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“Mensalão” é o terceiro turno de 2002

2 de Agosto de 2012, 21:00 , por Bertoni - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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O interessantíssimo texto abaixo foi publicado no Diário de Taubaté de hoje (02/08/2012).

A direção do jornal me autorizou a colocar o texto na rede, então vamos socializar.

Luiz Rodrigues

“Mensalão” é o terceiro turno de 2002

A velha mídia brasileira, também chamada de PIG - Partido da Imprensa Golpista, está fazendo o maior carnaval em torno do julgamento do tal “mensalão” (o do PT, não aquele do DEM, nem aquele do PSDB de Minas Gerais, devidamente abafado desde 1998). Todos sabemos que cabeça de juiz é imprevisível, o processo é enorme (foram ouvidas cerca de 500 testemunhas!) e o Supremo Tribunal federal não costuma julgar “com a faca no pescoço”. Não adianta fazer barulho, o julgamento se dará com base no que consta dos autos. A contrário do PIG, eu não vou chutar um resultado: espero que se faça justiça e que os eventuais culpados por algum crime sejam punidos. desejo o mesmo nos processos contra o PSDB mineiro e o DEM, pois para mim corrupção é crime gravíssimo, seja de quem for. A vítima é sempre o povo (todos nós), e o Brasil estaria muito melhor se tantos bilhões não fossem roubados, desviados ou mal-gastos. Não sou como certos “éticos” que condenam a roubalheira de adversários e acobertam as dos amigos (geralmente sócios). Se existe algo que precisa ser democratizado no Brasil é a cadeia; até hoje, e faz séculos, ela é reservada a pobres, peixes miúdos e figurinhas secundárias - quem rouba mais de um milhão costuma andar rindo pelas ruas (rindo de nós), no gozo da mais completa impunidade. Por tudo que li e ouvi a respeito, a palavra “mensalão” é usada errôneamente. Tudo indica, inclusive os trechos dos autos que pude conhecer, que tratou-se realmente de pagamento de dívidas de campanha com dinheiro arrecadado ilegalmente pelo PT, usando o esquema que o publicitário inventou em 98 para fi nanciar a campanha do então candidato ao governo de Minas Gerais, Eduardo Azeredo e de outros tucanos dealto escalão, inclusive Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves. Não importa: é ilegal do mesmo jeito, e precisa ser punido.A diferença é que a velha mídia, confiando somente na palavra do único réu confesso, ex-deputado Roberto Jefferson, afi rma quehouve pagamento de verbas mensais a deputados em troca de seus votos no Congresso em favor de projetos do Governo Lula. O bom-sendo mais primário me diz que difi cilmente um José Genoíno, por exemplo, fundador e presidente do PT, iria cobrar 50 mil reais para votar a favor de algum projeto do próprio PT! Quem compra votos, compra de adversários - para quê comprar os próprios parceiros, autores dos mesmos projetos? Imagino se um Genoíno votasse contra qualquer iniciativa do seu partido e do seu Governo - seria linchado pelos próprios eleitores quando voltasse de Brasília...

SOMOS TODOS FISCAIS

É muito positivo que os cidadãos fiscalizem os políticos, exijam conduta exemplar e vigiem o uso do nosso dinheiro. Com todos nós de olho, alguns políticos ainda conseguem armar suas maracutaias, imaginem se nos descuidarmos. Como dizia Millôr Fernandes, “o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe muito melhor”... Por isso as ditaduras são sempre corruptas: ninguém pode verifi car ou investigar nada. Qualquer denúncia vira “crime contra a segurança nacional” e pode dar em cadeia ou morte. Na Democracia, ao contrário, cada um de nós pode ao menos fiscalizar e denunciar seja quem for que mexa com dinheiro público, o Ministério Público é independente e atento, o Judiciário julga sem medo de cara-feia.E a Imprensa cumpre seu papel, que é o de

revelar ao povo os podres que existam nos meios políticos e administrativos. No Brasil, de 2002 para cá, parte importante  da mídia assumiu o papel de promotor e juiz. Esta ilusão de poder absoluto surgiu quando a mesma mídia elegeu e depois derrubou Fernando Collor (aliás, depois absolvido de todos os processos judiciais a que respondeu). Com o caso Collor, alguns jornais,revistas e TVs acharam que eles podem substituir a sociedade e as instituições. Ao mesmo tempo, viraram um partido político(quem disse isso foi a presidente da Associação Nacional dos Jornais, Judith Brito - “temos que fazer o papel da oposição, já que os partidos de oposição são muito fraquinhos”) que combate Lula desde sua primeira posse como presidente. Esta mesma mídia combateu Getúlio Vargas por suas medidas em favor dos trabalhadores, apoiou dois golpes contra Juscelino Kubitschek, e foi a principal responsável, com a ajuda da CIA norte-americana, pela derrubada de João Goulart, em 64. Tem tradição em combater a Democracia, e não mudou nada: vem criando uma falsa crise a cada 15 dias, desde 2003, quando Lula assumiu a Presidência. É preciso que fiquemos de olhos abertos, e não entremos na onda do PIG. O julgamento que começou nesta semana não vai abalar a Democracia, o governo Dilma, ou a vida de cada um de nós. Sejam punidos todos ou alguns dos acusados, ou sejam absolvidos, o Brasil continua na sua caminhada de progresso. O PIG já julgou e condenou a todos (enquanto nos engana escondendo os escândalos dos partidos de direita). Mas o que vale mesmo é a decisão do Supremo Tribunal Federal. O PIG e setores da desmoralizada oposição (seu maior “defensor da moralidade” era o senador Demóstenes Torres, aquele empregado do bicheiro Cachoeira) querem fazer deste julgamento um “terceiro turno” da eleição de 2002. O único jeito da direito na burra tomar um fôlego é sujar a imagem de Lula/Dilma, e interromper os atuais avanços do Brasil. Fiquemos atentos!

Antonio Barbosa Filho  é autor dos livros “Cartas da Holanda”, “A Bolívia de Evo Morales”, e “A Imprensa x Lula - golpe ou ‘sangramento’?”


Tags deste artigo: pig pt mensalão disputa eleitoral 3º turno revanchismo elite psdb tucanos

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