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O "núcleo duro" do PSDB é incorrigível

18 de Outubro de 2012, 21:00 , por Bertoni - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Artigo sugerido por Luiz Rodrigues

Por Antonio Barbosa Filho

Não se trata de um debate de ideias políticas, ou sobre qualidades e defeitos dos candidatos. O que os tucanos mais fanáticos menos fazem é apresentar argumentos - seu discurso é apenas de ódio a Lula, ao PT, à Dilma, aos homossexuais, aos pobres em geral, aos negros e minorias, ou seja, a todos que eles não consideram serem da "elite".

Há poucos dias, uma amiga tucana de Taubaté perguntava no Facebook quem eram os pais de Isaac do Carmo, pois para ela um filho do povo não pode ser prefeito. Cargos de comando estariam, pela sua linha de pensamento, reservados aos que nascem milionários ou se tornam milionários, não importando os métodos.

Há coisa mais atrasada, mais primária, mais século 19, do que isso? E os tucanos acham-se o ápice da "modernidade"! O PSDB começou com boas intenções, liderado por grandes homens públicos como Franco Montoro, José Richa, Mário Covas. Uns mais à esquerda, outros mais ao centro (Montoro era democrata-cristão, mas autêntico, não desses que comungam pela manhã e querem matar o adversário à tarde), todos se aglutinaram num programa Social-Democrata, algo já antigo nos países europeus, mas muito avançado para o Brasil que saia da ditadura e precisava construir suas instituições e definir tendências políticas.

O PT era a esquerda mais nítida, o PSDB uma esquerda moderada, o PDT era trabalhista (o PTB nunca o foi, era uma criação do general Golbery que tirou a sigla de Leonel Brizola, trabalhista da linha de Getúlio e João Goulart). 

Todos esses partidos saíram do ventre da grande Arca que foram o MDB e o PMDB, ao qual Brizola não chegou a filiar-se, acho, mas outros nomes do seu PDT sim, como Alceu Colares. O PSDB tinha um belo horizonte pela frente, tanto que elegeu Fernando Henrique Cardoso para a Presidência da República em poucos anos de existência partidária.

Depois ele comprou votos no Congresso, quebrou a Constituição, e foi reeleito para um péssimo mandato de quatro anos que o Brasil quer esquecer. Naquela fase o partido começou a afastar-se de qualquer característica social-democrata, inclinando-se para a direita mais atrasada, oportunista e corrupta.

Este processo de descaracterização, porém, atingiria seu ápice em 2010, quando José Serra assumiu posições fascistas, usou dos métodos mais baixos, instrumentalizou setores arcaicos da Igreja Católica e dos chamados "evangélicos" (refiro-me não às confissões sérias que existem no Brasil, mas aos carreiristas que pensam mil vezes mais em dinheiro do que em Deus, tipo Malafaia) e adotou teses de golpistas notórios da mídia antiga. Serra deixou de ser o Serra do PMDB, e o PSDB deixou de ser social ou democrata.

EM TAUBATÉ 

Esta corrida à direita pelo PSDB foi seguida avidamente por muitos tucanos de Taubaté. Passaram a valorizar o autoristarismo de Bernardo Ortiz como virtude de bom administrador. Acharam que o concreto é mais importante que o atendimento humano; prédios valem mais que pessoas. Entraram na onda neoliberal de cabeça, esta onda que levou os EUA e a Europa à quase falência, com milhões de pessoas excluídas da sociedade, o "mercado" selvagem, o vale-tudo por dinheiro, os bancos quebrados sendo salvos com dinheiro de quem paga imposto (sempre os mais pobres), etc. 

Este caos neoliberal é evidente, e é incrível que tucanos medianamente inteligentes não o enxerguem. Como também recusam-se a enxergar os crimes que seu partido vem cometendo contra o Brasil e seu povo, como a bilionária fraude das privatizações, tão bem documentadas no livro "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Júnior. O PSDB entregou patrimônio público a preço de banana, em troca de comissões pagas a seus mais ilustres dirigentes. É FATO, está lá em 115 páginas de documentos autenticados, alguns fornecidos pela Justiça dos Estados Unidos e outros países - desafio qualquer tucano a desmentí-lo.

Serra e os tucanos mais radicais misturam Política com religião e questões de foro íntimo. Diziam na campanha de 2010 que Dilma Roussef defendia o aborto, e ela o fez realmente, dentro das condições que existem na lei atual. Quando alunas de Mónica Serra disseram ter ouvido dela própria que fizera um aborto no Chile, fecharam os ouvidos e calaram sua indignação.

Ou seja: "aborto é pecado quando feito pelas mulheres pobres, muitas das quais morrem em falsas clínicas clandestinas; mas é bacana quando feito pela mulher do eterno presidenciável, por uma madame do PSDB". Há cinismo maior do que este? Lula tinha uma filha fora do casamento, e isto era um crime; Fernando Henrique escondeu um filho com uma jornalista da TV Globo por 18 anos, vivendo na Espanha às custas de dinheiro público e da Globo (que recebe dinheiro público), e ninguém disse nada. 

O escândalo da FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação, que coloca os Ortizes, pai e filho, como réus e com seus bens bloqueados até o limite de 139 milhões, nada diz aos tucanos de Taubaté, que se dizem honestos e inimigos ferrenhos da corrupção. Ora, basta de hipocrisia. Admitam: "nós somos contra a corrupção no PT e outros partidos, mas achamos lindo nosso candidato desviar dinheiro público. Fez isso na FDE e fará na Prefeitura, com nossos aplausos. Voto em ladrão, porque sou elite e o povão não sabe roubar como nós". Sejam sinceros uma vez na vida!

É óbvio que tenho sérias críticas ao PT, tanto é que jamais me filiei a este partido, onde tenho grandes e velhos amigos. Mas os erros do PT ele está pagando, até com requintes de crueldade, pois foi punido por sete anos seguidos. Inocentes como Luiz Gushiken e outros foram chamados de ladrões e mensaleiros dia após dia, sem qualquer direito de defesa - Gushiken adquiriu um câncer, pela tensão e humilhação, antes de ser absolvido pelo STF por unanimidade. Quem pode pagar este prejuízo? Uma vida perdida  pela sanha assassina de meia dúzia de donos da mídia e uma torcida que se diz elite mas parece a platéia das antigas arenas romanas. 

Tivessem o mínimo sentimento cristão ou, pelo menos, de amor à Justiça, esses tucanos mais empedernidos pesariam os fatos, condenariam os petistas que cometeram erros, mas lutariam para limpar o PSDB de seus criminosos. Mas não: o demônio está só nos outros, os tucanos estão acima do bem e do mal, não têm defeitos. Tape-se o nariz e vote-se no rapaz do 1,74 milhão de propina, porque ele é "nobre", tem sobrenome e brasão de família.

Pior: a pessoa que queria saber a origem genealógica de Isaac do Carmo nem pertence a nenhuma "elite", seja econômica, seja intelectual: é apenas uma cronista da Corte, sempre bajulando os poderosos e agradecida por qualquer afago. Sim, a Corte tem bajuladores, assim como tem o Bobo.

Fonte: Irani LIma


Tags deste artigo: psdb elite probres ricos preconceito discriminação

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