Guia empresarial convoca empresas a se engajar com fórum político da ONU em Nova Iorque
June 28, 2018 14:17
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável foi estabelecida pelos países-membros da ONU no fim de 2015. Foto: ONU
Lançado pelas Nações Unidas em Nova Iorque, um Guia Empresarial convoca o setor privado a se engajar com o fórum político de alto nível da ONU, que acontece entre os dias 9 e 18 de julho, em Nova Iorque. O evento é o mecanismo central estabelecido pelas Nações Unidas para acompanhar o avanço da Agenda 2030 e de seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Este ano, 47 países reportarão os avanços de seus relatórios voluntários, com foco no tema “Transformação por meio de sociedades sustentáveis e resilientes”. Seis ODS centrais serão avaliados: ODS 6 (água potável e saneamento); ODS 7 energia limpa e acessível; ODS 11 (cidades e comunidades sustentáveis); ODS 12 (consumo e produção responsáveis); ODS 15 (vida terrestre); ODS 17 (parcerias e meios de implementação).
O documento destaca o papel estratégico das redes locais do Pacto Global da ONU e de seus membros no atingimento das metas globais da Agenda 2030. O evento é considerado uma oportunidade para os negócios que já trabalham em torno dos ODS de compartilhar o progresso e relatar os esforços que têm angariado na busca pelas metas globais; engajar-se em um diálogo múltiplo e global em torno das agendas de desenvolvimento sustentável; encontrar oportunidades de colaboração junto a outros atores, incluindo outros setores de negócios, investidores, governos, agências da ONU, academia e sociedade civil.
Dentro da programação do fórum, dois eventos terão foco em negócios sustentáveis e setor privado. O primeiro, no dia 17 de julho, será o SDG Business Forum, em parceria com a International Chamber of Commerce (ICC) e com o Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais (UN DESA). Já no dia 18, será realizado o SDG Country Plans: A Roadmap to Private Investment, com organização do Pacto Global da ONU.
Atlas da Violência aposta nos objetivos globais para prevenir violência contra jovens e negros no Brasil
June 28, 2018 13:44
Índice de homicídios no Brasil é o sétimo maior das Américas, de acordo com a OMS. Foto: Agência Brasil/Fernando Frazão
Produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Atlas da Violência 2018 confirmou a tendência histórica de agravamento do quadro de homicídios no Brasil — principalmente entre jovens e negros. Os assassinatos responderam por mais que a metade (56,5%) das causas de morte entre homens de 15 a 29 anos. O número global de 33.590 jovens vítimas de homicídio aumentou 7,4% em relação ao ano anterior.
Outro dado preocupante do Atlas é a desigualdade na distribuição dos assassinatos entre negros e brancos. Enquanto a taxa de homicídios entre os primeiros é de 40,2 por 100 mil habitantes, no segundo grupo ela fica em 16 por 100 mil. De todas as vítimas do crime a cada ano no país, 71,5% são negras.
“É como se, em relação à violência letal, negros e não negros vivessem em países completamente distintos”, ressalta o texto do Atlas. O Ipea e o FBSP informam ainda que os dados atualizados infelizmente não trouxeram surpresas para os pesquisadores, os quais acrescentam que o Brasil tem produzido respostas insuficientes ao problema em termos de políticas públicas.
Uma das novidades da edição 2018 do documento é um capítulo dedicado a chamar atenção para o potencial dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e suas metas nas estratégias de redução da violência letal. Em geral, os ODS estabelecem diretrizes a serem alcançadas pelos países nos próximos 12 anos, daí o título de Agenda 2030. O plano de ação internacional oferece parâmetros que permitem inclusive ao Brasil verificar se está ou não conseguindo superar desafios em várias áreas como, por exemplo, a de segurança pública.
O ODS mais importante em relação ao tema é o de número 16 (são 17 no total), que trata de caminhos para promover sociedades mais pacíficas e inclusivas. Sua primeira meta é reduzir a violência e a mortalidade decorrente dela. O Atlas 2018, por sua vez, mostra que o Brasil acaba de bater seu próprio recorde em sentido contrário ao da meta 1 do ODS 16: pela primeira vez ultrapassou o patamar de 30 homicídios por 100 mil habitantes.
Segundo o coordenador de Estudos e Políticas de Estado e Instituições (Diest), do Ipea, Helder Sant’Ana Ferreira, responsável pelo capítulo que relaciona os ODS à redução da violência letal, são vários dos objetivos da Agenda 2030 que podem contribuir na redução da violência se perseguidos e cumpridos.
“O problema dos homicídios precisa ser priorizado, já que a área de segurança lida com questões como o tráfico e o crime organizado, por exemplo. O Atlas traz, de um lado, essa necessidade de colocar os homicídios no centro, mas de outro, fala neste capítulo de ODS de temas que ampliam o debate sobre melhoria das condições sociais, o que é decisivo na prevenção dos assassinatos”, observa Ferreira.
Para as Nações Unidas, no entanto, a agenda global pode e deve ser adaptada aos contextos e desafios dos países. A líder do Grupo Temático de Gênero Raça e Etnia e representante de ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, enfatiza que o mesmo vale para a questão dos homicídios no país.
“O perfil das vítimas é extremamente bem definido: jovens, negros, oriundos das periferias, com baixa escolaridade e inserção precária no mercado de trabalho. Portanto, não há como atingir as metas e objetivos relacionados ao ODS de promoção de uma sociedade mais pacífica e inclusiva se não nos dedicarmos com prioridade ao problema do racismo que também pesa nesta situação de distribuição desigual da violência entre negros e brancos no Brasil”, analisa.
A ONU Mulheres lidera um dos grupos das Nações Unidas no Brasil responsáveis pela campanha #VidasNegras — pelo fim da violência contra a juventude negra. Entre 2006 e 2016, a taxa de homicídios de negros cresceu 23%, enquanto caiu para não negros em 6,8%.
Agenda 2030 nos territórios
Ao lado de raça e da faixa etária, outra característica importante da dinâmica dos homicídios no Brasil é a concentração territorial dos assassinatos. Das 27 unidades da federação, 11 apresentaram crescimento gradativo da violência letal, dez delas no Norte e Nordeste, regiões onde estão situados todos os estados que experimentaram um crescimento superior a 80% na taxa de homicídios, entre 2006 e 2016.
De acordo com Helder Sant’Ana Ferreira, a questão da concentração das mortes violentas fica ainda mais aguda à medida em que se olha mais de perto. “Nestes estados, há concentração nos municípios e nos municípios, com certeza, em uma parte ou em partes deles”, revela o representante do Ipea, que lamenta não ter acesso à variável “bairro”.
Mas há quem já esteja trabalhando com a Agenda 2030 para enfrentar a violência, de olho em fatores como o perfil das vítimas e o território. Um exemplo é o da Casa Fluminense, que, como afirma seu coordenador de mobilização e incidência, Douglas Almeida, “quer aproximar a agenda global da agenda local”, isto é, acompanhar em escala local os ODS.
“Uma meta que apontamos na Agenda para o horizonte 2030 e que dialoga com a primeira do ODS 16 é toda Região Metropolitana abaixo do nível de homicídios considerado epidêmico pela OMS (10/100mil)”, explica.
Ainda de acordo com Almeida, os números absolutos de homicídios — que aumentaram no Rio — são bastante desiguais se considerados os territórios: em 2017, a Baixada Fluminense teve taxa de homicídios de 60,7 a cada 100 mil, duas vezes mais que a registrada na capital. “As evidências revelam que além de territórios-chave, a violência cotidiana também faz dos corpos e histórias de jovens negros suas principais vítimas”, nota.
Em âmbito local ou nacional, ter como parâmetros os ODS — e, em especial, aqueles relacionados à redução da violência —, é uma estratégia promissora. Está é a opinião de Eduardo Pazinato, analista de programa do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). “A referência expressa ao ODS 16 é sintomática de uma aposta dos envolvidos no cumprimento de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil e outros países vinculados às Nações Unidas, em prol de priorizar a prevenção das violências, com padrões e métricas de comparabilidade referendados pela ONU”, diz.
Dados, experiências locais e parâmetros internacionais, tudo converge para um só caminho: valorizar a vida, priorizando a ampliação das oportunidades para aqueles que têm sido mais penalizados, sem esquecer dos locais de maior incidência — tanto dos homicídios quanto dos efeitos da desigualdade.
Campanha Vidas Negras
Estabelecida pela ONU em 2013, a Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024) defende esforços dos países, da sociedade civil e de outros atores relevantes para enfrentar o racismo, a discriminação e o preconceito racial, e tem como objetivo efetivar compromissos internacionais contra o racismo.
No ano passado, a ONU Brasil lançou a campanha Vidas Negras, visando ampliar junto à sociedade, gestores públicos, sistema de Justiça, setor privado e movimentos sociais, a visibilidade do problema da violência contra a juventude negra no país.
O Sistema ONU pretende com a iniciativa chamar atenção e sensibilizar a sociedade para os impactos do racismo na restrição da cidadania de pessoas negras, influenciando atores estratégicos para a produção e apoio de ações de enfrentamento da discriminação e da violência.
OIT pede ação urgente para prevenir crise global da economia de cuidado
June 28, 2018 11:27
Avô e neta no Azerbaijão. Foto: Banco Mundial/Allison Kwesell
Os investimentos na economia de cuidado precisam ser dobrados para evitar uma crise global no setor, afirma um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançado hoje (28).
Mudanças radicais nas políticas devem abordar a necessidade crescente de serviços de cuidado e enfrentar a enorme disparidade entre as responsabilidades que recaem sobre mulheres e homens. Os dados mostram que as mulheres são responsáveis por mais de três quartos do tempo gasto em trabalho de cuidado não remunerado.
Cerca de 269 milhões de novos empregos poderiam ser criados se os investimentos em educação, saúde e assistência social fossem duplicados até 2030, afirma o relatório.
De acordo com a publicação “Trabalho e emprego na economia de cuidado para o futuro do trabalho decente”, 2,1 bilhões de pessoas precisavam de cuidados em 2015, incluindo 1,9 bilhão de crianças menores de 15 anos e 200 milhões de idosos. Até 2030, esse número deve chegar a 2,3 bilhões, impulsionado por mais 200 milhões de idosos e crianças.
“A proeminência global de famílias nucleares e de famílias com apenas uma mãe ou pai, aliada ao crescimento do emprego de mulheres em certos países, aumenta a demanda por trabalhadores e trabalhadoras na economia de cuidado. Se não forem tratados de maneira adequada, os atuais déficits no setor e na sua qualidade criarão uma grave e insustentável crise global na economia de cuidado e aumentarão ainda mais as desigualdades de gênero no mundo do trabalho”, disse a principal autora do relatório, Laura Addati.
Dados de 64 países que representam dois terços da população global em idade ativa mostram que 16,4 bilhões de horas por dia são gastas em trabalho de cuidado não remunerado – o equivalente a 2 bilhões de pessoas trabalhando 8 horas por dia sem remuneração. Se esses serviços fossem avaliados com base em um salário mínimo por hora, eles representariam 9% do PIB global ou US$ 11 trilhões (paridade do poder de compra em 2011).
Mulheres carregam o peso do trabalho de cuidado não remunerado
Segundo o relatório, as mulheres realizam 76,2% do total de horas de trabalho de cuidado não remunerado, mais que o triplo dos homens.
Em alguns países, a contribuição dos homens para o trabalho de cuidado não remunerado aumentou nos últimos 20 anos. No entanto, nos 23 países que fornecem esses dados, a desigualdade de gênero no que diz respeito ao tempo dedicado às responsabilidades de cuidado não remunerado diminuiu apenas 7 minutos por dia nas últimas duas décadas.
“Nesse ritmo, serão necessários 210 anos para acabar com a desigualdade de gênero no trabalho de cuidado não remunerado nesses países. O ritmo glacial dessas mudanças questiona a eficácia das políticas passadas e atuais em abordar a extensão e a divisão do trabalho de cuidado não remunerado nos últimos 20 anos”, disse a chefe do Departamento de Gênero, Igualdade e Diversidade e da área de AIDS da OIT, Shauna Olney.
O relatório afirma que o trabalho de cuidado não remunerado é a principal barreira que impede as mulheres de entrar, permanecer e progredir na força de trabalho. Em 2018, 606 milhões de mulheres em idade ativa disseram que não conseguiam trabalhar por causa do trabalho de cuidado não remunerado. Apenas 41 milhões de homens disseram que não estavam na força de trabalho pelo mesmo motivo.
Um relatório conjunto da OIT e da Gallup de 2017 revelou que a maioria das mulheres no mundo preferia trabalhar em empregos remunerados, incluindo aquelas que não estão no mercado de trabalho, e que os homens concordam. Constatou-se também que os maiores desafios identificados, tanto por mulheres quanto por homens, para as mulheres que trabalham em empregos remunerados foram o equilíbrio entre trabalho e família e a falta de serviços de cuidado acessíveis. “Isso significa que um grande número de mulheres poderia ter acesso a empregos remunerados por meio do acesso universal a políticas, serviços e infraestrutura de cuidado”, destacou Olney.
Necessidade de aumento de gastos na economia de cuidado
O relatório defende um caminho para a economia de cuidado que resultaria num total de 475 milhões de empregos no setor até 2030, ou seja, 269 milhões de empregos adicionais em comparação ao número de empregos existentes em 2015. Isso implica um total de gastos públicos e privados na economia de cuidado de US$ 18,4 trilhões ou 18,3% do PIB total projetado. Esse investimento permitiria aos países atingir várias metas de quatro Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas até 2030: ODS 3 (saúde e bem-estar), ODS 4 (educação de qualidade), ODS 5 (igualdade de gênero) e ODS 8 (trabalho decente e crescimento econômico).
O relatório também mostra que a maioria dos trabalhadores da economia de cuidado são mulheres, frequentemente migrantes e que trabalham na economia informal sob condições precárias e com baixos salários.
“Avançar no caminho certo para a economia de cuidado significa reconhecer, reduzir e redistribuir o trabalho de cuidado não remunerado e conquistar trabalho decente para os trabalhadores e trabalhadoras do setor, incluindo domésticos (as) e migrantes. A baixa qualidade dos empregos na economia de cuidado leva a um trabalho de baixa qualidade. Nosso relatório pede mudanças radicais nas políticas de cuidado, macroeconômica, proteção social, trabalho e migração”, concluiu Addati.
Outras conclusões importantes:
- Mães de crianças com menos de 6 anos são as mais prejudicadas, com apenas 47,6% delas empregadas;
- cuidadores não remunerados também são penalizados na qualidade do trabalho: morar com uma criança menor de 6 anos implica uma perda de quase 1 hora de trabalho remunerado por semana para mulheres e um aumento no tempo de trabalho remunerado de 18 minutos por semana para homens;
- as atitudes em relação à divisão de gênero do trabalho de cuidado remunerado e não remunerado estão mudando, mas o modelo de família do “homem-provedor” permanece muito enraizado nas sociedades, juntamente com o papel de cuidado das mulheres na família, que continua sendo central;
- em 2016, apenas 42% dos 184 países com dados disponíveis cumpriram os padrões mínimos estabelecidos na Convenção 183 da OIT sobre Proteção à Maternidade;
- no mesmo ano, 39% dos 184 países com dados disponíveis não tinham nenhuma licença garantida por lei para os pais (remunerada ou não remunerada);
- globalmente, as taxas brutas de matrícula em serviços de primeira infância para crianças menores de 3 anos eram de apenas 18,3% em 2015 e quase não chegavam a 57% para crianças de 3 a 6 anos;
- os serviços de cuidado de longo prazo são quase inexistentes na maioria dos países africanos, latino-americanos e asiáticos.
Acesse o relatório completo em: https://www.ilo.org/global/publications/books/WCMS_633135/lang–en/index.htm.
Informações à imprensa:
Organização Internacional do Trabalho
Ana Paula Canestrelli
Telefone: (61) 2106-4625
E-mail: canestrelli@ilo.org
ARTIGO: Unindo o mundo contra o terrorismo
June 27, 2018 12:56
Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. Foto: ONU/Eskinder Debebe
Por Antonio Guterres*
O terrorismo é uma ameaça global persistente e progressiva. Nenhum país está imune. Mídias sociais, comunicação encriptada e a chamada “dark web” estão sendo usadas para espalhar propaganda, radicalizar novos recrutamentos e planejar atrocidades. A ameaça vai de táticas brutas de atores solitários a ataques coordenados e sofisticados, e há a perspectiva horrenda de terroristas usarem armas químicas, biológicas ou radioativas.
Nossa resposta precisa ser igualmente ágil e diversificada. É por isto que estou realizando a primeira e inédita Conferência de Alto Nível das Nações Unidas em Contraterrorismo nesta semana em Nova Iorque. Chefes de agências nacionais de contraterrorismo e representantes de instituições internacionais e da sociedade civil discutirão como aprimorar a cooperação internacional e construir novas parcerias.
A conferência focará em quatro áreas. Primeiro, irá considerar como governos, agências de segurança e organismos de cumprimentos legais podem melhorar a troca de
informação crítica e estratégias para detectar, desmontar e processar redes terroristas. Em segundo lugar, discutirá como as Nações Unidas podem fazer mais para auxiliar países ao redor do mundo afetados pelo terrorismo.
Em terceiro, abordará a ameaça imposta pelos terroristas combatentes estrangeiros. Com a derrota do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL/Da´esh) na Síria e no Iraque, grandes quantidades destes mercenários orientados ideologicamente estão se movendo para outros lugares de conflito ou voltando para casa, repassando sua experiência no campo, recrutando novos seguidores e planejamento outros ataques.
Em quarto, pretendo que a Conferência foque em como podemos prevenir terrorismo e extremismo violento. Aumentar a segurança nunca será suficiente. Precisamos tratar as condições reais que fazem as pessoas suscetíveis a ideologias tóxicas.
Terrorismo é uma ameaça transnacional e não pode ser derrotado por apenas um governo ou organização. Precisa de uma resposta multilateral a níveis global, regional e nacional. É essencial fortalecer estruturas e instituições contraterrorismo. Mas precisamos também abordar as raízes de suas origens ao promover educação, combater o desemprego dos jovens e tratar da marginalização.
Isto significa envolver comunidades locais, organizações religiosas e a imprensa. A sociedade civil é central para a Conferência e para ampliar nossas estratégias contraterrorismo.
Claramente, a resposta ao terrorismo e ao extremismo violento deve respeitar os direitos humanos e atender à legislação internacional. Isto não é uma questão de justiça, mas de eficácia.
Quando políticas contraterrorismo são usadas para impedir protestos pacíficos e movimentos oposicionistas legítimos, encerrar debates, mirar defensores de direitos humanos ou estigmatizar minorias, elas falham e todos nós perdemos. Na verdade, estas respostas podem causar mais ressentimento e instabilidade e contribuir para a radicalização.
Nenhuma causa ou queixa pode justificar o terrorismo. Mas precisaremos diminuir a ameaça ao colocar um fim nos conflitos, abusos de direitos humanos, pobreza e exclusão que levam tantos à violência extrema. A maior parte dos novos recrutados pelo terrorismo tem entre 17 e 27 anos de idade.
Precisamos oferecer a eles melhores perspectivas, economicamente e socialmente. E precisamos reverter a polarização, a xenofobia e o discurso de ódio que estão proliferando ao redor do mundo.
Lembremos também que milhares de pessoas são mortas, feridas e traumatizadas pelo terrorismo. Os sobreviventes precisam de nosso apoio em busca de justiça e para
reconstruir suas vidas, tanto financeiramente quanto psicologicamente. Precisamos ouvi-los e aprender com suas experiências.
Finalmente, o terrorismo e a violência extrema têm uma profunda dimensão de gênero. Terroristas continuam violando os direitos de mulheres e meninas através da violência sexual, sequestro, casamento forçado e por impedir a livre movimentação e acesso à educação. O envolvimento em abuso doméstico é uma ameaça comum entre os agressores. Por isto precisamos urgentemente priorizar os direitos, a participação e a liderança das mulheres.
A comunidade internacional já percorreu um longo caminho em seus esforços de contraterrorismo. Isto está claro na estrutura internacional que torna mais fácil processar terroristas, desmantelar suas redes de financiamento e prevenir a radicalização online. Mas ainda há muito a ser feito.
Grupos terroristas compartilham uma agenda de autoritarismo, misoginia e intolerância. Eles são uma afronta aos valores comuns da Carta das Nações Unidas e da Declaração Internacional de Direitos Humanos. Nossa responsabilidade é nos unir para construir um mundo de paz e segurança, dignidade e oportunidade para todas as pessoas, em todos os lugares, assim podemos privar extremistas violentos do combustível que eles precisam para espalhar ideologias de ódio.
* Antonio Guterres é secretário-geral das Nações Unidas
Centro RIO+ assina acordo com Museu do Amanhã para promover objetivos globais
June 27, 2018 12:28Clique para exibir o slide.O Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (Centro RIO+) das Nações Unidas assinou na terça-feira (26), no Rio de Janeiro, um memorando de entendimento com o Museu do Amanhã com o objetivo de promover iniciativas e eventos que tenham como tema a Agenda 2030 e os objetivos globais.
O acordo visa ampliar as atividades na área de desenvolvimento humano sustentável, especialmente relacionadas à promoção e alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
“A parceria entre Centro RIO+/PNUD e Museu do Amanhã é muito significativa. O Museu do Amanhã é um marco na cidade do Rio de Janeiro e representa para o Brasil e para o mundo uma face da cidade preocupada com o futuro, sustentável, humana e inovadora”, declarou Lorenzo Casagrande, oficial de engajamento do Centro RIO+.
Inaugurado em 2015 na região portuária da capital fluminense, o Museu do Amanhã tem como missão desenvolver o potencial de pessoas e organizações por meio da arte e da cultura. A instituição informou no documento do acordo ter interesse em ser parceiro estratégico da ONU no alcance dos ODS e da Agenda 2030 no nível local.
Já o Centro RIO+ informou ter interesse em “construir e articular novas redes e parcerias com governo, setor privado, sociedade civil e todos os entes que possam contribuir no esforço para o alcance dos ODS”.
O memorando prevê a coordenação e a otimização do uso de redes institucionais e recursos humanos e financeiros para incentivar a conscientização sobre a Agenda 2030, bem como promover sua divulgação em larga escala.
Também prevê a cooperação na disseminação e capacitação referente à Agenda 2030 e aos ODS no nível local por meio da infraestrutura disponível.
Outra intenção é cooperar para desenho, criação de conteúdo e identidade visual de um espaço de exposição interativo sobre a visão integrada e indivisível dos ODS, bem como para o levantamento de recursos para a execução de tal exposição no espaço do Museu do Amanhã, ainda sem data prevista.
O evento de assinatura do acordo teve a presença do coordenador-residente do Sistema ONU no Brasil, representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no país e diretor interino do Centro RIO+, Niky Fabiancic, e o diretor-presidente do Museu do Amanhã, Ricardo Piquet.
Também estavam presentes o copresidente do Grupo Assessor do Sistema ONU no Brasil para a Agenda 2030 e assessor sênior do PNUD, Haroldo Machado Filho, e Lorenzo Casagrande, oficial de engajamento do Centro RIO+.
“É essa mensagem que o Centro RIO+ transmite ao mundo, a necessidade de repensarmos o nosso modelo de desenvolvimento para que seja mais comprometido com os aspectos não somente econômicos, mas sociais e ambientais, compreendendo as interligações entre estas áreas e atores”, disse Casagrande.