Projeto de Fundo de População da ONU e Itaipu visa prevenir gravidez adolescente no PR
June 19, 2018 15:55
Países do Cone Sul tem taxa maior de gravidez na adolescência quando comparada à taxa global e de outros países em desenvolvimento. Foto: Solange Souza/UNFPA Brasil
A Itaipu Binacional e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) apresentaram na sexta-feira (15) aos prefeitos do oeste do Paraná o projeto “Prevenção e redução da gravidez não intencional na adolescência”, desenvolvido pela empresa e pela agência das Nações Unidas. Segundo Jaime Nadal, representante do UNFPA no Brasil, a iniciativa é uma oportunidade para os municípios paranaenses se tornarem referência no assunto.
“As ações que pretendemos pôr em prática poderão trazer um impacto importante ao desenvolvimento da região oeste do Paraná. No futuro, essa experiência de sucesso poderá ser replicada em outros locais, inclusive outros países”, disse Nadal.
A Itaipu Binacional vai apoiar a iniciativa por meio do Grupo de Trabalho Itaipu-Saúde. Segundo o diretor-geral da empresa no Brasil, Marcos Stamm, é importante contar com a parceria dos municípios para executar o projeto, que envolve não apenas questões de saúde, mas também sociais, de educação e de conscientização.
O objetivo é levar informações de qualidade e apropriadas para que adolescentes possam tomar decisões voluntárias, informadas e responsáveis sobre sua saúde, seu futuro e evitar gestações não planejadas. A ação conjunta envolve serviços, estratégias de comunicação, produção e análise de dados que permitam desenvolver políticas públicas voltadas para adolescentes e jovens, em especial na prevenção da gravidez não intencional.
A Itaipu e o UNFPA, ao lado da gestão municipal, desenvolverão um programa completo de prevenção, informação e capacitação. Segundo o consultor do Grupo de Trabalho Itaipu-Saúde, o médico Luiz Fernando Ribas, o projeto seguirá uma linha geral de ação, mas respeitará as características de cada local. “As estratégias serão específicas para as necessidades que serão levantadas em cada cidade”, disse.
Esta parceria está centrada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de número 3 – Saúde e Bem-Estar; 5 – Igualdade de gênero; e 17 – Parcerias e Meios de Implementação.
A iniciativa foi apresentada durante a 5ª assembleia extraordinária da Associação de Municípios do Oeste Paranaense (Amop). Além de Marcos Stamm, participaram da reunião os diretores técnico executivo da Itaipu, Mauro Corbelini; administrativo, João Pereira; de coordenação, Newton Kaminski; integrantes do GT-Itaipu Saúde; o secretário de Comunicação do Paraná, Alexandre Teixeira, que representou a governadora Cida Borghetti; prefeitos e secretários das cidades da Amop, inclusive Anderson Maria, presidente da Associação e prefeito de Maripá, e Chico Brasileiro, prefeito de Foz do Iguaçu; e deputados estaduais e federais.
Em busca de autonomia
No Brasil, apenas em 2016 nasceram 24 mil bebês de meninas de até 14 anos e 477 mil filhos de mães com idade entre 15 e 19 anos. Quando olhamos mais de perto este grupo, identificamos algumas características comuns. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de cada dez meninas de 15 a 19 anos grávidas ou com filhos, sete são negras e seis não trabalham nem estudam.
O propósito da ação é contribuir para que jovens, além de exercerem seus direitos sexuais e reprodutivos com segurança, possam conquistar habilidades de vida e competências para o desenvolvimento de seus plenos potenciais.
“Mães adolescentes acabam muitas vezes exercendo menos direitos básicos, como educação, saúde, lazer e trabalho. Quando adultas, acabam com mais dificuldade para entrar no mercado de trabalho remunerado e conseguir autonomia”, disse Nadal.
“Com esta parceria, queremos que ter filhos seja um escolha consciente e informada, e que tanto meninos quanto meninas tenham acesso ao planejamento de seu futuro, com igualdade de oportunidades.”
Relator da ONU pede que FMI proteja os mais pobres dos efeitos da austeridade
June 19, 2018 15:40
Família pede ajuda nas ruas da cidade de Secunda, na província sul-africana de Mpumalanga. Foto: Jan Truter (CC, Flickr)
O Fundo Monetário Internacional (FMI) precisa fazer mais para proteger indivíduos mais vulneráveis e de baixa renda que acabam carregando o fardo das políticas de austeridade, disse nesta terça-feira (19) o relator especial da ONU para a pobreza extrema e os direitos humanos, Philip Alston.
“Agir para ajudar aqueles que não estão bem financeiramente têm até agora sido pouco mais do que uma reflexão tardia no trabalho do FMI no mundo todo. Mas se há pretensão de responder efetivamente nos anos futuros aos desafios de um mundo em que tanto a globalização quanto as democracias liberais continuam a ser atacadas, o FMI precisará de uma mentalidade diferente”, disse Alston.
De acordo com o relator da ONU, o FMI é o mais influente ator do palco internacional, não apenas em relação às políticas monetárias e fiscais, mas também em termos de proteção social. “No entanto, apesar da impressionante retórica de sua diretora-gerente, Christine Lagarde, sua prática ficou bem atrás do que se pregou”, disse o especialista.
“O FMI precisa se mover para além de sua obsessão com o foco da proteção social apenas para os mais pobres entre os pobres. Há evidências crescentes de que esse foco frequentemente falha em atingir os mais pobres, beneficiando aqueles que estão relativamente melhor de vida.”
Segundo o especialista, focar a proteção social apenas naqueles mais vulneráveis também erode o apoio político da classe média e dos ricos aos sistemas de bem-estar social.
“Até agora, o FMI tem sido uma organização com um grande cérebro, um ego não saudável e uma pequena consciência. Se quiser levar a proteção social a sério, mais do que se comprometer com redes mínimas de segurança, poderia mostrar ao mundo que realmente aprendeu com seus erros do passado.”
“O fundo está atualmente desenvolvendo uma estrutura estratégica para seu engajamento em gastos sociais, e Christine Lagarde levou a organização a uma direção mais progressista em relação a questões como desigualdade econômica e igualdade de gênero.”
“No entanto, se o FMI é genuíno sobre mudanças, também precisa abraçar a diversidade interna para garantir que diferentes perspectivas e suposições influenciem seu pensamento. O funcionário médio do FMI é um economista formado, do sexo masculino, do Ocidente, que estudou em universidades de elite nos Estados Unidos ou no Reino Unido. Não se pode esperar que o fundo mude sem alterar a diversidade do seu pessoal.”
Segundo o relator da ONU, além da diversidade interna, o FMI tem um histórico ruim no que se refere a consultar organizações da sociedade civil nos países em que atua, bem como outras organizações internacionais com experiência relevante, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
“Levar em conta as vozes externas torna menos provável que os conselhos que o FMI dá aos governos acabe minando a tomada de decisões democráticas nos países em que trabalha, um problema que tem atormentado a instituição ao longo de sua história.”
“O FMI, como liderado por Lagarde, está no caminho certo, mas será uma tarefa gigantesca mudar a direção da instituição e garantir que os benefícios da globalização não se acumulem somente sobre os ricos, e que suas desvantagens não sejam sofridas inteiramente pelos assalariados de baixa renda e os vulneráveis ”, disse Alston.
OMS anuncia retirada dos transtornos de identidade de gênero de lista de saúde mental
June 19, 2018 15:02
Bandeira do orgulho trans hasteada em São Francisco, nos Estados Unidos. Foto: Flickr (CC)/torbakhopper
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou na segunda-feira (18), durante lançamento da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 11), a retirada dos transtornos de identidade de gênero do capítulo de doenças mentais. Com a mudança, o termo passa a ser chamado de incongruência de gênero, e está inserido no capítulo sobre saúde sexual. A nova classificação acontece 28 anos depois da decisão de retirar o termo “homossexualismo” da lista de doenças, no dia 17 de maio de 1990.
Segundo a OMS, existem evidências de que a incongruência de gênero não é um transtorno mental, mas que ainda “há a necessidade de garantir atendimento às demandas específicas de saúde da população trans”, o que explica o fato de o termo não ter sido retirado totalmente da CID. Além disso, a Organização destaca que este é um passo importante para a redução do estigma e da discriminação em relação a essa população e para a garantia de acesso à saúde.
Os Estados-membros das Nações Unidas poderão adotar a nova CID a partir de maio de 2019, quando será apresentada na Assembleia Mundial da Saúde, e a lista passa a valer oficialmente a partir de 1º de janeiro de 2022. A versão disponível atualmente é uma pré-visualização, e permite que os países planejem, traduzam e capacitem os profissionais de saúde para trabalhar de acordo com as novas classificações.
Segundo a Agenda para Zero Discriminação em Serviços de Saúde, elaborada pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), a discriminação é uma barreira ao acesso à saúde e aos serviços comunitários, além de impedir o alcance de uma cobertura universal na área da saúde. Isso leva a resultados precários em saúde e inibe esforços para acabar com a epidemia da HIV e alcançar padrões saudáveis de vida para todos.
A discriminação na saúde pode ocorrer de várias maneiras, seja ao negar atendimento e privacidade, quebra de confidencialidade e desinformação. Sob a lei internacional dos direitos humanos, os países têm a obrigação legal de abordar a discriminação nos serviços de saúde e no local de trabalho.
Dados do UNAIDS apontam que travestis e pessoas trans têm até 49 vezes mais chances, em comparação com a média das pessoas com vida sexualmente ativa, de adquirir o HIV ao longo da vida. No Brasil, dados mais recentes do Ministério da Saúde revelam uma prevalência de HIV em torno de 31% nesta população, ante uma prevalência de 0,4% na população em geral.
Número crescente de conflitos mostra que prevenção é mais necessária do que nunca, diz Guterres
June 19, 2018 14:52
Secretário-geral da ONU, António Guterres, participou de fórum em Oslo, reunião de líderes globais organizada pela Noruega. Foto: Centro de Diálogo Humanitário/Ilja C. Hendel
Com a alta de dez vezes do número de pessoas mortas em conflitos armados desde 2005, a ação preventiva é “mais necessária do que nunca”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta terça-feira (19).
O chefe da ONU falou a jornalistas na Noruega, onde está participando de um retiro anual para mediadores internacionais de conflito e outros tomadores de decisão.
Guterres citou razões pelas quais a comunidade internacional precisa fazer tudo para prevenir e resolver conflitos.
“O número de países em conflitos violentos é o maior dos últimos 30 anos. Se comparamos com 2007 e consideramos o número de situações violentas que podem ser qualificadas como guerras de acordo com o número de mortes, eles triplicaram”, disse.
“Ao mesmo tempo, tomando 2005 como referência, quando tivemos o menor número de pessoas sendo mortas em batalha, temos agora dez vezes aquele nível, o que significa que a situação está, de fato, se deteriorando no mundo. Isso significa que a prevenção é mais necessária do que nunca, e quanto mais difícil a resolução do conflito, mais importante se torna a prevenção.”
Para Guterres, a mediação é “um instrumento absolutamente fundamental” nesse cenário.
Isso inclui intervenções formais, mas também o que ele chamou de “mediação backdoor”, bem como iniciativas que envolvem comunidades afetadas.
O secretário-geral da ONU está entre os mais de 100 participantes do fórum de dois dias que ocorre em Oslo e que se encerra na quarta-feira (20).
A participação no evento ocorre apenas mediante convite, e as discussões informais cobrirão questões e desafios relacionados à paz, incluindo as situações em Síria, Líbia, Iêmen e Mali.
Guterres fez da prevenção de conflitos a pedra angular de seu mandato e tem consistentemente pressionado por “uma onda de diplomacia pela paz”, mesmo antes de assumir o cargo em janeiro de 2017.
O estabelecimento de um Conselho Consultivo de Alto Nível sobre Mediação no final daquele ano enfatizou essa prioridade.
Os 18 membros do Conselho — nove mulheres e nove homens — incluem ex-líderes globais, especialistas renomados e personalidades reconhecidas internacionalmente que apoiarão a ONU no trabalho mais eficaz com organizações regionais, grupos não governamentais e outros envolvidos na mediação em todo o mundo.
Reunião de mediação na Finlândia
O secretário-geral da ONU se uniu aos participantes da cúpula em sua segunda reunião, realizada na capital da Finlândia, Helsinque, na segunda-feira (18).
Guterres também fez um discurso em Kulturanta, a residência de verão do presidente do país, onde novamente destacou suas preocupações sobre conflitos violentos, incluindo sua relação com o terrorismo global.
Ele também tocou na questão da não proliferação nuclear e do uso de armas químicas na Síria.
Falando sobre mudanças climáticas, Guterres descreveu esse fenômeno como “um acelerador de muitos outros problemas em todo o mundo”.
Ele disse ainda que o nível de emissões de gases de efeito estufa subiu em 2017 pela primeira vez nos últimos anos. “É claro que estamos longe de fazer o suficiente em relação aos riscos que enfrentamos devido à mudança climática”, disse ele.
OMS inclui vício em videogame em classificação internacional de doenças
June 19, 2018 13:02
Foto: Flickr/Leon Terra (CC)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou, pela primeira vez, o vício em videogame como uma condição de saúde mental na atualização de sua classificação internacional de doenças, lançada na segunda-feira (18).
“Para o transtorno de videogame ser diagnosticado, o padrão de comportamento deve ser de severidade suficiente para resultar em prejuízo significativo nas áreas pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou outras áreas importantes, tornando-se evidente por pelo menos 12 meses”, disse a OMS.
Embora alguns relatos da mídia tenham acolhido favoravelmente a designação formal do vício em videogame dentro da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) como útil para os pacientes, outros a consideraram uma preocupação desnecessária entre os pais.
“Há poucos retratos mais verdadeiros do bem-estar de um país do que suas estatísticas de saúde”, disse a OMS. Enquanto amplos indicadores econômicos, como o Produto Interno Bruto (PIB), podem distorcer impressões de prosperidade individual, dados sobre doenças e mortes revelam quais as condições reais de vida de uma população.
Segundo a OMS, a classificação é o “alicerce das estatísticas de saúde”, codificando a condição humana desde o nascimento até a morte, incluindo todos os fatores que influenciam a saúde.
Essas estatísticas formam a base para a prestação de serviços de saúde em todos os lugares e estão no cerne do mapeamento de tendências e epidemias de doenças; ajudando os governos a decidir como o dinheiro é gasto em serviços de saúde.
Crucialmente, em um mundo de 7,4 bilhões de pessoas falando quase 7 mil línguas, a classificação dá um vocabulário comum para registrar, relatar e monitorar problemas de saúde, disse a OMS.
“Cinquenta anos atrás, seria improvável que uma doença como a esquizofrenia fosse diagnosticada de forma similar no Japão, no Quênia e no Brasil. Agora, no entanto, se um médico em outro país não puder ler os registros médicos de uma pessoa, saberá o que significa o código da classificação”, explicou a OMS.
Sem a capacidade da classificação de fornecer dados padronizados e consistentes, cada país ou região teria suas próprias denominações, que provavelmente seriam relevantes apenas localmente.
“A padronização é a chave que libera a análise global de dados de saúde”, disse a OMS.
A 11ª edição da classificação internacional foi divulgada na segunda-feira (18) para permitir que os Estados-membros planejem a implementação antes de ser apresentada para adoção na Assembleia Mundial da Saúde de 2019.
Notando que esta foi atualizada para o século 21, a OMS disse: “mais de uma década em desenvolvimento, esta versão é uma grande melhoria na CID-10”, acrescentando que agora reflete avanços críticos em ciência e medicina.
Além disso, as diretrizes também podem ser integradas a aplicativos de saúde eletrônicos e sistemas de informação — tornando a implementação significativamente mais fácil, menos vulnerável a erros e permitindo que mais detalhes sejam registrados.
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