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MP move ação contra quadros ‘discriminatórios’ do Pânico na Band
26 de Maio de 2012, 21:00 - sem comentários aindaEspecialistas em comunicação advertem sobre perigo do ‘humor fácil’ na TV. Pós-doutora em cinema e televisão e professora da Universidade de Brasília (UnB), Tânia Montoro explica que o tipo de humor apresentado no programa incentiva discriminação e a violência
Especialistas em comunicação advertem que programas exibidos pelas emissoras de televisão têm um efeito em cadeia na educação das crianças e adolescentes. Para eles, um programa que contenha cenas de violência e que exponha a figura feminina, por exemplo, deve ir ao ar em um horário no qual apenas adultos acompanhem a exibição. Também alertam sobre as ameaças de agravamento da violência e da discriminação por meio da banalização do chamado humor fácil.
Para a pós-doutora em cinema e televisão e professora da Universidade de Brasília (UnB) Tânia Montoro, o tipo de humor apresentado no programa incentiva a violência. “Esse tipo de humor de naturalização da violência simbólica contra o feminino presta um desserviço à população brasileira”, disse ao se referir ao programa Pânico na Band. “Existe um conceito filosófico comprovando que as pessoas em formação imitam o que veem com frequência. O programa passa ensinamentos de discriminação e atos violentos”, completou.
O Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos entrou hoje (24) no Ministério Público Federal (MPF) com uma representação em que pede a retirada do ar dos quadros A Academia das Paniquetes e O Maior Arregão do Mundo, exibidos no programa Pânico na Band. Para o conselho, a atração da emissora de TV Band reproduz exemplos negativos para crianças e adolescentes, estimula a discriminação e constrange a figura feminina.
Tânia Montoro disse ainda que é contrária a qualquer tipo de censura dos meios de comunicação. Mas advertiu: “A sociedade está cansada desse tipo de programa humorístico”. “O fato de ter audiência não significa em momento algum que formas grotescas possam ser incentivadas. Agredir as pessoas não é humor e, sim, violência.”
O jornalista e mestre em comunicação visual Cláudio Ferreira defendeu a revisão da chamada classificação indicativa do Pânico, assim como de seu conteúdo. “A primeira providência a ser tomada é reclassificar o programa. Essa mudança é um instrumento importante para preservar esse público infantojuvenil de programas inadequados. É obrigação do Estado rever a classificação indicativa. Ao perceber que tem conteúdo inapropriado, deve-se mudar o horário de exibição.”
Para o professor, as autoridades e a sociedade devem exigir qualidade na programação de televisão. “Temos várias formas de fazer pressão para que um programa como esse tenha boa qualidade, mas, com o humor, é um pouco mais difícil, porque às vezes perde-se o limite de respeito. Vivemos em uma sociedade com muitos problemas de educação. A televisão, além de ser um meio de comunicação, é um meio de instrução para as pessoas. Ela mostra o comportamento e pode influenciar nesse sentido”, disse ele.
Por Talita Cavalcante e Juliana Andrade, Agência Brasil
Ressaca após carnaval do Facebook
25 de Maio de 2012, 21:00 - sem comentários aindaRessaca após carnaval do Facebook |
O carnaval em torno do lançamento das ações da empresa Facebook está se transformando rapidamente num coro de reclamações e queixas que pode acabar levando o badalado criador da maior rede social da internet aos tribunais norte-americanos.
Mark Zuckerberg, alguns investidores — entre eles Marc Andreesen, diretor da Facebook e um dos criadores do navegador Netscape — e a corretora de valores Morgan Stanley estão sendo acusados demanipular dados sobre a situação financeira da empresa nos dias que antecederam o leilão de ações na bolsa eletrônica NASDAQ , realizado na segunda feira (21/5).
A polêmica em torno da adulteração de dados relativos ao faturamento, lucros atuais e perspectivas futuras da Facebook jogou um balde de água gelada na cabeça dos que correram para comprar ações da empresa, achando que iriam ficar milionários da noite para o dia. Três dias após o leilão, as ações da Facebook perderam 20% do seu valor e ninguém se arrisca a dizer se a queda continuará ou não.
O fato concreto é que a dúvida e a incerteza se instalaram entre os 900 milhões de usuários da rede em todo mundo, ao mesmo tempo em que cresceu a cautela dos anunciantes, os principais alvos da venda de ações. Ao colocar papéis no mercado financeiro, Zuckerberg sinalizou para os investidores sua intenção de valorizar a lucratividade da empresa criada em 2004, e que cresceu baseada numa relação não lucrativa com os seus usuários.
A manipulação dos dados financeiros está associada a uma suspeita ainda mais perturbadora para os novos acionistas. A de que a os diretores da Facebook, comandados por Zuckerberg, se preocuparam mais em valorizar o seu próprio capital do que em atrair poupadores interessados em participar do crescimento da empresa, a filosofia tradicional em todos os lançamentos de ações negociadas em bolsas de valores.
Estimativas feitas antes do leilão indicavam que cada empregado que tivesse ações da Facebook ganharia em média 2,04 dólares por ação, se as cotações do dia 21 de maio fossem mantidas. Na sexta feira (18/5) , a fortuna de Zuckerberg, hoje com 26 anos, estava avaliada em 19,4 bilhões de dólares. Na segunda feira (21/5) , com a valorização das ações na abertura do leilão, ela saltou para 22,6 bilhões de dólares.
O olho do pessoal da Facebook engordou e eles desdenharam as iniciativas destinadas a seduzir investidores, acreditando que a simples fama da empresa seria suficiente para atrair compradores de ações. A esnobação do mundo financeiro tradicional irritou a turma de Wall Street e a resposta veio já na terça-feira, com os rumores sobre maquiagem de dados. Aí a maré virou e o garoto prodígio da internet viu 4,5 bilhões de dólares de sua fortuna irem para o ralo em três dias.
Os especialistas afirmam que uma desvalorização após a euforia de um leilão de ações é previsível, mas no caso da rede de Zuckerberg a queda foi maior e pode ter desdobramentos imprevisíveis. O contexto das redes sociais é muito mutável, como provam episódios anteriores de outras iniciativas como MySpace e Orkut, que tiveram dias de gloria, pareciam imbatíveis e viraram pó com uma rapidez impressionante.
Mark Zuckerberg, alguns investidores — entre eles Marc Andreesen, diretor da Facebook e um dos criadores do navegador Netscape — e a corretora de valores Morgan Stanley estão sendo acusados demanipular dados sobre a situação financeira da empresa nos dias que antecederam o leilão de ações na bolsa eletrônica NASDAQ , realizado na segunda feira (21/5).
A polêmica em torno da adulteração de dados relativos ao faturamento, lucros atuais e perspectivas futuras da Facebook jogou um balde de água gelada na cabeça dos que correram para comprar ações da empresa, achando que iriam ficar milionários da noite para o dia. Três dias após o leilão, as ações da Facebook perderam 20% do seu valor e ninguém se arrisca a dizer se a queda continuará ou não.
O fato concreto é que a dúvida e a incerteza se instalaram entre os 900 milhões de usuários da rede em todo mundo, ao mesmo tempo em que cresceu a cautela dos anunciantes, os principais alvos da venda de ações. Ao colocar papéis no mercado financeiro, Zuckerberg sinalizou para os investidores sua intenção de valorizar a lucratividade da empresa criada em 2004, e que cresceu baseada numa relação não lucrativa com os seus usuários.
A manipulação dos dados financeiros está associada a uma suspeita ainda mais perturbadora para os novos acionistas. A de que a os diretores da Facebook, comandados por Zuckerberg, se preocuparam mais em valorizar o seu próprio capital do que em atrair poupadores interessados em participar do crescimento da empresa, a filosofia tradicional em todos os lançamentos de ações negociadas em bolsas de valores.
Estimativas feitas antes do leilão indicavam que cada empregado que tivesse ações da Facebook ganharia em média 2,04 dólares por ação, se as cotações do dia 21 de maio fossem mantidas. Na sexta feira (18/5) , a fortuna de Zuckerberg, hoje com 26 anos, estava avaliada em 19,4 bilhões de dólares. Na segunda feira (21/5) , com a valorização das ações na abertura do leilão, ela saltou para 22,6 bilhões de dólares.
O olho do pessoal da Facebook engordou e eles desdenharam as iniciativas destinadas a seduzir investidores, acreditando que a simples fama da empresa seria suficiente para atrair compradores de ações. A esnobação do mundo financeiro tradicional irritou a turma de Wall Street e a resposta veio já na terça-feira, com os rumores sobre maquiagem de dados. Aí a maré virou e o garoto prodígio da internet viu 4,5 bilhões de dólares de sua fortuna irem para o ralo em três dias.
Os especialistas afirmam que uma desvalorização após a euforia de um leilão de ações é previsível, mas no caso da rede de Zuckerberg a queda foi maior e pode ter desdobramentos imprevisíveis. O contexto das redes sociais é muito mutável, como provam episódios anteriores de outras iniciativas como MySpace e Orkut, que tiveram dias de gloria, pareciam imbatíveis e viraram pó com uma rapidez impressionante.
Um Kit para a Tecnologia Móvel em Comunidades Marginalizadas
24 de Maio de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Luis Henrique
Com a proliferação dos telefones celulares em comunidades marginalizadas e sub-representadas, é importante que a mídia cidadã e os ativistas aprendam mais sobre as questões de usabilidade e táticas que envolvem essa tecnologia de comunicação amplamente disponível. Uma vez que cada vez mais serviços móveis estão entrando em operação, o aprendizado sobre as tecnologias móveis pode ser muito útil. E, para os ativistas que estão por aí, há um conjunto de guias disponível online desde 2008.
Mobiles in-a-box [en] do Tactical Technology Collective é um conjunto de ferramentas e guias criado para ajudar ativistas a utilizarem as tecnologias móveis em suas ações. O material foi criado com o apoio de mais de 50 especialistas em tecnologia móvel e ativistas no período entre 2007 e 2008.
Este kit de ferramentas foi especialmente desenhado para demonstrar e inspirar o uso das tecnologias móveis como apoio a causas e campanhas. Usando softwares livres e códigos abertos, os usuários podem formatar e implementar suas próprias estratégias e projetos com serviços móveis.
O kit para a tecnologia móvel contém:
- Táticas sugeridas para o emprego de aparelhos celulares como apoio a causas
- Estudos de casos
- Ferramentas [en] e serviços
- Guias de orientação para você começar a fazer campanhas via celular
O projeto é uma das iniciativas bem-sucedidas [en] do Tactical Tech. O kit para a tecnologia móvel foi lançado em novembro de 2008 (em Francês e Inglês) e 4 mil cópias impressas foram despachadas para vários lugares do mundo. O Tactical Tech treinou diretamente 1.500 ativistas e recebeu milhões de hits em seu website.
O kit sobre as tecnologias móveis não vem sendo atualizado, mas ele foi publicado sob uma licença Creative Commons que permite aos usuários traduzirem, adaptarem e incrementarem os conteúdos. Essas ferramentas precisam ser traduzidas em muitas línguas para que possam beneficiar o maior número de comunidades possível. Você pode baixar a versão das ferramentas aqui [en].
Relatório Anual 2012: Amnistia Internacional diz que não há lugar para a tirania e a injustiça
24 de Maio de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
É necessário um Tratado de Comércio de Armas forte numa altura em que o Conselho de Segurança da ONU parece estar cada vez menos à altura do desafio.
A coragem demonstrada pelos manifestantes nos últimos 12 meses tem sido acompanhada por uma falha de liderança que faz com que o Conselho de Segurança da ONU pareça cansado, descompassado e cada vez mais inadequado à sua função, afirma a Amnistia Internacional no lançamento do 50º relatório global sobre os direitos humanos, apelando a um Tratado de Comércio de Armas forte ainda este ano.
"As falhas de liderança tornaram-se globais no último ano, com os políticos a responderem aos protestos com brutalidade ou indiferença. Os governos devem mostrar uma liderança legítima e rejeitar a injustiça, protegendo os mais fracos e contendo os mais poderosos. É altura de colocar as pessoas antes das empresas e os direitos antes dos lucros", afirma Salil Shetty, Secretário-geral da Amnistia Internacional.
O apoio entusiástico expresso aos movimentos de protesto demonstrado por parte de muitos poderes globais e regionais nos primeiros meses de 2011 não se transformou em ação. Enquanto os egípcios vão a votos para escolher um novo presidente, cada vez mais parece que estão a ser desperdiçadas as oportunidades para a mudança criadas pelos manifestantes.
"No último ano tornou-se bastante claro que as alianças oportunistas e os interesses financeiros triunfaram sobre os direitos humanos enquanto os poderes mundiais disputam a sua influência no Médio Oriente e no Norte de África", afirma Salil Shetty. "A linguagem dos direitos humanos é adotada quando serve as agendas políticas ou das empresas ou arquivada quando é inconveniente ou se atravessa no caminho do lucro."
O fracasso de não intervir no Sri Lanka e a inação perante os crimes contra a humanidade na Síria - um dos principais clientes de armas da Rússia - fizeram o Conselho de Segurança da ONU parecer redundante como guardião da paz mundial. As potências emergentes como a Índia, o Brasil e a África do Sul têm sido muitas vezes cúmplices através do seu silêncio.
"Há um argumento claro e convincente para que a situação na Síria seja levada ao Tribunal Penal Internacional de forma a serem investigados os crimes contra humanidade. A determinação de alguns membros do Conselho de Segurança da ONU em protegerem a Síria a qualquer custo torna difícil a responsabilização por estes crimes e representa uma traição ao povo da Síria", acrescenta Salil Shetty.
O Relatório de 2012 da Amnistia Internacional documenta restrições específicas à liberdade de expressão em pelo menos 93 países, assim como casos de pessoas torturadas ou sujeitas a maus tratos em pelo menos 101 países - muitas vezes por participarem nas manifestações.
"Expulsar líderes - embora sendo tiranos - não é o suficiente para obter uma mudança duradoura. Os governos devem promover a liberdade de expressão no seu país e no estrangeiro, levando a sério as responsabilidades internacionais e investindo em sistemas e estruturas que garantam justiça, liberdade e igualdade perante a lei."
A conferência das Nações Unidas em que se discutirá o texto final do Tratado de Comércio de Armas, em julho, será uma prova de fogo para os políticos colocarem os direitos humanos acima dos seus próprios interesses e do lucro. Sem a existência de um tratado forte, o trabalho do Conselho de Segurança da ONU de proteção da paz global e da segurança parece condenado ao fracasso, os seus membros permanentes continuarão a exercer um veto absoluto sobre qualquer resolução apesar de serem os maiores fornecedores de armas do mundo.
"Os manifestantes mostraram que a mudança é possível. Lançaram o desafio aos governos para que estes defendam a justiça, a igualdade e a dignidade. Mostraram que os líderes que não vão ao encontro destas expetativas não serão mais aceites. Depois de um começo pouco auspicioso, 2012 deve tornar-se no ano da ação", conclui Salil Shetty.
Outros desenvolvimentos globais focados no Relatório de 2012 da Amnistia Internacional:
- Estados altamente repressivos, incluindo a China, recorreram à força total dos seus aparelhos de segurança para sufocar os protestos. Não se registaram melhorias da situação terrível dos direitos humanos na Coreia do Norte.
- Na África Subsaariana, as revoltas no Médio Oriente e no Norte de África tiveram grande impacto entre as pessoas - mas foi usada força excessiva contra os manifestantes em países como a Angola ao Senegal e ao Uganda.
- Os protestos ganharam força nas Américas, levando muitas vezes a confrontos entre as pessoas e os interesses económicos e políticos. Vários ativistas foram ameaçados e mortos, incluindo no Brasil, na Colômbia e no México.
- Na Rússia, o ativismo político cresceu e o país testemunhou as maiores manifestações desde o colapso da União Soviética, mas as vozes da oposição foram silenciadas e sistematicamente reprimidas.
- Não houve sinais de mudanças significativas em países como o Turquemenistão e o Uzbequistão. O anfitrião da edição do Festival Eurovisão da Canção deste ano, o Azerbaijão, reprimiu a liberdade de expressão e dezasseis prisioneiros de consciência ainda estão atrás das grades por levantarem as suas vozes em 2011.
- A violência seguiu-se ao voto pela independência do Sudão do Sul, mas o Conselho de Segurança da ONU - juntamente com o Conselho de Paz e Segurança da União Africana - fracassou novamente no que diz respeito a condenar os abusos, incluindo os bombardeamentos indiscriminados levados a cabo pelas Forças Armadas Sudanesas ou a decisão do governo sudanês de impedir que as organizações humanitárias chegassem aos locais afetados.
- No Médio Oriente e no Norte de África, enquanto os protestos ocupavam a atenção mundial, instalaram-se outros problemas profundos. O governo do Irão esteve cada vez mais isolado, sem tolerância para com os dissidentes e a usar a pena de morte com um entusiasmo apenas ultrapassado pela China, enquanto a Arábia Saudita reprimiu os manifestantes. Israel manteve o seu bloqueio a Gaza, prolongando a crise humanitária e continuou a expandir os colonatos ilegais na Cisjordânia. As organizações políticas palestinianas, a Fatah e o Hamas, visaram como alvos os apoiantes uma da outra; as forças de segurança israelitas e os grupos armados palestinianos levaram a cabo ataques de retaliação em Gaza.
- O governo do Mianmar tomou a importante decisão de libertar mais de 300 prisioneiros políticos e de autorizar Aung San Suu Kyi a participar nas eleições. No entanto, a escalada de conflitos relacionados com as violações dos direitos humanos das minorias étnicas, assim como a contínua perseguição e detenção de ativistas são a prova que as reformas politicas não são ainda suficientes.
- A tendência incluiu abusos contra comunidades indígenas nas Américas à medida que as unidades de exploração de recursos se intensificaram; o agravamento da discriminação em África em relação à orientação sexual dos indivíduos ou à identidade de género; o aumento da retórica xenófoba por parte de alguns políticos europeus; e o aumento da vulnerabilidade aos atos terroristas em África levados a cabo por grupos armados islamitas.
- O progresso incluiu a tendência global para a abolição da pena de morte; o enfraquecimento da impunidade relativamente aos abusos cometidos no passado nas Américas; e os passos históricos para a justiça na Europa com as detenções do General Ratko Mladi e do servo-croata Goran Hadzic, para enfrentarem julgamento por crimes cometidos nas guerras na década de 1990 na ex-Jugoslávia.
Quando os discursos se tornaram 'meme' pela lógica do espetáculo
24 de Maio de 2012, 21:00 - sem comentários aindaCada vez mais, parece que os discursos da massa para a massa (ou autocomunicação das massas, como disse Castells), se tornaram majoritariamente memes, com um detalhe importante: todos alinhados pela lógica do espetáculo, da exposição pela exposição, sem ética e sem estética. Perdemos todo e qualquer bom senso humano, coletivo e social. O grande lance é fazer, flagrar ou compartilhar algo que seja inusitado, não importando as consequências desta ação ou exposição. Em nosso mundo, ganha notoriedade aquilo ou aquele que se expõe.
Alguém (não me lembro quem), definiu humor como a quebra da linha da normalidade. Normal é William Bonner apresentar o Jornal Nacional todas as noites vestido de terno. Humor seria ele apresentar, num dia qualquer, o jornal vestido de mulher, por exemplo. Esta quebra da linha da normalidade é o que orienta a grande maioria dos vídeos mais vistos no Youtube, que se transformam em memes, em piadas rápidas e assim por diante.
Claro que, não raro, o humor tem limite estreito com o bizarro, o desumano, o humilhante. Principalmente porque cada vez menos nos preocupamos em pesquisar e saber mais sobre o que estamos falando. O mundo caminha na velocidade da luz (ainda que tenha dificuldades de dar um passo real), e o espetáculo é a linha que nos guia. Temos que ser o primeiro a exibir, publicar e compartilhar e temos que fazer isso em tempo recorde, pois logo o assunto morre, o meme perde a graça, o assunto sai do contexto e a exposição não será compreendida, portanto, não terá visibilidade.
Nesse sentido é que a exposição discursiva da Xuxa, num programa do Fantástico, se tornou objeto das mais acéfalas análises, repletas de quebras da normalidade, mas principalmente, inusitadas o suficiente para ganhar visibilidade. Os artigos sobre os abusos que a rainha dos baixinhos sofreu estão espalhados pela internet. Raros foram os que levaram a questão distante do simples espetáculo, ainda que envolva uma celebridade. Se a Xuxa fosse a filha de um dos articulistas, por exemplo, será que estes manteriam a mesma opinião? Pedofilia tornou-se assunto banal só por que ocorreu com ela ou por que o desabafo veio décadas depois?
Outro caso recente que ganhou as mídias sociais foi o da repórter Mirella Cunha que fez inúmeros deboches de um assaltante confesso e preso, algemado e suposto estuprador. Ela chega a comentar que o vídeo iria parar na internet, durante a gravação. Por este comentário podemos imaginar qual a linha que guiava o espetáculo estúpido que ela protagonizava: o da exposição viral, banal e fútil.
A gente parece ter se esquecido que por trás de um político, uma celebridade ou seja lá quem for, existe um ser humano, uma família e uma história de vida. Lutar para que o Senador Demóstenes Torres seja cassado pelos crimes dos quais está sendo acusado e investigado é um dever de toda a sociedade, mas espalhar, por exemplo, que Dilma é assassina, terrorista, lésbica, etc (como aconteceu nas eleições), nada tem a ver com a política e fere nossa humanidade. A minha e a sua também, seja você da direita ou da esquerda.
Quando nossos discursos todos se transformarem em meme, nós seremos apenas idiotas, compartilhando toda espécie de barbaridade e buscando exposição midiática a qualquer preço. Se vivemos em uma Idade Mídia, não se faz necessário tornar-se inquisidor de outros indivíduos, queimando seus elementos humanos nas fogueiras midiáticas. Podemos retomar a poesia perdida em nossos discursos e fazer dos quesitos humanidade e respeito um meme amplamente compartilhado, numa ação coletiva de catarse das tragédias que naturalmente já envolvem nossas vidas.