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Notícias da ONU

Giugno 11, 2012 21:00 , by Vicente Aguiar - | No one following this article yet.
Notícias do Site Oficial da ONU. http://www.onu.org.br/tema/rio20/

Menina que cumpria medida socioeducativa no DF vence concurso de textos da UNESCO

Agosto 28, 2018 17:27, by ONU Brasil

O livro “Cartas de uma menina presa” reúne troca de correspondências entre a antropóloga brasileira Débora Diniz, da Anis – Instituto de Bioética, e Talia, nome fictício de uma jovem que cumpria medida socioeducativa em Brasília (DF), com quem a pesquisadora manteve contato em 2015.

A publicação – que traz texto vencedor de concurso realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil para homenagear os professores — será lançada nesta terça-feira (28), às 19h, no Café Objeto Encontrado (CLN 102, bl. B, loja 46), na capital federal.

Internautas de todas as idades enviaram textos e/ou vídeos para a página da UNESCO no Facebook, respondendo à seguinte pergunta: “o que faz do meu professor um herói? ”.

Homenageando Débora com o texto abaixo, Talia, que na época era interna na Unidade Socioeducativa Mista de Santa Maria (DF), foi escolhida como vencedora entre os mais de 500 inscritos no Concurso UNESCO Dia dos Professores de 2015.

Leia abaixo o texto vencedor:

“Em um lugar que só tem grades, ela chega com livros nas mãos. Toda frágil, passa pelo corredor pesado de maldades, para na porta do meu quarto e abre um sorriso que reflete um futuro cheio de promessas. Ela diz que sou capaz, que tenho muitas qualidades, que isso vai acabar e que, quando eu estiver em liberdade, poderei recomeçar junto com ela. Às vezes, penso em desistir, mas ela me olha nos olhos e diz ‘eu estou com você’. Sou uma adolescente em conflito com a lei, estudo em escola de cadeia e tenho 18 anos. A minha professora não ensina matérias, mas sentidos para a vida. É isso que a faz minha heroína.”

O concurso faz parte da estratégia da UNESCO de valorizar os professores no mundo e a seleção foi feita por uma comissão julgadora formada por integrantes da UNESCO no Brasil.

Débora Diniz ressaltou a importância do concurso para a jovem. “O Concurso UNESCO Dia dos Professores foi a primeira oportunidade para que Talia apresentasse ao mundo de fora da unidade de internação socioeducativa a força de sua escrita”.

“Por meio da redação, ela apresentou a perspicácia de sua observação da vida em privação de liberdade. A partir daí, a menina se encantou com o poder transformador da educação.”

Talia foi pesquisadora de iniciação científica de ensino médio da Universidade de Brasília e ganhou uma bolsa de estudos em uma universidade privada. O livro “Cartas de uma menina presa” é produto dessa trajetória, em que a escrita desafia as grades, explicou Débora.



UNICEF e parceiros discutem ações para melhorar água e saneamento para venezuelanos em Roraima

Agosto 28, 2018 16:42, by ONU Brasil
Em Roraima, venezuelanos passam por avaliação médica antes de seguir para outras cidades brasileiras - Foto: OIM

Em Roraima, venezuelanos passam por avaliação médica antes de seguir para outras cidades brasileiras. Foto: OIM

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e seus parceiros em Roraima realizaram na semana passada (23) uma reunião para discutir as necessidades de água, saneamento e higiene (Wash, na sigla em inglês) dos imigrantes venezuelanos abrigados no estado.

Agentes governamentais, não governamentais e agências do Sistema ONU que atuam dentro dos abrigos conversaram sobre os principais problemas envolvendo água, saneamento e higiene nas moradias coletivas e receberam orientações de Martin Ede, especialista no tema.

Ede, que é consultor emergencial da ONG Canadem, parceira do UNICEF, explicou que o acesso a água tratada não é um problema para os venezuelanos que vivem em abrigos em Roraima, mas as práticas de higiene e o saneamento, sim.

Durante a reunião, desafios enfrentados diariamente pelos atores que gerenciam os locais de acolhimento foram apresentados. Entre eles, falou-se sobre problemas com descarte de restos alimentares e lixo em geral, disseminação de doenças entre crianças e desafios com a rede de esgoto.

“Como resultado do trabalho que realizamos hoje, teremos uma classificação das ações prioritárias. Vamos saber onde no campo de higiene e saneamento podemos entrar com impacto maior, menos custo e mais eficiência”, disse Ede.

As soluções que serão propostas para os problemas terão como base ações eficazes que já são realizadas nos abrigos e que respeitam as características da população migrante e geográficas de Roraima. Tais pontos também foram levantados durante o encontro.

Como resultado da reunião, um relatório contendo os problemas e soluções será apresentando a todos os parceiros. O próximo passo é colocar em prática as ações. “Como estamos trabalhando com diferentes parceiros, esperamos poder mobilizar os recursos necessários para fazer frente aos problemas. Mas ainda há muito caminho para percorrer antes de atingir o objetivo. Aqui estamos no começo do processo”, explicou Ede.

A consultora do UNICEF para a resposta de emergência em Roraima, Jaqueline Almeida, destacou que as ações vão melhorar a qualidade de vida das famílias e principalmente de crianças que vivem em abrigos. “Hoje temos muitas ocorrências de diarreias, doenças de veiculação hídrica e problemas de higiene, aumentando riscos na população infantil. Juntos estamos trabalhando para encontrar soluções e para que a população não adoeça por precariedade nas condições de higiene”, afirmou.

Participaram da reunião representantes da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), da Organização Internacional para as Migrações (OIM), do Exército Brasileiro, da Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social do Governo de Roraima, da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), da ADRA Brasil, da AVSI Brasil, da Fraternidade Sem Fronteiras e da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional.

Dalva Silva, coordenadora da ADRA Brasil em Roraima, afirmou que a reunião foi proveitosa e destacou a importância da participação de trabalhadores dos abrigos durante a discussão. “É difícil para quem não está dentro dos abrigos discutir políticas. Só quem convive lá conhece a realidade. Agora vamos continuar o projeto em parceria para chegar às ações efetivas”.



Fundo de População da ONU destaca aspectos positivos do envelhecimento populacional para o país

Agosto 28, 2018 16:02, by ONU Brasil
Foto: PNUD Brasil

Foto: PNUD Brasil

A dinâmica populacional brasileira traz oportunidades e desafios socioeconômicos. Diante da expectativa de que, em 21 anos, o país dobre seu contingente de pessoas com mais de 65 anos, é necessário discutir o perfil de suas políticas públicas para esse cenário.

O seminário “Demografia econômica e envelhecimento populacional no Brasil: desafios e perspectivas para políticas públicas”, que aconteceu na semana passada (19), em Brasília (DF), teve como objetivo trazer à luz as inter-relações desse movimento populacional com a economia e potenciais soluções de planejamento.

Organizado por Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, o evento reuniu mais de 120 pessoas entre especialistas, corpo acadêmico, representantes de governo e sociedade civil, apresentando diferentes prognósticos para o futuro da economia brasileira frente ao envelhecimento populacional.

Com apoio do projeto “Transição demográfica: oportunidades e desafios para alcançar os ODS na América Latina e no Caribe”, coordenado pela CELADE — Divisão de População da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) —, a atividade trouxe temas como contas nacionais, transferências inter-geracionais, educação, mercado de trabalho, igualdade de gênero e ajuste fiscal.

Para Jaime Nadal, representante do UNFPA no Brasil, o envelhecimento populacional é um dos processos mais importantes do século 21. O processo de envelhecimento é frequentemente associado aos custos previdenciário e com saúde, à estagnação da produtividade e dos investimentos e à pressão sobre o crescimento potencial. Porém, é também necessário reconhecer e potencializar seus aspectos positivos.

“É necessário compreender que o envelhecimento é o resultado de avanços significativos no desenvolvimento e nas condições de vida dos países. As oportunidades que a demografia apresenta são infindáveis quanto às contribuições de uma população idosa economicamente ativa”, disse.

“O processo de envelhecimento acontece de maneira distinta quando analisada por sexo, raça, níveis socioeconômicos, nos meios rural e urbano. É fundamental que a administração pública leve em conta essas diferenças para que se construa uma política que reduza as iniquidades”, ressaltou o representante do UNFPA.

A janela de oportunidades do chamado bônus demográfico no Brasil está com os dias contados. Os contrastes internos apontam que é fundamental, por um lado, reforçar o investimento na formação de capital humano e modernização do mercado de trabalho para criar oportunidades de desenvolvimento para o grande contingente de pessoas jovens. Ao mesmo tempo, é necessário antecipar as questões relacionadas ao envelhecimento da população, que apresentarão novos desafios para a produtividade, para o modelo de crescimento econômico e para as finanças públicas.

Para Jorge Arbache, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, existe uma dificuldade de se atingir o pleno potencial do trabalhador garantindo-lhe seus plenos direitos. “Por isso, eventos como esse são um passo importante para que se alinhe as demandas e as projeções populacionais no âmbito das políticas públicas para garantir a qualidade dos serviços em caráter nacional”, avaliou o secretário.

De 1950 a 2015, a população brasileira ganhou 24 anos de esperança de vida, aproximadamente quatro anos por década. Na mesa de debates, intitulada “Envelhecimento populacional, transferências inter-geracionais e contas nacionais”, Paulo Saad, diretor da Centro Latino-Americano e Caribenho de Demografia, da CEPAL, apresentou as tendências demográficas na região, incluindo o Brasil.

“O que aconteceu foi uma rápida variação no padrão de crescimento populacional com altas taxas de fecundidade, para uma sociedade onde os nascimentos passaram a decrescer. Isso atrelado ao fato de que a esperança de vida aumenta constantemente, criando uma inversão da pirâmide etária.”

Cássio Turra, professor da do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, da Universidade Federal de Minas Gerais (CEDEPLAR/UFMG), mostrou que, seguindo essa lógica populacional, os programas de transferência de renda no Brasil, que outrora eram destinados para população mais jovens, com a transição, foi se adaptando à população adulta e idosa.

Investir em capital humano e superar as iniquidades

O futuro desta população dependerá diretamente dos investimentos nos mais jovens. Nesse sentido, Eduardo Rios Neto, professor da CEDEPLAR/UFMG; Sergei Soares, ex-diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA); e Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI); debateram as diferentes perspectivas para o sistema educacional no Brasil.

Sob o tema “Investindo em educação: oportunidades e desafios frente ao envelhecimento”, os especialistas abordaram questões como analfabetismo, orçamentos, educação de jovens e adultos, e as distinções entre ensino básico, médio, superior e técnico no país.

Quando se debruça sobre as avaliações sociais e econômicas da população economicamente ativa, pode-se visualizar uma elevação dos potenciais devido à inserção das mulheres no mercado de trabalho e no ensino superior. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), em 2017, mais da metade da população em idade de trabalhar era formada por mulheres, entretanto, os homens representavam 57,2% da parcela da população no mercado de trabalho.

A discussão sobre os impactos das desigualdades de gênero na economia e no processo de envelhecimento populacional foi abordada pelas apresentações da professora Simone Wajnman, professora titular do CEDEPLAR/UFMG; e pela diretora adjunta da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do IPEA, Enid Rocha. A mesa contou com os comentários do professor do Departamento de Economia Universidade de Brasília, Carlos Alberto Ramos.

O desenvolvimento de políticas e ações que visem igualar as oportunidades entre homens e mulheres, seja para proporcionar uma maior participação feminina no mercado de trabalho, seja para igualar a divisão do trabalho doméstico, permite uma melhor preparação para uma sociedade mais envelhecida.

“Ao analisar as transferências de contas nacionais incluindo as transferências de tempo, percebemos que as horas de dedicação aos trabalhos domésticos e aos cuidados, sejam de crianças ou de pessoas idosas, recai majoritariamente sobre as mulheres, em especial naquelas com níveis socioeconômicos mais desfavorecidos”, explicou Simone Wajnman.

Apesar dos avanços observados, as desigualdades de gênero no mercado de trabalho permanecem. Segundo a PNAD Contínua, em 2017, o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos, no Brasil, foi de 2.178 reais. Entre homens, foi de 2.410 reais, enquanto entre as mulheres, de 1.868 reais, o que representava 77,5% do rendimento masculino.

Política econômica, ajuste fiscal e envelhecimento

É importante abordar o envelhecimento considerando a população idosa dinamicamente — com mais esperança de vida, melhores funções e capacidades cognitivas e mais educação e, portanto, com maior capacidade para contribuir produtivamente a sociedade.

A quarta sessão debateu os impactos do processo de envelhecimento na política econômica e fiscal do país. Foram abordados temas como a adaptação tributária que o país tem passado para acompanhar a velocidade das mudanças sociais e como o Brasil pode se preparar do ponto de vista de seguridade social para as próximas décadas.

A discussão contou com Emanuel Dantas, coordenador-geral de Estudos Previdenciários da Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda; Fernando de Holanda Filho, da Fundação Getúlio Vargas; e Ricardo Pena, diretor da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo (FUNPRESP).

Por fim, o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, Jorge Arbache, apresentou uma síntese das discussões realizadas durante o evento e apontamentos para políticas públicas.

O secretário reforçou a importância de um crescimento econômico sustentado e sustentável, que leve em conta as transformações demográficas em curso. Destacou ainda a importância das políticas monetárias e fiscais e da competitividade internacional do Brasil, com uma atuação democrática, aberta e transparente.



Empoderamento e direitos sexuais pautam congresso de ginecologia e obstetrícia em SP

Agosto 28, 2018 14:46, by ONU Brasil
A campanha Ela Decide teve um painel especial durante o 23º Congresso Paulista de Ginecologia e Obstetrícia, realizado pela Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP). Foto: UNFPA Brasil

A campanha Ela Decide teve um painel especial durante o 23º Congresso Paulista de Ginecologia e Obstetrícia, realizado pela Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP). Foto: UNFPA Brasil

A campanha Ela Decide, focada no empoderamento de jovens e mulheres, foi apresentada pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) na sexta-feira (24) durante o 23º Congresso Paulista de Ginecologia e Obstetrícia, na capital paulista.

O evento, realizado pela Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), contou com a presença de profissionais da saúde, médicos e médicas, e adolescentes de várias regiões do estado.

Ao todo, cerca de 150 pessoas tiveram a oportunidade de ampliar o entendimento sobre os desafios específicos das e dos jovens no campo da saúde sexual e dos direitos reprodutivos.

XXIII Congresso Paulista de Ginecologia e Obstetrícia

Estavam presentes as médicas Rossana Pulcineli, Carolina Ambrigini, Carolina Salles, além da influenciadora digital Gabi Oliveira, do canal De Pretas — que apoia a campanha desde seu lançamento, em abril — e de Anna Cunha, oficial do UNFPA. Entre os presentes, cerca de 100 eram jovens e adolescentes de projetos sociais de São Paulo e Campinas.

As especialistas discutiram temas como início da vida sexual, relacionamento com os pais, namoros, infecções sexualmente transmissíveis, contracepção, saúde e direitos. No Brasil, um em cada cinco bebês nasce de mãe com idade entre 10 e 19 anos.

Segundo Anna Cunha, o evento teve como objetivo falar sobre os direitos e cuidados com as mulheres para que elas sejam respeitadas e possam fazer valer as decisões sobre sua sexualidade e seu futuro.

“Para os profissionais da saúde, o importante é não estigmatizar uma adolescente que traz relatos de violência em suas consultas pré-natal”, declarou.

Para Rossana Pulcineli, os meninos também devem apoiar as meninas em suas decisões, e o desafio é fazer as informações chegarem com qualidade ao maior número de pessoas. “A gente precisa se aproximar da população para levar informação de qualidade e fazer a prevenção. A informação para o adolescente precisa ser acessível, sem vergonha e julgamento”.

Os vídeos da campanha, estrelados pelas atrizes Juliana Alves, Bella Piero, por Gabi Oliveira e pela também youtuber Juliana Tolezano, a JoutJout, foram apresentados no encontro.

Gabi Oliveira ressaltou a importância da comunicação com os jovens. “Os adolescentes já têm uma linguagem diferente da minha. Hoje, em uma notícia, as pessoas só leem os títulos e isso é um grande desafio, tanto para uma campanha como para o universo da Medicina, que precisa se adaptar à nova juventude”.

Carolina Salles disse que o papel dos médicos é chegar mais próximo desse público, mostrar todas as formas de cuidados com a sexualidade e o funcionamento dos métodos anticoncepcionais. “Empoderamento é saber o que existe, quais são os métodos disponíveis, e a partir de informações, decidir o que é melhor pra você”.

A médica Carolina Ambrogini ressaltou a importância do prazer e do cuidado com a vida sexual. “Sexo é uma coisa que exige cuidado e tempo. Não pode existir a banalização de algo que por natureza deve ser gostoso e prazeroso”.

Mais informações sobre a campanha estão disponíveis no site eladecide.org.



Relatório da ONU indica possíveis crimes de guerra no Iêmen

Agosto 28, 2018 14:22, by ONU Brasil
Carros e caminhões aguardam na fila para atravessar ponte atingida por ataque aéreo em 2016. A rodovia é uma das quatro que ligam Hodeida ao restante do país. Foto: OCHA/Giles Clarke

Carros e caminhões aguardam na fila para atravessar ponte atingida por ataque aéreo em 2016. A rodovia é uma das quatro que ligam Hodeida ao restante do país. Foto: OCHA/Giles Clarke

Grupos de ambos os lados do conflito no Iêmen cometeram — e continuam cometendo — possíveis crimes de guerra e outras violações com “total desrespeito” ao sofrimento de milhões de civis, disseram nesta terça-feira (28) investigadores de direitos humanos indicados pela ONU.

Criado no ano passado pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, com sede em Genebra, o grupo de peritos para o Iêmen analisou violações e abusos do direito internacional dos direitos humanos, direito humanitário e direito penal, realizando mais de uma dezena de visitas ao país devastado pela guerra e a Estados vizinhos.

“O grupo de especialistas tem motivos razoáveis ​​para acreditar que os governos do Iêmen, dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita sejam responsáveis ​​por violações dos direitos humanos”, disse Charles Garraway, membro do painel, a jornalistas em Genebra.

Voltando-se para as forças da oposição houthi, descritas como “autoridades de fato”, Garraway acrescentou que o painel da ONU também tem “motivos razoáveis ​​para acreditar que as autoridades de fato são responsáveis, nas áreas em que exercem controle, por violações dos direitos humanos”.

As conclusões dos especialistas cobrem a situação no Iêmen de setembro de 2014 a junho de 2018.

As raízes do conflito remontam às revoltas de 2011, mas os combates aumentaram em março de 2015, quando uma coalizão internacional liderada pela Arábia Saudita interveio militarmente a pedido do presidente do Iêmen contra as forças de oposição “Houthi-Saleh” — uma referência ao ex-presidente iemenita Ali Abdallah Saleh.

Nos últimos anos, o conflito foi marcado por repetidos ataques aéreos contra espaços públicos, incluindo mercados, cemitérios, barcos civis, centros de detenção e hospitais.

Na semana passada, um ataque aéreo na província de Hodeida, no oeste do Iêmen, matou pelo menos 26 crianças e quatro mulheres.

O relatório observa que os ataques aéreos da coalizão causaram a maior parte das vítimas civis, dando ao painel da ONU “motivos razoáveis” para acreditar que estes ultrapassaram os principais limites dos crimes de guerra.

“Indivíduos do governo do Iêmen e da coalizão, incluindo a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, podem ter realizado ataques violando os princípios de distinção, proporcionalidade e/ou proporção, o que pode equivaler a crimes de guerra”, disse Garraway, acrescentando que uma lista confidencial de nomes seria entregue ao Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), aguardando novas investigações.

“É preciso mais informação sobre alguns incidentes documentados pelo grupo de peritos para estabelecer responsabilidades”, disse o painel da ONU em um comunicado, antes de pedir ao Conselho de Direitos Humanos que renove seu mandato na próxima reunião do mês que vem.

“Há pouca evidência de qualquer tentativa das partes em conflito de minimizar as baixas civis. Eu os chamo a priorizar a dignidade humana neste conflito esquecido”, disse Kamel Jendoubi, presidente do grupo.

De acordo com o escritório de direitos humanos da ONU, desde março de 2015 até 23 de agosto de 2018, 6.660 civis foram mortos e 10.563 feridos; no entanto, os números reais provavelmente são significativamente maiores.

Apesar das reuniões oficiais com funcionários da coalizão em Riad e Omã, Garraway disse que informações insuficientes haviam sido fornecidas sobre como os ataques aéreos são planejados e realizados.

“Se houver falhas sistemáticas no processo de seleção dos alvos, provocando vítimas civis além do que se poderia esperar, então, esse processo precisa ser examinado”, disse ele. “E onde há falhas, elas precisam ser abordadas e corrigidas. Não vimos nenhum sinal de que tenha havido qualquer tentativa de fazer isso”.

Segundo o painel da ONU, mais de 22 milhões de pessoas continuam em necessidade de ajuda humanitária no Iêmen; a maior parte, mulheres e crianças.

Mesmo antes do conflito, o Iêmen era um dos países mais pobres do mundo, importando quase toda comida, combustível e remédios. Em novembro de 2017, os civis foram ainda mais afetados por um “bloqueio total em todas as fronteiras do país, impedindo que ajuda humanitária e mercadorias, incluindo alimentos e combustível, entrassem no país”, observou o relatório do grupo de peritos.

O papel da oposição houthi de provocar a maior parte das mortes civis relatadas em bombardeios e de restringir o acesso de alimentos e de ajuda também foi destacado, particularmente para populações civis em Taiz, uma cidade de localização estratégica entre Sanaa e as cidades portuárias de Áden e Hodeida.



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