O "Mensalão" e Eu
2 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaSegue um texto do meu amigo Celso Brum, publicado no Diário de Taubaté, onde tem um espaço toda quinta feira.
Muito bom.
Podem reproduzir a vontade, tá autorizado, só citem a fonte
Luiz Rodrigues
O "Mensalão" e Eu
Francamente eu já não aguento mais falar ou ouvir falar do mensalão. Sabendo que esse assunto ainda vai render vários artigos, por força do ofício. Venho insistindo que tudo o que se refere ao chamado mensalão se resume em provar que houve peculato ou seja, que houve desvio de dinheiro público. Tenho em mãos um exemplar da poderosa revista campeã das salas de espera. Na sua capa a chamada para a sua principal “reportagem” que é sobre o mensalão. Na “reportagem”, escrita numa linguagem panfletária e de baixíssima qualidade, há a apresentação cansativa de todas as acusações que vem sendo reiteradas nesses últimos anos. Porém, em suas 8 páginas de xingamentos, não há uma única e mísera prova de coisa nenhuma, são as acusações de sempre, repetidas como se fosse um mantra.
Essa revista, como a grande maioria da chamada grande imprensa, representa e fala para menos de 5% da população brasileira. Todos eles fazem de tudo para deslustrar as conquistas do governo Lula e agora do governo Dilma. E não fazem questão de esconder sua apaixonada torcida para que o Brasil entre em crise e quebre economicamente. É uma coisa surreal já que eles lucram com o progresso do país. Deixemos bem claro, no entanto, que essa gente lucra sempre, em quaisquer circunstâncias. Quem perde é sempre o povão.
E por falar em coisa surreal, fico imaginando como será uma reunião da Corporação da Casa Grande, que reúne, como se sabe, os representantes dos poderosos 5% e mais alguns convidados. Entre os membros permanentes da Corporação da Casa Grande estão os representantes do partido da grande imprensa (com destaque para os representantes da poderosa emissora de TV e dos jornalões e revistonas) e variados restos da choldra, da escória, do refugo, do rebotalho da antiga e famigerada UDN – União Democrática Nacional, aquele partido que existiu até abril de 1964 e era entreguista por excelência. Entre os convidados, e para estar à altura dos membros permanentes, os vilões de carteirinha em todo os tempos: doutor Silvana, Fu-Manchu, Diablo, Duas Caras, doutor Octobus, Coringa, Morbius, doutor Satã, capitão Gancho, Darth Vader, Lord Voldemorth, Lex Luthor, Irmãos Metralha, Magneto e Esqueleto, entre outros menos votados.
A reunião é uma verdadeira torre de babel. Não há propriamente uma liderança, os egos dos vilões são de tal intensidade que ninguém permitiria que tal medida tão elementar fosse posta em prática. O que se ouve é a repetição do mantra: “mensalão, mensalão, mensalão...”
De repente, uma voz poderosa se impõe: “A oposição está definhando e tudo indica que irá tomar uma surra de criar bicho nas próximas eleições municipais. Muitos dos que frequentavam nossas reuniões já se renderam ao governo e agora estão tratando de ficar mais ricos. Mesmo com a forte e importante contribuição da poderosa emissora de TV, que entope seus noticiários de notícias ruins, insinuando que o Brasil vai quebrar, o povão continua confiando no governo. O que está acontecendo? Será que nós perdemos definitivamente o controle da massa ignara, desde que aquele sujeito com orelhas de morcego conseguiu botar o Brasil entre as grandes potências?! Aliás, o sujeito com orelhas de morcego é um desafio à nossa mais cara teoria, a da eugenia. Como pode ser possível que um não ariano pudesse demonstrar tamanha acuidade e Inteligência?! E, ainda por cima, ser acatado como grande estadista pela comunidade internacional?!” (Nessa altura, o orador dá cabeçadas na parede e socos em seu próprio rosto. Entre os demais, uns chicoteiam os outros, alguns tiram as calças e sapateiam em cima delas, uma loucura total.) Com muito custo, o orador conclui: “O que temos é o mensalão. Na última eleição presidencial, o que tínhamos era a calúnia. Não adiantou. Vamos usar agora o mensalão. Alguns juristas dizem que é uma peça fraca, mas é o que temos. Vamos fazer o máximo possível, com força total”. E a reunião se encerra, com a repetição do mantra: “...mensalão, mensalão, mensalão...”
Surrealismos à parte, o chamado mensalão é apenas mais um processo que deve entrar na pauta do Supremo Tribunal Federal. Falando sério, o que se espera é um julgamento e não o linchamento exigido pela Corporação da Casa Grande e pelo partido da grande imprensa. Havendo provas, que os culpados sejam exemplarmente punidos. Não havendo provas, que os acusados sejam absolvidos. É assim, simples assim.
“Mensalão” é o terceiro turno de 2002
2 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaO interessantíssimo texto abaixo foi publicado no Diário de Taubaté de hoje (02/08/2012).
A direção do jornal me autorizou a colocar o texto na rede, então vamos socializar.
Luiz Rodrigues
A velha mídia brasileira, também chamada de PIG - Partido da Imprensa Golpista, está fazendo o maior carnaval em torno do julgamento do tal “mensalão” (o do PT, não aquele do DEM, nem aquele do PSDB de Minas Gerais, devidamente abafado desde 1998). Todos sabemos que cabeça de juiz é imprevisível, o processo é enorme (foram ouvidas cerca de 500 testemunhas!) e o Supremo Tribunal federal não costuma julgar “com a faca no pescoço”. Não adianta fazer barulho, o julgamento se dará com base no que consta dos autos. A contrário do PIG, eu não vou chutar um resultado: espero que se faça justiça e que os eventuais culpados por algum crime sejam punidos. desejo o mesmo nos processos contra o PSDB mineiro e o DEM, pois para mim corrupção é crime gravíssimo, seja de quem for. A vítima é sempre o povo (todos nós), e o Brasil estaria muito melhor se tantos bilhões não fossem roubados, desviados ou mal-gastos. Não sou como certos “éticos” que condenam a roubalheira de adversários e acobertam as dos amigos (geralmente sócios). Se existe algo que precisa ser democratizado no Brasil é a cadeia; até hoje, e faz séculos, ela é reservada a pobres, peixes miúdos e figurinhas secundárias - quem rouba mais de um milhão costuma andar rindo pelas ruas (rindo de nós), no gozo da mais completa impunidade. Por tudo que li e ouvi a respeito, a palavra “mensalão” é usada errôneamente. Tudo indica, inclusive os trechos dos autos que pude conhecer, que tratou-se realmente de pagamento de dívidas de campanha com dinheiro arrecadado ilegalmente pelo PT, usando o esquema que o publicitário inventou em 98 para fi nanciar a campanha do então candidato ao governo de Minas Gerais, Eduardo Azeredo e de outros tucanos dealto escalão, inclusive Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves. Não importa: é ilegal do mesmo jeito, e precisa ser punido.A diferença é que a velha mídia, confiando somente na palavra do único réu confesso, ex-deputado Roberto Jefferson, afi rma quehouve pagamento de verbas mensais a deputados em troca de seus votos no Congresso em favor de projetos do Governo Lula. O bom-sendo mais primário me diz que difi cilmente um José Genoíno, por exemplo, fundador e presidente do PT, iria cobrar 50 mil reais para votar a favor de algum projeto do próprio PT! Quem compra votos, compra de adversários - para quê comprar os próprios parceiros, autores dos mesmos projetos? Imagino se um Genoíno votasse contra qualquer iniciativa do seu partido e do seu Governo - seria linchado pelos próprios eleitores quando voltasse de Brasília...
SOMOS TODOS FISCAIS
É muito positivo que os cidadãos fiscalizem os políticos, exijam conduta exemplar e vigiem o uso do nosso dinheiro. Com todos nós de olho, alguns políticos ainda conseguem armar suas maracutaias, imaginem se nos descuidarmos. Como dizia Millôr Fernandes, “o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe muito melhor”... Por isso as ditaduras são sempre corruptas: ninguém pode verifi car ou investigar nada. Qualquer denúncia vira “crime contra a segurança nacional” e pode dar em cadeia ou morte. Na Democracia, ao contrário, cada um de nós pode ao menos fiscalizar e denunciar seja quem for que mexa com dinheiro público, o Ministério Público é independente e atento, o Judiciário julga sem medo de cara-feia.E a Imprensa cumpre seu papel, que é o de
revelar ao povo os podres que existam nos meios políticos e administrativos. No Brasil, de 2002 para cá, parte importante da mídia assumiu o papel de promotor e juiz. Esta ilusão de poder absoluto surgiu quando a mesma mídia elegeu e depois derrubou Fernando Collor (aliás, depois absolvido de todos os processos judiciais a que respondeu). Com o caso Collor, alguns jornais,revistas e TVs acharam que eles podem substituir a sociedade e as instituições. Ao mesmo tempo, viraram um partido político(quem disse isso foi a presidente da Associação Nacional dos Jornais, Judith Brito - “temos que fazer o papel da oposição, já que os partidos de oposição são muito fraquinhos”) que combate Lula desde sua primeira posse como presidente. Esta mesma mídia combateu Getúlio Vargas por suas medidas em favor dos trabalhadores, apoiou dois golpes contra Juscelino Kubitschek, e foi a principal responsável, com a ajuda da CIA norte-americana, pela derrubada de João Goulart, em 64. Tem tradição em combater a Democracia, e não mudou nada: vem criando uma falsa crise a cada 15 dias, desde 2003, quando Lula assumiu a Presidência. É preciso que fiquemos de olhos abertos, e não entremos na onda do PIG. O julgamento que começou nesta semana não vai abalar a Democracia, o governo Dilma, ou a vida de cada um de nós. Sejam punidos todos ou alguns dos acusados, ou sejam absolvidos, o Brasil continua na sua caminhada de progresso. O PIG já julgou e condenou a todos (enquanto nos engana escondendo os escândalos dos partidos de direita). Mas o que vale mesmo é a decisão do Supremo Tribunal Federal. O PIG e setores da desmoralizada oposição (seu maior “defensor da moralidade” era o senador Demóstenes Torres, aquele empregado do bicheiro Cachoeira) querem fazer deste julgamento um “terceiro turno” da eleição de 2002. O único jeito da direito na burra tomar um fôlego é sujar a imagem de Lula/Dilma, e interromper os atuais avanços do Brasil. Fiquemos atentos!
Antonio Barbosa Filho é autor dos livros “Cartas da Holanda”, “A Bolívia de Evo Morales”, e “A Imprensa x Lula - golpe ou ‘sangramento’?”
Uma desfeita ao Brasil
31 de Julho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaRepublico o artigo de Mauro Santanyana sobre a "homenagem" ao Brasil feita pelos organizadores da Olimpíada de Londres, que me foi enviado pelo blogueiro sujo Cido Araújo do BlogProg-SP.
Concordemos ou não com o autor, sem entrar no discurso chovinista e nacionalista, o artigo levanta importantes questões, como:
- A serviço de quais interesses estão determinados movimentos?
- O que podemos realmente fazer em nome de determinadas causas?
Lembro-me que anos atrás discutia com uma ONG europeia a possibilidade de desenvolvimento de projetos de cooperação no Brasil. Os caras foram muito diretos. Só aceitavam projetos que condenassem a produção e o uso do etanol no Brasil como fonte energética alternativa.
Naquele mesmo período a EuroNews repetia diuturnamente que a produção e o uso do etanol no Brasil havia elevado o custo de vida dos brasileiros porque levou ao aumento do preço das tortillas (comida típica mexicana à base de milho), sem dizer que o etanol produzido no Brasil não provém do milho (como nos EUA e no México), nem que os grandes consumidores mundiais de tortillas são os mexicanos e os texanos... Estes sim sentiram no bolso o reflexo do uso do milho para produção de etanol. Mas a EuroNews em momento algum criticou os EUA e o México por sua política equivocada de produção de etanol.
Recusei-me a fazer o jogo dos caras. Acho que não é preciso dizer que desde então nenhum de nossos projetos foram aprovados por aquela organização. Contudo, seguimos livres, independentes e vivos, queiram os europeus ou não.
Aliás, gostaria muito de poder encontrar de novo aqueles caras da ONG e perguntar o que acham do atual envolvimento de transnacionais petrolíferas europeias com a produção e distribuição de etanol no Brasil.
- Será que eles ainda são contra a produção e uso de etanol como matriz energética?
- Ou será que "evoluíram" e jogam o que o mestre mandou?
Estou curioso...
Uma desfeita ao Brasil
(HD) - A senhora Marina Silva é um caso típico de como as virtudes enganam. Ela surgiu na vida pública brasileira como a pobre menina da floresta, que se torna ativa militante da causa ambiental, entra para a política ainda muito jovem, dentro do PT; é eleita senadora pelo Acre; torna-se Ministra, e chega a candidatar-se, sem êxito, à Presidência da República. Trata-se de uma biografia virtuosa. Marina é militante de uma causa vista como nobre, a da defesa da natureza. Mas não se pode dizer, com o mesmo reconhecimento, de que se trata de uma boa brasileira. Marina é hoje, e é preciso dizer, uma patriota do mundo. Nenhum brasileiro, vivo ou morto, foi tão homenageado pelos mais poderosos governos estrangeiros e organizações não governamentais do que esta senhora, ainda relativamente jovem.
Ela, ao militar pela natureza universal, não tem servido realmente ao Brasil e à sua soberania. O Brasil, com o apoio, direto ou indireto, da senhora Silva, tem sido acusado de destruir a natureza. Quando seu companheiro de idéias, Chico Mendes, foi assassinado em Xapuri, o New York Times chegou a dizer que o mundo iria respirar pior, a partir de então. A tese do jornal, já desmentida pela ciência não engajada, era a de que a Amazônia é o pulmão do mundo. Assim, a cada árvore abatida, menos oxigênio estaria disponível para os seres vivos.
Marina Silva transita à vontade pelos salões da aristocracia européia e norte-americana. É homenageada, com freqüência, pelas grandes ongs, como a WWF, que contava, até há pouco, com o caçador de ursos e de elefantes, o Rei Juan Carlos, da Espanha, como uma de suas principais personalidades. Na melhor das hipóteses, a senhora Marina Silva é ingênua, inocente útil, o que é comum nas manobras políticas internacionais. Na outra hipótese, ela sabe que está sendo usada para enfraquecer a posição da nação quanto à defesa de sua prerrogativa de exercer plenamente a soberania sobre o nosso território.
Ainda agora, a ex-candidata a Presidente acaba de ser homenageada pelos organizadores londrinos dos Jogos Olímpicos, como convidada de destaque, ao lado de outras personalidades mundiais, a maioria delas diretamente ligadas às atividades esportivas, o que não é o seu caso. Para quem conhece os códigos da linguagem diplomática, tratou-se de uma desfeita ao Brasil, como país soberano, e, de forma bem clara, à Presidente Dilma Roussef. Dilma, com elegância, declarou-se feliz pela homenagem à sua adversária nas eleições presidenciais de 2010, e que permanece militando na oposição ao atual governo. A Chefe de Estado, que ali representava a nação inteira, e não ongs interessadas em retardar o desenvolvimento autônomo do Brasil, não assinou recibo pela aleivosia de uma Inglaterra decadente, contra um Brasil que cresce no respeito do mundo.
Fonte: Blog do Mauro Santayana
APP repudia convênio que terceiriza educação profissional
31 de Julho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaAcordo entre Seed (Secretaria Estadual de Educação do Paraná) e Walmart vai treinar mão-de-obra para o varejo e não oferecer formação profissional aos jovens
A APP-Sindicato repudia e demonstra sua total contrariedade com a iniciativa da Secretaria de Estado da Educação (Seed), que, pondo de lado os esforços para a construção de uma educação profissional pública de qualidade para nossos jovens, celebrou acordo com a norte-americana Walmart para preparar quadros para a multinacional de supermercados.
O termo, assinado na semana passada entre a Seed e o Instituto Walmart, cria o "Programa Escola Social do Varejo", nada mais que um serviço de treinamento de mão-de-obra para atender às necessidades imediatas do comércio varejista - e não para oferecer uma efetiva formação profissional ao público a que nominalmente se destina, jovens de 16 a 24 anos, matriculados no ensino médio nas escolas estaduais.
A parceria com a multinacional do varejo - área sabidamente problemática pelos abusos trabalhistas - está em consonância com a política da Seed no atual governo de restrição ao ensino profissional público. Tal política já havia sido demonstrada com a terceirização do ensino - antes oferecido na própria rede estadual integrado ou subsequente ao ensino médio -, que passou a se adequar a parcerias com o "sistema S" e com as diretrizes do Pronatec.
A educação pública viu novamente a forma de o governo Richa encarar o ensino profissional com a não abertura de turmas para o segundo semestre de 2012 (parcialmente revertida na semana passada).
Todas estas preocupações serão trazidas para a mesa de negociações com a Seed nesta terça-feira, em Curitiba.
Fonte: APP-Sindicato
Colaboração e Liberdade: estratégias de desenvolvimento tecnológico nacional
25 de Julho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Sérgio Luís Bertoni *
Um desafio está colocado para nós, brasileiros, neste início da era do capitalismo informacional: aceitar a condição de consumidores de tecnologias e informação alheia ou nos transformarmos em produtores autônomos e soberanos das mesmas.
No capitalismo informacional, a produção material está assumindo um papel secundário nos processos produtivos, sendo apenas uma consequência da aplicação de tecnologias e conhecimentos.
A chamada produção imaterial ou de bens intangíveis (tecnologia e conhecimento) vai asumindo um papel predominante e quem dominá-los, dominará todo o processo econômico e social. Prova disso é o valor de mercado e o poder de compra de uma empresa de tecnologia como o Google, muitas vezes superior ao valor de mercado da maior montadora de automovéis, que é um exemplo clássico da era industrial. Além disso a saúde financeira das empresas de tecnologia e informação fariam o combalido sistema financeiro internacional passar vergonha, se a tivesse...
Se no obscurantismo da idade média, as catedrais estavam no centro de toda a organização social, política e econômica, assim como na era industrial estavam as industrias e no capitalismo financeiro os bancos, no capitalismo informacional tudo vai se organizando em torno dos produtores de conhecimento, tecnologia e informação.
Portanto, se nos contentarmos com a condição de meros consumidores de tecnologia e conhecimento, nos contentaremos com a indigna posição de dominados e agravaremos ainda mais as mazelas nacionais. À exclusão social e econômica, estaremos adicionando a exclusão digital e do conhecimento.
Para superar esta condição, antes mesmo que ela esteja consolidada, precisamos romper com o complexo de viralatas que ainda reina em nossas mentes e corações.
Precisamos ser ousados e passar à condição de produtores de tecnologias e provedores de serviços tecnológicos e informacionais.
Precisamos criar infraestruturas tecnológicas nacionais públicas e abertas que garantam o acesso de todas as camadas da população aos novos serviços proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico e informacional.
Precisamos, inclusive, ter servidores e repositórios públicos nacionais para armazenamento seguro de toda a informação, conhecimento e tecnologia produzidos no país. Aliás, a segurança de nossos dados pessoais e coletivos, das tecnologias que produzimos, assim como a sua integridade, são questões tanto de segurança nacional, como de preservação cultural, de nossas crenças e sabedorais autóctonas.
Note-se que falamos de infraestrutura pública e não estatal, porque entendemos que esta mudança de condição, este deixar de ser consumidor de tecnologia e conhecimento para tornar-se produtor dos mesmos, só é efetivamente possível e inclusivo se houver ampla colaboração entre comunidades, governos, sociedade civil, sindicatos, movimentos sociais, empresas públicas e privadas. Esta colaboração só pode existir em um ambiente livre e colaborativo, onde todos os que participam do mesmo, preservadas suas especialidades e capacidades, igualmente são tratados como sujeitos do processo de desenvolvimento.
A condição de igualdade e protagonismo dos agentes a qual nos referimos no parágrafo anterior não existe no mundo da propriedade intelectual privada, no mundo do copyright como ele é atualmente concebido. No mundo da propriedade intelectual privada, quem a detém, quem detém uma patente, está num patamar superior aos demais e, conforme legislação em vigor, possui determinados direitos reservados que lhe permite, inclusive, indisponibilizar o uso da mesma.
Para sobreviver nesta nova selva do capitalismo informacional precisamos de um projeto de desenvolvimento tecnológico nacional que junte iniciativas e evite a concorrência danosa entre irmãos, ou seja, aquela concorrência que leva a dispersão de energias e de trabalho. Não se propõe aqui reinventar rodas, mas sim juntar as partes que hoje se desenvolvem em separado e criar sinergias que possibilitem o desenvolvimento conjunto delas. E isso, mais uma vez, só é possível em um ambiente de colaboração.
Um exemplo bem prático do que estamos falando é o Blogoosfero, a plataforma livre e colaborativa desenvolvida em parceria pela Blogosfera Progressista e o Movimento do Software Livre.
De um lado, @s chamad@s Blogueir@s "Suj@s" realizavam seu trabalho de produção de informação e em defesa da Liberdade de Expressão usando as ferramentas disponíveis. Porém, começaram a sofrer ataques cibernéticos e, o mais grave, a sofrer censura. Posts e blogs foram retirados do ar, muitas vezes de forma arbitrária e completamente sem sentido. Sentiram, então, a necessidade de ter uma blogosfera "blindada" que pudesse protegê-l@s contra estes tipos de ataques.
De outro lado, o Movimento do Software Livre, mais especificamente a Colivre - Cooperativa de Tecnologias Livres da Bahia, desenvolvia o Noosfero, uma ferramenta livre e segura para administração de blogs e redes sociais, testada em ambientes de produção críticos tais como campanhas eleitorais e fóruns de software livre.
Se @s blogueir@s tentassem desenvolver algo do zero, reinventando a roda, levariam anos para conseguir produzir uma ferramenta própria que já poderia estar ultrapassada quando de seu lançamento. Porém, ao estabelecer a colaboração com o Movimento do Software Livre, trocar informações e experiências, foi possível criar o Blogoosfero em apenas 4 meses de trabalho de desenvolvimento e disponibilizá-lo ao público em maio de 2012. no 3º Encontro Nacional de Blogueir@s, realizado em Salvador, BA.
Esta colaboração entre Blogosfera Progressista e Movimento do Software Livre tem ajudado às duas comunidades a entender as demandas e ensejos alheios e a apoiar-se mutuamente nas demandas de cada movimento, assim como criar sinergias no desenvolvimento de novas funcionalidades da plataforma. Ou seja, antes mer@s usuári@s de tecnologias para blogs, @s blogueir@s podem hoje também participar do desenvolvimento de uma tecnologia nacional!!!
Muitos são os entes da República Federativa do Brasil (públicos e privados) que planejam desenvolver algo parecido com o já feito pelo Blogoosfero. Mas infelizmente o fazem de forma isolada, sem colaboração. Além de atrasar os processos de desenvolvimento, isso gera um gasto desnecessário de trabalho e inteligência. Somos um país pobre que não pode se dar ao luxo de desperdiçar os parcos recursos que tem.
Se tais iniciativas passarem a colaborar e trabalhar em conjunto juntando as boas práticas e experiências já estabelecidas, podemos dar um salto tecnológico incrível em pouquíssimo tempo.
A resposta para o desafio colocado no início deste artigo está no desenvolvimento de tecnologias nacionais livres e colaborativas, juntando as boas práticas, iniciativas e experiências já existentes e criando sinergias que potencializem os resultados do trabalho e da inteligência nacional. Ou, em uma palavra, Colaboração!
* Sérgio Luís Bertoni é Mestre em Filosofia pela Universidade Estatal de Moscou M.V. Lomonossov, Coordenador de TIE-Brasil, Blogueiro "Sujo" e Progressista, Ativista Digital e Presidente da Fundação Blogoosfero.