser tiradas de circulação e outras 94 apresentam problemas.
Muitas crianças também têm o acesso à educação negado porque 2.137 escolas são usadas como abrigos para mais de 300 mil deslocados internos. Outras 2.199 foram destruídas.
O uso indiscriminado de explosivos, incluindo bombas de fragmentação, em áreas densamente povoadas deixam mortes, destruição e traumas profundos na população civil. Mais de 360 mil sírios fugiram para países vizinhos e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) estima que serão 710 mil até o fim deste ano. Os deslocados internos já somam 1,2 milhão na avaliação da agência.
Ajuda humanitária só tem 45% do orçamento garantido
O plano revisado de resposta à crise humanitária da Síria está orçado em 348 milhões de dólares, dos quais 45% (156,6 milhões) estão financiados. Só para a preparação para o inverno são necessários 60 milhões de dólares, mas apenas 20 milhões estão garantidos.
Com o recurso solicitado, pelo menos 1,2 milhão de pessoas serão atendidas, especialmente crianças e deslocados internos. Famílias terão de lutar para sobreviver se não receberem agasalhos, abrigos e aquecimento adequados.
O pacote de ajuda da ONU inclui treinamento de profissionais de saúde para reanimação neonatal, aquisição de cobertores para bebês e roupas quentes para crianças, assim como incubadoras para regiões onde hospitais e unidades pediátricas foram destruídos.
Assistência humanitária continua, apesar dos desafios de segurança e acesso
Uma missão humanitária da ONU visitou a cidade de Homs nos dias 27 e 28 de outubro. O comboio de 18 caminhões levou alimentos, colchões, cobertores e kits de higiene.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) está distribuindo mantimentos a 1,5 milhão de pessoas por mês. As cestas incluem arroz, trigo, óleo vegetal, açúcar, legumes secos e em latas, macarrão e sal. A dieta está sendo ajustada para aumentar o número de calorias durante o inverno.
A assistência prestada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) inclui kits de higiene familiar para mais de 60 mil pessoas, além de 6 mil kits de higiene para bebês, 5 mil conjuntos de roupas infantis, mil kits de alimentação, 13.150 mochilas de material escolar, 30 kits de recreação, xampus contra piolhos e loções para tratamento de sarna. Mais de 24 mil crianças, adolescentes e mães estão recebendo apoio psicossocial.
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) tem apoiado os serviços de saúde reprodutiva, incluindo cuidados obstétricos emergenciais, saúde materna e apoio psicossocial a cerca de 130 mil mulheres em Damasco, Homs, Ar-Raqqa e Hama.
A OMS tem trabalhado na capacitação de profissionais locais e doou 15 mil kits para realização de exames ao Banco Nacional de Sangue, além de medicamentos para tratamento de câncer e hepatite a hospitais públicos de Damasco e Aleppo. O Ministério da Saúde também recebeu kits de tratamento contra piolho e sarna.
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) ofereceu suporte a 72,4 mil pessoas ao longo do ano com o fornecimento de sementes de trigo e cevada aos agricultores, além de alimentos para o gado, aumentando a resiliência de famílias pobres.
Até 3 mil sírios buscam refúgio diariamente e vítimas fogem para países cada vez mais distantes
De acordo com o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), até 26 de outubro, 362.719 refugiados sírios foram registrados nos países vizinhos e Norte da África. Em média, entre 2 mil e 3 mil sírios atravessam as fronteiras diariamente e já começam a buscar refúgio também na Europa. Até meados de outubro, estima-se que 18 mil sírios fugiram para Armênia, Chipre, Geórgia e Grécia.
Com a aproximação do inverno, o ACNUR e seus parceiros humanitários consolidaram o plano de resposta para adaptar atendimento a mais de 380 mil refugiados na Jordânia (110 mil), Líbano (120 mil), Turquia (100 mil) e no Iraque (50 mil) – incluindo a distribuição de mantas térmicas e fogões de aquecimento.
Na Jordânia, o ACNUR treinou 750 trabalhadores de campo em questões de proteção de mulheres e crianças. O UNICEF instalou 15 salas de aula pré-fabricadas em Ramtha. Em todo o país, 17 mil crianças sírias estão estudando e 4 mil aguardam na lista de espera para frequentar as aulas.
Um ataque com carro-bomba na região de Beirute em 19 de outubro e atos subsequentes suspenderam o registro de novos refugiados em partes do Líbano, mas a atividade foi normalizada quatro dias depois. Agências da ONU e instituições parceiras atuam na identificação de sobreviventes de violência sexual para que tenham o encaminhamento adequado a serviços de saúde.
Na Turquia, uma parceria permitiu ao PMA introduzir um sistema de cartão-alimentação. O programa vai atender 25 mil pessoas com 43 dólares por mês para consumo no comércio local.
Já no Iraque, quatro campos de refugiados estão em funcionamento e mais um em construção. Campanhas do UNICEF e do Departamento de Saúde contra sarampo, caxumba e rubéola, além de difteria e tétano já atingiram 5 mil refugiados.
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