Ex-presidente da Costa Rica escreve carta elogiando o Brasil
9 de Julho de 2014, 7:59 - sem comentários aindaArtigo sugerido por Luiz Rodriguez
São Paulo, 7 jul (EFE).- A ex-presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, divulgou em sua página no Facebook um elogio à realização da Copa do Mundo no Brasil e à população brasileira, após ter perdido seu computador no aeroporto da Bahia.
"Bastaria agradecer a Wallace Fill, natural do Rio de Janeiro e morador de Salvador, quem encontrou um computador extraviado no aeroporto de Salvador, na Bahia, e ao invés de sair em silêncio, como fariam muitos outros, decidiu buscar pistas sobre o dono e navegar na internet para dar com, para sua surpresa, a ex-presidenta da Costa Rica", disse ela no Facebook.
O computador foi entregue a Chinchilla no sábado, quando aconteceu o jogo entre Costa Rica e Holanda, válido pelas quartas de final e no qual a seleção do país da América Central foi eliminada nos penaltis.
A ex-presidente, além de agradecer o brasileiro que entregou seu computador, destacou que a população do Brasil "surpreendeu" todos desde o início da Copa.
"A atitude de saudável e legítima preocupação de Wallace frente ao infortúnio de quem deu por perdido seu computador é um reflexo de um povo que surpreendeu a todos nós que nos fizemos presentes no Brasil para apoiar a nossa querida Seleção Nacional de Futebol", escreveu Chinchilla.
Ela ainda ressalta "o privilégio" dos costarriquenhos que estiveram no Brasil durante os dias de jogos, além de enfatizar a recepção e hospedagem na cidade de Santos.
"Um município inteiro como Santos vestido de branco, azul e vermelho - as cores da bandeira da Costa Rica - e que se voltou com generosidade e entusiasmo para receber seus hóspedes estrangeiros", divulgou a ex-presidente.
Segundo expressou na carta, Chinchilla agradeceu pela "adoção dos costarriquenhos" nas cidades onde a seleção jogou: Fortaleza, Recife, Belo Horizonte e Bahia.
"Nos fizeram sentir como em nossa casa e conquistaram nosso coração. Nem uma surpreendente final entre Brasil e Costa Rica poderia romper este encanto", declarou Chinchilla.
Fonte: http://www.ovale.com.br/brasil/ex-presidente-da-costa-rica-escreve-carta-elogiando-o-brasil-1.542978
A derrota e a disputa pelo imaginário brasileiro
9 de Julho de 2014, 7:55 - sem comentários aindaPor Saul Leblon
A seleção brasileira foi mastigada até a alma pelas mandíbulas alemãs nesta 3ª feira, na disputa das semifinais da Copa do Mundo.
Depois de tomar quatro gols em seis minutos no primeiro tempo, a equipe montada por Felipe Scolari tirou o uniforme e vestiu o manto de um zumbi coletivo.
Morta, arrastou-se pelo gramado do Mineirão, de onde saiu carregando o fardo de uma goleada histórica por 7 x 1.
A derrota atinge a estrutura do futebol brasileiro.
A exemplo do que ocorreu na economia nos últimos trinta anos, o futebol viveu um processo de primarização.
Clubes que deveriam ser fontes de talentos, com forte investimento em categorias de base, tornaram-se exportadores de brotos verdes.
Ao ensaiarem seu diferencial nos gramados, garotos já são monetizados e remetidos a clubes do exterior, que cuidam de completar sua formação.
Alguns, caso de David Luiz, só para citar um exemplo, voltam depois consagrados, quase desconhecidos aqui, para compor uma seleção que convive mais tempo no avião do que nos gramados.
Nas cadeias da globalização da bola, o Brasil se rendeu ao papel de fornecedor de matéria-prima.
A dependência financeira dos clubes em relação às cotas de transmissões esportivas dos grandes campeonatos regionais e nacionais é outro torniquete da atrofia que explodiu no Mineirão.
As redes de tevê ficam com a parte do leão da publicidade milionária das transmissões futebolísticas –fonte de uma das maiores audiências da televisão brasileira.
Donas do caixa, redes como a Globo, fazem gato e sapato dos clubes, obrigando jogadores a uma ciranda insana de tabelas e competições que se sobrepõem em ritmo alucinante, para servirem à conveniência das grades e da receita publicitária.
É praticamente impossível sobreviver fora da ciranda e, dentro dela, impera o imediatismo: não há tempo, nem recurso, para investir em formação de atletas nas categorias de base.
A pressão brutal por resultados –-se não ‘subir’ ou, pior, se ‘cair’, o clube perde a cota da tevê-- obriga dirigentes à caça insaciável por jogadores tarimbados, em detrimento da revelação própria nos quadros juvenis.
A reiteração entre audiência e cotas premia os clubes maiores criando um círculo de ferro que condena o grosso das demais agremiações à marginalização.
No triênio 2016/19, por exemplo, a Globo prevê pagar R$ 4,11 bi por direitos de transmissão no Brasil. Desse total, três clubes, Corinthians, Flamengo e São Paulo ficarão com quase R$ 500 milhões.
O restante será rateado pelas agremiações do resto do país.
No futebol inglês e no alemão, o critério é mais equânime.
Na Alemanha a verba é dividida em cotas iguais entre todos os clubes. Na Inglaterra, 70% do total é dividido em partes iguais, ficando 30% para ‘prêmios’ por classificação e audiência.
Na Alemanha, ademais, há uma rede capilarizada de escolas de futebol, que compõe um sistema nacional de formação de atletas, revelação de talentos, bem como preparação de técnicos e juízes.
Centros de treinamento de alto nível focados em categorias de base, como o do São Paulo FC, são raros no Brasil, que viu morrer o celeiro do futebol de várzea sem que se pusesse nada no lugar.
Adestradas na lógica da mão para a boca, as torcidas se transformam em certificadoras dessa engrenagem sôfrega.
Não raro com o uso da violência, cobram resultados e contratações milionárias dos cartolas, que usam o álibi das uniformizadas para a rendição incondicional ao mercantilismo esportivo.
Ao contrário da equidistância que seus candidatos cobravam de Dilma ainda há pouco, quando o time de Felipão avançava na classificação, a derrota nacional na Copa do Mundo certamente será explorada pelo conservadorismo.
A disputa pelo imaginário brasileiro ganhará decibéis redobrados a partir de agora, na tentação rastejante de transformar a humilhação esportiva na metáfora de um Brasil corroído pelo ‘desgoverno petista’.
O tiro pode sair pela culatra.
A tese não é apenas oportunista.
Ela é errada.
O que acontece é simplesmente o oposto.
A estrutura do futebol brasileiro, na verdade, está aquém dos avanços sociais e políticos assistidos no país nas últimas décadas.
Há um descompasso entre a sociedade e o gramado.
A caixa preta da Fifa --reafirmada no intercurso entre cambistas e filhos de dirigentes, como se viu em episódio recente no Rio de Janeiro-- é apenas a expressão global do sistema autoritário e nada transparente dominante em várias ligas nacionais.
A do Brasil, com a CBF, é um caso superlativo.
Dominada por um punhado de coronéis da bola, requer um corajoso processo de oxigenação, equivalente à reforma preconizada por Dilma para o sistema político brasileiro.
Trata-se de democratizar os centros de decisão, bem como as legislações relativas à compra e venda de atletas, evitar sua venda precoce ao exterior, ademais de remodelar os circuitos das competições e libertar o caixa dos clubes da tutela asfixiante das tevês, para que possam , de uma vez por todas, converterem-se, de fato, em academias de formação e difusão esportiva.
O conjunto atinge diretamente o núcleo duro dos interesses e valores com os quais o conservadorismo compactua para voltar ao poder.
A quem desdenha da necessidade de um planejamento nacional em qualquer esfera –da industrialização, ao direcionamento do crédito, passando pelo controle de capitais e do câmbio-- cabe perguntar: se não temos uma política nacional para o futebol, como se pode pleitear uma seleção nacional à altura das nossas expectativas?
Enquanto ficamos na dependência de um Neymar, o grupo da Alemanha joga junto há 10 anos.
Pode-se manipular o imaginário da derrota na catarse das próximas horas. Mas será difícil sustentar o oportunismo se ele for confrontado com uma visão clara e desassombrada das linhas de passagem que podem devolver ao futebol brasileiro o brilho que ele já teve um dia, e ao seu torcedor, a alegria trincada neste sombrio oito de julho de 2014.
Mineiraço: A vitória do trabalho duro em equipe contra a “esperteza” e o marketing
9 de Julho de 2014, 7:51 - sem comentários aindaO Amigo Luiz Rodriguez nos enviou por e-mail o artigo abaixo com este mensagem:
Ia escrever um texto, mas alguém já escreveu.
Há menos de um ano participei de uma experiência de uma construção coletiva. Foi fantástico e agora a gente vê este jogo entre Alemanha e Brasil.
Vocês perceberam a troca de passes e os deslocamentos, onde um sabia onde o outro estava pela seleção alemã?
Como o trabalho coletivo é eficiente e eficaz, isto merece esta reflexão, vejam texto:
Mineiraço: A vitória do trabalho duro em equipe contra a “esperteza” e o marketing
Por Conceição Lemes
Alemanha 7 x Brasil 1.
Vexame absoluto.
Foi a pior derrota do Brasil na história das Copas.
Hora de reformular o futebol brasileiro.
A função da verdade é aparecer. Hoje isso aconteceu. Sem maquiagem.
No Brasil, quando os jovens talentos despontam, ainda meninos são vendidos para o exterior.
São eles que integram a seleção brasileira. Jogadores que atuam fora do Brasil, em diferentes times, e que, de vez em quando, se reúnem para jogar juntos.
Diferentemente do que acontece com a seleção alemã, cujos integrantes estão jogando e, sobretudo, treinando — muito! — há seis anos.
Além disso, os alemães são uma equipe colaborativa, não individualista. Jogam por e para um time. E não por uma marca ou contrato. E o Brasil?
Resultado: um time bem preparado, bem treinado, ganhou o jogo de lavada.
Foi a vitória do trabalho duro em colaboração contra a “esperteza” e o individualismo histórico, atávico.
Marketing não ganha jogo. Ganha dinheiro.
Haverá vergonha e vontade suficientes para o Brasil conquistar o terceiro lugar?
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Algumas considerações de Adilson Filho antes do desastre da seleção brasileira nesta terça-feira, em Belo Horizonte
por Adilson Filho
“A Alemanha troca 224 passes a mais que o Brasil por jogo. Eu disse mais de 200 passes! São números impressionantes.
O jogo contra a Colômbia foi o mais faltoso até agora e o Brasil cometeu a maioria das 54 faltas daquela partida. (Não precisa ser nenhum gênio pra saber que num jogo truncado e “sem bola” as chances de sair uma jogada mais perigosa aumentam).
A seleção brasileira é, então, a mais faltosa da Copa e a que menos troca passes em seu meio campo. Esses dados são denunciativos do que o treinador transformou esse time, e por extensão o futebol brasileiro aos olhos do mundo. A seleção, que outrora encantou os amantes do futebol com seu jogo vistoso e imponente, hoje é o reflexo de um sujeito ultrapassado que joga, preferencialmente, pra neutralizar o adversário, e isso sequer na base da ocupação de espaços, mas na da chegada dura que prende o jogo a todo instante.
Vive da garra, da pegada e da força de suas lideranças de contenção.
Isso pode ganhar Copa do mundo? Pode.
Isso traz confiança? Diria que depende do ponto de vista…
Se perder será uma “tragédia”? Tragédias (aspas) no mundo do futebol são aquelas que pegam a gente de surpresa.
Se ganhar terá seus méritos? A meu ver todos, pois uma equipe campeã, que tenha se valido de qualquer coisa permitida pelo esporte, deve sempre ser louvada; e esses 23 atletas que ali estão dando seu máximo não têm a menor obrigação de agradar a nós, torcedores saudosistas”.
PS do Viomundo: Torcedores brasileiros, alguns poucos, foram retirados do estádio depois de ameaçar os alemães. Por medida de segurança, a torcida alemã foi orientada a permanecer nos assentos até a saída dos brasileiros do estádio.
Leia também:
Os brasileiros que sugeriram estuprar filha de zagueiro
Se emocionar é Humano!
3 de Julho de 2014, 9:45 - sem comentários aindaPor Emiliano José
Tá legal, eu aceito o argumento: seleção brasileira não tem esse time todo, falta meio de campo, depende muito de Neymar, essa coisa toda. Agora, pretender que a rapaziada, tão jovem, não tenha nem direito a chorar, se emocionar, tenha dó. Foi um momento de humanização do futebol, um dos negócios mais rentáveis do mundo, submetido a uma entidade despótica e envolvida em homéricos casos de corrupção, onde os jogadores são utilizados como mercadoria.
Esses meninos, dos poucos que ganham o estrelato, sofrem com a carga que lhes foi jogada nas costas. Antes, não ia ter Copa. Agora, não vai ter hexa. Choravam por ter chegado até aqui.
Nossa torcida tinha mais é que apoiar o time, fazer, me desculpem, como a torcida argentina.
Não sei, quem sabe?, se ganha o hexa ou não. E se não ganhar, o mundo não acaba. Já ganhamos cinco copas - quem até agora o fez?
Sei é que a meninada precisa de apoio, uma torcida entusiasmada, que vibre com o time, que cante nosso hino e respeite o dos outros.
Nada de viralatismo.
Podemos ganhar ou perder.
Não podemos é deixar a rapaziada sem amparo.
E que chore à vontade quando o coração mandar.
O humano ri.
Fica alegre.
Sofre.
Se emociona.
E chora.