Chefe de direitos humanos da ONU pede investigação do TPI sobre crise rohingya em Mianmar
July 4, 2018 17:09
Crianças coletam água limpa e segura no campo de Kyein Ni Pyin, que abriga quase 6 mil rohingya deslocados pela violência no estado de Rakhine, em Mianmar. Foto: UNICEF/Thame
As autoridades de Mianmar deveriam ter vergonha depois de tentar convencer o mundo de que estão tentando receber de volta centenas de milhares de refugiados que fugiram de uma campanha de “limpeza étnica” no ano passado, dado que nenhum retornou oficialmente ao país, disse o chefe de direitos humanos da ONU nesta quarta-feira (4).
Falando ao Conselho de Direitos Humanos da ONU após uma atualização sobre a crise de refugiados que viu mais de 700 mil rohingya fugirem de Mianmar a Bangladesh para escapar de uma onda de violência por parte das forças militares, Zeid pediu que o Conselho de Segurança encaminhe o país ao Tribunal Penal Internacional (TPI) imediatamente.
“Não somos idiotas”, disse o alto-comissário da ONU para os direitos humanos, respondendo aos comentários de autoridades de Mianmar, segundo as quais o país estaria comprometido com a defesa dos direitos humanos.
Isso, segundo Zeid, “quase cria uma nova categoria de absurdo” — a primeira durante seu mandato como a principal autoridade de direitos humanos da ONU.
“Nos quatro anos em que tenho sido alto-comissário da ONU, ouvi muitas alegações absurdas”, disse ele. “Essa afirmação, que acabei de citar agora, quase cria uma nova categoria de absurdo. Tenham vergonha, senhores. Tenham alguma vergonha. Não somos idiotas”.
Mais cedo durante a reunião do Conselho de Direitos Humanos, Zeid disse que Mianmar “gastou considerável energia” desafiando acusações de que suas forças de segurança realizaram limpeza étnica contra a população rokingya, majoritariamente muçulmana.
Em janeiro, disse ele, o governo de Mianmar assinou um acordo de repatriação com Bangladesh, que continua a abrigar comunidades que fugiram de suas casas desde agosto do ano passado.
Apesar desse acordo, “nenhum refugiado rohingya retornou sob as diretrizes formais fechadas com Bangladesh”, disse Zeid, enquanto “muitos, se não todos, dos que retornaram foram detidos”.
Citando um exemplo, o alto-comissário da ONU para os direitos humanos disse que, entre janeiro e abril deste ano, 58 rohingya que retornaram foram presos e condenados sob acusações não especificadas.
“Eles receberam um perdão presidencial, mas simplesmente foram transferidos da prisão de Buthidaung (no norte da província de Rakhine) para um denominado ‘centro de recepção'”, explicou.
Enquanto isso, mais rohingya continuam buscando abrigo em Bangladesh, continuou Zeid, notando que, até meados de junho, houve 11,4 mil novas chegadas ao país.
Sobre a questão do envolvimento do TPI na questão, Zeid observou que os resultados de sua missão de levantamento de fatos em Mianmar deveriam ser enviados “em questão de semanas”.
O oficial da ONU também repetiu um pedido de acesso ao estado de Rakhine, no norte do país, em nome do Conselho de Direitos Humanos e do próprio Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
Mianmar deveria autorizar esse acesso, “em vez de criar uma falsa comissão nacional atrás da outra”, disse o alto-comissário da ONU, em referência ao recente anúncio do país de que pretendia criar uma Comissão Independente de Inquérito para investigar ataques cometidos por militantes rohingya do grupo conhecido como Exército da Salvação Arakan Rohingya (ARSA) no ano passado.
Enquanto o governo alegou que os ataques cometidos por esses militantes eram a causa da crise atual, o chefe de direitos da ONU explicou que isso não era possível, já que “ciclos de violência” contra os rohingya “são muito anteriores ao ARSA, que teria sido estabelecido em 2013”.
Com exceção de reuniões especiais convocadas pelo Conselho após sua 38ª sessão, este discurso de Zeid foi o último em sua posição de alto-comissário da ONU para os direitos humanos antes de deixar o cargo.
Observando isso, ele advertiu que “se um Estado-membro desta Organização pode expulsar 700 mil pessoas em quase três semanas, com uma resposta praticamente mínima da comunidade internacional, então, quantos outros membros desta câmara estão começando a pensar em algo semelhante?”.
Mianmar, falando como um país envolvido, disse que muitas das alegações no discurso de Zeid eram incorretas e enganosas. A delegação do país afirmou que o ARSA cometeu atrocidades hediondas e chocantes, acrescentando que a causa da tragédia atual era o terrorismo. Sobre o tema da repatriação, Mianmar disse estar fazendo o máximo para repatriar as pessoas deslocadas o mais rápido possível.
OCDE e FAO veem alta de 17% da produção agrícola e pesqueira na América Latina até 2027
July 4, 2018 15:51
Colheita de soja em fazenda localizada no município mato-grossense de Rondonópolis, um dos principais pólos produtivos do país. Na década de 1990, a cidade chegou a ser denominada capital nacional do agronegócio Foto: EBC/Roosewelt Pinheiro
A produção agrícola e pesqueira na América Latina e no Caribe crescerá 17% nos próximos dez anos, segundo novo relatório publicado na terça-feira (3) por Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Mais da metade desse crescimento (53%) pode ser atribuído a um aumento na produção agrícola, cerca de 39% devido ao setor pecuário, e os 8% restantes como resultado da expansão da produção pesqueira.
De acordo com o relatório Perspectivas Agrícolas 2018-2027, a produção total na região deverá crescer 1,8% ao ano até 2027. Cerca de 60% desse crescimento ocorrerá devido a melhoras no rendimento, que irão aumentar em média 11% na região durante a próxima década. As mudanças mais importantes são esperadas para os setores de cereais e oleaginosas, e o restante da expansão da produção agrícola será resultado de uma ampliação na área colhida.
O uso agrícola da terra na região aumentará em aproximadamente 11 milhões de hectares e aproximadamente a metade será para a produção agrícola. O cultivo de soja representará a maioria (cerca de 62%) da expansão da área cultivada na região.
Soja vai liderar a expansão da área da região
O relatório da OCDE/FAO indica que o Paraguai vai expandir significativamente sua área de cultivo de soja. O Brasil vai aumentar a plantação múltipla (na mesma terra) de soja e milho, enquanto a ampliação regional do cultivo será motivada pela demanda regional por alimentos e pela crescente demanda global pelo produto.
Embora cerca de 46% da produção de soja da região seja exportada, principalmente para a China, aproximadamente 54% da produção total de soja será processada na região para gerar farinha e óleo. Espera-se que a demanda chinesa por importações diminua, o que terá repercussões para fornecedores importantes como o Brasil.
O Brasil é destacado pelo relatório como um dos países que irá desempenhar um papel fundamental como um dos principais fornecedores de alimentos para o mundo todo, juntamente com Rússia, Índia, China, Europa Ocidental e Estados Unidos.
Produção de carne na região crescerá 19%
A produção de carne na região expandirá 19% para atender o forte crescimento da demanda global e regional. Enquanto o consumo regional de carnes aumentará em cerca de 8 milhões de toneladas (17%) até 2027, a produção regional será cada vez mais orientada para as exportações.
As exportações de carne da região aumentarão em quase 3 milhões de toneladas em 2027, representando um crescimento de 31% em relação ao período base 2015-17, uma expansão quatro vezes maior do que a dos últimos dez anos. Três quartos deste crescimento de exportação virão do Brasil.
Também se espera um crescimento do setor lácteo regional. No entanto, a maior parte da produção será consumida na região. Até 2027, o consumo total de produtos lácteos aumentará em 18%, com produtos lácteos frescos representando a maior parte da demanda adicional. Como resultado, o crescimento da produção regional de manteiga, queijo e leite em pó desnatado deverá diminuir nos próximos anos.
Preferência pelo doce permanecerá problemática
A região continuará a ser a maior consumidora mundial de açúcar em termos per capita. O consumo de açúcar e óleo vegetal continuará crescendo em termos per capita e a uma taxa mais rápida do que na década anterior. Cerca de 18% do aumento esperado na disponibilidade calórica per capita total virá desses dois produtos básicos. Como resultado, os altos níveis de obesidade na região devem persistir.
Espera-se uma expansão significativa da produção aquícola no Brasil e no Chile, com um crescimento total da produção de 43%, o que faz com que a região continue sendo a segunda maior produtora de pescado do mundo depois da Ásia.
A maior parte dessa expansão servirá para atender à crescente demanda regional por peixe, já que o consumo de alimentos per capita deverá crescer 13% na próxima década. Se a China implementar integralmente as disposições pesqueiras do seu 13º Plano Quinquenal, suas exportações de produtos de pesca capturada e de produtos aquícolas diminuiriam substancialmente, abrindo novas oportunidades de mercado para a América Latina.
Espera-se que a região continue a ser um fornecedor global importante de vários produtos alimentícios, respondendo por 56%-59% do comércio mundial de soja e açúcar e 30% do comércio mundial de carne até 2027.
As políticas comerciais atuais da Argentina, como a eliminação dos impostos sobre a exportação de milho e trigo, devem incentivar a produção orientada para a exportação desses produtos. Com os Estados Unidos classificando o etanol de cana como um combustível renovável avançado, incentivando as importações do Brasil, a posição da região como exportadora líquida de etanol se fortalecerá nos próximos dez anos, com o valor comercial líquido crescendo 11% anual.
ONU lança campanha para ampliar participação de brasileiros na organização
July 4, 2018 15:44O Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) lança nesta semana uma iniciativa que busca aumentar o número de brasileiros que trabalham na organização.
A campanha digital disponibilizará ao longo dos próximos meses depoimentos de brasileiros que ocupam diferentes postos na ONU em todo o mundo.
As Nações Unidas publicam periodicamente uma lista de países que não são representados ou são sub-representados nos postos de trabalho da organização. Atualmente, 65 países constam na lista, incluindo o Brasil.
Com o objetivo de aumentar a representação brasileira no quadro de funcionários da ONU, o UNIC Rio divulgará esta série de depoimentos de brasileiros na ONU, compartilhando suas trajetórias, motivações e experiências.
As áreas de atuação são as mais diversas, como logística, comunicação, administração, finanças, psicologia, relações-públicas e direito, entre outras.
O Brasil conta com 270 militares servindo em operações de paz como soldados, funcionários e policiais.
Entre os civis há, só no Secretariado das Nações Unidas, 187 brasileiros trabalhando. Existem, no entanto, brasileiros atuando nas várias agências, missões, fundos e programas da organização.
Acesse o primeiro vídeo da campanha abaixo e outras informações sobre a iniciativa em https://nacoesunidas.org/brasileirosnaonu.
Centro de Informação da ONU realiza conversa informativa com estudantes do Cefet-RJ
July 4, 2018 15:29Alunos do curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas às Negociações Internacionais (LEANI) do Cefet/RJ se reuniram no início de junho (8), na sede do Centro de Informação da ONU para o Brasil (UNIC Rio), no Rio de Janeiro, para uma conversa informativa com o diretor do UNIC Rio, Maurizio Giuliano.
Evento aconteceu devido ao grande interesse dos jovens em trabalhar nas Nações Unidas.
Os estudantes puderam adquirir conhecimento sobre oportunidades de carreira, salários, mecanismos de admissão, elementos essenciais para se candidatar a uma vaga, bem como esclarecer qualquer tipo de dúvida a respeito da ONU.
“Eu não tinha consciência da grande importância da língua francesa e das possibilidades maiores de emprego em países com mais riscos, que são exatamente os que me interessam”, disse Natalia Del Cueto, alune do curso, que afirmou ter interesse na área de gestão e na ONU Mulheres. “Atualmente, eu gostaria de trabalhar na África ou no Oriente Médio”, contou.
O curso LEANI corresponde a uma formação cujo eixo é a aprendizagem de três línguas estrangeiras (inglês, francês e espanhol) e suas respectivas culturas, para aplicação em contextos de negociações internacionais, empresas e demais tipos de organizações.
Os alunos também fizeram perguntas sobre a trajetória profissional de Maurizio, que descreveu seus trabalhos anteriores e deu dicas sobre como construir um bom currículo, ratificando a importância do trabalho voluntário, especialmente em outros países.
“Não é fácil entrar na ONU sem uma experiência profissional internacional”, observou o diretor do UNIC Rio. “O trabalho voluntário, sem dúvidas, ajuda muito”, completou, encorajando os jovens a se cadastrar no programa de voluntariado das Nações Unidas.
Ao final da conversa informativa, Maurizio Giuliano também incentivou os estudantes a aplicar para o programa de estágio oferecido pelo UNIC Rio.
Novas conversas informativas com o diretor do UNIC Rio serão oferecidas como parte da iniciativa Brasileiros na ONU (saiba mais clicando aqui); interessados podem se inscrever através do link https://goo.gl/P6xCpo.