Juan Manuel Santos é reeleito presidente da Colômbia
16 de Junho de 2014, 10:19 - sem comentários aindaEm sua primeira eleição em 2010, Santos venceu com apoio do então presidente Álvaro Uribe e amplo apoio da direita colombiana. Agora, foi reeleito após inclinar-se à esquerda
A apuração começou logo depois do encerramento da sessão eleitoral às 16h (18h no horário de Brasília). Santos foi reeleito pela Coalizão Unidade Nacional (dos partidos De la U, parte dos conservadores, Colômbia Democrática e Movimento Colômbia Viva), com apoio de partidos e movimentos de esquerda que o apoiaram em nome da continuidade do processo de paz iniciado por ele com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Em sua primeira eleição em 2010, Santos venceu com apoio do então presidente Álvaro Uribe e amplo apoio da direita colombiana. Agora, foi reeleito após inclinar-se à esquerda, que o escolheu pela proposta de paz e para conter a possibilidade de retorno de um governo guiado pela direita conservadora ligada ao uribismo.
Juan Manuel Santos, 62 anos, nasceu em Bogotá em uma das famílias mais tradicionais da cidade. Seu tio-avô foi o presidente Eduardo Santos, que fundou o conglomerado de comunicação EL Tiempo – maior jornal diário da Colômbia. Santos estudou economia e administração e fez mestrado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, em Economia e Jornalismo.
O presidente reeleito começou sua vida política no partido Liberal, mas acompanhou Álvaro Uribe na criação do partido De la U. Atuou como ministro em três governos distintos: no de César Gaviria (1990-1994) comandou a pasta do Comércio Exterior; no de Andrés Pastrana (1998-2002) assumiu Fazenda; e na gestão de Álvaro Uribe (2002-2010) foi Ministro da Defesa a partir de 2006.
Santos rompeu relações com Uribe após divergências iniciadas em 2011, durante o primeiro ano de seu mandato. Primeiro, ao admitir a existência de um conflito armado no país, termo que não era usado por Uribe, e depois o processo de ruptura foi finalizado quando estabeleceu uma política de restituição de terras e iniciou o processo de paz com as Farc em 2012.
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Xingamentos contra Dilma são o que soam ser: ignorância
16 de Junho de 2014, 10:16 - sem comentários aindaAs ofensas na abertura da Copa do Mundo falam mais sobre a vida feudal e aristocrática de nossa elite do que da presidenta
Lula, com sabedoria, disse que esta Copa mostraria ao mundo o País como ele é. E isso já está rolando.
A Copa está mostrando aos turistas a amabilidade e a simpatia de nosso povo. Não há registro relevante de agressões a torcidas estrangeiras. Aliás, ao contrário, o que se vê é uma reação altamente positiva de nossos visitantes ao País, ao menos até agora.
Na quinta-feira, 12, no trem que nos levava aos jogos, as mesmas pessoas que dali a pouco manifestariam ódio tratavam com carinho e acolhimento nossos visitantes. Show de civilização.
De outro lado, houveram os xingamentos deselegantes e incivilizados dirigidos à nossa presidenta. Francamente, acho positiva a ocorrência, pois denuncia ao mundo um lado de incivilidade grosseira e deseducada de nossas elites. Seu modo inculto e ignorante de ser e ver o mundo.
O ódio é compreensível. Eu estava presente no jogo, e não havia lá uma só pessoa, entre as que vi, que não fosse da chamada classe media alta.
Sou da classe média alta paulistana, conheço bem essa gente que é minha.
A maioria é gente boa e dedicada ao trabalho e à família, respondem por um tanto significativo do que temos de bom no País em termos de produção econômica nos diversos setores, são os gerentes da economia nacional.
Isso os que trabalham, obviamente. Há uma parte que vive de herança ou proteção da família, falam mal do Bolsa Família dos pobres porque têm a proteção dos seus. Podem viver confortavelmente sem nunca ter sabido de fato o que é o sacrifício do trabalho, aquele tipo de trabalho sem o qual não se come. Não falo, portanto, daquele que se realiza por prazer ou por manutenção da imagem perante a sociedade.
Uma coisa é certa: em geral, passaram a vida sem lavar a própria latrina ou sem ter de ir comprar pão de manhã, salvo talvez nos acampamentos de jovens, em viagens, em tempos de estudo do exterior ou ainda no caso de terem sido criados por algum pai disciplinador, exigente, por amor, com os filhos. Nunca fizeram tarefas domésticas por exigência real de seu modo de vida.
Admiram em abstrato o capitalismo moderno da Europa e dos EUA, mas não conseguem suportar a mínima convivência civilizada com qualquer mudança que se aproxime desta forma mais evoluída de viver, pois todas, sem exceção, representam, em alguma medida, a perda de algum privilégio
No plano econômico, a inclusão social, que teve sua semente no governo Itamar/FHC, com o fim da inflação, e tornou-se marco da gestão Lula e Dilma, representa exatamente essa modernização de nosso capitalismo, uma real aproximação do modo de vida europeu ou norte-americano.
E aí, creio, mora o problema. Vejam como vivem as pessoas da classe média europeia ou norte-americana. Pagam caro para não ter de limpar a própria latrina e, se não comprarem seu pão ou cozinharem a própria comida, não comem. Um capitalismo moderno não aceita bem essa vida feudal e aristocrática de nossa classe média alta urbana.
Modernizar o capitalismo brasileiro significa sacrificar esses privilégios.
No melhor sentido psicanalítico, quando Pedro fala de Paulo, fala mais de Pedro que de Paulo. Os xingamentos falaram mais de nossa elite do que de Dilma. Mostra que sua alegada educação superior, quando muito, se trata de alguma formação técnica ou científica, obtida em geral em escolas de nível inferior. Nada de cultura humanista.
Nossa elite, salvo honrosas exceções, nunca leu um clássico do pensamento. Alias, quase não lê algo que não seja da área técnica ao qual se dedica -- isso, obviamente, os que trabalham.
Falta-lhes elegância e refinamento de pensamento necessários a uma visão generosa da vida e do mundo, a ir além do próprio umbigo. Não adianta cobrar-lhes respeito à faixa presidencial pelo que ela significa num Estado democrático de Direito, pois em verdade não conhecem o que isso significa, não têm saber humanístico suficiente. O xingamento foi o que pareceu: ignorância mesmo.
Dilma mereceu as vaias? Talvez, mas não os xingamentos. É a primeira mulher eleita presidente. E foi eleita pelo povo. Só por isso deveria haver mais contenção na manifestação de descontentamento com seu governo.
Francamente, ainda acho que os xingamentos não se devem a alguma maldade das pessoas que lá estavam. Há que se compreender o modo "default" de visão refinada de mundo a par do medo e ódio, no fundo e até inconscientemente, gerado não por uma suposta indignação moral tão falsa quanto seletiva, mas por conta da perda cada vez maior de privilégios aristocráticos obtidos a custa da ausência de humanidade no papel sempre dado aos subalternos.
Pessoas complexas, dotadas de coisas boas e ruins como qualquer ser humano, exibiram ao mundo uma parte negra do que são. E, talvez, o mundo mais ilustrado tenha visto a grande contradição do País. Não há como modernizar nossa sociedade sem eles. Mas não há também como modernizar nosso sociedade sem civilizá-los.
Esse nosso maior drama como País e Nação. Pois que seja exposto ao mundo. Que a Copa seja a grande vitrine da grandeza e da mediocridade que convivem na alma nacional.
A direita mostra a cara
16 de Junho de 2014, 10:09 - sem comentários aindaO decreto de criação da Política Nacional de Participação Social (PNPS) fez a direita botar a cara para fora mais uma vez. Assumiu a distância que a separa do cidadão e, principalmente, dos movimentos sociais. Desde 1964, quando radicalizou e sustentou a derrubada de um governo constitucionalmente eleito, a reação conservadora não se assanhava tanto quanto agora.
Tangida pelo vozerio da mídia contra o decreto, enviado há duas semanas ao Congresso por Dilma Rousseff, a decisão da presidenta esbarrou no batismo de fogo. À falta da ameaça comunista, manuseada pelos idiotas da Guerra Fria, foi o PNPS tachado pelos patetas recentes de repetir políticas bolivarianas, chavistas.
Traduzindo a acusação, o decreto seria uma forma de reduzir o papel do Legislativo. E, mais, seria uma tentativa do governo de usar um instrumento da democracia direta para controlar os movimentos sociais.
Medo. Medo de quê? O decreto orienta a criação de conselhos, comissões, ouvidorias, audiências públicas, conferências e mais coisas no sentido de instruir consultas à “sociedade civil” sobre ações do governo.
“Somos a favor da consulta, a favor da participação de todos os segmentos no processo de estruturação das políticas do governo”, afirmou a presidenta em defesa da política de participação social.
Para alguns, porém, o decreto seria algo como o Cavalo de Troia. Traria embutido nos seus 22 artigos um processo de superação dos trabalhos do Legislativo. Pura superstição conservadora.
Debruçada sobre a questão há vários anos, a professora Thamy Pogrebinschi afirma que “há um alto grau de diálogo entre deliberações propostas nas conferências nacionais e a ação dos parlamentares no Congresso”.
De acordo com as pesquisas feitas por ela, considerando projetos e legislação aprovada, “o Parlamento brasileiro espelhou de forma convergente em sua ação legislativa as demandas da sociedade civil em 3.057 oportunidades”.
Decididamente, não gostam da democracia do lado de baixo da linha do Equador. Gostam de vê-la engessada por descaso com as transformações exigidas nas mobilizações sociais, como ocorreu nas jornadas populares de 2013.
Não é difícil rastrear as reações primárias da direita. Se a PNPS representa para ela um dos princípios da política chavista, o programa Mais Médicos chegou a ser identificado como infiltração do regime cubano no Brasil. Elementar: como os médicos são funcionários do governo cubano, logo são espiões. O sistema de cotas para negros, pardos, pobres e indígenas foi rejeitado, inicialmente, por uma suposição preconceituosa: quebraria o princípio da meritocracia.
Para dar o último exemplo de uma lista muito mais longa, fica registrado o fracasso da democracia brasileira: a regulação da mídia não foi discutida e muito menos votada. Prevaleceu a falsa ideia de que o objetivo era censurar a imprensa.
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