CEPAL revê para baixo previsão de crescimento das economias latino-americanas e caribenhas em 2018
August 23, 2018 14:35
Em um contexto internacional marcado pela incerteza e pela volatilidade, as economias da América Latina e do Caribe crescerão em média 1,5% em 2018. Foto: EBC
Em um contexto internacional marcado pela incerteza e pela volatilidade, as economias da América Latina e do Caribe crescerão em média 1,5% em 2018, graças a um aumento da demanda interna, especialmente do consumo privado, e um leve aumento do investimento, indicou a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em novo relatório anual divulgado nesta quinta-feira (23).
Trata-se de uma redução de 0,7 ponto percentual frente à previsão feita em abril deste ano.
A revisão para baixo foram justificadas pela redução das expectativas de crescimento em importantes países da região, como Argentina, Brasil e Venezuela. Para o Brasil, a previsão é de avanço de 1,6% este ano, frente a 2,2% projetados em abril.
O “Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2018” foi divulgado em coletiva de imprensa na sede sub-regional na Cidade do México pela secretária-executiva da CEPAL, Alicia Bárcena.
Segundo o documento, o crescimento médio geral da região mantém uma tendência positiva, embora apresente sinais de desaceleração. Apesar da perda de dinamismo da atividade econômica regional durante os primeiros trimestres do ano, o crescimento em 2018 será superior ao 1,2% registrado em 2017.
Como em ocasiões anteriores, existe uma heterogeneidade entre os diferentes países e sub-regiões, já que se espera que a América do Sul cresça 1,2% em 2018, enquanto a América Central deve crescer 3,4% e o Caribe 1,7%.
Com relação aos países, República Dominicana e Panamá irão liderar o crescimento da região, com um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,4% e 5,2%, respectivamente, seguidos pelo Paraguai (4,4%), Bolívia (4,3%), Antígua e Barbuda (4,2%), Chile e Honduras (ambos 3,9%).
O estudo acrescenta que esse crescimento regional ocorre em um cenário global complexo, caracterizado por conflitos comerciais entre Estados Unidos, China e outras nações; riscos geopolíticos crescentes; queda nos fluxos de capitais para os mercados emergentes nos últimos meses e aumento nos níveis de riscos soberanos; depreciações das moedas locais em relação ao dólar; e uma expansão econômica mundial que tende a perder dinamismo.
O relatório indica que a arrecadação de impostos da América Latina se mantém estável em 2018 em torno de 17,8% do PIB (em comparação com 17,9% apresentada em 2017), enquanto a inflação média se mantém dentro do esperado (6,5% até junho comparada com 5,3% em 2017, excluindo a Venezuela).
A taxa de desemprego urbano regional deve ficar estável em 9,2%, abaixo de 9,3% do ano passado, graças a uma maior geração de emprego assalariado (1,4% no primeiro trimestre de 2018, depois de registrar 0,3% em 2017).
No âmbito fiscal, as medidas direcionadas à consolidação fiscal na América Latina levaram a uma redução esperada do déficit primário, que passaria de um déficit médio de 0,8% do PIB em 2017 para 0,5% do PIB em 2018.
“Nossa região continua crescendo, embora a um ritmo menor do que foi projetado há alguns meses, apesar das turbulências internacionais. Isso é positivo mas requer de nós redobrar esforços para gerar uma reativação, sem cair em ajustes fiscais excessivos. Aqui a integração regional pode desempenhar um papel fundamental e para lá devemos nos direcionar”, ressaltou Alicia Bárcena.
Nessa edição, o relatório da CEPAL dedica a maior parte de seus capítulos a uma profunda análise da evolução do investimento na América Latina e no Caribe entre 1995 e 2017, com seus fatos estilizados, principais determinantes e desafios de política.
Assinala que a região aumentou seus níveis de investimento nas últimas duas décadas, reduzindo a diferença existente com outras regiões do mundo. Adverte, entretanto, que é necessário um esforço adicional para promover os encadeamentos produtivos desse investimento e assim sustentar o crescimento econômico.
O estudo indica que entre 1995 e 2017 a formação bruta de capital fixo (investimento fixo) aumentou de 18,5% para 20,2% como proporção do PIB da região, embora a partir de 2012 o dinamismo do investimento tenha desacelerado.
Esse comportamento reflete três ciclos econômicos nesse período: de 1995 até 2002, 2003 até 2008, e 2009 até 2017. Acrescenta que o setor da construção é o de maior participação no investimento no intervalo de tempo analisado, com 67,5% do investimento total.
No entanto, as máquinas e equipamentos aparecem como os componentes mais dinâmicos no período, já que o investimento nesse campo representou 4,7% do PIB em 1995-2003 para 8,1% em 2010-2016. “Isso é positivo para a região, já que permite incorporar maior conteúdo tecnológico e estabelecer as bases para melhorar a produtividade e manter o crescimento”, indica o relatório.
Entretanto, os níveis de investimento privado superaram em 2017 os do investimento público, com 80,3% comparado com 19,7% de participação, respectivamente. Por isso “é necessário ter um olhar estratégico do investimento público, enquanto esse desempenha um papel importante na promoção do investimento privado, gera um efeito de crowding-in (atração para o setor privado), assim como na provisão de bens públicos centrais para impulsionar o crescimento”, considerou Bárcena.
“A região realizou importantes esforços para aumentar o fluxo de investimento, mas temos o desafio de melhorar sua composição setorial para incentivar a produtividade das economias. Ainda há muito a fazer”, enfatizou a alta funcionária das Nações Unidas.
Clique aqui para acessar o relatório completo (em espanhol).
ONU abre credenciamento de imprensa para debate geral da 73ª Assembleia Geral
August 23, 2018 13:57
Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque. Foto: ONU
O credenciamento dos profissionais de imprensa interessados em participar da cobertura do debate geral da 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas deverá ser feito até o dia 5 de setembro, diretamente junto à Unidade de Mídia das Nações Unidas (MALU).
O debate geral deste ano será realizado a partir de 25 de setembro e 1º de outubro de 2018, e como de costume acontece na sede principal da organização, em Nova Iorque. O Brasil, como é tradição, abrirá o debate.
Os profissionais de imprensa deverão preencher o formulário eletrônico disponível na página http://www.un.org/en/media/accreditation/request.shtml.
Os jornalistas que já tenham credencial permanente para acesso à sede da ONU não necessitam solicitar nova credencial para acompanhar o debate geral e as reuniões de alto nível da 73ª Assembleia Geral da ONU.
Informações adicionais sobre a cobertura jornalística poderão ser obtidas por meio da página http://www.un.org/en/media/accreditation/unga.shtml e https://nacoesunidas.org/tema/unga.
Para fins de organização e logística, o Ministério das Relações Exteriores solicita aos profissionais que se credenciarem junto à ONU que também enviem informações para o Itamaraty. Saiba como clicando aqui.
Sugere-se que os profissionais de imprensa interessados na cobertura verifiquem, junto às embaixadas e consulados dos Estados Unidos, informações relativas a obtenção de visto para cobertura do evento, período mínimo de validade do passaporte, vacinas obrigatórias e facilidades alfandegárias para entrada de equipamentos naquele país. Os dados de contato das representações dos Estados Unidos no Brasil podem ser encontrados no Portal do Itamaraty clicando aqui.
UNICEF convoca candidatos a colocar infância e adolescência no centro da agenda eleitoral
August 23, 2018 13:55O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) pede que os candidatos e as candidatas à Presidência da República e aos governos dos estados e do Distrito Federal coloquem os direitos e o bem-estar das crianças e dos adolescentes no centro das suas agendas eleitorais.
“Nas últimas décadas, o Brasil atingiu conquistas importantes para suas crianças e adolescentes”, disse Florence Bauer, representante do UNICEF no Brasil. “Porém, muitos deles ficaram excluídos do progresso. Nos próximos quatro anos, mais que manter os avanços, é preciso ir além e desenvolver políticas públicas que reduzam as desigualdades e providenciem para crianças e adolescentes mais oportunidades de desenvolver seu potencial”.
No documento “Mais que promessas: compromissos reais com a infância e a adolescência no Brasil”, lançado na quarta-feira (22) no Rio de Janeiro, o UNICEF identifica seis prioridades e propõe iniciativas concretas para responder aos desafios nestas áreas.
Pobreza multidimensional
Sessenta e um por cento das crianças e dos adolescentes brasileiros vivem na pobreza, em suas múltiplas dimensões, o que inclui aqueles que sofrem ao menos uma privação de direitos fundamentais – educação de qualidade, acesso à informação, água segura, saneamento, moradia adequada e proteção contra violência – e os que vivem com uma renda insuficiente.
Para o UNICEF, superar a pobreza é mais que melhorar a renda. A agência da ONU propõe desenvolver políticas públicas multissetoriais, adaptadas às diferenças regionais e às necessidades dos grupos mais afetados pela pobreza multidimensional. Essas políticas têm de ser apoiadas por um orçamento integrado e dedicado às crianças e aos adolescentes.
Homicídios
Trinta e uma crianças e adolescentes são assassinados a cada dia no Brasil. Desde 2012, adolescentes são proporcionalmente mais vítimas de homicídios do que a população em geral.
Segundo o UNICEF, reduzir a violência é mais que segurança pública. A agência da ONU ressalta a importância de se analisar as causas sociais da violência, garantir oportunidades de educação e emprego para os adolescentes mais vulneráveis e que os novos governantes se comprometam a pôr fim à impunidade e a investigar cada homicídio.
Educação
Mais de 2,8 milhões de crianças adolescentes de 4 a 17 anos estavam fora da escola em 2015. Mais de 7 milhões de meninas e meninos têm dois ou mais anos de atraso escolar.
Para o UNICEF, assegurar o direito à educação é mais que matricular na escola. A agência da ONU recomenda unir diferentes setores – Educação, Saúde e Assistência Social, entre outros – para ir atrás de quem está fora da escola, entender as causas da exclusão e tomar as medidas necessárias para integrar as crianças e os adolescentes à sala de aula e garantir as suas matrículas.
Saúde infantil
A taxa de mortalidade infantil cresceu 5,3% de 2015 para 2016 (de 13,3 para 14,0 a cada 1.000 nascidos vivos). De 2015 a 2017, a cobertura vacinal de poliomielite caiu de 95% para 78,5% e a da tríplice viral, de 96% para 85%.
O UNICEF lembra que garantir a sobrevivência das crianças é mais do que haver serviços de saúde. A agência da ONU demanda garantir a qualidade da atenção básica, no pré-natal, parto e nascimento, a sensibilização de profissionais de saúde sobre a necessidade da imunização, a busca ativa de crianças não vacinadas e o apoio e a informação relevantes às famílias.
Nutrição
Dez por cento das crianças brasileiras de 5 a 9 anos estão acima do peso para a idade e 30% das crianças indígenas são afetadas por desnutrição crônica.
Segundo o UNICEF, promover boa nutrição é mais que garantir o acesso a alimentos. O UNICEF destaca que é fundamental incentivar a alimentação e os hábitos saudáveis, com destaque para as mudanças na regulamentação do setor de alimentos, bebidas e publicidade dirigida às crianças e investir em políticas específicas para reverter a desnutrição indígena.
Participação dos adolescentes
Quase 1,5 milhão de adolescentes de 16 e 17 anos tiraram título de eleitor para as eleições de 2018, isso são 230 mil a menos que para as eleições de 2014. Segundo o UNICEF, participar da democracia é mais que votar aos 16 anos — a agência da ONU reitera a necessidade de assegurar a participação direta dos adolescentes e jovens na tomada de decisões nas suas comunidades e nos programas que os impactam.
Plataforma Mais Que Promessas
Como parte da sua campanha de promover os direitos da infância e da adolescência no processo eleitoral, o UNICEF também lança a plataforma digital Mais Que Promessas(http://www.maisquepromessas.com.br/), que permite à população engajar-se diretamente com os candidatos e as candidatas sobre os temas propostos.
Os eleitores podem usar WhatsApp, Twitter e Facebook Messenger para lhes perguntar o que pensam e o que farão para garantir os direitos de cada criança e cada adolescente.
Clique aqui para acessar o documento completo.
Agências da ONU pedem apoio da comunidade internacional a países que recebem venezuelanos
August 23, 2018 13:31
A estimativa é de que 2,3 milhões de venezuelanos estejam vivendo no exterior, mais de 1,6 milhão deixaram o país desde 2015, 90% dos quais dirigiram-se a países sul-americanos. Foto: OIM
O alto-comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi, e o diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), William Lacy Swing, fizeram um chamado destinado a obter um maior apoio por parte da comunidade internacional para os países da região que estão recebendo uma quantidade cada vez maior de refugiados e migrantes da Venezuela.
A estimativa é de que 2,3 milhões de venezuelanos estejam vivendo no exterior, mais de 1,6 milhão deixaram o país desde 2015, 90% dos quais dirigiram-se a países sul-americanos.
Grandi e Swing elogiaram os países da região por terem recebido tão generosamente os venezuelanos que atravessaram suas fronteiras. No entanto, manifestaram preocupação com vários fatos recentes que afetaram os refugiados e migrantes. Estes incluem novos requisitos de passaporte e documentos para entrada fronteiriça no Equador e no Peru, assim como uma série de modificações às permissões de residência temporária para os venezuelanos no Peru.
“Reconhecemos os desafios cada vez maiores em relação à chegada massiva de venezuelanos. Continua sendo muito importante ter em conta que qualquer nova medida que seja tomada permita àqueles que necessitam de proteção internacional o acesso à segurança e que possam solicitar refúgio”, disse Grandi.
“Elogiamos os esforços já realizados pelos países de acolhida com o objetivo de dar aos venezuelanos condições de segurança, apoio e assistência. Confiamos que tais demonstrações de solidariedade continuarão no futuro”, disse o diretor-geral da OIM em Genebra nesta quinta-feira (23).
Há uma preocupação especial em torno das pessoas mais vulneráveis, tais como adolescentes, mulheres, pessoas que tentam se reunir com seus familiares, assim como crianças desacompanhadas e separadas de suas famílias e que não podem cumprir os requisitos de documentação e, por conseguinte, estão mais expostas à possibilidade de exploração, violência e maus-tratos.
O ACNUR, a OIM, outras agências da ONU e parceiros estão trabalhando para apoiar as respostas nacionais por parte dos governos da região a esta complexa situação de mobilidade humana e proteção.
Segundo as agências da ONU, esta situação atual coloca em evidência “a necessidade imperiosa de aumentar o compromisso internacional e a solidariedade em apoio aos planos de resposta dos governos, abordando as mais urgentes necessidades humanitárias para que estas possam ser satisfeitas, e que o trânsito seguro possa ser garantido e a integração social e econômica possa ser obtida em consonância com estratégias de desenvolvimento ainda maiores”.
Em cumprimento aos compromissos da Declaração de Nova Iorque sobre Refugiados e Migrantes, é necessário um apoio oportuno e bem planejado por parte da comunidade internacional, com o objetivo de compartilhar as diversas responsabilidades de forma equitativa e para poder complementar os esforços dos países de acolhida.
Banco Mundial premia ilustrações sobre a Lei Maria da Penha
August 22, 2018 18:55
Arte de Inaê Pereira Gouveia Coelho, 1o lugar na categoria profissional do Concurso Maria da Penha.
O Concurso de Ilustração da Lei Maria da Penha, promovido pelo Banco Mundial e pela Câmara dos Deputados, premiou uma nova geração de artistas que veem na diversidade e na solidariedade o caminho para dar mais poder às mulheres e enfrentar a violência.
Quarenta e quatro trabalhos concorreram nas categorias profissional (19) e amador (25). Os seis vencedores — condecorados no Congresso Nacional — foram escolhidos por voto popular, nas redes sociais, onde também é forte o movimento por mais direitos e menos abusos em todas as esferas da vida das mulheres.
Nos grupos feministas do Facebook, por exemplo, ilustradoras como Inaê Gouveia (primeiro lugar na categoria profissional) e Melissa Saqueto (segunda colocada na categoria amador) ganharam votos e incentivo.
“Durante a faculdade, os professores traziam poucas referências de artistas mulheres. Um concurso como esse, com um tema em que temos tantas vivências, é importante para engrandecer o nosso trabalho e a ilustração como um todo”, comenta Inaê, estudante de artes visuais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
As ilustrações vencedoras sairão em cartilhas sobre direitos das mulheres, a serem elaboradas em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e distribuídas para escolas públicas em todo o país. A publicação terá, por exemplo, a lustração do grande abraço — de mulheres gordas e magras, com diferentes cabelos e tons de pele — desenhada por Sarah Luiza da Silva, de Brasília.
Afrodescendente, ela sonha ter mais representatividade nas artes e nos meios de comunicação. “Quando eu era criança, não via na mídia pessoas que se parecessem comigo. Se quisesse me vestir como um personagem (de desenho animado ou quadrinhos), não podia, porque nenhum deles era da minha cor”, lembra Sarah, que ficou em terceiro lugar na categoria amador.
No quinto país que mais mata mulheres e registrou, em 2017, 221.238 crimes enquadrados na Lei Maria da Penha (606 casos por dia), também é fundamental questionar a criação e os comportamentos dos homens. É a isso que se propõe Lucas Mendes Pinheiro, terceiro lugar na categoria profissional.
“Como homem, nesta sociedade, aprendi coisas erradas. Minhas amigas e outras mulheres me mostraram o quanto algumas frases e gestos são prejudiciais a elas”, conta ele. Também por meio delas, o designer maranhense assimilou o conceito de sororidade, ou auxílio entre mulheres e meninas, que acabou inspirando uma ilustração colorida, transbordando esperança.
Acesse as artes dos vencedores na postagem abaixo ou clicando aqui.