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Expandir fronteira agrícola e de quebra instalar uns misseizinhos a 700 km de Moscou!

28 de Janeiro de 2014, 15:59 , por Bertoni - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Discutir a questão ucraniana sem conhecer a história do país eslavo ou sob a ótica dos tempos atuais leva a generalizações e banalizações

A questão ucraniana é muito mais complicada que uma mera disputa ocidente-oriente, ditadura-democracia, prisão-liberdade e tem origens em tempos remotos.

Poucos no ocidente sabem ou procuram saber que o primeiro estado russo fundado em 882 tinha como capital Kyiv e se chamava Kyivskaya-Rus (a Rússia de Kyiv). Não era propriamente um estado nacional unificado e centralizado, mas uma federação de condados e principados eslavos sob o domínio da dinastia kyiviliana. Geograficamente falando, a Kyivskaia-Rus tinha aproximadamente 1.330.000 km² e ocupava o território europeu das atuais Russia,  Belarus  e Ucrânia, onde viviam cerca de 5,4 milhões de pessoas.

Com o tempo, outros principados russos foram se fortalecendo e esvaziando o poder de Kyiv que mesmo assim continuou sendo considerada a capital até a invasão tartaro-mongol em 1237-1240. Em 1243 o príncipe de Vladimir, Yaroslav Vsievolodovitch, é reconhecido como o mais velho príncipe russo e, naturalmente, Vladimir passa a ser a cidade oficial de residêndia do chefe de estado. Aos poucos o poder vai deixando Kyiv e se transferindo para Vladimir e dali para Moscou. Em 1331 o principado de Vladimir passa a integrar o principado de Moscou, mas só em 1428 acontece a incorporação total de Vladimir à Moscou.

Obviamente, este processo todo não acontece sem disputas, guerras, traições e negociatas. E são elas que podem conter a origem das atuais disputas e rivalidades entre os khakhols (ucranianos) e os mascalins (moscovitas, russos).

Apesar disso, os atuais belarrussos, russos e ucranianos, como eslavos que são, lutaram juntos contra a invasão tartaro-mongol e juntos reconstruiram o país que viríamos a conhecer como Império Russo e juntos fizeram a revolução de 1917 que daria origem à URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Assim sendo, a economia, a organização social e política, as tradições culturais de ucranianos, russos e belarrussos estão intrinsica e historicamente ligadas, além de serem complementares.

Setores inteiros da economia ucraniana dependem de insumos de empresas russas e belarrussas, assim como vários setores economicos russos e belarrussos dependem do fornecimento ucraniano.

Há uma complementariedade entre a economia ucraniana e russa. Uma tem energia e a outra tem terras agriculturáveis, que juntas fazem a indústria funcionar.

Mas, só por isso os ucranianos devem ficar junto aos russos aos invés de unir-se à UE?

A Ucrânia, assim como qualquer outro país, pode e deve ser independente. Mas essa independência não pode significar apenas a troca do amo. "Libertar-se" da Rússia para entregar-se ao domínio europeu ocidental, não seria propriamente uma libertação, como apregoam os eurocentristas e os meios de comunicação comerciais e patronais.

É preciso entender que a Europa não está preocupada com a Liberdade dos Ucranianos, nem com a falta de democracia no país.

Os bárbaros europeus estão preocupados apenas com sua própria segurança alimentar e a Ucrânia tem as melhores e mais férteis terras do continente europeu. As terras pretas da Ucrânia são altamente produtivas e suficientes para produzir alimentos baratos para toda a Europa. É nestas terras pretas e na mão-de-obra barata da Ucrânia que o europeus estão de olho.

Geeopoliticamente falando, europeus e os EUA também gostariam de poder instalar bases militares e uns misseizinhos a menos de 700 km de Moscou. Afinal no século passado a barbárie europeia promoveu 2 grandes guerras e nas duas não conseguiu derrotar os russos e ucranianos, quando estes lutaram juntos.

As manifestações que há quase 2 meses tomam conta das praças de Kyiv, não são necessariamente um movimento popular e democrático como podemos ver no artigo Anarquista ucraniano alerta sobre a influência fascista na oposição ucraniana. Há muita grana dos neoliberais e nazistas europeus. É um movimento com fortes traços nazistas e eurocentristas que visa tão somente dividir os povos eslavos para torná-lo slaves (escravos).

Há de se considerar ainda, que a Ucrânia não é um país monolítico. Não existe UMA Ucrânia. Aquele país é dividido em 4 países, no mínimo. Há o leste pró-russo, proletário e industrial. Há o ocidente, pró-europa, ultranacionalista e agrário. Há a região central, com Kyiv a frente tentando se equilibrar entre eles (leste e oeste) e ainda há Odessa, que não é russa, ucraniana ou judia, mas a síntese de toda esta mistura.

O ocidente ucraniano lutou contra os soviéticos e apoiou a ocupação nazista. No leste e na região central da Ucrânia, também tiveram lugar lutas contra o poder soviético, mas com viés anarquista, de esquerda, demandando o aprofundamento da revolução de 1917.

Quem já esteve no ocidente ucraniano sabe como é a presunção de superioridade racial dos ucranianos ocidentais e como é ridículo o que eles falam ou como tratam os demais povos.

E o que isso tem a ver conosco, brasileiros?

Embora pareça não ter uma ligação direta, o que está acontecendo na Ucrânia atualmente segue o mesmo script adotado em outras rebeliões tidas como populares que tiveram apoio da UE e dos EUA e grande cobertura favorável da mídia comercial e patronal. O mesmo script pode estar sendo aplicado no Brasil neste exato momento.

Primeiro, noticiário negativista diuturnamente para criar o clima de instabilidade. Segundo, colocam-se facções da sociedade nacional em confronto direto e depois se justifica a intervenção externa.

Lá na Ucrânia, o objetivo é ferir de morte a Rússia, uma das novas potências mundias, integrante dos Brics. Mas nem Europa nem Estados Unidos tem culhões para fazer uma intervenção direta no reinado de Putin. Usam para isso os laranjas ucranianos para criar a instabilidade, quitar-lhe as terras agriculturáveis e manter a Rússia ameaçada instalando bases militares e misseis em território ucraniano a poucos quilometros de Moscou e São Petersburgo, só para citar as mais famosas e principais cidades russas.

Aqui no Brasil, a questão é o Pré-Sal. Os laranjas estão a serviço de quem quer o controle total do petróleo Pré-Sal, cujo leilão não agradou aos esquerdistas, mas desagradou muito mais às grandes transnacionais petroleiras e ao maior consumidor mundial do combustível fóssil.

Embora, entre os manifestantes brasileiros e ucranianos exista gente bem intencionada, por trás de muitos movimentos estão fundações estrangeiras e suas aliadas nacionais com um mesmo modus operandis, com um mesmo patrão.

No caso Ucraniano há grupos declaramente nazistas, como o Svoboda, abertamente à frente dos protestos de Kyiv. No Brasil, destróem patrimônio público, incendiam ônibus e até fuscas de trabalhadores, repetindo práticas nazistas de amedrontamento da população.

O importante para essa gente é criar o caos, a instabilidade, a ideia de falta de governo e de poderes estabelecidos, que faz a opinião pública nacional e internacional acreditar na inevitabilidade da intervenção externa, de modo a impor um gerente mais confiável ao sistema capitalista internacional.

Nem no caso do Brasil, nem da Ucrânia, toda a agitação política dos últimos tempos deve ser tratada apenas como uma mera disputa nacional. Esta última, aliás, é usada apenas para encobrir a disputa geopolítica internacional, onde o que se busca é acesso fácil e barato a recursos naturais abundantes ao mesmo tempo que se tenta coibir o crescimento de possíveis novas potências políticas, sociais, econômicas, militares mundiais.


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