“El hombre del siglo XXI es el que debemos crear, aunque todavia es una aspiración subjetiva y no sistematizada.” Ernesto “Che” Guavara
Em 2006, na cidade de Jesus María, localizada na província de Córdoba, Argentina, um grupo de guevaristas entusiastas do futebol fundou o Clube Atlético, Social y Desportivo Ernesto Che Guevara. A ideia para o projeto era integrar, através do futebol, jovens e crianças de todas as classes sociais para auxiliar na formação do “homem novo” e reforçar valores como solidariedade, dignidade e coletividade.
A homenagem a Guevara é inédita no mundo, e segundo o estatuto do C.A.S.D. Ernesto Che Guevara, se trata de uma maneira de "gerar uma nova cultura solidária e participativa nos adolescentes e nas crianças".
O C.A.S.D. Ernesto Che Guevara conta com mais de 100 jogadores em diversas categorias. Mantendo a coerência com a ideologia do guerrilheiro, os jogadores não pertencem ao clube e são livres para jogar em outra equipe quando quiserem. Segundo Mónica Nielsen, alguns jogadores se vão, mas muitos voltam ao clube com outra mentalidade, pois o C.A.S.D. Ernesto Che Guevara não fez deles um negócio.
O clube trilha o mesmo caminho que outros grandes já trilharam. O amadorismo, a falta de campo próprio, sede provisória e trabalho voluntário. Sem cancha própria o C.A.S.D. Ernesto Che Guevara usa as instalações do Alianza, o pagamento da ‘locação’ é com o trabalho. Atividade que envolve dirigentes, jogadores e familiares dos jogadores. Sem negociar seus jogadores, o clube angaria fundos para seu sustento com o Che. Em uma feira de artesanato, são vendidos produtos (camisetas, chaveiros, pins, livros, pôsteres e fotos) com a imagem do revolucionário.
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A sede do clube é a casa de Mônica Nielsen, que afirma: "Somos um pouco loucos, mas temos muitíssimos projetos, e muito ambiciosos". E acrescenta: "A ideia é competir, e ganhar se for possível. Mas nosso projeto tem um fim social: resgatar as crianças as crianças através do esporte".
Copa América Alternativa 2012
Em 2012, o C.A.S.D. Ernesto Che Guevara aliou-se com o Autônomos F.C. de São Paulo e o Easton Cowboys/Girls FC e realizaram a 1ª Copa América Alternativa, em Jesus María. O torneio reuniu equipes do Brasil, Chile, Bolívia, Inglaterra e Lituânia. Além, é claro, de equipes argentinas de Rosario, Mar del Plata, Córdoba e Gualeguaychú.
O evento foi realizado fora do circuito comercial, sem pedir permissões a FIFA ou a AFA. O espírito que norteou a competição foi o de fazer um futebol diferente do dirigido por grandes empresas ou conglomerados.
Paralelo ao torneio aconteceu um festival de música e uma mostra cultural, porém, o que permeou a 1ª Copa América Alternativa foram os debates sobre o acesso ao desporto, desemprego, saúde, educação e habitação.
Em Jesus María, a experiência da Copa América Alternativa demonstrou que o futebol é uma forma de organização, de luta e de resistência contra as negociatas que vão contra os interesses da maioria.
Esse é o padrão alternativo ao modelo FIFA de futebol.
Quando o jogo deixa de ser um negócio para poucos e passa a ser para todos.
¡Abajo y a la izquierda!
Anotação na Margem:
- Guevara era torcedor do Club Atlético Rosario Central, além do futebol praticava outros esportes;
- Che foi titular no primeiro time de juniores do El Fortín C.A. Vélez Sarsfield;
- Em 18 de maio de 1963, quando era Ministro da Indústria de Cuba, Che Guevara encontrou-se com o time do Madureira/RJ. Neste dia o time carioca derrotou pela segunda vez uma seleção de Havana, na capital cubana, durante uma excursão pela ilha;
- Texto escrito ao som de “Lágrimas de Rábia” de Boikot.
Diego Pignones
Publicitário e pesquisador em Comunicação Social.
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