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Notícias da ONU

June 11, 2012 21:00 , by Vicente Aguiar - | No one following this article yet.
Notícias do Site Oficial da ONU. http://www.onu.org.br/tema/rio20/

Refugiados são recebidos por brasileiros e torcem pela seleção durante jogos da Copa

June 27, 2018 11:36, by ONU BrasilClique para exibir o slide.

A paixão pelo futebol ultrapassa fronteiras, mobiliza torcedores de diferentes idades e aproxima pessoas para torcerem juntas por um único time — mesmo que os torcedores falem idiomas diferentes.

“Cheguei aqui no Brasil há pouco mais de dois meses e já sabia que teria que aprender o português para me inserir na comunidade, para conversar com as pessoas e buscar um trabalho. Só não aprendi o português para torcer pelo Brasil, mas aí é o meu corpo que fala”, diz o sírio Khaled, de 42 anos.

Ele torceu pelo Brasil na casa de Vanessa, uma paulistana de 31 anos que acolheu Khaled junto com sua família, na zona sul de São Paulo.

“Fiz minha inscrição no projeto para receber aqui em casa uma pessoa refugiada e foi uma experiência muito rica para todos nós. Conhecemos um pouco da cultura dele, sua história e soubemos que sua esposa e filhos continuam na Síria. Isso é muito triste”, afirmou a brasileira, encantada com a proposta do projeto.

Khaled se inscreveu na plataforma “Meu Amigo Refugiado”, um projeto desenvolvido pela ONG Migraflix, parceira da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), que promove o encontro entre brasileiros e pessoas refugiadas em datas especiais, como o Natal e o Ano Novo. A iniciativa tem repetido a dose durante os jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo.

Ele era funcionário de um banco quando a guerra na Síria começou. Tinha esperança que os conflitos pudessem acabar em pouco tempo, mas se intensificaram e já estão no oitavo ano, fazendo com que a Síria seja o principal país de origem de refugiados no mundo. São 6,3 milhões de pessoas refugiadas em vários países, especialmente na Turquia, de acordo com os dados do relatório Tendências Globais do ACNUR.

O momento da chegada ao novo país é sempre um período difícil, de adaptação, que requer o conhecimento de traços culturais e sociais na sociedade de acolhida. Ainda assim, essa possível dificuldade foi superada por Khaled com muita satisfação.

“Estar aqui e perceber o quão aberto e respeitoso é o povo brasileiro nos dá certeza de que estaremos bem no país. O Brasil é um país que recebe a população síria com respeito, por meio do visto humanitário, fornecendo o documento de protocolo, CPF e carteira de trabalho. Aqui é possível alcançar o sonho que trazemos com a gente.”

Outra família brasileira que participou dos encontros foi o casal Roberta e Vinícius. Eles se interessaram em conhecer e compartilhar experiências com pessoas em situação de refúgio e convidaram os venezuelanos Yilmary, Jhan e seus filhos para assistirem ao jogo do Brasil.

Roberta é formada em Relações Internacionais e acredita que esse sentimento de união de povos que acontece durante a Copa do Mundo poderia representar um mundo mais humano, onde pessoas ajudam uns aos outros durante tempos difíceis.

“Para mim é muito gratificante essa experiência de dialogar e conhecer pessoas refugiadas. Eu acho que qualquer pessoa chega ao país para agregar, sempre trazendo com ela alguma coisa boa.”

Embora o beisebol seja o esporte mais popular na Venezuela, Yilmary e Jhan se emocionaram durante o encontro, torcendo muito pela seleção brasileira.

“É uma experiência maravilhosa compartilhar esse momento com outras pessoas, conhecer novas culturas, dividir essa emoção do esporte, sentir a paixão pelo futebol que a gente não tem na Venezuela”, diz Yilmary.

Com familiares ainda vivendo na Venezuela e em outros países pelo mundo, Yilmary e Jhan valorizam a oportunidade de poder formar amizades com brasileiros.

“A gente está aqui, praticamente sozinho, sem família por perto. Então, quanto mais amigos a gente fizer, quanto mais brasileiros conhecermos, melhor”, diz Yilmary.

Enquanto a seleção brasileira permanecer da Copa do Mundo, o projeto “Meu Amigo Refugiado” seguirá promovendo encontros em São Paulo. Dessa forma, ao aproximar refugiados e brasileiros, essa convivência facilita o entendimento da situação da pessoa refugiada no país e se torna um meio de promover melhor acolhida e integração dos recém chegados.



Direitos das mulheres estão sob risco no mundo todo, dizem especialistas da ONU

June 26, 2018 19:16, by ONU Brasil
Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, ocorrida em 2015, em Brasília. Foto: ONU Mulheres/Bruno Spada

Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, ocorrida em 2015, em Brasília. Foto: ONU Mulheres/Bruno Spada

Especialistas do Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Discriminação contra as Mulheres na Lei e na Prática afirmaram na sexta-feira (22) em Genebra que os direitos das mulheres estão sob ameaça de um “retrocesso” devido ao avanço do conservadorismo e do fundamentalismo no mundo.

“Retrocessos alarmantes estão ocorrendo em diversas regiões do mundo”, disseram os especialistas, descrevendo uma “aliança de conservadorismo político e fundamentalismos religiosos” em seu relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

De acordo com o grupo de trabalho, em nenhuma sociedade práticas como “poligamia, casamento infantil, mutilação genital feminina, crimes de honra e criminalização de mulheres por comportamento sexual e reprodutivo” deveriam existir.

Citando o “crescente autoritarismo, as crises econômicas e o aumento da desigualdade”, o relatório alertou que importantes conquistas correm o risco de serem revertidas.

O painel de especialistas também observou mudanças positivas, incluindo o recente referendo irlandês que flexibilizou o quase total banimento ao aborto vigente no país até então.

“Estão sendo feitos esforços por meio do voto popular e de ações legislativas e judiciais, em particular para garantir direitos reprodutivos, o que é encorajador tendo em vista o contexto global de retrocessos nessa área.”

As mudanças em alguns países para eliminar as disparidades salariais entre homens e mulheres e reforçar as leis que criminalizam o estupro e a violência sexual também são “passos importantes no combate à discriminação contra as mulheres”, disseram.

Dos “muitos obstáculos” que as mulheres enfrentam, o relatório da ONU afirmou questões envolvendo família, cultura e saúde sexual e reprodutiva continuam sendo os desafios mais difíceis de serem ultrapassados e são os que recebem a maior reação negativa.

Por 70 anos, a igualdade de gênero foi consagrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos; há quase 40 anos, foi adotada a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher; e há 25 anos, a Declaração e o Programa de Ação de Viena estabeleceram que os direitos das mulheres são uma parte indivisível dos direitos humanos, lembraram.

No entanto, os especialistas lembraram que nenhum país do mundo eliminou com sucesso a discriminação contra as mulheres ou alcançou a igualdade de gênero total.

“Isso não deve ser tolerado ou normalizado. Há uma necessidade urgente de proteger as conquistas passadas e avançar para garantir a igualdade para as mulheres em todos os lugares”, enfatizaram.

Os relatores aplaudiram as mulheres defensoras dos direitos humanos em todo o mundo, e pediram para que a comunidade internacional avance na luta pela igualdade de gênero, se protegendo contra a atual onda de conservadorismo que tem trazido retrocessos.

O Grupo de Trabalho sobre Discriminação contra as Mulheres na Lei e na Prática foi criado pelo Conselho de Direitos Humanos em 2011.



Relator da ONU pede que governos e empresas garantam liberdade de expressão na Internet

June 26, 2018 18:52, by ONU Brasil
Kaye sugeriu que os governos devem reforçar o papel das autoridades públicas, especialmente da Justiça, na determinação da legalidade do conteúdo online. Foto: Flickr/ ilouque (CC)

Kaye sugeriu que os governos devem reforçar o papel das autoridades públicas, especialmente da Justiça, na determinação da legalidade do conteúdo online. Foto: Flickr/ ilouque (CC)

Um importante relatório de especialista em direitos humanos da ONU alertou na semana passada (19) que governos e empresas correm o risco de minar a liberdade de expressão na Internet, e instou autoridades públicas e privadas a lidar com problemas como discurso de ódio e desinformação online.

“Os governos têm a responsabilidade de garantir o cumprimento das leis nacionais e internacionais, mas devem agir agora para garantir que o espaço para a liberdade de expressão na Internet não seja prejudicado”, disse David Kaye, relator especial da ONU para a promoção e a proteção do direito à liberdade de opinião e expressão.

“Infelizmente, os governos estão se movendo rapidamente na direção errada e, frequentemente, apresentam ameaças diretas à liberdade de expressão online”, declarou.

“As piores ameaças incluem a criminalização de críticas online do governo, de religiões ou outras instituições públicas”, afirmou. “Outras regras responsabilizam as empresas, sob o risco de grandes penalidades financeiras, a avaliar o que é ilegal online, sem o tipo de responsabilidade pública que tais decisões exigem”, salientou.

“A regulação não deve ser baseada em pontos de vista. Ao invés disso, os governos devem focar seus esforços em incentivos para que empresas sejam transparentes a respeito da aplicação de suas regras”, observou.

Kaye sugeriu que os governos devem reforçar o papel das autoridades públicas, especialmente da Justiça, na determinação da legalidade do conteúdo online. Segundo ele, os países devem divulgar muito mais do que divulgam atualmente sobre as demandas feitas às empresas para remover conteúdo da Internet.

O relatório também fornece uma análise sem precedentes de como as empresas de Internet regulam o conteúdo online, e pede padrões de conteúdo baseados na lei de direitos humanos e na implementação dos Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos.

“As empresas de Internet fornecem um espaço sem precedentes para comunicação e acesso à informação, mas elas também são as reguladoras globais da expressão do nosso tempo”, analisou o relator especial.

“Governos e usuários merecem conhecer não apenas as regras em vigor, mas também como e por que essas regras são adotadas e aplicadas, e quais tipos de soluções e responsabilizações existem quando as empresas cometem algum erro”, enfatizou Kaye.

“Padrões e processos de empresas, particularmente no contexto das mídias sociais, levantam preocupações de direitos humanos. Isso inclui a falta de regras claras (ou o não cumprimento delas), bem como a análise fraca e inconsistente do contexto, a ampla dependência da automação e a falta de mecanismos para contestações e soluções (de problemas)”, disse.

O documento também pede que as empresas adotem abordagens radicalmente diferentes para garantir a transparência em todos os estágios de suas operações, desde a criação de regras até a implementação e desenvolvimento de jurisprudência que enquadra a interpretação das regras empresariais. Também pede transparência, incluindo o monitoramento por terceiros de sua adequação às leis de direitos humanos.

“Respeitar os padrões de direitos humanos daria às empresas as ferramentas para articular suas posições de maneira a respeitar as normas democráticas e conter o autoritarismo”, acrescentou o especialista da ONU.

“Os Estados são obrigados a garantir que suas políticas online sustentem ambientes favoráveis à liberdade de expressão. O mesmo se aplica às empresas de mídia social, que devem incorporar os princípios relevantes da lei de direitos humanos aos padrões de moderação de conteúdo”, enfatizou.

O relatório do especialista é parte de uma iniciativa mais ampla para examinar os desafios à liberdade de expressão na era digital.



UNAIDS convoca ativistas em Genebra para discutir melhores práticas contra assédio sexual

June 26, 2018 17:11, by ONU Brasil
A parceria entre UNAIDS e sociedade civil continua essencial e, em junho (18 e 19), o programa da ONU e a Rede ATHENA convocaram uma reunião em Genebra, na Suíça, sobre como enfrentar o assédio sexual dentro e fora do programa da ONU. Foto: UNAIDS

A parceria entre UNAIDS e sociedade civil continua essencial e, em junho (18 e 19), o programa da ONU e a Rede ATHENA convocaram uma reunião em Genebra, na Suíça, sobre como enfrentar o assédio sexual dentro e fora do programa da ONU. Foto: UNAIDS

Por décadas, líderes dos direitos das mulheres e organizações da sociedade civil têm trabalhado ativamente para promover a igualdade de gênero. A sociedade civil também tem sido parceira fundamental do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) desde sua criação, em 1996, sendo a única organização das Nações Unidas a incluir organizações não governamentais como participantes ativos em sua Junta de Coordenação.

A parceria entre UNAIDS e sociedade civil continua essencial e, em junho (18 e 19), o programa da ONU e a Rede ATHENA convocaram uma reunião em Genebra, na Suíça, sobre como enfrentar o assédio sexual. O encontro proporcionou uma oportunidade única de diálogo sobre preocupações e questões relacionadas a assédio sexual e igualdade de gênero, além de fornecer informações valiosas sobre como fortalecer o trabalho do UNAIDS nesta área.

“Abordar a questão da violência contra as mulheres é um imperativo dos direitos humanos e uma prioridade para mim. Eu faço um compromisso pessoal para liderar a mudança cultural necessária e implementar as medidas necessárias para prevenir e abordar o assédio sexual dentro do UNAIDS e a violência generalizada contra mulheres e meninas — em toda a sua diversidade — em nossas comunidades”, disse o diretor-executivo do UNAIDS, Michel Sibibé.

O UNAIDS recebeu mais de 30 líderes dos direitos das mulheres e ativistas da sociedade civil para compartilhar boas práticas, articular preocupações e discutir formas de avançar para fortalecer as respostas baseadas em direitos ao assédio sexual e proteger sobreviventes e pessoas que denunciam casos de assédio.

Os participantes expressaram uma ampla gama de perspectivas sobre as ações tomadas até o momento e demonstraram um compromisso compartilhado de trabalhar junto com o UNAIDS para garantir que o assédio sexual dentro e fora do programa da ONU seja abordado e prevenido.

Eles concordaram que as medidas para transformar a cultura organizacional, garantir que os perpetradores sejam responsabilizados e proteger os sobreviventes e denunciantes foram ações centrais a serem cumpridas pelo UNAIDS. Foi enfatizada a importância de não adotar apenas uma abordagem interna, mas também de priorizar esforços para promover a igualdade e a diversidade de gênero e acabar com a violência baseada em gênero, como parte do trabalho do UNAIDS para acabar com a AIDS em todo o mundo.

A Associação de Funcionários do UNAIDS compartilhou os resultados de uma pesquisa recente que revelou que 4% dos funcionários do UNAIDS já sofreram algum tipo de assédio sexual no local de trabalho, mas apenas uma pessoa informou que denunciou o incidente.

A liderança do programa da ONU delineou novas medidas em implementação, incluindo uma linha telefônica confidencial disponível 24 horas, treinamentos e avaliações 360 ​​graus — para impedir qualquer tipo de assédio no UNAIDS —, garantindo que funcionários sejam apoiados em denunciar e que todos os casos denunciados sejam abordados imediatamente. O UNAIDS também lançou recentemente o Plano de Ação sobre Gênero 2018-2023, que inclui uma série de medidas para fortalecer a cultura organizacional.

Durante a reunião, aconteceram discussões entre e com representantes da sociedade civil, que trouxeram suas experiências pessoais, reflexões e contribuições para fortalecer os esforços atuais empreendidos pelo UNAIDS e por outras partes interessadas. A reunião também proporcionou a oportunidade de manter discussões com outras organizações das Nações Unidas baseadas em Genebra que trabalham para eliminar o assédio sexual no local de trabalho.

O UNAIDS disse que continuará engajado com líderes e ativistas dos direitos das mulheres para aprender com suas experiências e utilizar seus conhecimentos no desenvolvimento e na implementação de políticas para enfrentar o assédio no local de trabalho e abordar outras questões mais amplas de desigualdade de gênero, violência baseada em gênero e discriminação como esforços essenciais para acabar com a AIDS.

O programa da ONU tomou uma série de medidas para reforçar sua política de tolerância zero ao assédio. Um plano de cinco pontos está sendo implementado para garantir que todas as formas de assédio e abuso de autoridade sejam identificadas já no início, que as medidas tomadas sejam devidamente documentadas e que a ação siga o processo devido e seja rápida e eficaz, com proteção adequada para sobreviventes e denunciantes.

O UNAIDS também está tornando mais fácil para as pessoas apresentarem denúncias de maneira segura e confidencial por meio de uma linha direta anônima, que está disponível 24 horas por dia, todos os dias, e oferece uma forma alternativa para os funcionários reportarem queixas.

Além disso, o UNAIDS solicitou à Junta de Coordenação do Programa que liderasse um Painel de Especialistas Independentes sobre Assédio para fornecer recomendações de políticas sobre como o UNAIDS pode melhorar sua resposta ao assédio e identificar áreas onde uma reforma seja necessária.

O UNAIDS lançou recentemente seu Plano de Ação sobre Gênero 2018-2023, para garantir a igualdade de gênero no local de trabalho como um direito humano e fundamental para o desempenho e a eficácia do UNAIDS.

“Nosso trabalho com o plano de cinco pontos busca sensibilizar os funcionários para que eles conheçam seus direitos, estejam protegidos, possam denunciar e também tenham o poder de responsabilizar líderes por suas ações. Estamos tomando medidas para evidenciar que nenhuma forma de assédio será tolerada. Estamos fazendo um trabalho importante para garantir uma resposta rápida e eficaz”, declarou Gunilla Carlsson, diretora-executiva do UNAIDS para gestão e governança.



No Dia Laranja, agência da ONU lista os diversos tipos de violência contra as mulheres

June 26, 2018 16:18, by ONU Brasil
A violência contra as mulheres – particularmente a violência por parte de parceiros e a violência sexual – é um grande problema de saúde pública e de violação dos direitos humanos das mulheres. Foto: George Campos/USP Imagens

A violência contra as mulheres – particularmente a violência por parte de parceiros e a violência sexual – é um grande problema de saúde pública e de violação dos direitos humanos das mulheres. Foto: George Campos/USP Imagens

Todo dia 25 de cada mês, a equipe da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil se veste de laranja para marcar sua adesão à iniciativa global “Torne o Mundo Laranja”, da campanha do secretário-geral da ONU “Una-se Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”.

Neste mês, a OPAS/OMS chama atenção para a violência por parte do parceiro, que é uma das formas mais comuns de violência contra a mulher e inclui abuso físico, sexual e psicológico. Ocorre em todos os lugares e entre todos os grupos socioeconômicos, religiosos e culturais.

Formas de violência

A violência contra a mulher por parte do parceiro abrange qualquer comportamento dentro de um relacionamento que cause danos físicos, psicológicos ou sexuais àqueles que estão envolvidos nele.

Exemplos:

• Atos de violência física, como bater e chutar;

• Violência sexual: relações sexuais forçadas e outras formas de coerção sexual;

• Abuso emocional (psicológico), como insultos, menosprezo, humilhação constante, intimidação (destruir coisas, por exemplo), ameaças de danos, ameaças de tirar crianças da mãe;

• Comportamento controlador, como isolar uma pessoa de sua família e amigos; monitorar seus movimentos; e restringir o acesso a recursos financeiros, emprego, educação ou assistência médica.

Quão comum é a violência por parte do parceiro?

Um número crescente de questionários de base populacional tem mensurado a prevalência da violência contra as mulheres por parte dos parceiros. Há um estudo notável da OMS sobre saúde e violência contra as mulheres que coletou dados de mais de 24 mil mulheres em dez países (Bangladesh, Brasil, Etiópia, Japão, Namíbia, Peru, Samoa, Tailândia, antiga união estatal entre a Sérvia e Montenegro e República Unida da Tanzânia), representando assim a diversidade cultural, geográfica e urbana/rural. Esse estudo confirmou que a violência contra a mulher por parte do parceiro é generalizada em todos os países analisados.

Segundo a pesquisa, entre as mulheres que já estiveram em um relacionamento:

• 13%–61% relataram ter sofrido violência física por parte do parceiro;

• 4%–49% relataram ter sofrido violência física grave por parte do parceiro;

• 6%–59% relataram violência sexual por parte do parceiro em algum momento de suas vidas; e

• 20%–75% relataram ter sofrido ao menos um ato emocionalmente abusivo por parte de um parceiro em sua vida.

Pesquisas sugerem que diferentes tipos de violência frequentemente coexistem: a violência física por parte de parceiros geralmente é acompanhada por violência sexual e abuso emocional. No estudo realizado pela OMS em vários países, por exemplo, de 23% a 56% das mulheres já relataram ter sofrido ambos os tipos de violência por parte do parceiro.

Uma análise comparativa dos dados de 12 países da América Latina e do Caribe constatou que a maioria (61%-93%) das mulheres que relataram violência física cometida pelo parceiro nos últimos 12 meses também relataram ter sofrido abuso emocional.

Por que as mulheres não se separam de parceiros violentos?

Evidências sugerem que a maioria das mulheres vítimas de abuso não são vítimas passivas – elas geralmente adotam estratégias para maximizar sua segurança e a de seus filhos. Especialistas argumentam que o que pode ser interpretado como falta de ação de uma mulher, na verdade, pode ser o resultado de uma avaliação calculada sobre como se proteger e proteger a seus filhos. Eles citam evidências de várias razões pelas quais as mulheres podem permanecer em relacionamentos violentos, incluindo:

• Medo de retaliação;

• Falta de meios alternativos de apoio econômico;

• Preocupação com os filhos;

• Falta de apoio da família e de amigos;

• Estigma ou medo de perder a custódia de filhos no divórcio; e

• Amor e a esperança de que o parceiro mude seu comportamento.

Apesar dessas barreiras, várias mulheres vítimas de abuso eventualmente deixam seus parceiros, muitas vezes após várias tentativas e anos de violência. No estudo da OMS feito em vários países, entre 19% e 51% das mulheres que já haviam sido fisicamente abusadas por seus parceiros saíram de casa por pelo menos uma noite, e entre 8% e 21% de duas a cinco vezes. Fatores associados a mulher que deixa o parceiro abusivo permanentemente incluem uma escalada na gravidade da violência; uma percepção de que seu parceiro não vai mudar; e o reconhecimento de que a violência está afetando seus filhos.

Exemplos de normas e crenças que sustentam a violência contra a mulher

• “O homem tem o direito de exercer poder sobre uma mulher e é considerado socialmente superior.”

• “O homem tem o direito de disciplinar fisicamente uma mulher por comportamento ‘incorreto’.”

• “A violência física é uma maneira aceitável de resolver conflitos em um relacionamento.”

• “A relação sexual é um direito do homem no casamento.”

• “A mulher deve tolerar a violência para manter sua família unida.”

• “Há momentos em que a mulher merece apanhar.”

• “Atividade sexual (incluindo estupro) é uma forma de expressar masculinidade.”

• “Meninas são responsáveis por controlar os impulsos sexuais de um homem.”

Quais são as consequências da violência por parte do parceiro?

A violência cometida por parte dos parceiros afeta a saúde física e mental das mulheres por vias diretas, tais como lesões, por exemplo, e por vias indiretas, tais como problemas crônicos de saúde que surgem do estresse prolongado. Vivenciar a violência é, portanto, um fator de risco para muitas doenças e condições. Pesquisas atuais sugerem que a influência do abuso pode persistir mesmo após a interrupção da violência. Quanto mais grave o abuso, maior o impacto sobre a saúde física e mental de uma mulher. O impacto ao longo do tempo de diferentes tipos e múltiplos episódios de abuso pode ser cumulativo.

Lesões e saúde física

Entre os danos físicos resultantes da violência por parte do parceiro, estão: contusões e equimoses; lacerações e escoriações; lesões abdominais ou torácicas; fraturas, ossos e dentes quebrados; danos à visão e audição; ferimentos na cabeça; tentativas de estrangulamento; e lesões nas costas e no pescoço. É comum o aparecimento de doenças que muitas vezes não têm causa médica identificável ou que são difíceis de diagnosticar. Por vezes, são referidas como “distúrbios funcionais” ou “condições relacionadas ao estresse” e incluem síndrome do intestino irritável/sintomas gastrointestinais, fibromialgia, diversas síndromes de dor crônica e exacerbação da asma.

No estudo da OMS com vários países, a prevalência de lesões entre mulheres que sofreram abusos físicos do parceiro variou de 19% na Etiópia a 55% no Peru. As mulheres que sofreram abuso também foram duas vezes mais propensas do que as mulheres não abusadas a relatar problemas de saúde física e mental, mesmo que a violência tenha ocorrido anos antes.

Saúde mental e suicídio

Evidências sugerem que mulheres que são abusadas por seus parceiros sofrem com níveis mais altos de depressão, ansiedade e fobias do que mulheres que nunca sofreram abusos. No estudo da OMS, relatos de sofrimento psíquico, pensamentos suicidas e tentativa de suicídio foram significativamente mais altos entre mulheres que já haviam passado por violência física ou sexual. Além disso, a violência por parte do parceiro também foi relacionada a:

• Abuso de álcool e drogas;

• Transtornos alimentares e do sono;

• Inatividade física;

• Baixa autoestima;

• Transtorno de estresse pós-traumático;

• Tabagismo;

• Autoflagelação;

• Comportamento sexual inseguro.

Saúde sexual e reprodutiva

A violência por parte do parceiro pode acarretar uma série de consequências negativas para a saúde sexual e reprodutiva da mulher, entre elas a gravidez indesejada, aborto inseguro, disfunção sexual, entre outros. Essa violência pode ter um efeito direto em sua saúde sexual e reprodutiva, tal como infecções sexualmente transmissíveis por relações sexuais forçadas, ou um efeito indireto, como por exemplo, dificultando às mulheres a negociação para o uso de anticoncepcionais ou preservativos com seu parceiro.

ODS

Em 2016, a nova agenda global de desenvolvimento foi aprovada por todos os Estados-membros da ONU, com 17 objetivos e 169 metas. A Agenda para o Desenvolvimento Sustentável reconhece a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres como uma prioridade fundamental e promete que “ninguém será deixado para trás”.

Nesta perspectiva, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número cinco inclui metas específicas para eliminar todas as formas de violência contra as mulheres e meninas.



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