São Paulo, Moóca, sábado, 15:30h, em frente a um popular restaurante do bairro paulistano, três motoboys e um senhor de classe média debatem acaloradamente se a rádio JovenPan é do José Serra ou não.
O senhor se declara ouvinte da rádio e defende Serra.
Os motoboys afirmam que a rádio protege tucano e que a prisão de Lula é perseguição.
Os saintes do restaurante passam a prestar atenção no debate.
Um dos motoboys defende a liberdade do ex-presidente dizendo que sua prisão é perseguição dado que não prendem e nem prenderão Serra, Aécio, Maia, Temer, Gedel e outros.
Seu colega corrobora e aumenta a lista, enquanto o terceiro motoboy fica na sua, meio que em cima do muro, fazendo piadas.
O senhor desanda a defender as privatizações e o estado mínimo, coerente para um ouvinte e admirador do Villa.
Os motoboys defendem o Estado, os direitos trabalhistas, a liberdade dos cidadãos. Os saintes se juntam a conversa e se posicionam ao lado do motoboys, num verdadeiro 5 contra um. O senhorzinho então se levanta e com isso sobe o tom da voz também para contestar os lúmpens estatizantes, portanto, corruptos.
Os motoboys mantiveram o nível e se sentiram mais fortes ao contar com o apoio dos saintes.
O senhorzinho perdeu a compostura e desandou a repetir os chavões próprios dos midiotas eleitores de Bozo, enquanto os motoboys buscavam argumentar racionalmente.
Os saintes se despediram e finalmente seguiram o seu caminho, perguntando-se se realmente foram os lúmpens, que formam a classe social realmente excluída, aquela que estaria não só à margem, mas abaixo da pirâmide social, destituída não apenas dos meios de produção, mas também de consciência política, sendo facilmente utilizada como massa de manobra, os que votaram no bozo e elegeram o maior desastre da história eleitoral brasileira?
Pela conversa relatada acima, parece que não foram os lúmpens os culpados pelo que está a ocorrer no Brasil.
Ou será que no Brasil o lúmpen é de classe média???