ONU: Nicarágua precisa impedir assassinatos de manifestantes e buscar solução política
Luglio 17, 2018 15:57
Manifestantes em Manágua participam de protesto pedindo o fim da violência na Nicarágua. O cartaz diz “esta luta é não violenta” em espanhol. Foto: Artículo 66
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu na noite de segunda-feira (16) que o governo nicaraguense ponha fim à violência contra manifestantes que custou cerca de 280 vidas e dê início a um diálogo político para acabar com a crise que atinge o país há quase três meses.
Em visita à Costa Rica, Guterres disse que era uma “responsabilidade essencial do Estado proteger seus cidadãos, e esse princípio básico não poderia ser esquecido, especialmente quando, infelizmente, temos um número de mortos absolutamente chocante”.
Ao menos 12 pessoas foram assassinadas durante o último fim de semana no país, a maioria manifestantes atacados por policiais e paramilitares pró-governo. Os protestos começaram em abril como uma rejeição à proposta de reforma previdenciária, mas ganharam corpo e agora exigem a renúncia do presidente Daniel Ortega.
O chefe da ONU disse a jornalistas na segunda-feira (16) que “é essencial que a violência acabe imediatamente e que o diálogo político, o diálogo nacional, seja restaurado, porque só uma solução política é aceitável para a Nicarágua”.
Guterres afirmou que não era um “apoiador de análises simplistas de problemas complexos, mas que uma coisa era óbvia: há um número chocante de mortos devido ao uso da força por parte de instituições estatais, o que não é aceitável”.
Suas palavras foram corroboradas pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) nesta terça-feira (17) em Genebra, onde o porta-voz Rupert Colville lembrou o “crescente clima de medo e desconfiança” no país e pediu que a segurança dos manifestantes seja garantida, assim como seu direito à liberdade de expressão.
“A terrível perda de vidas deve parar — agora”, disse ele. “A violência é ainda mais horrível, já que elementos armados leais ao governo estão operando com o apoio ativo ou tácito da polícia e de outras autoridades estatais”.
Entre aqueles que perderam a vida protestando no fim de semana, dois morreram ao ser alvo de tiros na Igreja da Divina Misericórdia, na capital Manágua, onde manifestantes buscaram refúgio depois que a universidade que ocupavam foi atacada.
Dos que morreram nas manifestações até o momento, pelo menos 19 eram policiais, disse Colville, acrescentando que a polícia, junto com grupos armados pró-governo, removeram à força as barricadas erguidas por manifestantes e comunidades nas chamadas operações “comunidade limpa”.
Em meio a relatos de que manifestantes foram alvo de inúmeras violações de direitos, incluindo tortura e execuções extrajudiciais, o porta-voz do ACNUDH disse que há preocupações crescentes de que a violência se intensifique à medida que a Nicarágua se prepara para o Dia da Libertação, na quinta-feira (19), data que marca a derrubada do regime de Somoza em 1979 pelos sandinistas.
“Estamos expressando preocupação de que essa situação possa piorar”, disse Colville.
Desconsiderando alegações do governo segundo as quais os manifestantes estariam buscando uma mudança de regime, o porta-voz do ACNUDH acrescentou que não havia “oposição unida” e “nenhuma oposição armada”.
“Certamente, não é uma insurreição neste momento”, acrescentou, “apesar de essas acusações estarem sendo feitas pelas autoridades”.
A legislação antiterrorista aprovada na segunda-feira (16) pelo Congresso nicaraguense também representa uma ameaça potencialmente preocupante à liberdade de expressão, disse Colville.
Ele citou a formulação muito vaga do artigo 394 e sua definição de terrorista como alguém que deixa mortos ou feridos ou destrói propriedade pública ou privada.
“Esse texto é muito vago, permitindo interpretações que podem incluir pessoas que estão simplesmente exercendo seu direito de protestar”, disse o porta-voz do ACNUDH.
Há também preocupações de que os defensores dos direitos humanos tenham sido submetidos a desaparecimentos forçados, como nos casos de Medardo Maireno e Pedro Mena.
De acordo com o ACNUDH, a polícia os deteve na sexta-feira (13), no aeroporto de Manágua, e suas famílias até agora não foram informadas de seu paradeiro, apesar de repetidas ordens judiciais.
Em Brasília, especialistas discutem papel da cultura na construção de cidades sustentáveis
Luglio 17, 2018 14:59
Vista aérea de Brasília. Foto: Agência Brasil
Especialistas e gestores discutem nesta semana, em Brasília, o papel da cultura na construção de cidades mais sustentáveis. Até amanhã (18), o governo do Distrito Federal, em parceria com a UNESCO, realiza o Encontro Internacional sobre Cultura, Desenvolvimento e Território, no Museu Nacional da República.
Dando visibilidade para iniciativas inovadoras de governos, pesquisadores e sociedade civil, o evento discute como ações culturais e criativas impactam o desenvolvimento das cidades. Estratégias combinam experiências de política cultural, gestão e ativismo social.
Na avaliação da UNESCO, a programação favorece o debate entre perspectivas locais, nacionais e internacionais. O encontro também fortalece o entendimento da cultura como fator essencial para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS), em particular o ODS nº 11, sobre cidades e assentamentos humanos sustentáveis.
A iniciativa na capital federal é realizada pela Secretaria de Estado de Cultura do DF, com a agência da ONU e o Observatório de Políticas Culturais da Universidade de Brasília (UnB).
Acesse o cronograma de atividades clicando aqui.
ARTIGO: Em ano de Copa, como estamos no placar da igualdade de gênero?
Luglio 17, 2018 14:37
Manifestação de mulheres e meninas em Nova Jersey, nos Estados Unidos, este ano. Foto: Flickr/Joan Eddis-Koch (CC)
Por Paula Tavares*
Finda a Copa e as emoções que ela provoca, voltamos à realidade do dia a dia. A cada quatro anos, independentemente dos resultados, o ano é sempre lembrado por este grande evento mundial.
Mas neste ano, não é só isso. No cenário mundial e no Brasil, estamos presenciando os desdobramentos de um importante movimento feminista, que também está fazendo história.
No encalço de 2017, um ano marcado por grandes discussões sobre a igualdade de gênero, o feminismo está novamente em voga. Neste contexto, é importante lembrar como é recente a evolução dos direitos da mulher, e avaliar em que pé estamos no placar da igualdade de gênero.
Em 1958, o Brasil ganhou a primeira Copa do Mundo. As mulheres então já haviam conquistado o direito ao voto, mas ainda eram, por lei, consideradas relativamente incapazes. Para trabalhar ou viajar, precisavam da permissão do marido. Não podiam exercer o pátrio poder e não tinham controle nem sobre seu próprio dinheiro.
Em 1962, quando o Brasil conquistou seu segundo título mundial, registrou-se também um grande marco para a igualdade de gênero no Brasil: as mulheres casadas adquiriram a plena capacidade, podendo então trabalhar sem autorização do marido, exercer o pátrio poder e administrar seus bens próprios.
Em 1970, ano do tricampeonato brasileiro, a mulher casada ainda tinha a obrigação, por lei, de adotar o patronímico do marido. Mas foi nessa década que se fortaleceram os movimentos sociais, feministas e de promoção da igualdade de gênero em todo o mundo, inclusive no Brasil. Daí em diante foram 24 anos até o Brasil conquistar novamente a taça.
Durante esse período, o movimento pela igualdade de gênero iniciado mundialmente nos anos 1950 culminou com a adoção, em 1979, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. Promulgado no Brasil em 1984, foi o primeiro tratado internacional dispondo amplamente sobre os direitos humanos da mulher e reconhecendo a necessidade de se eliminar quaisquer discriminações entre gêneros.
Apesar disso, foi só em 1988, com a nova Constituição, que se consagrou no Brasil a igualdade plena entre homens e mulheres em direitos e obrigações, derrubando tacitamente dispositivos discriminatórios ainda existentes no antigo Código Civil de 1916.
Até então, apenas o homem era considerado chefe de família e único responsável por administrar o lar e o patrimônio conjugal. Mas foi só em 2002, quatro anos depois, quando também o Brasil conquistou seu último Mundial, que promulgou-se o novo Código Civil, finalmente eliminando de maneira formal esses mesmos dispositivos.
Do ponto de vista jurídico, a igualdade entre homens e mulheres no Brasil é quase plena. Mas a realidade na prática é diferente. No Brasil, as mulheres são hoje mais da metade da população. Ainda assim, elas representam apenas 43% da força de trabalho, menos de 15% dos parlamentares e ganham, em média, 25% a menos do que os homens. Esses dados, chocantes, mostram a enorme disparidade, ainda hoje, entre as conquistas dos homens e das mulheres.
Desde 2010, o estudo Mulheres, Empresas e o Direito do Banco Mundial acompanha o avanço da igualdade de gênero nos direitos nacionais e o impacto da lei na inserção econômica, política e social das mulheres. A análise mostra que, no Brasil, faltam instrumentos para coibir a discriminação histórica oriunda dos papéis de gênero, bem como garantir oportunidades iguais para as mulheres em todas as esferas da vida.
Quase 40 anos depois da adoção da Convenção da Mulher, temos ainda um longo caminho a percorrer para se alcançar a plena igualdade de gênero. Para acelerar esse processo, a Organização das Nações Unidas lançou, em 2015, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, uma nova rodada de objetivos específicos, entre os quais inclui-se “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”
Neste ano de Copa, é importante também tomarmos essa agenda como de suma relevância para o Brasil. Podemos nos mirar no país vencedor deste ano, que historicamente tem estado à frente em igualdade de gênero, e continua ganhando.
Enquanto o Brasil caiu 11 posições no ranking de igualdade de gênero do Fórum Econômico Mundial entre 2016 e 2017, a França subiu seis posições.
O ranking, que analisa se os países proporcionam acesso aos seus recursos e oportunidades equitativas entre homens e mulheres, reflete, em seus resultados, a priorização nas políticas públicas da promoção e defesa dos direitos das mulheres.
Por isso, hoje, da mesma forma com que contamos, como bons torcedores, que daqui a quatro anos o Brasil será hexacampeão, devemos confiar que poderemos também comemorar no Brasil conquistas de uma efetiva igualdade entre gêneros.
*Paula Tavares é advogada e especialista em gênero do Banco Mundial
Relator da ONU lança desafio para jovens sobre saneamento e direitos humanos
Luglio 17, 2018 14:30
De acordo com a ONU, 2,5 bilhões de pessoas ainda sofrem com a falta de acesso a serviços de saneamento básico. Foto: UNICEF/Karin Schermbrucker
O relator especial da ONU Léo Heller anunciou neste mês (12) uma competição para jovens de todo o mundo. O prêmio: uma viagem para Genebra, onde o vencedor participará de um evento das Nações Unidas. Para participar, pessoas com idade entre 15 e 24 anos devem criar um post original no Facebook, Twitter, YouTube ou Instagram, em que demonstrem seus conhecimentos e sua paixão pelo tema dos direitos humanos a água e saneamento.
Saiba como participar:
A publicação pode ser feita na rede social de preferência do participante. O conteúdo pode ter qualquer idioma ou formato (fotografia, vídeo, texto e/ou combinações dos três). O tamanho e/ou a duração dos posts são limitados pela própria plataforma de postagem.
Ao publicar o post, o competidor deve compartilhá-lo com uma das contas do relator especial — @UNSRwatsan no Instagram ou @SRwatsan no Facebook e Twitter. Também é necessário usar a hashtag #Youth4watsan (do inglês, que significa “jovens pela água e saneamento”) e marcar a conta do relator. Léo Heller é relator especial da ONU para os direitos humanos a água e saneamento.
O prazo para fazer a publicação e entrar no desafio é 6 de agosto. O vencedor será escolhido com base na sua compreensão dos direitos a água e saneamento e também na criatividade do post. O participante campeão deve expressar claramente o que significam esses direitos para a juventude.
Prêmio
O vencedor da competição será anunciado em 12 de agosto, Dia Internacional da Juventude. O campeão será convidado para participar de um evento paralelo da 39ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. O ganhador apresentará sua publicação na rede social e falará sobre a situação dos direitos humanos a água e saneamento em seu país de origem.
A premiação cobrirá todos os gastos da viagem. As datas estimadas para a ida a Genebra são 10 ou 11 de setembro deste ano (a confirmar).
Se o vencedor for menor de idade, terá de ser acompanhado por um de seus pais ou responsável legal. O campeão tem a responsabilidade de obter visto e cobertura de seguro.
Em caso de dúvidas sobre a competição, contate a equipe do relator especial por meio do e-mail srwatsan@ohchr.org ou de suas redes sociais.
Saiba mais sobre o trabalho da relatoria das Nações Unidas sobre água e saneamento clicando aqui.
Projeto apoiado pelo Criança Esperança inaugura sede própria no DF
Luglio 17, 2018 13:10Clique para exibir o slide.O Instituto Proeza inaugura nesta terça-feira (17) no Recanto das Emas, no Distrito Federal, sua primeira sede própria. Fundada em 2003, a organização da sociedade civil trabalha com o atendimento e o empoderamento de mulheres em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, e também com crianças e adolescentes.
“É a realização de um sonho”, diz a diretora-presidente e cofundadora do instituto, Katia Ferreira, sobre a nova sede. Isso só foi possível porque a entidade recebeu apoio do Criança Esperança em 2015, momento da celebração dos 30 anos do programa.
“O Criança Esperança para nós foi um mergulho do qual todos saímos transformados. E eu não me refiro somente às pessoas da minha equipe e a nossos voluntários, mas a todos os que se beneficiam das atividades que oferecemos no Instituto Proeza”, diz Katia.
Atualmente, a organização apoia 68 mulheres bordadeiras, ensina balé para 40 crianças e oferece cursos de preparação para o vestibular (Pré-Vestibular Social) para 84 jovens da comunidade.
Além disso, o Proeza desenvolve o programa Boa, Garota!, uma ação que atende 20 meninas de 9 a 13 anos em situação de vulnerabilidade e que, muitas vezes, repetem as histórias de violência familiar, envolvimento com drogas e gravidez na adolescência vividas por suas mães. Em breve, o instituto também passará a oferecer aulas de canto e oficinas de escrita criativa.
O Proeza criou também um programa de voluntários para estimular e orientar jovens que estão entrando na universidade e iniciando uma profissão. A seleção dos voluntários para atuarem como professores ou tutores é realizada de forma criteriosa.
“Eu seleciono os professores e os cursos como se fossem para meus filhos frequentarem, sempre pensando na qualidade”, explica Katia.
Os índices de aprovação dos alunos que frequentam o Pré-vestibular Social, em especial na Universidade de Brasília (UnB), são altos e têm estimulado os professores e os alunos do curso: quase 50% deles entram nas universidades.
Desde 2016, quando a atividade começou, dos 52 alunos que frequentam o curso, 24 foram aprovados na UnB e na Universidade Federal de Goiás (UFG), e uma aluna entrou como bolsista em uma faculdade particular.
História
“O Instituto Proeza desenvolve um trabalho de excelência no resgate da autoestima dessas mulheres e empodera crianças e jovens na construção de novos caminhos de vida, criando oportunidades”, destaca a representante interina da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.
Desde a sua criação, o Instituto Proeza trabalha com mulheres vítimas de violência doméstica e com crianças e jovens moradoras do Recanto das Emas, comunidade em situação de vulnerabilidade social.
Entre os projetos desenvolvidos pelo instituto, está o Mulheres e Crianças na Escola, com aulas de apoio escolar, balé e jiu-jitsu para os filhos e filhas das bordadeiras.
Em 2015, por meio da seleção especial para celebrar os 30 anos do Criança Esperança, a organização obteve apoio para a construção de sua sede, e inseriu em seu rol de atividades o Pré-Vestibular Social.
A inauguração da sede do Instituto Proeza contou com a colaboração de parceiros – pessoas físicas e jurídicas –, entre eles: o Programa Criança Esperança, uma parceria da Globo com a UNESCO; o Grupo dos Cônjuges de Chefes de Missão (GCCM); a Fundação Interamericana; a Zardo Arquitetura; a MeiaUm Arquitetura; o Instituto CR Almeida.
Outros parceiros incluíram o Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM/UnB); a Fundação Banco do Brasil (FBB); a Green Construção Sustentável; a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec). Além destes, outros colaboraram com produtos de suas empresas: São Geraldo; Cecin Sarkis; Ciplan; Fundex; Capézio Conceito; GPS Foundation; Vitral; e, Taguatinga Shopping.
Sobre o Criança Esperança
Há mais de 30 anos, o Criança Esperança cria oportunidades de desenvolvimento para crianças, adolescentes e jovens. Até agora, mais de 320 milhões de reais em doações foram investidos no Brasil, em mais de 5 mil projetos sociais, beneficiando mais de 4 milhões de crianças e adolescentes em todo país.
Os recursos arrecadados são depositados na conta da UNESCO, que é responsável pela seleção de projetos realizada anualmente, por meio de edital público. Após a seleção, a UNESCO monitora e realiza o acompanhamento técnico e financeiro dos projetos apoiados.