Agência da ONU divulga guias para profissionais de saúde tratarem hemorragias no pós-parto
agosto 14, 2018 12:05
Centro de atenção materna em La Paz, Honduras. Foto: OPAS
Nas Américas, a hemorragia no pós-parto é uma das maiores causas de mortalidade materna. No Brasil, a taxa chega a 300 óbitos de gestantes para cada 100 mil nascidos vivos. Para diminuir o número de falecimentos entre as mães de recém-nascidos, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou recentemente dois guias para gestores e profissionais de saúde, com orientações sobre sangramentos após o nascimento dos bebês.
“As hemorragias podem acontecer de uma maneira imprevista durante um parto, uma cesárea. Mas há muitos recursos que podem ser usados para evitar isso”, destaca Suzanne Serruya, diretora do Centro Latino-Americano para Perinatologia – Saúde das Mulheres e Reprodutiva (CLAP/SMR).
Entre as técnicas para contornar a perda de sangue, está o uso do TAN (Traje Anti Choque Não Pneumático). A ferramenta é um dos temas do Manual de orientação para o curso de prevenção e manejo obstétrico da hemorragia: Zero Morte Materna por Hemorragia, elaborado pela OPAS em parceria com o Ministério da Saúde. O TAN permite controlar o sangramento temporariamente, o que ajuda a aumentar a sobrevida das mulheres enquanto aguardam procedimentos ou transferência para uma unidade de saúde de referência.
A segunda publicação da OPAS — Recomendações assistenciais para a prevenção, diagnóstico e tratamento da hemorragia obstétrica — defende a necessidade de empoderar as mulheres para que elas tenham seus direitos e preferências respeitados.
Segundo Haydee Padilla, coordenadora de Família, Gênero e Curso de Vida da OPAS no Brasil, uma das principais frentes de atuação contra a hemorragia pós-parto deve ser a capacitação dos profissionais. Com a formação adequada, é possível controlar as emergências obstétricas.
“Complicações graves requerem a atenção de profissionais bem treinados e, para atingir esse objetivo, apoiamos o fortalecimento dos serviços de saúde, a eliminação das barreiras ao acesso e a garantia de disponibilidade de medicamentos essenciais e sangue seguro para transfusões”, acrescenta a especialista do organismo das Nações Unidas.
Desde 2015, a OPAS e o Ministério implementam a estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia. O projeto já realizou uma série de treinamentos para clínicos em sete estados — Tocantins, Maranhão, São Paulo, Pará, Minas Gerais, Ceará e Bahia.
Nas Américas, a taxa de mortalidade materna diminuiu significativamente em anos recentes — de 62,4 para cada 100 mil nascidos vivos em 2007 para 46,8 para cada 100 mil nascidos vivos em 2016. Além do Brasil, a OPAS desenvolve a estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia na Bolívia, Guatemala, Haiti, Peru e República Dominicana.
Acesse o Manual de orientação para o curso de prevenção e manejo obstétrico da hemorragia: Zero Morte Materna por Hemorragia clicando aqui.
Acesse a publicação Recomendações assistenciais para a prevenção, diagnóstico e tratamento da hemorragia obstétrica clicando aqui.
ONU e União Europeia ajudam Panamá a adotar meios de transporte elétricos
agosto 13, 2018 16:36
Cidade do Panamá. Foto: Flickr (CC)/Matthew Straubmuller
A ONU Meio Ambiente, a União Europeia e o governo do Panamá lançaram neste mês (9) uma parceria para tornar mais verdes e sustentáveis os meios de transporte do país centro-americano. Projeto visa popularizar a mobilidade elétrica. Segundo estimativas das Nações Unidas, se a atual frota de ônibus e táxis da Cidade do Panamá fosse substituída por veículos elétricos, seria possível impedir a liberação de 8,5 milhões de toneladas de CO2 até 2030.
A adaptação também traria uma economia de 500 milhões de dólares em combustível para os próximos 13 anos e permitiria evitar a morte precoce de mais de 400 pessoas, devido a doenças respiratórias associadas à qualidade do ar. O programa de cooperação entre o Panamá e o bloco europeu faz parte da estratégia da UE para implementar o Acordo de Paris, a Euroclima+.
“Incorporar a mobilidade elétrica é crucial para que os países cumpram com seus compromissos climáticos registrados no Acordo de Paris, mas, além disso, nos ajudará a limpar o ar, reduzir as mortes causadas pela contaminação e oferecer cidades saudáveis a milhões de pessoas”, afirmou o diretor regional da ONU Meio Ambiente na América Latina e Caribe, Leo Heileman, durante uma cúpula realizada na Cidade do Panamá para apresentar a parceria.
“No Ministério de Energia, garantiremos que os usuários encontrem alternativas para se deslocar de maneira sustentável e incentivaremos a instalação de estações de recarga elétrica em pontos estratégicos do país”, disse no evento o ministro de Energia do Panamá, Víctor Urrutia.
O encontro na capital teve a participação de empresas estatais de transporte público, de organizações da sociedade civil e do setor privado, de distribuidoras de energia e de concessionárias de veículos elétricos.
Com ajuda da ONU, adolescente sírio reencontra a família na Alemanha
agosto 13, 2018 15:51
Numeir (na extrema direita) reencontra os parentes no aeroporto. Foto: ACNUR/Chris Melzer
Com medo de ser recrutado pelo exército, Numeir fugiu da Síria, seu país de origem, quando tinha apenas 15 anos. “Dizer adeus foi terrível”, conta o jovem sobre o momento de se despedir dos pais e irmãos, incluindo a caçula da família, Anmar, de apenas quatro anos à época. Vivendo na Alemanha desde 2015, o sírio conseguiu trazer os parentes para o país europeu em maio último, com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
“Anmar me implorou para não ir, dizendo ‘irmão, não vá’. Mas eu não tive escolha”, conta Numeir sobre a partida para a Europa. Depois de passar pela Turquia, Grécia e a região dos Bálcãs, o jovem chegou à Alemanha em 2015, com 15 anos. O plano era encontrar um tio que já morava lá.
Como era menor de idade, Numeir foi levado pelas autoridades para um albergue em Lensahn, uma pequena cidade localizada no norte da Alemanha. O município fica a poucos minutos de carro do Mar Báltico e tem menos de cinco mil habitantes.
“Aqui é muito bonito”, diz o sírio. “Tão verde, tão quieto, tão pacífico.”
Durante três anos, ele teve apenas um desejo: “Quero compartilhar a beleza deste lugar com as pessoas mais importantes do mundo para mim – minha família”.
O ACNUR ajudou Numeir a reencontrar os parentes. Seu pai Ismain, a mãe Fada, e seus três irmãos fugiram para a Turquia, depois para a Grécia, antes de finalmente saberem que a solicitação do organismo internacional e do jovem havia sido aprovada. Em uma quinta-feira de maio, os cinco se prepararam para desembarcar no Aeroporto Fuhlsbüttel, em Hamburgo.
Muitas pessoas no saguão de desembarque aguardavam o mesmo voo, mas ninguém parecia tão animado quanto Numeir. O avião pousou com segurança? Tudo daria certo na chegada? De repente, sua família estava lá e Numeir pôde abraçar sua mãe novamente.

Numeir reencontra a mãe, Fada, no aeroporto, em Hamburgo. Foto: ACNUR/Chris Melzer
Fada afirma que sentiu-se como na primeira vez em que abraçou seu primogênito, 18 anos atrás. “Foi exatamente assim, como da primeira vez”, diz, feliz.
A família ficou espantada quando chegou em Lensahn e saiu do carro. Todos tinham visto fotos, mas agora podiam sentir o cheiro das árvores, sentir a grama e tocar a parede de tijolos da antiga casa de fazenda onde todos iriam morar. “Aqui é lindo”, disse Ismain.
“É ótimo ver uma família tão feliz”, afirma o representante do ACNUR na Alemanha, Dominik Bartsch. “É por isso que a reunião familiar é tão importante. Durante anos, Numeir ficou doente de preocupação com seus familiares. Agora, seus medos desapareceram e a família pode reconstruir suas vidas aqui na Alemanha.”
“Já vimos ataques de gás, vimos bombas”, conta Ismain. “Para um pai, isso significa nunca ter a certeza de que sua esposa e filhos ainda estarão vivos quando ele voltar para casa à noite. Aqui, quando vejo as crianças rindo e correndo no jardim, sei que todos estão seguros.”
“Eu gostaria de agradecer ao povo alemão que me deu a oportunidade de ver meu filho novamente. Eles o acolheram, seguraram-no em seus braços e nos reuniram”, completa o pai de Numeir.
Agência da ONU inaugura exposição no Rio sobre refúgio e migração forçada
agosto 13, 2018 15:13
No campo de Nduta, na Tanzânia, vivem 125 mil refugiados burundineses. Como há carência de salas de aula, as crianças estudam embaixo de árvores. Há uma professora para cada 200 alunos. Só 7% do apelo humanitário do ACNUR para 2017 foi financiado. Foto: ACNUR/Georgina Goodwin
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) inaugura na próxima quarta-feira (15) a mostra “Faces do Refúgio”, que leva para o Centro Cultural dos Correios 52 fotografias sobre migrações forçadas. Essa é a primeira vez em que a exposição desembarca na capital fluminense. Iniciativa aborda as principais crises de deslocamento da atualidade, em países como Síria, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Mianmar.
As imagens trazem histórias de crianças, homens e mulheres que enfrentaram graves violações de direitos humanos e buscam uma oportunidade de reconstruir suas vidas. A curadoria da exposição é fruto de uma parceria entre o organismo das Nações Unidas e o Atelier Vanessa Poitena.
“Os refugiados são como eu e você. A grande diferença é que essas pessoas se veem, do dia para a noite, obrigadas a deixar tudo para trás por uma questão de sobrevivência. O refúgio não é uma escolha. Pessoas deixam tudo para trás para salvar suas vidas”, afirma Natasha Alexander, chefe da unidade de parcerias com o setor privado do ACNUR.
“A exposição é uma ferramenta de conscientização para que as pessoas conheçam um pouco mais sobre essa realidade”, completa.
Dados do ACNUR indicam que mais de 68 milhões de pessoas no mundo vivem fora dos seus locais de origem devido a guerras, conflitos e perseguições. Lançado em junho, o relatório “Tendências Globais” reúne as informações mais recentes da agência da ONU sobre deslocamento forçado.
De acordo com o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), o Brasil havia reconhecido, até o final de 2017, um total de 10.145 refugiados de diversas nacionalidades. Desse contingente, 5.134 continuam no país na condição de refugiado, sendo que 52% moram em São Paulo, 17% no Rio de Janeiro e 8% no Paraná. Os sírios representam 35% da população refugiada com registro ativo no Brasil. Os demais, que não mantiveram o status de refugiado, podem ter retornado voluntariamente ao seu país de origem ou ter se naturalizado brasileiros.
Com entrada gratuita, a exposição fica em cartaz no Centro Cultural dos Correios até 23 de setembro.
Clique aqui para fazer o download das fotos de divulgação da exposição.
Serviço
Exposição “Faces do Refúgio”
Data: de 15 de agosto a 23 de setembro no Centro Cultural dos Correios – Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro
Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 12 às 19h.
Classificação indicativa: Livre.
Entrada franca.
Contatos de imprensa:
Thereza Jatoba, jatoba@unhcr.org, (11) 94018-0719
Aviador brasileiro é selecionado para missão da ONU na República Centro-Africana
agosto 13, 2018 13:29
Coronel Alexandre Lima durante sua participação na Missão da ONU no Haiti, a MINUSTAH. Foto: Arquivo pessoal
O coronel e aviador brasileiro, Alexandre Corrêa Lima, foi selecionado para compor o quadro internacional da Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA). Pela primeira vez, um militar da Força Aérea Brasileira (FAB) é escolhido para uma operação de paz em um processo seletivo aberto a militares de Estado-Maior de todos os países-membros da ONU.
A partir de 1º de setembro, Lima servirá no Quartel-General da MINUSCA, em Bangui, capital da nação africana. Ele integrará o Grupo de Suporte de Defesa Estratégica e Ligação, criado recentemente para apoiar a reorganização dos setores de defesa da República Centro-Africana. Na função de inspetor, o oficial realizará auditorias e dará assessoria ao Exército Nacional do país.
O fato de ter sido peacekeeper — designação dada a militares que integram operações de paz da ONU — na Missão das Nações Unidas no Haiti por um ano foi um fator decisivo na seleção do coronel. Atualmente, o aviador atua no Ministério da Defesa. Lima exerce a função de subchefe do Centro de Coordenação de Logística e Mobilização (CCLM), que coordena o fluxo logístico da Operação Acolhida, uma força-tarefa humanitária montada em Roraima para acolher os refugiados e migrantes venezuelanos.
Na Força Aérea desde 1990, o oficial diz que se sente preparado e motivado para a nova missão no continente africano. “Apesar das operações de paz da ONU ocorrerem em ambientes com baixos índices de desenvolvimento humano e alta volatilidade no campo político-social, é uma oportunidade única compor uma força de paz e representar o Brasil e a nossa Força Aérea junto à comunidade internacional”, afirma.
A expectativa de Lima é contribuir para a estabilidade no país. “Tenho a certeza de que sairei da missão com uma experiência de vida bastante significativa, nos campos profissional e pessoal, além de ter tido a possibilidade de utilizar todo o conhecimento adquirido ao longo da carreira a serviço da paz”, acrescenta o aviador.