Joe e Ali Olson eram professores, ele de filosofia, ela de inglês. Hoje viajam pelo mundo. Conheça esta história de investimento e poupança.
Escrito por: Joana Rebelo Morais
Joe e Ali conheceram-se na universidade, casaram ainda antes de terminarem os cursos e passaram a partilhar o apelido Olson. Ele estudou filosofia, ela inglês, duas profissões com pouca saída nos Estados Unidos, além do ensino. Durante oito anos deram aulas. Sentiam-se felizes, mas tinham outros planos. Queriam viajar pelo mundo, ter filhos e ser pais presentes. E acharam que a concretização desses sonhos não se coadunava com um trabalho a tempo inteiro. Para poderem deixar de trabalhar, precisavam de independência financeira. E conseguiram. “Reformaram-se” quando Joe tinha 31 anos e Ali 30. O segredo? Imobiliário.
O Dinheiro Vivo falou com o casal norte-americano – que agora viaja pelo mundo na companhia da filha Annabelle, de um ano – sobre esta história que não é só de investimento, mas também de poupança. Escolheram o imobiliário pela elevada e rápida rentabilidade. Começaram a investir em 2007 e a primeira experiência não foi a melhor. O primeiro imóvel que compraram, por 114 mil euros, chegou a desvalorizar para 76 mil. Mas à medida que o mercado imobiliário continuou a afundar, arrastado pela crise financeira, continuaram a comprar. Hoje têm 15 imóveis, no valor de quase 950 mil euros. Têm um rendimento mensal superior a 12 mil euros e gastam menos de dois mil em hipotecas.
Deixar os empregos foi a parte mais assustadora. Joe explicou que tinham definido uma série de objetivos necessários parar dar este passo, mas que acabaram por deixá-los cair e despediram-se antes do planeado. “Decidimos arriscar. Podíamos sempre arranjar forma de ganhar dinheiro, mas o tempo perdido nunca recuperaríamos. Não nos arrependemos por um segundo e devíamos tê-lo feito antes.” Ali explica que “preferiram a possibilidade de ter que voltar a trabalhar do que continuar, ano após ano, para garantir que nunca mais iam precisar de dinheiro”.
Diz a sabedoria popular que o dinheiro não é de quem o ganha, é de quem o poupa. E Joe e Ali conseguiram poupar 75% do rendimento. Joe conta que os grandes cortes foram feitos “na habitação, nas deslocações e na alimentação”. Mudaram-se para um apartamento de 38 metros quadrados e uma hipoteca de menos de 475 euros mensais. Tinham só um carro e faziam todas as refeições em casa. “Os nossos amigos e família perguntavam quando nos mudaríamos para uma das nossas propriedades com três quartos e 170 metros quadrados. Mas éramos felizes assim e nunca sentimos que estávamos a privar-nos de nada”, contou. Ali acrescentou que o melhor conselho para quem quer poupar mais é que “não é preciso muito para ser feliz”. Planos para o futuro? “Está em aberto”. Para já, uma viagem de autocaravana pelo Canadá e pelo México e, quem sabe, “mais filhos”. Pode acompanhá-los através do blog Adventuring Along.
Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), não se surpreende com a história de Joe e Ali: “Quem comprou ativos nos anos que se seguiram à bolha imobiliária de 2008 comprou muito bem.” No estado da Florida, os preços caíram entre 80% e 90% depois de 2008 e “houve muitos pequenos investidores a comprar ativos e a realizar mais-valias, como o casal”. O mesmo aconteceu em Portugal, diz. “Os bancos venderam por valores de que hoje, acredito, se arrependem. Com o receio da bolha imobiliária, reduziram-se muito os preços.” De acordo com Luís Lima, “quem comprou na altura seis ou sete ativos hoje podia estar reformado”, graças à grande valorização do mercado imobiliário português. “Para quem tem dinheiro não há nada em Portugal, neste momento, mais tentador e que dê mais rentabilidade do que o imobiliário”, afirma.
Embora seja um investimento rentável, o imobiliário não é para todas as carteiras. E, ao contrário do que aconteceu em 2008, hoje “há muita procura e pouca oferta, o que leva a que os preços subam”, diz Luís Lima, justificando este facto com o normal funcionamento do mercado. Além disso, importa lembrar que, no início da crise, houve uma “desvalorização forçada” e que a valorização que depois ocorreu não deverá repetir-se. “Neste momento, aconselho as pessoas a serem cautelosas”, diz o presidente da APEMIP.
A localização do imóvel ainda representa, de acordo com Luís Lima, mais de 50% da decisão de compra, mas não devia ser assim: “O mais importante é saber se temos dinheiro para comprar.” Luís Lima desaconselha altamente que “se esteja 100% dependente do financiamento para cobrir o valor total do ativo”. O investidor deve ter “uma capacidade muito boa de aforro para não estar dependente do financiamento e reagir emocionalmente, sobretudo com a pressão dos bancos, quando começam a alterar spreads e taxas. E a Euribor vai voltar a valores normais”.
Além disso, o investidor tem de se informar, estudar o investimento e fazer um plano: “Não é só comprar, porque nem todo o mobiliário valoriza.” Além disso, “o tempo de comprar ao desbarato, porque as pessoas estavam pressionadas a vender e estavam sufocadas pela crise, já não existe, ou pelo menos não tanto, porque as coisas melhoraram”, afirma o especialista.
Publicado originalmente em: https://www.dinheirovivo.pt/economia/galeria/deixar-de-trabalhar-aos-30-anos-yes-we-can/
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Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..