Centro da ONU diz que Brasil é modelo para promover alimentação escolar na África
August 13, 2018 12:45
O Centro de Excelência contra a Fome contribuiu para mudar o entendimento de governos de cerca de 30 países sobre o potencial da alimentação escolar. Foto: SMCS/Jaelson Lucas
O Brasil tem sido o “espelho” para países africanos que querem implementar programas próprios de alimentação escolar. A avaliação é do diretor do Centro de Excelência contra a Fome, Daniel Balaban, que participou na semana passada (8), em Brasília, de uma oficina com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Encontro debateu os rumos da cooperação entre as instituições.
Da parceria entre os dois organismos do governo brasileiro e o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), nasceu o Centro de Excelência contra a Fome, que desde 2011 apoia países em desenvolvimento a criarem políticas públicas de combate à fome e à pobreza.
“A União Africana tem hoje uma determinação de que os países devam criar programas nacionais de alimentação escolar, se apropriando disso, e todos estão trabalhando nisso de uma forma ou de outra. O Brasil tem sido o espelho para que esses países criem os seus programas, o que demonstra o sucesso da nossa parceria, que tem dado resultados”, afirmou Balaban durante o evento.
O centro já apoiou mais de 30 países no desenvolvimento de estratégias para o fornecimento de refeições em centros de ensino. “A eficiência, eficácia e bons resultados dos programas são determinantes, num momento de restrições financeiras, para que possamos garantir recursos para as nossas iniciativas de cooperação internacional. O governo brasileiro tem aqui um modelo que serve para o mundo”, elogiou o chefe de Gabinete do FNDE, Rogério Lot.
A coordenadora-geral de Cooperação Técnica com Organismos Internacionais da ABC, Cecilia Malaguti, reafirmou o compromisso da agência com os parceiros. “Nesses sete anos, tanto a ABC quanto o Centro desenvolveram capacidades para que os nossos resultados sejam cada vez mais concretos e reconhecidos mundialmente como uma iniciativa totalmente inovadora”, disse.
Degradação dos solos pode agravar flutuação dos preços de alimentos, alerta FAO
August 13, 2018 12:26
Saúde dos solos é importante para promover segurança nutricional, diz FAO. Foto: FAO
Em pronunciamento para a abertura do Congresso Mundial de Ciências do Solo, o chefe da FAO, José Graziano da Silva, alertou no domingo (12) que a degradação das terras produtivas pode agravar no futuro a volatilidade dos preços dos alimentos. O empobrecimento do solo também causa migrações involuntárias de agricultores, que ficam em maior risco de viver na miséria, acrescentou o dirigente.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), os solos do planeta estão ameaçados pela erosão, desequilíbrio de nutrientes, acidificação, salinização e outras formas de poluição. Perigos à saúde das terras incluem ainda a perda de carbono e de biodiversidade, bem como o fenômeno da compactação — quando a terra é comprimida, reduzindo os poros que permitem a entrada de ar e água no solo.
Atualmente, um terço de todas as terras do planeta são consideradas degradadas. “Embora os solos estejam escondidos e, frequentemente, esquecidos, contamos com eles para nossas atividades diárias e para o futuro do planeta”, afirmou Graziano em mensagem de vídeo para o congresso, que reúne mais de 2 mil cientistas no Rio de Janeiro até a próxima sexta-feira (17).
“A degradação do solo afeta a produção de alimentos, causando fome e desnutrição, amplificando a volatilidade dos preços dos alimentos, forçando o abandono da terra e levando milhões de migrantes involuntários à pobreza”, acrescentou o chefe da FAO.
O diretor do organismo internacional defendeu ainda que a gestão sustentável desse recurso natural deve ser “parte essencial da equação do Fome Zero”.
Os solos, lembrou Graziano, funcionam também como importantes ferramentas para a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas. Isso porque as terras têm a capacidade de armazenar carbono. “Manter e aumentar o estoque de carbono no solo deve se tornar uma prioridade”, afirmou o dirigente.
A FAO desenvolve o projeto Global Soil Partnership (Parceria Global dos Solos), mobilizando governos e outros parceiros para melhorar capacidades técnicas e trocar conhecimentos sobre a saúde do solo.
“Façamos do solo um veículo de prosperidade e paz e mostremos a contribuição dos solos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável“, completou Graziano.
No Rio, Consulado do México e ONU debatem participação da mulher na política e educação
August 13, 2018 11:52O Consulado Geral do México no Rio de Janeiro, com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, promove nesta terça-feira (14), às 16h, no Centro Cultural dos Correios, o debate “Os desafios da mulher na participação de uma vida política e educativa plena”. O evento terá como palestrantes Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil; Telma Marques Taurepang, integrante da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB); e Linda Marina Munive, consulesa-geral do México.
O objetivo da ação é discutir como a participação equitativa das mulheres no âmbito político e acadêmico é fundamental para promover o exercício da democracia e da justiça. As palestrantes falarão sobre a importância de leis específicas voltadas para questões de gênero e da luta por uma educação inclusiva, longe de traços discriminatórios.
O debate acontecerá na galeria da exposição “70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, que traz obras do artista paulistano Otávio Roth. Realizada pela primeira vez no Rio de Janeiro, a mostra apresenta 30 xilogravuras que traduzem os ideais de paz e igualdade defendidos nos artigos do documento.
“É relevante a nível internacional debater sobre temas dessa magnitude, após o interesse gerado pelas questões de gênero, onde muitas pessoas observaram que a participação equitativa das mulheres no âmbito político de um pais é fundamental para o desenvolvimento do mesmo”, disse a vice-consulesa do México, Diana Vera Riquelme.
Aprovada em 10 de dezembro de 1948, a Declaração foi construída a partir do esforço conjunto da comunidade internacional para garantir que os horrores da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – incluindo o Holocausto – jamais se repetissem. Considerada a base da luta universal contra a subjugação e abuso de povos, o documento estabelece obrigações para a atuação de governos, de maneira a garantir a proteção de comunidades e indivíduos.
A entrada é franca, com espaço sujeito a lotação (40 lugares).
Serviço
Debate: “Os desafios da mulher na participação de uma vida política e educativa plena”
Data: 14 de agosto – 16h
Classificação: Livre
Endereço: Centro Cultural Correios – Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro, Rio de Janeiro
Com apoio da ONU, Receita Federal apreende mais de meia tonelada de cocaína em Santos
August 13, 2018 11:19
Cocaína foi encontrada em contêiner que seguiria para a Europa. Foto: Receita Federal
No Porto de Santos, o maior do Brasil, a Alfândega da Receita Federal apreendeu na última quarta-feira (8) 558kg de cocaína. A droga foi encontrada num contêiner com destino ao ancoradouro de Antuérpia, na Bélgica. Desde 2017, a aduana brasileira conta com o apoio do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) para treinar funcionários e aprimorar a fiscalização de cargas.
De acordo com a Receita, o volume de cocaína estava escondido em uma carga regular de polietileno e acondicionado em sacos próprios para a estocagem de produtos em pó e granulados, conhecidos como big-bags. No interior de três dessas sacolas, foram localizados outros 28 sacos de ráfia. As embalagens continham diversos tabletes de cocaína.
Com a apreensão, sobe para quase dez toneladas a quantidade de cocaína identificada neste ano em cargas do porto de Santos. Em 2017, a aduana encontrou mais de 11,5 toneladas da droga, escondidas em contêineres que seguiriam para a Europa.
Em fevereiro do ano passado, a Secretaria da Receita Federal do Brasil e o UNODC assinaram um acordo para melhorar a segurança do comércio de contêineres. A cooperação inclui a participação no Programa de Controle de Contêineres (CCP), uma iniciativa do organismo da ONU e da Organização Mundial das Alfândegas, em parceria com aduanas nacionais.
O CCP promove treinamento teórico e prático e assistência por meio de visitas de acompanhamento, dando apoio às Unidades de Controle de Portos.
Exposição no Rio reafirma importância da Declaração dos Direitos Humanos 70 anos após adoção
August 13, 2018 11:14Clique para exibir o slide.Ao completar 70 anos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos permanece necessária e atual em um mundo marcado por crescentes conflitos, desigualdades sociais, racismo, deslocamento forçado e violência, especialmente contra ativistas.
A avaliação é de diplomatas, representantes do Sistema ONU e de organizações da sociedade civil presentes na abertura da exposição de xilogravuras do artista plástico brasileiro Otávio Roth, na quarta-feira (8), no Rio de Janeiro.
É a primeira vez em mais de 30 anos que as xilogravuras que ilustram os artigos da Declaração têm exibição no país. As obras do artista morto em 1993, aos 40 anos, estão expostas permanentemente nas sedes da ONU em Nova Iorque, Viena e Genebra. No Rio, serão exibidas pela ONU Brasil até 9 de setembro no Centro Cultural Correios.
“As obras aqui expostas traduzem os ideais de paz e igualdade defendidos nos artigos da Declaração. É uma oportunidade não só de conhecer o trabalho deste artista que nos deixou precocemente, mas também refletir sobre os direitos e deveres que afetam a vida de todos nós”, disse Niky Fabiancic, coordenador-residente do Sistema ONU no Brasil, durante o lançamento da exposição.
Apesar da inegável relevância da Declaração atualmente, o sacrifício dos defensores dos direitos humanos globalmente é frequentemente testado e esquecido, afirmou Fabiancic. “Seus defensores muitas vezes pagam com suas próprias vidas em busca de um mundo mais justo e pelo cumprimento da nobre missão de manter a Declaração viva”, afirmou.
O coordenador-residente da ONU Brasil atentou para os crescentes fluxos de migrantes e refugiados no mundo. Em 2017, havia 68,5 milhões de pessoas em situação de deslocamento forçado, maior volume da história.
Para Fabiancic, esse desafio tem sido exacerbado pela atuação pouco generosa ou solidária de muitas lideranças políticas. “Devemos construir pontes entre países e pessoas, não erguer muros e fechar fronteiras”, disse.
Também presente no evento, o diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Maurizio Giuliano, afirmou que, nos últimos 70 anos, os esforços da comunidade internacional e das Nações Unidas foram capazes de trazer algum sucesso na implementação dos direitos humanos.
“Mas, o caminho ainda é longo. Desde guerras no Oriente Médio e na África, até situações de migração forçada em Mianmar, violência em muitos países incluindo na América Latina, abusos contra minorias étnicas, religiosas e pessoas LGBTIQ+, ameaças ao meio ambiente, temos gravíssimas situações que prejudicam os direitos humanos”, alertou.
“A Declaração é extremamente atual, porque estamos, principalmente na área ambiental, vendo essa discussão de direitos sobre recursos naturais”, disse a representante da ONU Meio Ambiente no Brasil, Denise Hamú, lembrando que o Brasil é líder em morte de ativistas ambientais, citando dados da organização internacional Global Witness.
Esse contexto torna a arte um agente essencial para a promoção e difusão dos direitos humanos no mundo, na opinião de Ângela Pires, assessora do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) no Brasil.
“(A obra de Otávio Roth) provoca a partir da imagem. Provoca cada um de nós a lembrar o que são os direitos humanos, e nos convida à ação, a nos engajarmos”, declarou.
“Fico emocionada de ver as obras do Otávio Roth e a exposição que ele fez de cada um dos artigos da Declaração”, disse por sua vez Isabel Marquez, representante da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no Brasil.
Clique para exibir o slide.“A Declaração é para todos, independentemente de qualquer categoria. Essa falta de respeito com os direitos humanos, essas violações, é o que faz com que muitas pessoas tenham que fugir de seus países e procurar proteção”, completou Isabel, mencionando a situação dos venezuelanos que vêm ao Brasil diante da crise econômica e política em seu país.
Para o major Flávio Henrique, instrutor do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), Otávio Roth conseguiu transmitir através de sua obra uma linguagem universal para ilustrar os princípios da Declaração.
“Quem vê sua obra se identifica de imediato com a defesa dos direitos humanos. O legado que Otávio Roth deixou como brasileiro é muito importante, sua obra é muito perene por conta disso.”
Participação da sociedade civil
O coquetel de inauguração da exposição teve a participação de cerca de 150 convidados, entre eles membros de organizações da sociedade civil, que falaram sobre a importância da Declaração em seu trabalho cotidiano de defesa dos direitos humanos localmente.
Mônica Sacramento, coordenadora de projetos da ONG Criola, afirmou que a Declaração é um balizador do que é “comum estabelecer como direitos humanos”. “No caso brasileiro, em especial da Criola, a gente lida com a ameaça constante aos direitos humanos das mulheres negras em situação de maior vulnerabilidade”, explicou.
“São também jovens negros e mães de jovens negros vitimados pela violência. Então, a relevância do aniversário da Declaração tem a ver com este momento de retrocessos que estamos vivendo”, disse.
“Estamos diante de um desafio contemporâneo que é o reconhecimento da humanidade e do direito de todos, da equidade de todos. Não é muito diferente, infelizmente, de quando a Declaração foi elaborada.”
Os princípios da Declaração também estão intimamente ligados à proteção dos direitos de migrantes e refugiados, trabalho realizado no Brasil pela organização Cáritas, cujos representantes também visitaram a exposição de Otávio Roth.
“A gente tem uma conexão muito intensa com a questão dos direitos humanos, porque o direito que é dado ao refugiado, de atravessar a fronteira, e o direito de não ser devolvido ao país do qual saiu por se sentir violado e ameaçado, é um direito baseado na Declaração”, afirmou Mariana Sacramento, consultora em mobilização de recursos da Cáritas.
O lançamento da exposição no Centro Cultural Correios também teve a presença de representantes de consulados do Rio. Para Evelyne Coulombe, cônsul geral do Canadá na capital fluminense, as obras inovam ao mudar a forma com a qual o visitante está habituado a visualizar os artigos da Declaração.
“Se lermos a Declaração só no papel, não retemos tanto (as informações) do que quando vemos as imagens (criadas por Otávio Roth), a interpretação desse artista, que foi tão boa. Acho que nos permite refletir sobre cada artigo, com tempo e nesse espaço tão bonito que é o Centro Cultural Correios”, declarou.
Para o coordenador-residente da ONU no Brasil, o trabalho de construir significados, estratégias e agendas comuns para o mundo que todos compartilhamos tem sido cada vez mais desafiador.
“Nos últimos anos, a comunidade internacional conseguiu construir em consenso uma agenda universal e abrangente, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, um roteiro para criar as oportunidades para que todas as pessoas possam realizar seu potencial e desfrutar de condições de vida dignas, protegendo ao mesmo tempo nosso planeta”, declarou.
Atingir as metas propostas pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável é uma missão difícil, cercada de complexidades, “o que significa que não podemos prometer sozinhos, sem a parceria dos Estados, das demais organizações internacionais e, decisivamente, sem o apoio da sociedade civil e ONGs”, salientou.
“Nesse contexto, a Declaração Universal dos Direitos Humanos se faz ainda mais necessária. Desde 1948, ela tem sido o farol que nos guia, nos inspira, a cada dia, na incansável consecução de nosso mandato de promover a paz, o desenvolvimento sustentável e os direitos humanos”, concluiu Fabiancic.
Serviço
Período da exposição para o público: 08/08 a 09/09
Visitação: terça a domingo, das 12h às 19h
Classificação: Livre
Endereço: Centro Cultural Correios – Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro, Rio de Janeiro