PARA ENTENDER: ACABOU! O QUE FAZER?
13 de Agosto de 2016, 11:03Começo esse texto sem negar as enormes melhorias que aconteceram no país desde as eleições de 2002. A ideia é discutir a que preço conquistamos essas mesmas melhorias e o que fazer daqui para frente.
O PT e a esquerda em geral, parece ou fingem não entender que as forças que realmente detém o poder no Brasil - os donos do capital - estão com a “faca e o queijo” na mão. Pior, “faca e queijo” cedidos a eles por conta do nosso abandono das ruas e acreditar que as redes sociais poderiam substituir a política. Grande engano, as redes podem marcar eventos e expor as mentiras de nossa mídia. Mas a política de verdade não é feita nas redes e muito menos nos interiores dos gabinetes e corredores de Brasília. Ela é feita olho no olho, ombro a ombro, como “nos antigamente”. Ao abandonarmos o olho no olho, deixamos de priorizar as relações horizontais e passamos a adotar as relações verticais, o tal “centralismo democrático” que não prioriza as discussões na base do partido, revivendo em alguns momentos o pior do “stalinismo”.
Passamos a apostar nos projetos pessoais mais do que nos projetos (planejados e/ou executados) de transformação das cidades e seus cidadãos. As ações passaram a visar a manutenção dos cargos e mandatos a qualquer custo, mesmo que esse custo venha a ser o abandono dos princípios políticos que nos norteavam. Abrimos mão da discussão com a militância ao implantarmos o PED e deixar de lado os Núcleos e Setoriais, que até então eram a alma do Partido. Expulsamos parlamentares e deixamos que outros saíssem sem uma discussão aprofundada sobre o que realmente estava acontecendo, quais os reais interesses. Essa “nova” visão do Partido trouxe nomes da oposição para a legenda, negociou votos para o Rodrigo Maia na Câmara ou mesmo, a sobrevivência à Lava Jato.
Por outro lado, os reais donos do poder - os donos do capital, perceberam que o mesmo estava em disputa, em jogo. Parcela do PT passa a disputar o poder “por cima”, através de acordos que nos colocaram permissivos ao uso abusivo das doações financeiras. Entendido isso, os donos do capital passam a atuar estrategicamente na desconstrução da imagem do PT e de suas principais lideranças. Usam e abusam da falta de normatização da mídia e fecham acordo com uma classe até então “ignorada” politicamente, os juízes, promotores e procuradores, o Judiciário. As corporações estrangeiras também se colocam partícipes dessa estratégia, calando o governo americano em relação ao Golpe. São pelo menos 12 anos de massacre midiático que desembocaram no julgamento da AP 470, o Mensalão. Julgamento que arranhou, mas não impediu a vitória eleitoral do PT no Governo Federal, porém o Congresso Nacional começou a ser reconfigurado. Na reeleição da Dilma, a Lava Jato tentava terminar o que o Mensalão não conseguiu. De novo mantivemos o Governo Federal, mas o Congresso se transformou no pior Congresso da história brasileira. Nem a Ditadura obteve tal vitória. De lá para cá, o Brasil tem sua imagem e sua recente história destruída e achincalhada internacionalmente. Nossos “homens” da justiça, comprometidos com o “andar de cima”, rasgam as Leis, a Constituição e qualquer vestígio de moral pública ou individual. Voltamos a ser vistos, como uma República das Bananas como no início do século XX. Nada do que relatado aqui, incomoda os donos do poder, aqui e muito menos nas corporações estrangeiras de olho em nossas riquezas, em especial o petróleo. No dicionário deles, moral e princípios não existem para além de servi-los.
Hoje, no ano de 2016, mesmo depois de tudo que aconteceu, mesmo com o impeachment da Dilma em vias de ser aprovado definitivamente no Senado, o Partido continua dividido. Parte insiste nos acordos com o “andar de cima”, e parte tenta reviver as ruas. Mas os dias são outros, os mais empobrecidos continuarão fora das ruas, e a classe média que antes formava alguma opinião a nosso favor, hoje, com boa vontade, está dividida por conta do massacre midiático e cultural do projeto neoliberal. Os movimentos de 2013 não serviram de aprendizado, nem para a classe dominante, apesar de terem se apropriado do movimento e, muito menos, para parte da esquerda que não entendeu a mensagem colocada pela juventude. Mesmo as ocupações das escolas em São Paulo, com seu caráter totalmente horizontal, conseguiu abrir os olhos de alguns parlamentares e dirigentes políticos/sindicais.
Fato mesmo, é que a juventude já mandou o recado - o modelo está esgotado e não os representa mais. Precisamos mudar nossa forma de fazer política ou teremos pela frente um bom tempo de governos fascistas esquizofrênicos (que defendem o livre mercado). Precisamos construir juntos com a juventude uma nova forma de fazer política.
Abaixo, após o poema do Bertold, segue o texto do companheiro Marcos de Dios. Até porque, nada é imutável.
Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá
NADA É IMPOSSÍVEL MUDAR
Bertold Brecht
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar.
A crise política vivida na América Latina e pela sociedade brasileira está interligada a uma disputa interna entre frações das classes dominantes pelo controle do aparelho do Estado. A disputa é dada entre grupos “desenvolvimentistas”, que pensam o estado nacional e grupos “financistas” que defendem o livre capital, o livre mercado. Ambos capitalistas. No outro lado da moeda, temos os partidos de esquerda, burocratizados e verticalizados, estranhando setores da sociedade, das classes populares, que estão gestando uma nova concepção de valores morais e familiares. Construtores de uma nova ética social baseada na verdade, na horizontalidade e respeito à autoridade constituída pelo diálogo conflituoso das relações interpessoais e o bem estar do Planeta. Construindo uma nova institucionalidade em todos os campos (família, escola, trabalho, política, economia, nas relações de Amizade e Amorosas,...), e lutando para romper com o papel que temos enquanto nação na divisão internacional do trabalho, nos imposto desde o período colonial. Construir uma nova unidade de esquerda, baseada não na uniformidade, pois respeitará as diferenças, formulará e discutirá horizontalmente as propostas programáticas que irão nos mover em direção a uma organização plural e democrática na sua radicalidade. Resistir através da transformação da realidade que nos cerca e principalmente, deixar de lado momentaneamente os interesses do meu grupo político em nome de um Projeto Maior, possibilitador da esperança construída coletivamente para uma sociedade mais solidária, humana, sustentável e como consequência, mais Justa e Amorosa.
Marcos de Dios
Prof. De Filosofia e História
Secretaria de Formação PT-Maricá
QUAL FUTURO QUEREMOS PARA NOSSOS FILHOS EM MARICÁ?
13 de Agosto de 2016, 11:02“Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes”.
Paulo Freire
Inicio e termino esse texto com duas citações do grande mestre Paulo Freire, educador reconhecido mundialmente. Criador de um método de alfabetização que foi disseminado no mundo pela ONU, que diferente do pensamento de alguns “coxinhas” e representantes da direita golpista, reconhece o valor de seus escritos e práticas.
Mas o que o texto acima tem a ver com o futuro de nossos filhos? Tudo! Basta-nos uma rápida leitura para entendermos a importância das eleições desse ano. Eleições que manterão ou não o município em sua linha de atuação recente de oito anos de práticas transformadoras. Oito anos de crescimento e inclusão de sua população mais carente, necessitada, em seu mapa, seu PIB e Orçamento.
A manutenção dessa linha, de inclusão social e distribuição de renda com crescimento econômico, só incomoda àqueles que ainda se veem como classe dominante, coronéis da antiga, donos de escravos. Uma pequena parcela de famílias, que ainda vivem de um passado recente, que nunca se preocuparam com o futuro do município e sua gente. Uma pequena parcela, que prefere o município fora do mapa político e cultural do estado e esquecido do Brasil. Uma pequena parcela, que não consegue enxergar para além de suas cercas de arames farpados ou eletrificadas. É isso que está em jogo nessas eleições de 2016, um município de todos e para todos, ou só para os alguns, que só sabem conviver com aqueles que são imagens de si mesmos, refletidas em um espelho carcomido pelo tempo.
A polarização entre o candidato do PT e do DEM, representa bem essa dicotomia entre o novo que quer continuar a transformar o município, com o velho, que por quase 200 anos escondeu Maricá do mundo. Basta uma rápida olhada nas propostas de governo dos candidatos.
O novo representante do velho, o candidato à Prefeito atualmente no DEM, que já foi candidato em duas outras oportunidades, apresenta as mesmas propostas colocadas anteriormente, ou seja, NENHUMA. Está tão preparado que não sabe a que veio, além de resgatar o “status” daquela pequena parcela da população já citada. Para não ser injusto, nessas eleições, ele promete dar continuidade às conquistas obtidas pelo PT. Entendeu que não tem como ignorar o que foi já foi realizado. Mas e quanto ao que falta? Sabe o que falta? Pois, fora a continuidade do já conquistado, suas propostas são as mesmas de antes...nenhuma.
A situação pode vir a ser pior para o município, caso sua prática seja a mesma de seu partido no governo golpista, interino, do Cunha/Temer. O governo golpista que tem apoio do candidato do DEM em Maricá - todos lembram sua atuação na votação do Impeachment na Câmara. O governo golpista também promete manter as conquistas obtidas pelo PT nacionalmente. Promete manter o Minha Casa Minha Vida para a classe média alta e suspende o Faixa1 para os mais carentes. Promete manter o Ciência sem Fronteiras, para os doutorandos e encerra o dos graduandos. Promete a geração de empregos, mas quer que a CLT seja riscada do mundo do trabalho. Promete manter os projetos de distribuição de renda, como o Bolso Família, mas desde que congelados por 20 anos, como também quer congelar os investimentos em Educação e Saúde, pelos mesmos 20 anos. Você, eleitor de Maricá, consegue em sã consciência, ver no candidato do DEM, que defende o exposto acima pelo governo golpista do Cunha/Temer, quer realmente manter as conquistas aqui obtidas? Ou, na mesma linha golpista, vai congelar o Moeda Mumbuca? Vai mesmo manter os Vermelhinhos com tarifa zero, ou vai render-se àqueles que sempre financiaram suas campanhas, os donos da Amparo? O fato, é que não temos nem o que debater com o candidato do DEM, uma vez que suas propostas (a continuidade do que o PT fez) não condizem com as práticas do DEM e, mais uma vez, não apresenta qualquer proposta sua ou daquela pequena parcela da população que ele representa. Mais uma vez, temos um candidato de “slogan”, “vamos para cima” ou outro de igual significado, porém também vazio.
No extremo oposto, temos o Deputado Federal, Fabiano Horta, oriundo de família tradicional de Maricá, ligada ao histórico MDB, que ainda em sua adolescência se filiou ao PT, de onde não mais saiu. Não só tem a obrigação de manter o já conquistado aqui, como também, combater os golpistas em Brasília, combater os “cunhas” e “temers” de nossa política. E como nada é fácil para àqueles que pensam para além de seus umbigos, colocar em práticas as demais propostas do PT, ainda não iniciadas ou em processo de encaminhamento, pensadas em prol do município e sua gente. Temos a Universidade Municipal, os Centros Populares de Educação Transformadora, iniciativas ligadas ao movimento mundial de criação de escolas democráticas. A operação do Hospital Che Guevara, o crescimento da frota dos vermelhinhos, os recifes artificiais que além de melhorar a balneabilidade de nossas praias, podem colocar o município no calendário mundial do surf, trazendo mais renda e turismo. A luta pela manutenção da Petrobras, o Pré Sal, COMPERJ e o Porto. Enfim, muito mais do que só a continuidade do já conquistado.
É obvio que estamos todos contaminados com o processo de desinstitucionalização do Brasil, do processo de venda do Brasil, que o governo golpista apoiado pelo candidato da oposição aqui, do DEM, querem levar a cabo. Teremos uma eleição em um momento em que o Estado de Direito apresenta-se fragilizado, ou em algumas áreas inexistente. E, quando você pressionar os botões na urna, não só vai votar no futuro de seus filhos, mas no futuro do Brasil também. Infelizmente, essas eleições sofrerão grandes influencias de fora de nossas fronteiras. De novo, infelizmente, ou avançamos no tabuleiro do jogo da vida, ou voltamos oito casas. Voltaremos a um passado recente, que a duras penas havíamos começado a transformar. Nossos filhos dirão mais a frente, se acertamos ou não. Se terão emprego e salário, ou serão os novos escravos de uma mesma parcela velha de nossa população. Parcela que defende um sistema que necessita apenas de 20% da população mundial para se manter em ciclos de crises. Os demais 80% são números negativos em uma planilha, são custos e não gente. A qual percentual desse mundo você acredita pertencer?
“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática”.
Paulo Freire
Sérgio Mesquita
Secretário de Formação do PT-Maricá
A presidente do FMI afirma que os velhos vivem demais...
22 de Julho de 2016, 23:59O que pode ser novidade a essa altura do golpe? Apenas as desgraças futuras, que o “mordomo de filme de terror”, como chamou Renan, promete se solapar de vez o governo. Uma coisa boa nessa história é que ele não esconde nada. Declara publicamente, sem o menor constrangimento, a quem serve e o que pretende fazer para restaurar o poder da casa-grande, além de servir como espião aos Estados Unidos, onde ofereceu, além da vinda das empreiteiras americanas, a gestão do petróleo brasileiro. Algo impensável há pouco tempo.
Acompanhei de longe a resistência do povo turco, que evitou um golpe de estado e aí me dou conta de como grande parte da população brasileira é atrasada em termos de consciência política, direitos constitucionais e principalmente sobre o papel institucional da sociedade organizada no que se refere à participação e controle social de todas as políticas públicas. Esse setor da sociedade age como ventríloquos da mídia golpista e escolhem seus representantes, vezes pelo coração e outras tantas por desprezo e em ambos os casos, muito longe da razão. É melhor votar nulo do que por desprezo.
Voltando para a crise política atual, acredito que estamos pagando muito caro pelos governos Lula e Dilma não terem feito às reformas necessárias quando as condições eram totalmente favoráveis, além de mais caro ainda, pelo fato de ambos os governos não terem investido pesado nas mídias alternativas, como por exemplo, a radiodifusão comunitária, onde milhares de Rádios e TVs poderiam estar contando o que o PIG não conta, assim como fazer a defesa de um governo eleito democraticamente, que foi sorrateiramente solapado.
O Vampiro Temer é apenas um condutor de um barco desgovernado que foi roubado de seu verdadeiro dono, porém quem pensa estrategicamente para onde esse barco deve caminhar e com quem dentro dele, são as forças do capital internacional, aliadas a elite brasileira devassa que se acostumou a ser servida e uma leva de empresários que enxergaram no golpe uma ótima oportunidade de rasgarem a CLT e mexerem em conquistas que até então pareciam imexíveis.
Quero chamar a atenção nesse artigo para o fato de que toda crise gera um estado de tensão e uma profunda ruptura na arte de sonhar. Mesmo tendo consciência clara do processo e sabendo que se trata de mais uma reciclagem do capitalismo, em alguns momentos também embarco no túnel do tempo e reviro o passado em busca de alguma luz no fim do túnel.
Foi numa dessas viagens que recorri a Paulo Freire para tentar entender o que ele chamava dos “Condenados da Terra”, que na prática são os excluídos e as excluídas da sociedade e com isso tentar dimensionar a responsabilidade que a militância de uma causa nos obriga a ter.
É bom que se entenda, que dirigentes de entidades, candidatos e candidatas ao legislativo e executivo, representantes de qualquer ordem e principalmente quem se consideram lideranças, mexem e muito, às vezes sem nenhuma permissão, com os sonhos das pessoas, com as fantasias expressas na possibilidade de mudança na qualidade de vida e é essa expectativa que faz com que elejam seus pretensos representantes.
A indignação de grande parte da sociedade, com ou sem consciência política, vem do fato de se sentirem lesados e lesadas pelos seus representantes. Sentem-se enganados e buscam um ponto de referência para a mudança. Daí, ou encontram falsos líderes que tentam lhes vender terra no paraíso ou ainda velhos e novos políticos que quer apenas se dar bem e novamente o paraíso como recompensa. A partir dessa constatação dá para entender o que são as famosas “garrafinhas” na vida política?
Tenho afirmado que a sociedade está doente. A cada dia nasce seus estereótipos. Por sua vez o capitalismo não foi, não é e nunca será uma alternativa econômica. Suas crias continuam a desprezar a humanidade.
Como não se indignar, por exemplo, com a declaração da Presidente do FMI Christine Lagarde (uma pessoa também velha), quando afirma que “os idosos vivem demais e são um perigo”? Como não ficar possesso com a declaração de outro ser desprezível, Rimantė Šalaševičiūtė, ministra lituana da Saúde, membro do PSD Lituano, que declarou pouco depois de tomar posse, em 2014, que a eutanásia deveria ser considerada como uma boa opção para os pobres que não podem pagar os cuidados de saúde.
Para o capitalismo bom mesmo seria matar aquelas crianças que nascem com algum tipo de problema e desnutridas, assim como se encurtar a vida de pessoas idosas, pois em ambos os casos o custo-vida para o capitalismo selvagem é muito alto. Julga-se a humanidade a partir de números e de resultados. É a teoria do ter versus a do ser. É por exemplo, a teologia da Prosperidade versus a da Libertação.
Um estudo recente divulgado no último dia 8 de julho pelo FMI, alerta que em 2035, cerca de 20% da força de trabalho em Portugal será considera “velha”. O valor representa um aumento explosivo, pois atualmente esse número é de 14,9%, sendo que na Espanha, Itália e Grécia irá mais que duplicar.
O mais assustador é que a preocupação dos técnicos do FMI, representantes do capitalismo selvagem, expressa no documento citado acima, não vem do fato de que poderá haver um desequilíbrio em termos oportunidades de trabalho e consequentemente de sobrevivência, mas que essa mão de obra “velha” vai reduzir o crescimento da produtividade e aumentar o custo social.
Cita ainda o documento que o envelhecimento da força de trabalho, que caminha de mãos dadas com o envelhecimento da população e com o declínio da natalidade, “será provavelmente um empecilho significativo ao crescimento da produtividade durante as próximas décadas”.
O que me interessa nessa conversa é saber até que ponto seremos capazes de libertar o povo para que tomem suas próprias decisões de forma consciente, sem usá-lo, seja como mão de obra barata ou ainda como “garrafinhas”, que se traduzem em “massa de manobra” para os politiqueiros de plantão.
O mais trágico é que a capacitação e a formação política como antídoto a esse processo de desigualdade acabam sendo algo “subversivo”, infelizmente até mesmo em setores da chamada esquerda brasileira, pois ao libertar pode se criar uma competição, principalmente aos eternos candidatos.
Paulo Freire em seu Livro Pedagogia da Autonomia faz um alerta: “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo”.
Referências:
FMI. Dentro de 20 anos, 24% dos trabalhadores serão velhos - Veja mais em: https://www.dinheirovivo.pt/economia/fmi-dentro-de-20-anos-24-dos-trabalhadores-vao-ser-velhos/sthash.jaibt7E1.dpuf#sthash.CFVG7mcL.dpuf
Pedagogia da Autonomia. file:///C:/Users/Antonio/Downloads/pdf-pedagogiadaautonomia-paulofreire%20(1).pdf
Sobre a Eutanásia: http://www.jornaltornado.pt/eutanasia-pode-ser-opcao-pobres/
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública Social
tonicordeiro1608@gmail.com
Antes sonhar com o impossível do que fantasiar com o que sequer existe
4 de Julho de 2016, 15:16Muitos acontecimentos na vida política do país e na nossa região de Campinas têm me preocupado nos últimos tempos, pois o que está em jogo não é a vida de fulano ou ciclano e sim o destino de um partido que fez história.
Como o brasileiro não tem cultura partidária e não consegue entender que não há democracia sem partidos, joga tudo no sujeito partidário e não em quem usou e usa as siglas para seus interesses pessoais e a saga de poder. O que deveria ser de fato discutido é qual é o projeto politico-ideológico que esse ou aquele partido defende, pois aí saberíamos de que lado está ou a quem serve.
De antemão quero destacar o PT de Campinas que com todos seus problemas e disputas internas, amadurece e por unanimidade lança o nome de Marcio Pochmann para prefeito, com uma vice mulher e com composição paritária. Algo inovador num país de herança machista entranhada no nosso dia a dia.
Quero iniciar essa conversa me perguntando até que ponto a militância política cresceu nos últimos anos que a fizesse defender com clareza uma causa? Até que ponto quem se considera liderança não usa ainda sua base política como verdadeiras “garrafinhas”, que servem apenas para votar? Até que ponto o Partido dos Trabalhadores cresceu, que possibilite rejeitar candidatos e candidatas que transformam seus mandatos em mandatos de resultados, como se fossem gestores de empresas privadas? Estamos preparados para substituir os candidatos eternos? Trabalhamos nossas bases para a renovação?
São muitas perguntas em busca de novas respostas. Quem vive a vida partidária passo a passo não pode se deixar contaminar por essa ou aquela conduta, que nada tem a ver com as comuns divergências das sadias linhas de pensamento, onde só o PT tem. Quem não aceita isso é porque quer o partido só para si para atender suas necessidades e aí a luta será dura.
Numa visão mais geral, há de notar que a vida politica do país passa por uma verdadeira convulsão social. De um lado alienados e alienadas em fúria marcham para o precipício, sem ao menos se darem conta que estão sendo massa de manobra de malafaias, bolsonaros, cunhas e tantos outros calhordas e do outro um movimento que ressurge das cinzas, diversificado, com pouca origem partidária, porém com um cunho ideológico muito claro. Lutar pela manutenção da democracia e da liberdade política.
O que se faz necessário e urgente é discutir com esses movimentos e com os grupos que vão se organizando, se esse momento para eles representa o sonho de mudanças profundas na sociedade ou apenas a fantasia do enfrentamento que poderá morrer quando a primeira barreira for rompida.
Uma das diferenças entre sonhar e fantasiar, é que enquanto sonhar requer um caminho a trilhar que pareça viável, mesmo que leve tempo, fantasiar caminha na velocidade do vento, sem direção e com a sensação de que de fato aconteceu. Enquanto sonhar nos compromete e nos responsabiliza por às vezes nos distanciar dos sonhos por pura distração, fantasiar se constrói na calada dos nossos silêncios, muitas vezes de forma irresponsável. Enquanto os sonhos nos alimentam, a fantasia nos engana de que estamos alimentados.
Embarco nessa abstração para tentar moldar no campo da militância política, quem milita por uma causa e quem é levado pelas fantasias de alguém. Quem age impulsionado pelas escolhas conscientes e quem age apenas por interesse no que chama de poder, ou ainda para alimentar o ego e os sonhos sejam de quem for.
A meu ver, os desencontros contidos numa sociedade de desiguais e manipulados pela fantasia dominante, leva grande parte da população a enxergar sonhos como ilusão, enquanto fantasiam sem compromissos e sem responsabilidades, compondo um cenário do faz de conta, seja por ação ou por omissão. Não vivem de fato a vida, são apenas levados por ela.
Essa viagem ao faz de conta seduz, não só os que poderiam ser considerados como alienados e alienadas, mas infelizmente também o universo de instituições como sindicatos, partidos, organizações não governamentais e principalmente o universo político eleitoral, onde a extrema maioria decide uma eleição pura e tão somente pela emoção e muito longe da razão.
Toda vez que uma pessoa vai à urna votar apenas porque é obrigado, age ou por desprezo, induzido por uma mídia viciada e partidária, e assim vota em qualquer um ou uma ou ainda vota por pura paixão, achando que seu candidato é o melhor, sem ao menos conhecer suas reais intensões. O resultado é esse Congresso Nacional espúrio. O mais conservador e reacionário da recente história do país. Ou seja, a pessoa desinformada não constrói e sim é levada a construir sonhos alheios ou ainda embarcar na fantasia que não lhe pertence.
Como dizia Paulo Freire, sonho com uma sociedade se reinventando de baixo para cima, onde, a partir de um processo anárquico consciente, questione-se e peite-se toda forma de poder exercido de cima para baixo. Nesse processo, mais vale um ano de experiência popular do que cinquenta anos de vida política, dedicada ao próprio ego.
Mesmo que a democracia representativa fosse apenas o ato de votar, defendo que as pessoas exerçam esse direito sem serem manipuladas ou conduzidas como as garrafas são num caminhão de entrega.
Mesmo que a democracia representativa fosse apenas o ato de votar, defendo que as pessoas exerçam esse direito sem serem manipuladas ou conduzidas como as garrafas são num caminhão de entrega.
O ato de sonhar começa a se materializar no exato momento da revolta e se concretiza quando as pessoas dizem não a qualquer sistema que oprima e alimente o poder de alguns e algumas contra a maioria que se faz conduzida.
Na vida real sonho e fantasia se completam, porém na vida política a fantasia afasta a possibilidade da luta concreta e aí acaba virando um pesadelo.
Que tal transformarmos as "garrafinhas" num exército de homens e mulheres que dirão sim para o que sonham e não para as fantasias seja de quem for?
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com
Uma Liderança Comunitária ou um Político de Carreira?
11 de Junho de 2016, 21:15Caro leitor ou leitora, quem você respeita mais? Um Político de Carreira, onde a política a única profissão e para tal afasta ou anula quem aparecer mais do que ele ou ela, com medo de alguém que se destaque e venha a ameaçá-lo, ou uma Liderança Comunitária que surja da população e dos setores organizados e seja escolhida para representar o projeto ou o seguimento? Quem é mais digno de sua confiança?
Você acha que se o povo tivesse consciência política e clareza suficiente para decifrar os códigos e os jogos do poder, quem seriam eleitos(as) nas eleições? Os políticos profissionais com seus projetos pessoais ou de seus grupos de interesse ou as lideranças populares escolhidas a partir do processo de participação? A partir dessa visão, quem estaria mais frágil a um impeachment, Dilma ou um político tipo Alckmin? Lula ou um feito FHC?
Quem dos dois modelos (político de carreira ou liderança comunitária) está mais propício à bandalheira e aos caixas dois para as campanhas milionárias? Quem precisa mais de marketing eleitoral? Quem precisa mais de carregadores de bandeiras? Quem vai ter mais gente voluntária interessada na campanha e colaborando de forma gratuita?
São várias perguntas com uma única resposta: a tal da democracia representativa sem participação está em crise mortal. Está na UTI, convalescendo, pelo simples fato de não representar ninguém a não serem os próprios políticos de carreira e seus escusos interesses, pois não nasceram da participação e sim do oportunismo. Na verdade esse tipo de político quer o povo que questiona bem longe, principalmente depois de eleito.
Em minha visão, aí está o nó crítico da política brasileira. O ponto de partida para uma possível explicação do que chamamos de politicalha, ou ainda na longa caminhada, desde a República para explicar tantos golpes, repressões, ditadores e porque não dizer para o moderno golpe “democrático” em curso no país. São políticos sem projetos participativos e se acham seres iluminados que vieram ao mundo para serem servidos de votos.
Quem não conhece um ser profissional de carreira que nasceu vereador, deputado ou senador e pretende morrer como tal, sem contar que no meio desse oportunismo nascem também os cargos executivos com prefeito(as), governadores(as) e para a Presidência da República que são eternos candidatos(as). Esses ou essas jamais admitem o surgimento de alguém que ouse lhe tirar a possibilidade de uma candidatura eterna. Creem piamente que nasceram com dons especiais. Que foram escolhidos pelo Criador para velejarem eternamente pelos mares do poder. Acreditam ainda que só eles ou elas serão capazes de resolver todos problemas da humanidade.
Trata-se de um fenômeno velho e conhecido, que está mais para a questão cultural do que para a questão política em sua essência. Porém, na prática se transforma no que estamos vendo hoje, com alianças mercantilistas, campanhas caras e a corrupção como elemento chave para os desvios de dinheiro público, seja para enriquecimento pessoal ou para financiamento de campanhas. Tudo em nome da tão surrupiada democracia.
Ideologicamente essas criaturas servem ao poder econômico global, seja de que partido for e qual sua plataforma política, afinal papel aceita tudo e a política tradicional também. Nela, vale mais quem tem um conchavo convincente do que um projeto escrito a várias mãos.
A verdadeira política se faz em campo, junto com os setores organizados da sociedade, promovendo novas lideranças através do conhecimento, criando conselhos de mandatos, criando conselhos populares, ajudando a população a se organizar e, sobretudo, respeitando os Fóruns Temáticos e Populares, que é de onde poderão sair os políticos de fato representativos para os próximos pleitos. Quem faz o contrário serve aos seus interesses e se torna uma falsa liderança no poder.
A maioria dos atores da política brasileira nunca praticou nem dez por cento do que pregam ou pregaram, portanto são palavras jogadas as vento, onde a população sonhadora compra como verdade absoluta.
Como dizia Paulo Freire: “A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade”.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
tonicordeiro1608@gmail.com