Manifestação de apoio ao ex-presidente Lula sensibilizou parte dos moradores do bairro Santa Cândida
Por Júlia Rohden e Diangela Menegazzi, Brasil de Fato | Curitiba (PR)
Foto: Gibran Mendes
Acampados montaram uma tenda para recebimento de materiais de higiene e alimentos não perecíveis
“Pode entrar, fica à vontade!” É assim que Gelsoli Bandeira dos Santos, funcionário público da Prefeitura de Curitiba, recebe as pessoas que estão acampadas a poucos metros da Superintendência da Polícia Federal (PF), no bairro Santa Cândida, em Curitiba.
Gelsoli mora com esposa e filha e oferece a casa, em frente ao acampamento, para quem quiser tomar água, banho, e carregar o telefone celular: “Tocou no meu coração e eu estou fazendo”, justifica. O funcionário público conta que já trabalhou na rua, com antipó e asfalto. “Eu sei o que é sofrer no trecho, quando a gente pede água, o povo não dá, ou dá água quente. Então, o que eu puder fazer, eu faço mesmo”, completa.
O acampamento Lula Livre foi montado no último sábado (7) para fazer vigília permanente em defesa do ex-presidente. Todos os dias, dezenas de ônibus com apoiadores de Lula chegam de várias partes do país. Autoridades, lideranças de movimentos sociais e artistas também estão mobilizados.
Quem precisa de ajuda?
Thais Flessak mora no Jardim Aliança, a cerca de quatro quilômetros do acampamento. Na manhã desta terça-feira (10), ela foi ao local para levar doações e conversar com as pessoas. “Fui lá para ver se o pessoal estava precisando de alguma coisa. Levei cobertores, suporte para galão de água, porque acho que facilita muito, algumas roupas, porque tem feito frio aqui à noite”, disse.
Ela ficou surpresa com a atitude de uma mulher que a abordou no acampamento. “Uma senhora com a camiseta do MST me perguntou se eu morava em Curitiba. Eu disse que sim e ela me respondeu: ‘Não se preocupa que vocês não estão sozinhos’. Como se quem estivesse precisando de alguma ajuda fosse eu. A pessoa foi de uma generosidade e de uma fé tão bonita. Ela me deu um abraço e se dispôs a me ajudar, sendo que, na verdade, eu achei que não precisasse de ajuda nenhuma”, contou, emocionada.
Thais disse ainda que quer voltar outras vezes ao acampamento. “Quero ver se consigo arrecadar mais com alguns amigos e passar mais um tempinho com o pessoal”, completou.
Infraestrutura e doações
No local, há banheiros químicos e cozinhas comunitárias onde são preparadas refeições para os acampados. Foram divididas equipes de trabalho para cuidar da saúde, da segurança e da limpeza do local.
Também há uma equipe no acampamento que ajuda a organizar os alimentos doados e os distribui para as cozinhas montadas no local. Existe uma tenda específica para atender as pessoas que queiram fazer doações.
Zenilda Pereira, do assentamento Elias Gonçalves de Moura, em Carlópolis, no norte do Paraná, é uma das responsáveis pelo recebimento das doações. Ela afirma que, assim como Thais, muitas pessoas são solidárias e levam até o local itens de higiene, alimentos não perecíveis, água e até filtro solar.
“Tem muita doação da própria vizinhança que apoia a mobilização e quer dar suporte para a demanda que nós temos”, garante Zenilda.
Fluxo de veículos
Durante a apuração das informações para esta matéria, um policial procurou a reportagem para pedir que as pessoas que pretendam ir ao acampamento tomem cuidado com a sinalização de trânsito, as faixas amarelas e as guias rebaixadas, para evitar que os veículos sejam multados.