Por Roberto Requião
Venho ainda mais uma vez – e não me cansarei de retornar- para defender a Petrobrás como proprietária e operadora única do pré-sal. Arrolo para o debate seis argumentos que considero irrefutáveis e peço que as senhoras e senhores senadores ouçam com atenção o que tenho a dizer, reflitam, ponderem e decidam a favor do Brasil.
Primeiro: Este é o pior momento para se vender uma grande reserva de petróleo extraído a baixo custo. Os preços do petróleo estão sendo mantidos artificialmente baixos por uma jogada geopolítica dos Estados Unidos e de alguns países do Golfo para controlar as reservas internacionais do combustível.
Isso é mais velho que o processo que formou as jazidas de petróleo. É o famosíssimo dumping. Baixam artificialmente os preços para tomar as empresas e as riquezas petrolíferas dos países e das empresas mais fracos.
No entanto, em breve, os preços do petróleo retomarão o seu curso normal -em torno de 80 dólares o barril- e o petróleo será novamente uma grande fonte de lucros.
Daí que as superpotências e magnatas do petróleo estão de olho no pré-Sal,porque a Petrobras consegue manter alta lucratividade com a extração do óleo dessa camada, mesmo com os atuais preços do petróleo. Tão claro assim, tão simples assim.
Segundo. Sem o Pré-Sal a Petrobras entraria em falência.
A Petrobras está financeiramente bem, apesar do alto endividamento, porque está obtendo lucros operacionais graças ao pré-sal. Em contraposição, todas as petroleiras mundiais estão com alto endividamento e com dificuldades financeiras em razão dos baixos preços do petróleo e dos altos custos de extração.
Reafirmando, para que fique bem marcado: a Petrobras está muito melhor que a maioria das petrolíferas em razão dos baixos custos de extração e alta produção obtida no pré-sal.
Ao contrário do que dizem certos analistas a serviço dos magnatas do Petróleo, o pré-sal já é hoje a principal fonte de lucro da Petrobras e será a salvação da empresa, sendo a fonte de recursos que saldará suas dívidas.
O custo de extração do pré-sal é baixo em razão da alta produtividade dos poços, da alta tecnologia desenvolvida pela Petrobras e da ótima localização dos poços que são próximos dos grandes centros consumidores, processadores e logísticos do Brasil.
Terceiro. A Petrobras é fundamental para a segurança estratégica do Brasil.
A cadeia de petróleo e gás é a espinha dorsal da economia brasileira e do financiamento do Estado Nacional. A Petrobras, sua cadeia produtiva, e a renda gerada indiretamente por elas, são responsáveis por 20% do PIB brasileiro.
Isso resulta em dezenas de bilhões de reais em impostos que são investidos em saúde, educação e serviços sociais. O próprio desenvolvimento tecnológico nacional e grande parte da nossa indústria de máquinas, equipamentos e setores estratégicos dependem da Petrobras e, agora, do pré-sal. A Petrobras é a maior geradora de patentes do país.
Logo, enfraquecê-la agora, quando há um agressivo dumping internacional movido pelas grandes potências é um crime contra a Pátria.
Quarto. O desemprego avança no país. A Petrobras e suas operações no pré-sal são de extrema importância para a retomada do desenvolvimento e para combater o desemprego.
A Petrobrás comanda a maior cadeia produtiva do país, que responde direta e indiretamente por cerca de 15% da geração de emprego e renda no Brasil. Mas a cadeia produtiva da empresa está debilitada. Muitos canteiros de obras estão praticamente abandonados e os equipamentos enferrujando-se. Enormes perdas em consequência da paralisação injustificada, desnecessária de muitas obras.
Quinto. A Petrobras e o Brasil devem reservar-se o direito de propriedade, exploração e de conteúdo nacional sobre o pré-sal, porque foram conquistas exclusivamente brasileiras após décadas de pesado esforço tecnológico, político e humano.
Nos anos 50, os melhores geólogos norte-americanos diziam que não havia grandes volumes de petróleo no Brasil e que não era necessário criar uma empresa estatal para explorá-lo. Mas o povo brasileiro, por teimosia, fé e coragem insistiu em procurar petróleo no país na base do "custe o que custar”. "O Petróleo é nosso!”, gritavam as ruas.
E isso custou até mesmo a vida do grande brasileiro que criou a Petrobras.
Se não achamos muito petróleo em terra, fomos buscar no mar. Investimos tudo que estava disponível e tivemos que chegar a lugares nunca antes alcançados.
Ano após ano, com ou sem crise econômica, com ou sem crise política, realizamos o que para outros parecia impossível, batendo recordes sobre recordes na exploração de petróleo em águas profundas.
Fizemos tudo isso com nossos próprios meios e desenvolvemos nossa própria tecnologia. Uma tecnologia desenvolvida por brasileiros, dos brasileiros e para os brasileiros.
Assim, com o pré-sal, o esforço de gerações foi premiado. A exploração brasileira do pré-sal é uma homenagem que fazemos a nossos avós que lutaram para construir a Petrobras e a grande herança que damos a nossos netos.
O projeto Serra, que já era inconveniente e antinacional, com os baixos preços do petróleo passou a ser lesivo, um crime contra a pátria.
O projeto do senador José Serra que tem como objetivo a retirar a Petrobrás da condição de operadora única do pré-sal é um equívoco. Então para que teria servido criar, desenvolver e dotar de alta tecnologia a Petrobrás?
Uma empresa que já tem entre 50 bilhões de barris a 100 bilhões de barris já comprovados de petróleo no pré-sal não pode ser apontada como financeiramente fraca.
Senadores, senadores, abrir mão do pré-sal é condenar o Brasil ao inferno eterno do subdesenvolvimento, da corrupção e da degradação social.
Roberto Requião é Senador da República, em seu segundo mandato. Foi governador do Paraná três vezes, prefeito de Curitiba e deputado estadual no Paraná. É graduado em jornalismo e em direito com especialização em urbanismo.
Fonte: robertorequiao.com.br