Top model e ex-refugiada Halima Aiden é nomeada embaixadora do UNICEF
9 de Julho de 2018, 17:41
Halima Aden em visita ao campo de refugiados de Kakuma, no Quênia. Foto: TEDxKakumacamp/Tobin Jones
Nascida em 1997 no campo de refugiados de Kakuma, nordeste do Quênia, a modelo Halima Aden, de origem somali, sacudiu as passarelas norte-americanas e europeias quando começou a carreira em 2017, desfilando para grandes nomes da moda e usando o seu hijab, o véu que muitas mulheres muçulmanas vestem.
Mais do que uma voz pela diversidade religiosa, a jovem de apenas 20 anos anos é também uma ativista dos direitos das crianças e adolescentes migrantes. Neste mês (2), Halima recebeu o título de embaixadora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) nos Estados Unidos.
Em junho, a manequim voltou ao assentamento de Kakuma, onde moram 185 mil refugiados e solicitantes de refúgio, forçados a abandonar seus países de origem por causa da guerra, fome e perseguição. “Meu maior medo era não ser capaz de reconhecer o lugar que eu chamei de ‘casa’ por sete anos”, confessa a modelo. “Eu me preparei para o pior.”
Em 2004, Halima, sua mãe e o irmão mais novo receberam autorização para emigrar para os Estados Unidos. Em St. Cloud, no estado de Minnesota, a jovem — e muçulmana praticante — foi eleita rainha do baile de formatura, ao final do Ensino Médio. Halima se tornaria a primeira concorrente do concurso de Miss Minnesota a usar o hijab, em 2016. “O hijab é um símbolo que vestimos sobre nossas cabeças, mas quero que as pessoas saibam que é a minha escolha. Eu o visto porque eu quero vesti-lo”, declarou à época para um jornal local.
Aos 19 anos, a ex-refugiada foi a primeira modelo a usar véu e assinar com a agência IMG, a mesma da modelo Gisele Bündchen. De 2017 para cá, Halima apareceu nas capas das revistas Vogue, Harper’s Bazaar, Teen Vogue e Glamour, além de participar de desfiles em Nova Iorque e Milão. Quando não está sob os flashes das câmeras, a modelo conversa com estudantes sobre a importância da inclusão e da aceitação, usando como exemplo sua história pessoal.
“Esse é o meu ponto principal: você não tem de se adequar. Você não tem de tirar o seu véu”, defende Halima. “Sempre se resume a escolhas: deixar as pessoas viverem o tipo de vida que elas quiserem viver.”
Apesar da alegria com a carreira promissora, a modelo não esquece suas origens — e o sofrimento de outros meninos e meninas vítimas de deslocamento forçado. “Eu me sinto muito culpada às vezes. Eu penso ‘ok, eu tirei o máximo da minha jornada para a América? Eu tirei o máximo da minha vida? (Mas) eu conheço milhões de outras pessoas, outras garotas da minha idade, que ficaram para trás. Elas têm que viver suas vidas aqui (em Kakuma). Eu consegui sair’.”
Migração e refúgio nos Estados Unidos
Com mais de 2 mil crianças separadas à força de seus pais na fronteira sul dos Estados Unidos, a modelo vê como urgente o trabalho de conscientização sobre os direitos dos migrantes menores de idade. “Eu fui uma criança refugiada e não posso nem imaginar o trauma que viria (do fato) de ser arrancada da minha mãe”, afirmou Halima à publicação Teen Vogue, que traz a embaixadora do UNICEF na capa da sua edição de julho.
Para a manequim, a separação deixa os jovens “vulneráveis e exploração e abuso”. “Crianças refugiados são uma questão apartidária”, completa.
Também em entrevista para a revista, Halima defende que os refugiados não querem “piedade”, mas soluções de longo prazo, como educação, água potável e saneamento, e oportunidades para construir uma vida melhor. “O que queremos é ser convidado para a conversa.”
Em 2017, Halima viajou para a fronteira entre o México e a Guatemala, a fim de conhecer a assistência que o UNICEF presta a meninos, meninas e adolescentes da América Central. A região sofre com uma violência contínua causada por gangues e grupos criminosos, além de taxas preocupantes de extrema pobreza.
A modelo lembra que, em Kakuma, recebeu apoio da agência das Nações Unidas. “Antes de conseguir assinar meu próprio nome, eu (já) conseguia soletrar UNICEF.”
Com o título de embaixadora, Halima se une ao time de personalidades, como as cantoras P!NK e Selena Gomez e a atriz Lucy Liu, que emprestam sua fama e sua visibilidade para promover os direitos das crianças e dos adolescentes.
FAO: consumo de pescado na América Latina e no Caribe crescerá 33% até 2030
9 de Julho de 2018, 17:09
Pescadores no México. Foto: Banco Mundial/Curt Carnemark
Até 2030, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) prevê um crescimento de 33% do consumo de pescado na América Latina e no Caribe, de acordo com um novo relatório publicado nesta segunda-feira (9).
Segundo o relatório “O Estado Mundial da Pesca e Aquicultura 2018 (SOFIA, sigla em inglês)”, esse aumento é importante para a região, que atualmente é exportadora de peixes e importante ator do mercado de aquicultura. No entanto, a região tem o menor consumo per capita de peixes do mundo: de apenas 9,8 quilos por ano.
Em 2015, a região consumiu apenas 6,2 milhões de toneladas de pescado, menos que todas as outras regiões do mundo, com exceção da Oceania.
Até 2030, espera-se que o consumo total de pescado aumente em todas as regiões e sub-regiões, com um forte crescimento projetado na América Latina (+ 33%), África (+37%), Oceania (+28%) e Ásia (+20%).
Em termos per capita, é previsto que o consumo mundial de pescado atinja 21,5 kg em 2030, em comparação com 20,3 kg, em 2016. O consumo per capita aumentará em todas as regiões, exceto na África (-2%). As maiores taxas de crescimento são projetadas para a América Latina (+ 18%) e para a Ásia e Oceania (+8% cada região).
No entanto, apesar desses aumentos, o relatório prevê que em 2030 aproximadamente 71% dos peixes disponíveis para consumo humano (184 milhões de toneladas) serão consumidos nos países asiáticos, enquanto que as menores quantidades serão consumidas na Oceania e na América Latina.
Aumento da produção de pesca e aquicultura
O documento prevê que, até 2030, a região cresça 24,2% na produção pesqueira (pesca e aquicultura), passando de 12,9 milhões de toneladas para 16 milhões de toneladas.
Embora atualmente apenas 4% da população mundial dedicada aos setores de pesca e aquicultura vivam na América Latina e no Caribe, na Amazônia brasileira, por exemplo, as famílias obtêm 30% da renda familiar com a pesca.
Até 2030, espera-se que a produção aquícola continue se expandindo em todos os continentes, e novos aumentos são esperados particularmente na América Latina, onde crescerá 49%, saltando de mais de 2,7 milhões de toneladas para mais de 4 milhões de toneladas.
Atualmente, 3,8 milhões de pessoas trabalham em aquicultura na região, 2% do total mundial. O emprego nos setores da pesca e da aquicultura está crescendo moderadamente, enquanto que a produção aquícola experimentou um crescimento sustentável bastante elevado.
Exportador líquido de pescado
A América Latina e o Caribe continuam sendo uma região exportadora de pescado. As exportações latino-americanas, que incluem principalmente camarão, atum, salmão e farinha de peixe de Equador, Chile e Peru, aumentaram em 2016 e, novamente, em 2017, devido à maior produção e uma recuperação nos preços do atum.
Até 2030, as exportações de peixe projetadas da região aumentarão em 29%, de 3,9 milhões de toneladas em 2016 para 5,1 milhões de toneladas. As importações terão um aumento ainda maior de 53%, de 2,3 milhões de toneladas em 2016 para 3,5 milhões de toneladas em 2030.
Queda da captura marinha também afetou o Chile e o Peru
As capturas marinhas totais em todo o mundo foram de 79,3 milhões de toneladas em 2016, o que representa uma diminuição de quase 2 milhões de toneladas em comparação com os 81,2 milhões de toneladas em 2015.
As capturas de anchoveta do Peru e do Chile — que são muitas vezes importantes, mas variam devido à influência do fenômeno climático El Niño — representaram 1,1 milhão de toneladas dessa redução. No entanto, nos últimos dois anos, o Peru continuou a ser o maior produtor e exportador mundial de farinha de peixe e óleo de peixe.
Importância da pesca continental
Os ecossistemas de água doce são importantes fontes de peixes comestíveis e fornecem cerca de 40% de todos os peixes destinados ao consumo humano nos últimos anos. Em pelo menos 11 países da América Latina e do Caribe, 20% ou mais dos que trabalham na pesca de captura trabalham na pesca continental, embora a pesca continental represente apenas 3% das capturas na região.
O impacto da pesca de captura continental pode ser focado em áreas específicas de um país: no Brasil, por exemplo, o consumo médio nacional de peixes de água doce (da pesca de captura continental e aquicultura de água doce) é bastante baixo — somente 3,95 kg per capita por ano em 2013 — mas, na Amazônia, esse mesmo consumo está próximo de 150 kg per capita por ano.
PNUD: implementação dos objetivos globais ajuda a fortalecer segurança pública
9 de Julho de 2018, 16:21
Promover sociedades pacíficas e inclusivas, garantindo o acesso à justiça para todas e todos é condição essencial para o alcance do desenvolvimento humano sustentável nos próximos anos. Foto: PNUD
Promover sociedades pacíficas e inclusivas, garantindo o acesso à Justiça, é condição essencial para o alcance do desenvolvimento humano sustentável nos próximos anos. Isso é o que afirma o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16 – Paz, justiça e instituições eficazes, que faz parte do documento “Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, aprovado por todos os países membros da ONU, em 2015.
Nesse contexto, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil desenvolve projetos e ações com o foco na promoção de instituições fortes, inclusivas e transparentes para fortalecer a manutenção da paz e o respeito aos direitos humanos.
A metodologia de Segurança Cidadã, desenvolvida pelo PNUD, enfatiza a importância de ações multissetoriais, com foco no território, para a prevenção e controle da violência. A iniciativa é um exemplo de como a cooperação técnica pode apoiar ações voltadas à promoção da paz e do desenvolvimento humano.
Gestores de segurança pública de dez estados já foram formados para desenvolvimento de políticas públicas de segurança cidadã e mais de 7 mil policiais participaram das Jornadas de Direitos Humanos, com foco na abordagem cidadã para a garantia da segurança.
A coordenadora da unidade de Paz e Governança do PNUD, Moema Freire, destaca que “a metodologia de Segurança Cidadã promove uma abordagem integrada e participativa para a construção de soluções voltadas à redução da violência e da criminalidade, enfatizando que a promoção da paz é um fator essencial para o avanço rumo ao desenvolvimento humano sustentável”.
De acordo com o técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Helder Ferreira, os objetivos globais fornecem elementos para promover políticas de segurança de forma holística.
“Os ODS trazem uma oportunidade de uma agenda de prevenção à violência para o Brasil e de governança e transparência na área de políticas públicas. Isso depende diretamente dos três poderes, da sociedade civil e das entidades privadas trabalharem em prol dessa agenda que pode contribuir para o desenvolvimento do país”, disse.
No mês passado, o IPEA e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgaram o Atlas da Violência 2018. Os dados do documento apontaram as desigualdades na distribuição do número de assassinatos entre brancos e negros no país.
A taxa de homicídios para o primeiro grupo foi de 16 por 100 mil habitantes, enquanto para o segundo grupo foi de 40,2 por 100 mil habitantes. Do total de vítimas em 2016, 71,5% eram negras. O documento comprovou a tendência histórica de que a maioria das vítimas de assassinatos no país são jovens negros.
Uma das novidades da edição de 2018 foi o capítulo dedicado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que aponta as metas dos ODS 16 como oportunidades para fortalecer a agenda de prevenção à violência.
No Atlas, também são ressaltadas áreas temáticas que precisam de fortalecimento de políticas públicas para colaborarem diretamente com a diminuição do número de assassinatos.
Saúde, erradicação da pobreza e da fome, maior igualdade de gênero, acesso à energia e saneamento e oportunidades de trabalho decente são algumas das áreas que o relatório aponta como fundamentais para melhorar os índices nacionais.
Segundo o documento, a ação integrada no fortalecimento desses setores é peça-chave para diminuição das desigualdades e, consequentemente, e para a melhoria da qualidade de vida.
Clique aqui para acessar o Altas da Violência.
Clique aqui para acessar informações sobre o projeto Segurança Cidadã.
Centro da ONU discute parcerias com a União Africana sobre alimentação escolar
9 de Julho de 2018, 16:10
O Centro de Excelência contra a Fome, mantido pela ONU e pelo Brasil, apoia países africanos e asiáticos a reproduzir iniciativas brasileiras de alimentação escolar. Na imagem, criança se alimenta em centro do Programa Mundial de Alimentos na Região das Nações, Nacionalidades e Povos do Sul (SNNPRS), na Etiópia. Foto: PMA/Silvanus Okumu
O Centro de Excelência contra a Fome da ONU visitou neste mês a cidade de Adis Abeba, na Etiópia, para discutir a implementação de um grupo de trabalho da União Africana sobre alimentação escolar. Em encontros com representantes do bloco e do Programa Mundial de Alimentos (PMA), a equipe da instituição afirmou seu apoio à iniciativa, que vai ampliar o debate do tema em nível continental.
A primeira reunião do grupo de trabalho acontecerá em outubro, quando serão divulgados uma estratégia e um plano de atividades. O Centro de Excelência — que foi criado por uma parceria entre a ONU, o Brasil e o Reino Unido — apoiará a União Africana e o PMA na elaboração dos documentos, baseando-se em experiências prévias de apoio à alimentação escolar.
De 4 a 6 de julho, o diretor do Centro, Daniel Balaban, e a chefe de programa do organismo, Christiani Buani, participaram de diálogos com Sarah Mbi Enow Anyang, comissária da União Africana para Recursos Humanos, Ciência e Tecnologia da União Africana, Josefa Leonel Correa Sacko, comissária para Economia Rural e Agricultura, e Angelline Rudakubana, diretora do Escritório para a África do PMA.
Centro discute implementação de grupo de trabalho de alimentação escolar da União Africana
https://t.co/AKa6Qlajf6 pic.twitter.com/UU1x6uImRl
— WFP Centre in Brazil (@WFP_CEAHBrazil) 9 de julho de 2018
Na pauta das discussões, além do grupo de trabalho, também foi avaliada a participação futura da União Africana no Fórum Global de Nutrição Infantil e em outros eventos de alto nível sobre segurança alimentar e nutricional. Especialistas conversaram ainda sobre os próximos passos para a implementação de uma plataforma online, que permitirá a troca de informações sobre alimentação escolar. Portal tem o apoio do Centro de Excelência.
O que as empresas estão fazendo para frear a torrente de plásticos?
9 de Julho de 2018, 15:33
Voluntária ajuda em coleta de plástico numa praia de Watamu, no Quênia. Foto:
Diante das consequências inegáveis da poluição por plásticos, pessoas de todo o mundo estão rejeitando os produtos descartáveis e se comprometendo com estilos de vida mais sustentáveis.
Os governos também estão atuando: mais de 50 países se uniram à campanha Mares Limpos da ONU Meio Ambiente, o maior movimento mundial de luta contra o lixo marinho.
As empresas não podem ignorar esse protesto público. Muitas indústrias estão elaborando planos para eliminar os plásticos de uso único, utilizar mais plástico reciclado em suas embalagens e trabalhar em uma reciclagem mais efetiva.
A pressão não provém apenas dos consumidores. Segundo a agência Bloomberg, um grupo de 25 investidores que administra mais de 1 trilhão de dólares em ativos exigiu que Nestlé, PepsiCo, Procter & Gamble e Unilever reduzam seu uso de embalagens plásticas.
A solicitação, apoiada pela organização sem fins lucrativos As You Sow, pede que as empresas divulguem o uso anual de embalagens plásticas, estabeleçam metas de redução e facilitem a reciclagem e a transição para embalagens recicláveis, reutilizáveis ou compostáveis o mais rápido possível.
A necessidade de atuar urgentemente é inegável: os humanos produziram cerca de 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde a década de 1950 e a previsão é de que esta cifra aumente para cerca de 34 bilhões de toneladas em 2050. Estima-se que a produção de plástico cresça 40% na próxima década, com companhias de combustíveis fósseis investindo milhões de dólares em novas indústrias de fabricação de plástico nos Estados Unidos.
As empresas que usam plásticos claramente têm um papel fundamental a desempenhar para mudar essa dinâmica insustentável. A indústria de bens de consumo é particularmente consciente de que os clientes já estão rejeitando os produtos das empresas que não evitam o uso de plástico descartável.
A esperança é que esta nova realidade possa gerar inovação e oportunidades. Muitas empresas, grandes e pequenas, estão promovendo mudanças.
Em abril, a gigante suíça dos alimentos Nestlé disse que suas embalagens plásticas seriam 100% recicláveis ou reutilizáveis até 2025. A empresa quer fomentar o uso de plásticos que permitam melhores taxas de reciclagem e eliminem ou mudem as combinações complexas que dificultam a reciclagem.
A Unilever também se comprometeu a garantir que todas suas garrafas plásticas sejam totalmente reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis até 2025. A empresa apoia a iniciativa para uma Nova Economia do Plástico da Fundação Ellen MacArthur e pretende publicar até 2020 toda a gama de materiais plásticos utilizados em seus processos de produção de embalagens para ajudar a criar um protocolo para a indústria.
No marco do Dia Mundial do Meio Ambiente, a Volvo anunciou que ao menos 25% dos plásticos utilizados em seus novos modelos de automóveis a partir de 2025 serão fabricados com materiais reciclados.
A gigante de bebidas Coca-Cola, que utiliza cerca de 120 bilhões de garrafas por ano, lançou em janeiro sua campanha World Without Waste, e se comprometeu a reciclar uma garrafa ou lata utilizada para cada nova vendida a partir de 2030. Para este ano, também prometeu aumentar em 50% a quantidade de conteúdo reciclado em garrafas plásticas e está testando diferentes técnicas de coleta para reciclar seus produtos, incluindo o apoio aos esforços dos governos e da indústria.
O McDonald’s disse que produzirá todas as suas embalagens a partir de fontes renováveis e recicláveis até 2025.
A Dell disse que suas embalagens não gerarão nenhum tipo de rejeito até o ano de 2020, utilizando materiais de fontes sustentáveis. A empresa de equipamentos de informática já utiliza lixo marinho plástico reciclado e outros materiais como o bambu, e pretende que todas suas embalagens estejam finalmente aptas à compostagem ou coleta doméstica.
A marca de água mineral Evian, da Danone, disse que fabricará todas as suas garrafas com plástico reciclado até 2025.
A rede britânica de supermercados Iceland prometeu eliminar as embalagens plásticas de seus produtos próprios até o fim de 2023.
A Procter & Gamble, que fabrica o xampu Head & Shoulders, produziu no ano passado a primeira garrafa de xampu reciclável, fabricada com até 25% de plástico recuperado de praias. Além disso, se comprometeu a fazer com que todas as suas embalagens sejam recicláveis ou reutilizáveis até 2030. Sua marca de detergente Fairy Liquid já produziu uma nova garrafa de plástico, feita com material 100% reciclado e 10% de lixo marinho plástico. As garrafas foram produzidas em associação com a empresa de soluções para resíduos de difícil reciclabilidade TerraCycle.
A rede de móveis sueca IKEA se comprometeu a eliminar gradualmente os produtos de plástico de um só uso de suas lojas e restaurantes até 2020. A empresa disse estar comprometida com a eliminação dos plásticos a base de petróleo e quer garantir que todos seus produtos de plástico sejam feitos com materiais reciclados.
Na Grã-Bretanha, o Pacto de Plásticos do Reino Unido busca aproveitar este movimento a favor da mudança. Cerca de 60 empresas, entre elas Coca-Cola, Pepsi, P&G, Unilever e Nestlé, aderiram ao pacto, que inclui metas para eliminar embalagens problemáticas ou desnecessárias mediante redesenho, inovação ou modelos alternativos de entrega, e garantir que 70% das embalagens plásticas efetivamente sejam recicladas ou compostadas.
Em colaboração com a Fundação Ellen MacArthur, a organização de sustentabilidade WRAP lançou o pacto em abril, com a esperança de criar um impulso para uma mudança sistêmica na forma com a qual utilizamos o plástico.
Alguns ativistas argumentam que pelo fato de os objetivos de reciclagem serem voluntários, é necessária legislação para obrigar as empresas a usar plásticos de forma mais sustentável. Peter Skelton, que lidera o pacto por parte da WRAP, disse que a legislação é uma parte importante do quebra-cabeças, e que o apoio do governo pode ser uma ferramenta poderosa, mas que não é a solução definitiva.
“As empresas estão sob tanta pressão dos acionistas, sócios, consumidores e ONGs que só querem saber qual é a melhor solução. Não precisam de mais pressão em termos de legislação, porque veem que os plásticos estão sob ameaça”, disse Skelton.
Uma forma na qual os governos poderão ajudar a explorar essa consciência corporativa seria oferecendo incentivos financeiros para as empresas que exploram alternativas ao plástico. Isso poderia incluir reembolsos de impostos, fundos de pesquisa e desenvolvimento, incubação de tecnologias, alianças público-privadas e apoio a projetos que reciclem artigos de um só uso e convertam os resíduos em recursos. O objetivo seria impulsionar a inovação empresarial.
Em um relatório recente, a ONU Meio Ambiente examinou o potencial de substituir os plásticos convencionais com uma gama de materiais naturais, como papel, algodão, madeira, algas e fungos, e tecnologias alternativas, e biopolímeros de nova geração, fabricados a partir de fontes de biomassa. Também destacou empresas, de multinacionais a pequenos empreendimentos, que estão inovando nesse campo.
Por exemplo, uma empresa com sede em Nova Iorque desenvolveu garrafas compostáveis que utilizam rejeitos orgânicos e micélio fúngico. O material pode ser modelado e usado para enviar produtos de alto valor, incluindo computadores Dell.
O relatório concluiu que as empresas devem incluir a sustentabilidade em seus modelos comerciais, às vezes inspirando-se nas comunidades locais, para encontrar alternativas ao plástico disponíveis a partir de plantas e animais. A inovação e o espírito empresarial são fundamentais. Sem dúvida, este é precisamente o domínio no qual devem brilhar as empresas líderes do mundo.