Ministério da Indústria oficializa adesão à Rede Brasil do Pacto Global
22 de Junho de 2018, 18:42
Durante evento em Brasília, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge de Lima, oficializou a adesão da pasta à Rede Brasil do Pacto Global. Foto: Rede Brasil do Pacto Global
O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) é o primeiro órgão federal brasileiro a se comprometer com o Pacto Global para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
Em evento na quarta-feira (20) o ministro Marcos Jorge de Lima oficializou a adesão da pasta à Rede Brasil do Pacto Global. A cerimônia em Brasília contou com a participação da vice-presidente da Rede Brasil, Cristiana Brito, do secretário-executivo, Carlo Pereira, e das representantes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Luciana Aguiar e Maristela Baioni.
O ministério e a secretaria-executiva da Rede Brasil do Pacto Global já contam com um plano de trabalho para prover mais serviços ao setor privado, a exemplo de oficinas de capacitação para pequenas e médias empresas sobre a implantação dos ODS.
A Rede Brasil atuaria em projetos e coordenadorias do ministério que se alinham aos ODS 6 (Água Potável e Saneamento), ODS 7 (Energia Acessível e Limpa), ODS 12 (Produção e Consumo Sustentáveis) e ODS 13 (Ação Climática). Dentro desses espaços, o Pacto Global estimulará o engajamento dos atores e avançará no alcance desses objetivos.
Para Carlo Pereira, a adesão do ministério ao pacto é mais do que natural. Com trabalho direto na indústria e no comércio, as pautas do órgão se alinham ao objetivo da iniciativa das Nações Unidas de focar no trabalho com as empresas.
Segundo o ministro, a sustentabilidade é um tema da maior relevância na agenda global e de grande preocupação para o ministério e para o setor industrial brasileiro, pelo seu impacto direto na competitividade.
ARTIGO: De volta para o futuro
22 de Junho de 2018, 18:39
Caminhoneiros fazem protesto contra a alta no preço dos combustíveis na BR-040, próximo a Brasília. Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo
Por Antonio Nucifora, economista-chefe do Banco Mundial para o Brasil*
A paralisação dos caminhoneiros já parece parte da história. Porém, a história não deve servir apenas como registro, mas também como aprendizado. As concessões que o governo foi forçado a fazer ao movimento, que teve apoio de 87% da população, se acrescentam às inúmeras políticas e programas de incentivo ao setor privado já existentes e ineficazes. O Brasil já gasta um volume enorme e crescente de recursos no apoio a empresas privadas. O subsídio ao preço do diesel e a tabela de preços do frete são apenas mais um exemplo.
Segundo levantamento do Banco Mundial, no estudo “Um Ajuste Justo”, uma radiografia da qualidade do gasto público no país, os gastos totais com políticas e programas de apoio ao setor privado cresceram de 3% para 4,5% do PIB entre 2006 e 2015. Isso é equivalente ao gasto público para a saúde, ou equivalente a nove vezes o programa Bolsa Família. Será que os brasileiros estão escolhendo corretamente onde o Estado deve investir? Essas políticas de apoio ao setor privado têm dado retorno para a sociedade?
Infelizmente não. A maior parte desses recursos chega às empresas por meio de renúncias fiscais e créditos subsidiados junto a bancos públicos, que criam distorções competitivas e, muitas vezes, protegem empresas e setores ineficientes, paradoxalmente resultando em mais baixa produtividade, menor geração de bons empregos e investimentos, e menor crescimento. E isso acontece de várias formas. Ao favorecer as empresas estabelecidas e proteger o mercado contra importações, as políticas industriais reduzem a intensidade da concorrência. Ao permitir que empresas estabelecidas e improdutivas mantenham sua fatia de mercado à custa de subsídios como o do diesel, essas políticas também impedem a melhor utilização dos recursos e o aumento da produtividade, que permitiriam que empresas mais eficientes (novas e antigas) expandissem sua produção e gerassem mais empregos.
De fato, há várias décadas o Brasil não tem conseguido gerar um crescimento forte e sustentável da produtividade. As causas são complexas, mas, como detalhado no recente relatório do Banco mundial, “Emprego e crescimento: A agenda da produtividade”, resultam principalmente na limitação da concorrência por meio de uma miríade de intervenções governamentais distorcivas ou ineficientes. Ou seja, além dos gastos orçamentários, os programas de apoio ao setor privado têm um alto custo indireto para o país e para os consumidores. Todos esses programas são o resultado de pressões de grupos de interesses próprios, que, como os caminhoneiros, obtêm um benefício ao custo de desempenho econômico mais baixo para todo o país.
Os exemplos são inúmeros. Como o programa Inovar Auto, criado para proteger a indústria automotiva contra importações e apoiar a modernização tecnológica. De fato, o programa reduziu as importações de veículos por meio de barreiras comerciais, mas não tornou a indústria mais competitiva, nem ajudou a gerar mais empregos. Na prática, o Inovar Auto teve um custo fiscal baixo R$ 2 bilhões (ou 0,03% do PIB). A proteção às grandes montadoras veio das barreiras alfandegárias. Com baixa escala, pouca competitividade e sem integração nas cadeias produtivas globais, a indústria automotiva brasileira vende muito caro seus produtos. Enquanto o modelo 2018 mais barato do Toyota Corolla custa a partir de US$ 29,9 mil no Brasil, no Canadá, o Corolla 2018 mais caro custa a partir de US$ 17 mil. O preço é mais alto porque a produção na fábrica canadense é maior e mais eficiente e, em termos de produção por trabalhador, a fábrica brasileira é mais cara, além dos custos de infraestrutura e impostos, os markups decorrentes da falta de concorrência e outros elementos do chamado Custo Brasil. Quem paga a conta é o consumidor brasileiro.
A desoneração da folha de pagamento mantém empregos, mas a um custo altíssimo. O objetivo desse programa é reduzir as contribuições de seguridade social em setores específicos para gerar, ou, pelo menos, proteger empregos. Seu custo fiscal equivaleu a R$ 25 bilhões (ou 0,4% do PIB) em 2015. Vários estudos analisaram esses programas. Os resultados indicam que eles tiveram pouco ou nenhum impacto na geração de empregos e que o custo das poucas vagas geradas (ou protegidas) foi muito alto — superior ao triplo do salário pago ao trabalhador!
Mas o problema da ineficiência das políticas de incentivo também atinge a outra ponta, a das micro e pequenas empresas. O Simples Nacional, regime tributário simplificado, criado para incentivar a formalização de pequenos negócios, também custa caro, R$ 70 bilhões ou 1,2% do PIB em 2015, e gera distorções. Os limites de faturamento estabelecidos para o benefício tributário não estimulam o crescimento das empresas e beneficiam empreendimentos ineficientes. Ou seja, o programa permite a sobrevivência de empresas menores e ineficientes, que não crescem e pagam salários relativamente mais altos a trabalhadores mais abastados. Isso ocorre às custas de empresas que, caso contrário, poderiam crescer e gerar mais empregos para os que se encontram atualmente desempregados, ou para trabalhadores subempregados e menos privilegiados. Além disso, o tratamento diferenciado para empresas muito pequenas, de um lado, e grandes corporações, do outro, coloca potencialmente as médias empresas em uma situação de desvantagem competitiva. E para completar o já péssimo quadro, o Simples é até mesmo regressivo, na medida em que, como documentado por um estudo de 2015 da Receita Federal, uma boa parte do Simples é composto por empresas que, na verdade, são profissionais liberais de alta renda.
Portanto, é um passo positivo que vários desses programas tenham sido reformados nos últimos anos. O Inovar Auto foi encerrado e seu programa sucessor, Rota 2030, trará menos distorções e apoiará investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento. O Programa de Sustentação do Investimento foi interrompido, e a adoção da nova taxa de juros TLP, indexada ao mercado, em 2017, em substituição à TJLP, é um passo na direção certa para reduzir a segmentação e as distorções nos mercados financeiros. O número de setores que se beneficiam da “desoneração da folha” foi reduzido pela metade no mês passado e o programa deve ser eliminado em 2020.
Nesse contexto, as concessões que o governo foi forçado a fazer em prol dos caminhoneiros (e donos de empresas transportadoras) são um enorme passo atrás. Mais uma vez, um grupo com interesses próprios conseguiu pressionar o governo a alocar recursos orçamentários em benefício de seu setor. Essa política enfraquece as finanças públicas e não favorece os pobres. Além do custo orçamentário nada irrelevante, perto de R$ 15 bilhões (ou 0,25% do PIB), ela também reduz os investimentos em infraestrutura, comprometendo o crescimento econômico de longo prazo e a criação de novos empregos. Além disso, introduz distorções de preços que impedem a alocação eficiente de recursos e, por conseguinte, desaceleram a produtividade, os investimentos e a criação de empregos. Eis o calcanhar de Aquiles do Brasil.
O Brasil precisa de uma política de apoio ao setor privado que não seja o resultado apenas de pressões de grupos específicos. Novos programas, pensados de maneira mais abrangente, e acompanhados de políticas mais horizontais, poderiam ajudar o setor privado a ser mais competitivo. A experiência internacional sugere alguns princípios-chave, tais como: (1) ancorar as intervenções sobre “falhas de mercado” (a ser identificadas), (2) escolher o instrumento que melhor atenda essa “falha” específica, (3) usar indicadores fortes de Monitoramento & Avaliação para informar a implementação e, quando possível, a avaliação do impacto projetada ex ante; (4) introduzir cláusulas de caducidade e avaliações periódicas, para tomada de decisões com base na evidência e, (5) mesmo ao apoiar setores específicos, muitas vezes instrumentos horizontais podem ser usados para evitar novas distorções e privilégios. De fato, apesar das falhas de muitos programas em vigor, é possível desenvolver políticas mais justas e efetivas nesse sentido.
Para isso, é necessário um debate público bem informado sobre as consequências de longo prazo das escolhas que o Brasil tem pela frente em matéria de política econômica. E não há momento mais propício para esse debate do que um ano eleitoral.
*Artigo publicado originalmente no jornal Folha de São Paulo, em 19 de junho de 2018.
FAO alerta para contaminação da água por práticas agrícolas insustentáveis no mundo
22 de Junho de 2018, 18:26
A poluição da água causada pela agricultura afeta bilhões de pessoas e gera perdas anuais de bilhões de dólares. Foto: FAO
A contaminação da água por práticas agrícolas insustentáveis representa uma grave ameaça para a saúde humana e os ecossistemas do planeta, um problema frequentemente subestimado tanto pelos responsáveis por políticas públicas como pelos agricultores, alertou um relatório divulgado na quarta-feira (20).
Em muitos países, a maior fonte de contaminação da água é a agricultura — não as cidades ou a indústria —, enquanto, globalmente, o poluente químico mais comum nos aquíferos subterrâneos são os nitratos procedentes da atividade agrícola, advertiu o relatório “Mais pessoas, mais alimentos, pior água?”, apresentado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pelo Instituto Internacional para o Manejo da Água, em conferência que ocorreu até esta sexta-feira (22) no Tajiquistão.
A agricultura moderna é responsável por lançar grandes quantidades de agroquímicos, matéria orgânica, sedimentos e sais nos corpos d’água, disse o relatório. Essa poluição afeta bilhões de pessoas e gera custos anuais que superam bilhões de dólares.
“A agricultura é o maior produtor de águas residuais, por volume, e o gado gera muito mais excrementos que os humanos. À medida que se intensificou o uso da terra, os países aumentaram enormemente o uso de pesticidas sintéticos, fertilizantes e outros insumos”, disseram Eduardo Mansur, diretor da divisão de terras e águas da FAO, e Claudia Sadoff, diretora-geral do instituto, em sua introdução para o relatório.
“Apesar de esses insumos terem ajudado a impulsionar a produção de alimentos, também deram lugar a ameaças ambientais, assim como a possíveis problemas de saúde humana.”
Os poluentes agrícolas mais preocupantes para a saúde humana são os patógenos do gado, praguicidas, nitratos nas águas subterrâneas, oligoelementos metálicos e os poluentes emergentes, como os antibióticos e os genes resistentes aos antibióticos excretados pelo gado.
O novo relatório representa a análise mais completa da dispersa literatura científica sobre o tema realizada até hoje, e tem como objetivo fechar lacunas de informação e desenhar soluções no nível de políticas e das exportações agrícolas em uma única referência consolidada.
FAO traz agricultores da América Central para conhecer estratégias de produção no semiárido brasileiro
22 de Junho de 2018, 18:08
Semiárido brasileiro. Foto: Agência Brasil/Wilson Dias
De 25 a 30 de junho, agricultores e técnicos da Guatemala, El Salvador e Honduras estarão no Brasil para discutir estratégias de cultivo em contextos de escassez de água. Visita é promovida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Agência reunirá os produtores da América Central com agricultores familiares da Paraíba e de Pernambuco.
O encontro é a segunda etapa do intercâmbio promovido pelo organismo das Nações Unidas e a Rede Articulação com o Semiárido (ASA). O programa de troca de conhecimento visa encontrar soluções para quem enfrenta diariamente as dificuldades geradas pelo clima: secas prolongadas ou excesso de chuvas que deixam rastros de destruição.
Os três países da América Central fazem parte do Corredor Seco, região que inclui ainda a Nicarágua e que é o lar de mais de 1 milhão de famílias. A maioria delas vive principalmente da agricultura.
No Brasil, cerca de 26 milhões de pessoas vivem no Semiárido, sendo que 38,03% estão na zona rural, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Conhecendo o Nordeste brasileiro
O grupo irá visitar a região semiárida dos estados da Paraíba e Pernambuco. A primeira parada, no dia 26, é na comunidade Sussuarana, no município de Juazeirinho, na região do Seridó paraibano. No dia seguinte (27), a delegação segue para a região da Borborema, no município de Esperança.
Nos dias 28 e 29, a comitiva visita a região Agreste de Pernambuco. No município de Bom Jardim, a comunidade do Feijão, e no município de Cumaru, a comunidade de Pedra Branca.
No dia 30, está prevista a ida dos centro-americanos à Feira Agroecológica das Graças, a mais antiga de Pernambuco, com 20 anos.
Ao longo da visita ao Brasil, os agricultores conhecerão experiências de produção de alimentos, armazenamento de água e sementes, acesso a mercados, manejo integrado de água para a produção, sistemas agroflorestais e funcionamento de cisternas.
Para o coordenador da rede ASA no estado de Pernambuco, Alexandre Pires, os brasileiros precisam “compartilhar aquilo que aprendemos para que outros possam melhorar suas vidas, para que outras possam ter mais dignidade para viver em uma região seca, em uma região semiárida”.
Em abril deste ano, um grupo de agricultores brasileiros e representantes da Rede ASA visitaram a região do Corredor Seco para conhecer a realidade das pessoas que vivem nas áreas rurais da Guatemala e El Salvador.
Centro de Excelência contra a Fome participa de seminário em Brasília sobre alimentação escolar
22 de Junho de 2018, 17:51Clique para exibir o slide.O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) realizou esta semana em Brasília (DF) a 5ª reunião dos Centros Colaboradores em Alimentação e Nutrição Escolar (CECANEs), com o objetivo de trocar experiências e conhecimento técnico sobre o programa nacional de alimentação escolar brasileiro. O encontro também visou fortalecer as relações entre os órgãos públicos educacionais e representantes dos centros colaboradores.
O Centro de Excelência contra a Fome, fruto de uma parceria entre o governo brasileiro e o Programa Mundial de Alimentos da ONU, participou do evento de três dias e fez uma apresentação sobre Cooperação Sul-Sul e alimentação escolar, com base em sua experiência de quase sete anos promovendo a cooperação entre os países em desenvolvimento nessa área. O programa brasileiro de alimentação escolar já inspirou mais de 30 países a desenvolver suas próprias soluções para fornecer alimentos e nutrição a crianças nas escolas.
Os CECANES são centros ligados a diferentes universidades brasileiras que visam apoiar e melhorar a implementação do programa nacional de alimentação escolar. Esses centros apoiam o monitoramento da iniciativa e fornecem assistência técnica a secretarias municipais e estaduais de educação. Atualmente, os centros estão desenvolvendo workshops regionais para analisar a demanda por alimentação escolar e a produção de agricultores familiares, como forma de melhorar o processo de compra de alimentos pelo programa.
Além de membros dos 16 centros, a reunião teve a participação de representantes de 20 secretarias de Educação, conselheiros de nutrição escolar, gestores e técnicos do FNDE, assim como outros órgãos envolvidos na gestão do programa nacional de alimentação escolar. A reunião teve a participação de mais de 100 pessoas.
De acordo com o coordenador geral do programa nacional, Karine dos Santos, o encontro também serviu para estabelecer padrões para o trabalho dos centros em fornecer assessoria a estados e municípios, conduzindo pesquisa sobre a gestão do programa nacional e empoderando agentes envolvidos na implementação do programa.
“Esta também é uma excelente oportunidade para nós entendermos as principais dificuldades de implementar o programa, para que possamos identificar as soluções mais apropriadas”, disse o coordenador.