Agricultores de Guatemala e El Salvador aprendem com experiência brasileira de convivência com a seca
2 de Julho de 2018, 16:24
Agricultores de Guatemala e El Salvador viajaram ao Brasil para conhecer as práticas de convivência com a seca que permitem produzir alimentos de maneira eficiente e resiliente. Foto: EBC
A falta de água na agricultura é o denominador comum entre as zonas semiáridas de Guatemala, El Salvador e Brasil. Um grupo de agricultores dos dois primeiros viajou ao Brasil para conhecer as práticas de convivência com a seca que permitem produzir alimentos de maneira eficiente e resiliente.
As áreas onde os agricultores dos três países vivem e produzem sofreram as consequências da falta de chuva. A irregularidade das chuvas é cada vez mais frequente e isso apresenta grandes desafios para a produção de alimentos e a segurança alimentar de milhares de famílias que vivem nessas zonas semiáridas.
O grupo já se reuniu antes, na América Central, quando, em abril passado, técnicos e agricultores e agricultoras brasileiras mobilizaram-se para conhecer as práticas de resiliência e às mudanças climáticas do Corredor Seco em áreas de El Salvador e Guatemala. Esta é a segunda etapa do intercâmbio promovido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a Articulação com o Semiárido Brasileiro (ASA).
“Nossos irmãos brasileiros vivem em condições piores que a nossa. Ainda assim, estão produzindo. Em nossa área chove quase que o dobro do que chove onde estamos visitando”, disse Glória Díaz, que integra a delegação da Guatemala formada por sete agricultores.
Glória, assim como seus colegas do departamento de Chiquimula, participa ativamente do projeto “Restauração do Sistema Alimentar e Fortalecimento da Resiliência das Famílias Afetadas pelo Canícula Extensa nos Municípios de Chiquimula e Jalapa, Guatemala”, financiado pelo governo da Suécia e executado pelo Ministério da Agricultura em conjunto com a FAO.
Armazenamento de água, boas práticas de produção, pós-produção e armazenamento de alimentos, acesso a mercados e comercialização são algumas das experiências visitadas pela delegação de 13 agricultores.
“Precisamos compartilhar o que aprendemos para que outros possam melhorar suas vidas, para que outros tenham mais dignidade para viver em uma região seca, em uma região semiárida”, disse o coordenador da Rede ASA para o estado de Pernambuco, Alexandre Pires.
O intercâmbio terminou no sábado (30) com uma visita à Feira Agroecológica das Graças, a mais antiga de Pernambuco, criada há 20 anos.
UNICEF: 5 fatos sobre as famílias de migrantes que entram nos Estados Unidos
2 de Julho de 2018, 15:29Nos Estados Unidos, as imagens de crianças migrantes separadas de seus pais e mantidas em centros do governo causaram comoção global no mês passado e acirraram os debates sobre a entrada de estrangeiros no território norte-americano.
Em meio à onda de discursos xenofóbicos, baseados em mitos e não em informações precisas, o Fundo de Nações Unidas para a Infância (UNICEF) esclarece cinco fatos sobre os deslocamentos de famílias mexicanas e de outras partes da América Latina rumo os EUA.
1. Quem busca refúgio vindo do México ou da América Central está fugindo de perseguições e de violência extrema

Estudantes protestam contra a violência em San Salvador, capital de El Salvador. Foto: UNICEF/Heger
A América Latina é o lar de 8% da população mundial, mas concentra 38% de todos os assassinatos registrados. É a região mais violenta do planeta, entre as que não estão em guerra. O tráfico de drogas transformou a violência letal e extorsões em realidades cotidianas no México e na América Central.
Em 2017, mesmo com quedas acentuadas no número de mortes violentas contabilizados, El Salvador e Honduras tiveram algumas das mais altas taxas de homicídio do planeta: 60 assassinatos para cada 100 mil habitantes em El Salvador; 46 para cada 100 mil em Honduras. O Ministério do Interior do México verificou o maior índice desde que o governo começou a manter registros de homicídios, em 1997. No ano passado, ocorreram 23 assassinatos para cada 100 mil mexicanos.
Segundo o UNICEF, na América Latina e no Caribe, cerca de 6,3 milhões de crianças enfrentam situações de risco de vida e múltiplas formas de violência. A equipe global da agência e seus profissionais nos Estados Unidos estão se mobilizando para atender às necessidades desses meninos e meninas e de suas famílias, conforme eles fogem de suas comunidades em busca de segurança. O organismo internacional trabalha para mitigar as causas das migrações, mas também leva assistência aonde for necessário e aonde os jovens forem.
2. Nos EUA, migrantes sem documentos têm direito a proteção e ao devido processo legal

Detenção e separação familiar são experiências traumáticas que podem deixar as crianças mais vulneráveis à exploração e ao abuso, disse o UNICEF. Na foto, migrantes atravessam fronteira do México com os EUA. Foto: OIM
No passado, tribunais dos Estados Unidos defenderam de forma consistente que qualquer pessoa em solo norte-americano está protegida pelo direito ao devido processo legal, previsto na Constituição, mesmo que esse indivíduo tenha entrado ilegalmente no país.
O devido processo permite o exercício dos direitos legais e a realização de um processo em tribunal, garantido por lei. A Convenção da 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados – um tratado multilateral das Nações Unidas que os EUA ajudou a elaborar no imediato pós-Segunda Guerra e, posteriormente, ratificou – proíbe as partes do documento de impor penas a refugiados que vêm diretamente de países onde sua vida ou liberdade esteja ameaçada.
O Artigo VI da Constituição dos Estados Unidos declara que todos os tratados firmados sob a autoridade do país se configuram como a “lei suprema do país”.
3. A migração não aumenta os crimes violentos nos Estados Unidos

Em Santa Teresa, uma comunidade de San Salvador, capital de El Salvador, a vida é dominada pela violência de gangues de rua. Crianças evitam andar nas ruas por medo de serem recrutadas por grupos criminosos. Foto: UNICEF/Heger
Pesquisadores da Universidade do Wisconsin, da Universidade de Purdue e do Instituto Cato apontaram, em estudos recentes, que a migração ilegal não aumenta os crimes violentos nos Estados Unidos. Os norte-americanos que nascem no país cometem crimes violentos a taxas bem mais elevadas que os migrantes, estejam eles em situação legal ou sem documentos.
Especialistas também descobriram que o número de prisões por álcool ou droga, de overdoses e de mortes no trânsito por consumo de álcool não cresceu com o aumento de migrantes ilegais.
4. Separação e detenção das famílias pode causar problemas de saúde física e mental por anos

Jovem salvadorenho é consolado por sua namorada após ser deportado do México, em 2016. Foto: UNICEF/Zehbrauskas
Uma liminar concedida por um juiz federal na Califórnia suspendeu temporariamente a separação de crianças dos seus pais na fronteira pelo governo norte-americano, mas ainda não há um plano claro sobre como as mais de 2,3 mil crianças, agora sob os cuidados do Estado, vão reencontrar seus pais. Alguns pais nem sabem onde seus filhos estão sendo mantidos.
O plano do governo para deter, indefinidamente, famílias migrantes com crianças é inaceitável: a detenção tira a infância dos meninos e meninas encarcerados e causa danos psicológicos para a vida toda.
Em artigo publicado na imprensa norte-americana, a ex-primeira-dama Laura Bush comparou os campos de detenção propostos para essas famílias à internação pelo governo federal de 120 mil japoneses-americanos, durante a Segunda Guerra Mundial. Pesquisadores descobriram que as famílias dos japoneses-americanos sofreram traumas que perduraram por gerações.
5. A maioria dos norte-americanos é contra a separação das famílias de migrantes

Manifestação em 30 de junho, em Washington D.C., critica políticas migratórias do governo norte-americano, que separou crianças de seus pais. Foto: Flickr (CC)/Susan Melkisethian
Uma pesquisa de opinião da Universidade de Quinnipiac, divulgada em junho (18), mostrou que os norte-americanos se opunham, majoritariamente, à política de separação das crianças de seus familiares. Mais de dois cidadãos rejeitavam a medida para cada um que a apoiava.
A apoio aos “Dreamers” ou “Sonhadores”, os migrantes que foram levados para os EUA quando ainda eram menores, variou de 77 a 81% em todas as enquetes conduzidas pela Quinnipiac em 2018.
OIM e parceiro recebem até 11/7 inscrições para curso virtual para jornalistas sobre migração e direitos humanos
2 de Julho de 2018, 15:26
Venezuelanos chegam ao Brasil pela cidade de Pacaraima, em Roraima. Foto: EBC
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul recebem até 11 de julho inscrições para curso virtual para jornalistas sobre migração com enfoque em direitos humanos.
O curso é realizado em meio ao projeto “Fortalecendo capacidades institucionais para a gestão de políticas públicas em direitos humanos do Mercosul”, financiado pelo Fundo para a Convergência Estrutural (FOCEM) do bloco econômico sul-americano.
A inciativa tem como objetivo dar aos jornalistas participantes as ferramentas conceituais e práticas para o tratamento jornalístico de questões migratórias a partir de um enfoque de direitos humanos.
A iniciativa é realizada por meio do campus virtual do IPPDH e contará com uma equipe docente, que acompanhará seu desenvolvimento por meio do fórum de atividades e consultas por uma plataforma web.
As atividades terão duração de cinco semanas — de 31 de julho a 3 de setembro. O público-alvo é formado por jornalistas credenciados que trabalhem para veículos de rádio, imprensa escrita e digital ou TV, e que tenham nacionalidade e/ou residência permanente em Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Haverá cotas para nacionais e/ou residentes dos Estados associados ao Mercosul.
No processo de seleção, serão considerados requisitos como distribuição geográfica; diversidade de gênero e temática de trabalho dos postulantes; experiência de trabalho jornalístico com migrações; impacto e/ou adequação da proposta temática do curso em relação às atividades que realiza no veículo de comunicação.
O curso será dado em espanhol e português e se organiza em aulas teóricas e práticas. Os interessados deverão se candidatar por meio do formulário online disponível no link (clique aqui). Serão selecionados 90 inscritos.
Clique aqui para acessar o edital.
UNICEF teve em 2017 maior gasto da história com suprimentos para crises humanitárias no mundo
2 de Julho de 2018, 14:53
Crianças rohingya aguardam distribuição de assistência humanitária em Cox’s Bazar, em Bangladesh. Foto: UNICEF/Patrick Brown
Fome, seca, conflitos e desnutrição ameaçaram a sobrevivência de milhões em 2017. Diante desse cenário, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) gastou mais de 500 milhões de dólares para fornecer suprimentos emergenciais vitais para crianças com necessidade urgente de assistência. Esse é o maior gasto da história da agência em suprimentos para crises humanitárias.
No ano passado, a seca e os conflitos armados devastaram a vida das crianças no Sudão do Sul, no Iêmen, na Somália e no nordeste da Nigéria. Cerca de 22 milhões de crianças ficaram com fome, doentes, deslocadas e fora da escola nesses quatro países.
Quase 1,4 milhão estavam em risco iminente de morte por desnutrição severa. Em resposta, o UNICEF enviou 122,4 milhões de dólares em produtos nutricionais, incluindo alimentos terapêuticos prontos para o consumo, leite, biscoitos de alta energia e equipamentos antropométricos para pesar e medir crianças.
No Chifre da África, onde as secas exacerbaram uma crise nutricional em grande escala, o UNICEF forneceu quase um quarto do seu alimento terapêutico global para salvar centenas de milhares de crianças afetadas pela desnutrição aguda. Mais da metade desse produto foi fabricado por fornecedores locais em países onde o UNICEF tem programas de nutrição, o que ajudou a melhorar a eficiência e a apoiar os mercados locais.
Além de suprimentos relacionados à nutrição, o UNICEF enviou suprimentos vitais de água e saneamento, vacinas e produtos farmacêuticos, bem como itens de educação e vestuário para crianças e famílias apanhadas ou deslocadas por conflitos, desastres naturais e outras crises em 61 países.
A maioria dos suprimentos de emergência foi para os refugiados rohingyas em Bangladesh e para o Iêmen, o Chifre da África, a Síria, a região do Lago Chade e o Sudão do Sul.
Serviços de logística foram rapidamente implementados para os refugiados rohingyas em Bangladesh, enquanto suprimentos de água, saneamento e saúde foram entregues para lidar com surtos simultâneos de cólera em todo o mundo.
Somente no Iêmen, onde quase 22 milhões de pessoas foram afetadas pela insegurança alimentar e por um sistema de saúde em ruínas, o UNICEF forneceu mais de 900 milhões de comprimidos de purificação de água, 1,8 mil kits para tratamento da diarreia aquosa aguda e 33 milhões de doses de vacinas.
Em 2017, o UNICEF e seus parceiros também reduziram substancialmente os preços das vacinas, graças aos esforços para influenciar os mercados. Pela primeira vez, uma rodada completa de vacinas para uma criança com menos de 1 ano de idade está disponível por menos de 18 dólares para países de baixa renda – abaixo do preço de 2013 de 24,46 dólares.
No total, o UNICEF adquiriu 3,46 bilhões de dólares em suprimentos e serviços para crianças em 150 países e regiões no ano passado.
ONU mobiliza esforços para apoiar refugiadas rohingya vítimas de violência sexual
29 de Junho de 2018, 18:19
Mulher rohingya atravessa fronteira entre Mianmar e Bangladesh, próximo ao vilarejo de Anzuman Para, em Palong Khali. Foto: ACNUR/Roger Arnold
No Dia Internacional para Eliminação da Violência Sexual em Conflito, lembrado na semana passada (19), as agências das Nações Unidas em Bangladesh alertaram para a situação dos refugiados rohingya de Mianmar, incluindo milhares de vítimas de violência sexual.
Pessoas da etnia rohingya, formada principalmente por muçulmanos, começaram a fugir do estado de Rakhine, em Mianmar, em agosto do ano passado, após uma onda de repressão militar do exército birmanês, que incendiou vilarejos, matou civis e estuprou meninas e mulheres.
Diante da crise humanitária, o governo de Bangladesh cedeu uma área de 1,2 mil hectares no distrito de Cox’s Bazar para acolher pessoas da minoria étnica.
No final de maio, mais de 720 mil rohingya chegaram aos acampamentos para refugiados em Bangladesh, juntando-se a outros 200 mil, segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Sameera (nome fictício) é uma das 900 mil refugiadas rohingya que estão vivendo nos acampamentos superlotados da região de Cox’s Bazar. A jovem de 17 anos esteve casada por apenas alguns meses quando seu marido foi morto.
Ela foi estuprada poucos dias depois da morte dele, quando três soldados apareceram na porta de sua casa, junto com outras duas garotas rohingya, que também tinham sido estupradas.
“Como vou dar à luz o bebê, ele ou ela será meu, não importa quem seja o pai”, disse ela ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
No início de maio, o UN News publicou um relatório especial destacando as preocupações expressas por vários líderes da ONU sobre o que o secretário-geral adjunto das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Andrew Gilmour, descreveu como uma onda de violência sexual.
Vítimas esquecidas da guerra
Desde agosto do ano passado, mais de 16 mil bebês nasceram nos campos de refugiados, segundo a agência da ONU.
É difícil determinar exatamente quantas crianças foram concebidas após estupro, disse Pramila Patten, representante especial do secretário-geral da ONU sobre violência sexual em conflito.
“Você também carrega o estigma de uma gravidez que foi resultado do estupro, o que torna muito difícil para as mulheres lidarem abertamente com o fato de estarem grávidas”, disse ela ao UN News no mês passado, pouco depois de retornar de uma missão no campo de Kutupalong, um dos maiores campos de refugiados do mundo.
“E, de fato, há vários relatos dos rohingyas locais de que muitas garotas, especialmente jovens adolescentes, estão escondendo a gravidez e nunca procurarão atendimento médico para o parto, por exemplo”, contou a representante especial.
O UNICEF recolheu depoimentos de diversas mulheres e meninas como Sameera, cujos filhos estão entre o que o secretário-geral da ONU, António Guterres, chamou de “vítimas esquecidas da guerra”.
Concebidos após estupros durante conflitos, estes meninos e meninas crescem lutando com a sua identidade, e se tornam vítimas de estigma e vergonha. Ao mesmo tempo, suas mães são marginalizadas ou até mesmo evitadas por suas comunidades.
Há três anos, a ONU designou o dia 19 de junho como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Sexual em Conflito para promover a solidariedade com os sobreviventes.
O escritório de Patten foi co-anfitrião de um evento sobre o dia internacional na sede da ONU em Nova Iorque. Na ocasião, foram discutidas estratégias sobre como mudar a ideia existente de que essas mães e crianças são, de alguma forma, cúmplices em crimes cometidos pelos grupos que os violaram.
Parteiras
De volta a Bangladesh, a chegada dos ventos de monção e chuvas há pouco mais de duas semanas está tornando a vida ainda mais difícil para os refugiados rohingya e os defensores de direitos humanos que os ajudam.
Apesar de terem recebido menos de 20% de financiamento no plano de auxílio humanitário, as agências da ONU estão fornecendo ajuda e apoio, respondendo às necessidades avassaladoras.
Desde o início da crise, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) empregou 60 parteiras altamente qualificadas na área, que também são treinadas em gestão clínica de aconselhamento sobre estupro e planejamento familiar.
Dezenove espaços voltados para a segurança das mulheres também foram criados nos campos.
O UNFPA disse que a chave para responder aos “desafios de proteção desses grupos” é ampliar a assistência aos sobreviventes da violência sexual e outros grupos vulneráveis, inclusive por meio de apoio, aconselhamento psicossocial e primeiros socorros psicológicos.
Até o momento, 47 mil futuras mães rohingyas receberam exames pré-natais e 1,7 mil bebês foram entregues com segurança em clínicas apoiadas pelo Fundo.
Recentemente, o UNFPA anunciou que seus serviços de obstetrícia e saúde reprodutiva ainda estavam funcionando 24h, diariamente, embora não houvesse eletricidade nos campos.
“Parteiras e trabalhadores envolvidos com o caso resistiram às tempestades e caminharam por estradas escorregadias e inundadas até nossas instalações”, informou o UNFPA.
Relutância em retornar
Enquanto isso, um acordo assinado no início deste mês por ACNUR, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o governo de Mianmar poderá abrir o caminho para que milhares de rohingya voltem para casa.
O acordo também dará às duas entidades da ONU acesso ao estado de Rakhine.
Knut Ostby, coordenador-residente e humanitário da ONU em Mianmar, disse que as condições mais importantes para o retorno seguro e voluntário dos refugiados são os direitos de cidadania e o fim da violência. Embora morem em Mianmar há séculos, os rohingya são apátridas.
“Haverá necessidade de programas de reconciliação social. E estes terão que estar ligados a programas de desenvolvimento. Não é suficiente lidar com isso politicamente”, disse ele ao UN News.
No entanto, as mulheres e meninas rohingya estão preocupadas em voltar para Mianmar, segundo Patten.
“Elas estariam preparadas para retornar somente se tivessem direitos de cidadania plena garantidos, mas duvidam que isso seja possível. Elas são muito realistas”, disse Patten, expressando suas preocupações sobre a segurança das mulheres e meninas rohingya.
“Todas elas parecem solicitar algum tipo de presença missionária da ONU em Mianmar, caso voltem. Mas como não é a primeira vez que este tipo de êxodo acontece, elas não parecem muito esperançosas”, afirmou.
Patten observou que, no geral, os refugiados rohingya estão depositando suas esperanças em uma possível ação do Conselho de Segurança da ONU.
Os 15 embaixadores do Conselho de Segurança viajaram para Bangladesh e Mianmar, pouco antes da visita de Patten a Cox’s Bazar.
A representante especial comentou que “agora eles colocaram uma ‘cara’ no Conselho de Segurança”. Segundo ela, os refugiados esperam que os membros do órgão traduzam o seu choque e indignação em ações concretas.