Para refletir e debater (6): Algo está ocorrendo no país. Mas do que se trata?
17 de Junho de 2013, 21:00 - sem comentários aindaPor André Castelo Branco Machado
Algo está ocorrendo no país. Mas do que se trata?
Mais de 80 mil em São Paulo, 100 mil no Rio, 10 mil em Curitiba e tantos outros milhares nas principais cidades do país. Maioria jovens e das mais diversas classes sociais e posições ideológicas. Uma geração foi às ruas, mesmo que por motivos diferentes!
Em Curitiba, ao mesmo tempo em que uma parte dos manifestantes gritavam palavras de ordem hostilizando a Presidente Dilma e os partidos políticos, outra gritava contra o Beto Richa e em defesa de direitos sociais.
Andei pelo ato e pude perceber que esse setor à direita e com pautas bem conservadoras, dando foco à corrupção, a cobrança de impostos e até mesmo a redução da maioridade penal, se recusava a gritar as palavras de ordem contra o aumento da tarifa. Trata-se de um setor que não usa nem pretende usar o transporte coletivo, e não tem muita preocupação com políticas sociais. Muitos deles resolveram ir às ruas somente depois que o Jabor mudou de opinião.
Mas a maioria está ali porque quer mudança, seja contra o aumento da tarifa do ônibus, a pilhagem do Estado do Paraná pelo Richa, a exigência de liberdades democráticas e também contra uma "governabilidade" sem rupturas adotada pelo governo Dilma.
Um movimento contraditório, que a direita resolveu disputar. infelizmente, a esquerda mais importante do país, oficialmente, decidiu usar a estratégia do avestruz e fingir que nada está ocorrendo.
Mas não há como ignorar. Na história, movimentos como este já apoiaram o fascismo, mas também já restabeleceram a democracia.
Depende para que lado penderá o pêndulo!
A chave da questão será a resposta que a Dilma dará ao povo.
Ou continuará buscando satisfazer a ampla coalizão e impedindo avançar as pautas mais estruturais ou vai se juntar a voz que vem das ruas e enfrentará quem sempre mandou no país!
Esse movimento tem um grande potencial, só não é possível dizer de antemão que rumo tomará. A tarifa do transporte continua sendo a pauta popular das manifestações e esse é o elemento que não pode se perder.
Para refletir e debater (5): Não é crível que as elites tenham este poder todo
17 de Junho de 2013, 21:00 - sem comentários aindaSem fôlego, meninos e meninas.
Não é crível que as elites tenham este poder todo, o de colocar milhares de pessoas nas ruas nesta segunda-feira.
Aqui no Paraná, protestos surpreendentes e massivos em Curitiba, Londrina, Ponta Grossa e outras cidades.
Se não tenho nenhuma dúvida que a direita trevosa tenta aproveitar-se - estamos falando de 2014, é claro - confesso que não tenho a mais remota ideia de onde veio esta energia mobilizadora.
Só espero que nós, os que estamos aqui pelos lados esquerdos da vida, não simplifiquemos a análise, como eu mesmo andei fazendo, o que se explica pela minha cacholinha de poucas luzes.
Se já tinha um monte de dúvidas, bem, confesso que nelas agora nado de braçada!
Para refletir e debater (4): O que querem esses jovens em seus protestos?
17 de Junho de 2013, 21:00 - sem comentários aindaPor Gilmar Piola
O que querem esses jovens em seus protestos?
Protestam por protestar.
Protestam contra a ordem econômica vigente.
Protestam contra a classe política dominante. Protestam contra a ganância das instituições financeiras.
Protestam contra todos os símbolos de poder.
Protestam contra o aquecimento global.
Protestam contra a falta de perspectivas.
Não é só contra o aumento da tarifa de ônibus. Não é só contra os gastos da Copa.
Não é contra PT ou PSDB.
É contra tudo que aí está.
Querem arte, cultura e emprego.
Querem carinho e atenção.
Querem um mundo sustentável e de novas oportunidades.
Querem apenas o direito de ter direitos.
Para refletir e debater (3): Romper o pacto das elites e reassumir as causas sociais
17 de Junho de 2013, 21:00 - sem comentários aindaO Brasil sempre foi governado a partir de um pacto de elites. É a tal "modernização conservadora".
O povo vota mas fica de fora das decisões substantivas, especialmente as que dizem respeito ao orçamento.
As decisões são resultado de conchavos de bastidores.
Consideram, por exemplo, quanto os donos das empresas concessionárias do transporte doaram nas eleições; quanto as empreiteiras que fizeram as obras da Copa ou constroem hidrelétricas na Amazônia doaram a partidos e candidatos. E assim por diante.
O que o pessoal do MPL fez foi destapar a panela de pressão.
Todos nós queremos que as decisões no Brasil, em todas as instâncias, considerem acima de tudo as necessidades reais das pessoas.
A direita simula que é a favor das manifestações, mas obviamente tem medo das reinvindicações de fundo (ou alguém acha que existe empresário de ônibus de esquerda?).
A direita não quer perder o poder da PM como balizador de suas "políticas sociais", que é o que provisoriamente aconteceu. A PM é a garantia de seus privilégios.
O PT é governo e nenhum governo gosta de confusão, especialmente se acredita que tem tudo para ganhar a próxima eleição.
Além disso, os acordos de governabilidade do PT são firmados sobre a manutenção de privilégios históricos da direita, também ameaçados pelos manifestantes.
A não ser que o PT retome seu compromisso histórico com as causas sociais, teremos em alguns dias um consenso inédito entre os grandes partidos para jogar essa molecada no rio Pinheiros.
Para refletir e debater (2): Por que não retomar uma bandeira histórica do PT?
17 de Junho de 2013, 21:00 - Um comentárioPor Sergio Telles:
O PT criou o SAMU, que é um sistema gratuito de atendimento de emergência, sem cobrança de tarifa, o que acabou com uma máfia de ambulâncias que existia Brasil afora.
Porque não podemos implantar o transporte coletivo gratuito, que acabaria com a máfia das empresas de ônibus e seus caixas 2 eleitorais, juntando uma política que foi idealizada pelo próprio PT nos anos 80 (o transporte público gratuito) e outra bandeira de sempre do PT, que é defender coisas que ajudem na reforma política e no combate à corrupção?
Sou a favor já da implantação do transporte coletivo gratuito, em todas as cidades brasileiras.