No Haiti, ONU investe US$10,8 mi para recuperar produção agrícola devastada por furacão
August 6, 2018 17:26
Propriedade rural devastada pelo Furacão Matthew, na cidade haitiana de Leoganne. Foto: MINUSTAH/Logan Abassi
Comunidades rurais do sudoeste do Haiti ainda se recuperam da devastação deixada pelo Furacão Matthew, que atingiu a nação caribenha em 4 de outubro de 2016. Para alavancar a produtividade dessas regiões, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) anunciou neste mês (2) a injeção de 10,8 milhões de dólares no país. Recursos vão ampliar a atual estratégia de tecnologia agroflorestal da agência das Nações Unidas.
Com o novo aporte, o organismo da ONU incluirá oito novos municípios no PITA, sigla em francês para Programa de Inovação Tecnológica Agrícola e Agroflorestal. O projeto difunde práticas sustentáveis de cultivo, beneficiando 65 mil famílias de agricultores familiares. Iniciativa tem um orçamento de 76,8 milhões de dólares.
Segundo o Escritório da ONU de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), o Furacão Matthew afetou severamente as condições de vida de 2,1 milhões de pessoas. A tempestade é parte de uma série de fenômenos naturais extremos que se somam aos desafios socioeconômicos do Haiti. Em fevereiro de 2018, 622 mil haitianos ainda precisavam de assistência para se alimentar adequadamente.
Atualmente, o país caribenho produz apenas 45% da comida necessária para suprir a demanda interna. Dados do Banco Mundial mostram que 59% dos haitianos vivem abaixo da linha pobreza. Nas zonas rurais, o número sobe para 75%.
“A população rural do Haiti sofre de um ciclo vicioso de baixa produtividade agrícola, elevada degradação ambiental e nutrição precária”, afirmou o chefe de programas do FIDA no Haiti, Lars Anwandter.
O PITAG propõe o consórcio de culturas, combinando plantações de frutas e vegetais e ampliando, assim, as colheitas e as oportunidades de geração de renda. O programa também promove a capacitação dos produtores em escolas, além de disponibilizar ferramentas, sementes e outros insumos para os beneficiários.
ONU manifesta pesar após terremoto devastador na Indonésia deixar quase 100 mortos
August 6, 2018 16:19
A Cruz Vermelha da Indonésia retira crianças da ilha de Lombok, após forte terremoto em 5 de agosto. Foto: Cruz Vermelha da Indonésia
Após o terremoto de magnitude 7 que atingiu o leste de Lombok, na Indonésia, no domingo (5), o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar “entristecido com a devastadora perda de vidas”, feridos e danos causados, em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (6).
De acordo com a Autoridade Nacional de Gerenciamento de Desastres da Indonésia, pelo menos 91 pessoas morreram, outras 200 ficaram feridas e milhares foram deslocadas de suas casas. Além disso, milhares de residências foram danificadas e, de acordo com a imprensa internacional, cerca de 10 mil pessoas foram retiradas da ilha.
“O secretário-geral da ONU envia suas condolências às famílias das vítimas e ao governo e ao povo da Indonésia, e deseja que os feridos tenham uma rápida recuperação”, disse o comunicado divulgado por seu porta-voz, acrescentando que “as Nações Unidas estão prontas para apoiar os esforços de socorro em andamento, se necessário”.
De acordo com uma declaração da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), o terremoto causou pânico generalizado. “Muitas pessoas fugiram de suas casas e ficaram na beira da estrada durante a noite. Centenas de pessoas foram tratadas por ferimentos, algumas delas ao ar livre para evitar o risco de novas lesões”.
As atividades de busca e resgate estão em andamento. “Como o terremoto aconteceu à noite, cortando a energia elétrica e as telecomunicações na região, ainda não temos uma ideia completa das necessidades da população”, disse a organização. “Cerca de 132 tremores secundários foram registrados na área”.
De acordo com informações da imprensa, o número de mortos deve subir, uma vez que 80% do norte de Lombok sofreu danos com o terremoto.
Ataque contra hospital eleva risco de nova epidemia de cólera no Iêmen
August 6, 2018 15:56
Hospital de Al-Thawra, em Hodeida, no Iêmen, em foto de abril de 2017. Foto: OCHA/Giles Clarke
Um ataque mortal contra um dos últimos hospitais em funcionamento no Iêmen, na cidade portuária de Hodeida, colocou centenas de milhares de pessoas sob risco, prejudicando os esforços para prevenir uma terceira epidemia de cólera no país afetado pela guerra, disseram oficiais da ONU na sexta-feira (3).
Informações iniciais indicam que o ataque deixou mortos e feridos após o maior hospital do Iêmen, Al-Thawra, ser atingido na quinta-feira (2), disse Peter Salama, que está a cargo da unidade de preparação e resposta a emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Estamos particularmente preocupados com o ataque contra um dos principais hospitais do país ontem, Al-Thawra, em Hodeida”, disse. De acordo com as últimas informações, ao menos 20 pessoas morreram após diversos ataques aéreos, que também atingiram um mercado de peixes na cidade.
O ataque contra o hospital — que abriga um importante centro de tratamento do cólera — é o mais novo evento no confronto para retomar o importante porto do Mar Vermelho dominado pela milícia de oposição Houthi.
O conflito no Iêmen teve suas origens nas revoltas de 2011, mas os confrontos escalaram em março de 2015, quando uma coalizão liderada pela Arábia Saudita interveio militarmente no país a pedido do presidente Abd Rabbuh Mansour Hadi. O objetivo da coalizão foi garantir o retorno do governo na capital detida pela milícia Houthi, Sanaa.
Os confrontos ainda estão em andamento e a crise humanitária se aprofundou no país que já era um dos mais pobres do mundo, com 8 milhões de pessoas à beira da fome.
Compartilhando a condenação da OMS do ataque em Hodeida, a coordenadora humanitária da ONU no Iêmen, Lise Grande, descreveu o impacto dos ataques como “aterradores”.
Os hospitais estão protegidos pela lei humanitária internacional, disse a oficial da ONU, acrescentando que “centenas de milhares de pessoas” dependem do hospital para sobreviver.
“Tudo o que estamos fazendo para tentar acabar com a maior epidemia de cólera do mundo está sob risco”, disse Lise, completando que todos os dias novos casos de cólera são identificados.
Reunião em Genebra
O enviado especial da ONU para o Iêmen anunciou na quinta-feira (2) que depois de dois anos de negociações paralisadas para resolver a crise no país, planeja convidar as partes em conflito para um encontro em Genebra em 6 de setembro para consultas sobre paz.
“Já passou da hora de nós, juntos, pedirmos uma retomada do processo político, dois anos depois da última rodada no Kuwait”, disse Martin Griffiths, referindo-se às conversas de paz apoiadas pela ONU realizadas três anos atrás na Suíça antes de migrar para o Kuwait em abril de 2016.
Griffiths disse ao Conselho de Segurança na semana passada (2) que era hora de “começar a jornada difícil e incerta para longe da guerra” e que havia agora uma chance de “aproveitar as oportunidades para a paz” no país marcado pela guerra.
Libéria e ONU debatem potencial da alimentação escolar para combater a fome
August 6, 2018 13:28
Jovem de 13 anos recebe refeição em escola pública do Condado de Bomi, na Libéria. Foto: PMA/Ricci Shryock
Para discutir como as refeições servidas em colégios podem combater a fome e estimular a agricultura, a ONU e o governo da Libéria realizaram em julho (27) a Conferência Nacional de Atores da Alimentação Escolar. Evento debateu estratégias para ampliar o fornecimento de comida em centros de ensino, transformando esforços locais em uma política nacional.
O Centro de Excelência contra a Fome das Nações Unidas participou do encontro e apresentou seu trabalho de cooperação Sul-Sul, que divulga experiências bem-sucedidas de alimentação escolar em países em desenvolvimento. Organismo internacional defende que programas de nutrição busquem fornecedores entre agricultores familiares locais.
Durante a conferência, especialistas e gestores reconheceram que essa estratégia é eficiente e tem potencial para oferecer um mercado estável e confiável aos pequenos produtores agrícolas. Ao utilizar alimentos cultivados localmente, o programa de alimentação escolar ajuda os agricultores a progressivamente ampliar sua produção, a fim de atender outros mercados consumidores. Para o Centro de Excelência, a medida pode eliminar a fome na Libéria, a longo prazo.
Outro impacto positivo da alimentação escolar é a melhoria dos indicadores educacionais. As taxas de matrícula, retenção e conclusão dos ciclos básicos de ensino aumentam quando as crianças são alimentadas nos colégios. As taxas de saúde e nutrição também melhoram.
No evento, o governo da Libéria realizou uma Revisão Estratégica de Fome Zero para identificar problemas na resposta do país africano à desnutrição. Autoridades se comprometeram a ampliar a alocação orçamentária para o fornecimento de refeições em centros de ensino, além de garantir que os recursos sejam utilizados na aquisição de alimentos produzidos localmente. O país africano também vai liderar o diálogo em todos os níveis, com o objetivo de defender a alimentação escolar junto a ministérios, parceiros de desenvolvimento e empresas.
O Estado planeja ainda estabelecer uma plataforma multissetorial para coordenar a operacionalização de um programa nacional de alimentação escolar. Gestores preveem atividades de cooperação Sul-Sul para ampliar as capacidades institucionais e de recursos humanos em áreas como nutrição, educação, saúde, agricultura, gênero e governança.
A conferência teve a participação do ministro das Relações Exteriores da Libéria, George Weah, de representantes do governo e do Parlamento, União Africana, do Programa Mundial de Alimentos (PMA), de outras agências das Nações unidas, de parceiros de desenvolvimento, ONGs, agricultores familiares e setor privado.
Conflito na República Democrática do Congo aumenta complexidade de resposta ao ebola, diz OMS
August 6, 2018 13:03
Equipe da OMS e população local abrem caminho para levar vacina contra o ebola a comunidades remotas na República Democrática do Congo. Foto: OMS
Proteger pessoas vulneráveis no leste da República Democrática do Congo (RDC) do mais novo surto de ebola no país será “muito complexo”, dados os enormes desafios logísticos e o conflito em andamento na região, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) na sexta-feira (6).
“Sabemos, por exemplo, que houve cerca de 20 mortes”, disse Peter Salama, vice-diretor-geral de preparação e resposta de emergência, a jornalistas em Genebra.
“Não podemos, neste ponto, confirmar se foram todos casos confirmados ou prováveis de ebola”, acrescentou. “Esperamos, no entanto, que os números aumentem nas próximas semanas, com base na trajetória da epidemia neste ponto de desenvolvimento”.
Em coletiva de imprensa apenas uma semana depois de a agência ter declarado o fim do último surto de ebola no país, na província de Equateur, Salama disse que a OMS não estava ciente de uma emergência de saúde pública na província de Kivu do Norte naquele momento.
O surto no oeste do país em junho infectou dezenas de pessoas e levou a 33 mortes. No entanto, apesar de diversos casos terem surgido em uma importante cidade no Rio Congo, o surto foi totalmente contido após resposta internacional e nacional.
O oficial da OMS disse que não havia evidências de ligação entre os dois surtos, apesar de ser provável que eles compartilhem a mesma cepa.
O número de mortes do atual surto em Kivu do Norte deve subir, disse o oficial da OMS, acrescentando que o alerta foi iniciado em 25 de julho depois que uma mulher e muitos membros de sua família morreram após exibir sintomas de ebola.
“Naquele evento, aparentemente uma mulher foi admitida em um hospital de Beni e posteriormente recebeu alta após se recuperar das reclamações iniciais”, disse. Depois de deixar o hospital, no entanto, ela apresentou febre e outros sintomas clinicamente consistentes com ebola e, mais tarde, sete de seus parentes mais próximos também contraíram a doença, salientou.
Salama explicou que o longo conflito no leste da República Democrática do Congo — envolvendo mais de 100 grupos armados na área de Kivu e em outros locais — criaram um nível adicional de dificuldade para tentar conter a doença mortal.
Na primeira semana de fevereiro deste ano em Beni, ataques deslocaram mais de 2,2 mil pessoas, além de 1,5 mil deslocadas no fim de janeiro. No território de Djugu, no sul da província de Kivu do Norte, a violência entre grupos étnicos fez com que mais de 30 mil pessoas tivessem que deixar suas casas rumo à capital da província, Bunia, no início do ano.
“Será uma operação muito, muito complexa”, disse, completando que o vasto país abriga a maior operação de paz da ONU, a Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO).
Mais de 1 milhão do total de 8 milhões de habitantes da província estão deslocados e entrando em contato com pessoas em risco de terem contato com o ebola, o que demandará escola armada em alguns casos, explicaram os oficiais da OMS.
Há ainda a ameaça adicional de que aqueles que fogem da violência estejam se direcionando a Uganda, Tanzânia e Burundi, levando a infecção com eles, disse Salama, completando que medidas adicionais de vigilância estão sendo implementadas nas fronteiras.
“Em escala de dificuldade, tentar extinguir um surto patogênico mortal em uma zona de guerra está no topo das mais difíceis”, acrescentou.
No mais recente surto de ebola, uma parte essencial da resposta de emergência envolveu localizar qualquer pessoa que tivesse tido contato com pessoas suspeitas de ter o vírus. Funcionários da OMS tiveram que viajar longas distâncias em motocicletas para realizar esse trabalho, mas é provável que haja maior dificuldade desta vez diante dos altos níveis de insegurança nas províncias de Kivu.
Uma prioridade imediata é confirmar se o mais novo surto envolve a cepa Zaire do vírus, já que esta pode ser tratada com a mesma vacina empregada na província de Equateur.
“Temos uma boa e uma má notícia”, disse Salama. “A má é que essa cepa do ebola carrega consigo as maiores taxas de mortalidade de qualquer outra cepa do ebola, acima de 50%, de acordo com os surtos anteriores. Portanto, é a variante mais mortal do vírus, essa é a má notícia. A boa notícia é que temos uma vacina segura e efetiva — apesar de ainda se tratar de um produto experimental —, que conseguimos mobilizar no último surto”.