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Blog Comunica Tudo

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir. Leia mais: http://comunicatudo.blogspot.com/p/sobre.html#ixzz1w7LB16NG Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Campanha: Protestar Não é Crime

14 de Janeiro de 2014, 21:26, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Com os protestos de junho ameaçando o consenso fabricado da burguesia e do governo brasileiro, o Estado recorreu ao que mais sabe fazer: violência e prisões em massa em diversas cidades do país. Se as prisões já encarceram todos/as os indesejados pelo sistema capitalista, são nos momentos de crise que o sistema de dominação capitalista escancara sua face.

É quando os de baixo se movimentam que os de cima reagem com balas de borracha (e de chumbo), despejos, prisões e assassinatos nas periferias e favelas! Nesse contexto, centenas de lutadoras e lutadores passaram pelos cárceres do Estado brasileiro! Foram prisões nas lutas contra os aumentos das passagens e no 7 de setembro em muitas cidades, na greve dos professores no Rio de Janeiro e outros momentos de resistência contra a opressão do Estado. Muitos foram soltos, mas, aqui no Rio de Janeiro, um deles continua lá. Rafael Braga Vieira, morador de rua preso e condenado a 5 anos, por estar na manifestação com garrafas de “Pinho Sol”, pela (in)justiça brasileira.

A condenação de Rafael é uma prova de que os mais pobres, os negros, as/os moradores de periferia e todos/as aqueles que se levantam contra esse sistema de dominação e seus megaeventos sofrerão o terrorismo de Estado brasileiro. E mesmo com a maioria das pessoas em liberdade, há ainda os processos que muitas delas estão respondendo e que serão julgados e arrastados ainda por muito tempo.

Mas nós, as/os de baixo, nesse ano de cinismo e Copa do Mundo, vamos enfrentar o terrorismo de Estado com solidariedade, luta e resistência. Vamos dizer bem alto nas ruas com o conjunto das oprimidas e oprimidos que:

Ninguém será esquecido!
Pelo arquivamento de todos os processos de militantes sociais!

PROTESTAR NÃO É CRIME!
LIBERTEM NOSSOS/AS PRESOS/AS POLÍTICO/AS!!

Assinam:

Comissão Pastoral da Terra
Favela Não se Cala
Federação Anarquista do Rio de Janeiro
Frente Internacionalista dos Sem-Teto
Grêmio Estudantil Luis Travassos
Movimento das Comunidades Populares
Movimento de Organização de Base
Movimento dos Pequenos Agricultores
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
Movimento Passe Livre – Rio
Organização Popular
Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência
Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II
Via Campesina

(Publicado por FARJ)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Argentina é modelo para a AL em direitos da comunicação

14 de Janeiro de 2014, 21:15, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Cynthia Ottaviano, afirmou que após a sanção da lei da mídia "a Argentina se tornou um modelo para os países da América Latina em matéria de direitos sobre a comunicação".

A defensora do Público de Serviços de Comunicação Audiovisual da Argentina, Cynthia Ottaviano, afirmou, nesta segunda-feira (13), que após a sanção da lei de meios "a Argentina se tornou um modelo para os países da América Latina em matéria de direitos

"A Lei de Meios é um caso que comprova a democratização de serviços de comunicação. A Argentina se posicionou na vanguarda neste aspecto e a nossa legislação é tomada como exemplo pelos países da região que pretendem avançar contra a concentração monopólica", apontou Cynthia em entrevista à Télam.

Segundo ela, o trabalho da Defensoria foi avaliado por governos de países como México, Uruguai, Equador e Canadá, e antecipou que em 2014, o organismo vai apresentar a experiência argentina em congressos e palestras internacionais.

A Defensoria do Público surgiu em novembro de 2012, no âmbito da Lei de Meios de Comunicação, e até hoje recebeu 1.300 denúncias e obteve 70% de resoluções positivas sobre estas queixas.

A maioria das denúncias recebidas trata sobre conteúdos discriminatórios, relacionados com o gênero e as minorias, como assim também informações falazes que são divulgadas por algumas coberturas informativas.

Neste ano, o organismo vai promover oficinas de reflexão crítica, voltadas para as audiências, e propiciará "acordos de boas práticas profissionais" com os proprietários das licenças de serviços audiovisuais.

(Fonte: Telám. Publicado por Vermelho)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



A televisão diante do desafio da reinvenção

10 de Janeiro de 2014, 12:05, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Com mais erros do que acertos, os jornais e revistas vem tentando encontrar novas fórmulas editoriais e corporativas para sobreviver ao impacto da internet; mas a televisão, aqui e no resto do mundo, permanece atada à um modelo que tem mais de 50 anos.

A resistência à mudança é mais nítida no segmento dos telejornais, onde, descontadas as inovações tecnológicas e as mudanças no guarda-roupa, as emissoras seguem a mesma fórmula do Repórter Esso, da extinta TV Tupi, o primeiro noticiário em vídeo no Brasil. Trabalhei 11 anos no jornalismo da TV Globo e sou testemunha de que as mudanças no estilo de apresentar notícias foram apenas superficiais e formais.

A televisão está entrando na era digital sem ter conseguido livrar-se totalmente do pecado original de terherdado o estilo narrativo do jornal impresso. Agora ela está diante do desafio da narrativa não linear e interativa da internet, mas continua agarrada ao estilo linear e unidirecional de contar histórias com imagens e sons.

O espectador permanece alheio às novas possibilidades de comunicação multimídia interativa porque segue hipnotizado pela sucessão de inovações tecnológicas e pelo fascínio da imagem. Os anunciantes, desconfiados da mídia impressa, mantém as verbas publicitarias na TV, garantindo às emissoras receitas que acabam estimulando o medo de arriscar mudanças na programação, apesar da queda das médias de audiência, em comparação aos anos 1980 e 90.

Os telejornais continuam agarrados à fórmula de apresentadores carismáticos e repórteres no local dos fatos, embora nem uns nem outros acrescentem diferenciais significativos ao conteúdo das notícias transmitidas. A regra de que os stand ups (repórter no vídeo) conferem credibilidade à reportagem continua sendo seguida ao pé da letra, embora os fatos mostrem que há pouca ou nenhuma relação entre o que o profissional viu e a realidade do evento noticiado. O deslocamento de equipes de jornalistas e a presença de correspondentes no exterior acabam funcionando mais como marketing dos telejornais do que como garantia de conteúdo original.

O uso intensivo da notícia como fator de atração de público levou à multiplicação de programas noticiosos, e como a capacidade de produção de novas reportagens é limitada, o recurso à repetição passou a ser onipresente. Os telejornais da noite repetem notícias e imagens já divulgadas nos noticiários da manhã e do meio-dia. Quem assiste ao Bom Dia Brasil muito provavelmente encontrara boa parte das matérias repetidas no Jornal Nacional e no Jornal da Globo.

A repetição em si não é um pecado. O problema é que o enfoque continua o mesmo, mostrando falta de criatividade dos editores, salvo quando um fato novo acontece entre um telejornal e outro. Outra causa da monotonia dos telejornais é o fato de todos eles seguirem a mesma agenda noticiosa. Como os manuais de redação são idênticos, a edição, estilo e apresentação das notícias acabam sendo quase iguais. As diferenças ficam apenas por conta dos gadgets eletrônicos ou do orçamento para financiar deslocamentos de repórteres.

As redes e emissoras independentes estão desperdiçando preciosos recursos financeiros ao não optarem por uma reinvenção da televisão em ambiente internet. A primeira coisa que os telejornais precisam esquecer é a preocupação em dar notícias que já circularam pela internet e estão em debate nas redes sociais. Também deixa de ser prioritária a regra de trazer a notícia pronta e supostamente completa. Com a multiplicação exponencial dos informantes online, cidadãos praticantes de atos jornalísticos, fica difícil ser inédito e, ainda mais, tentar condensar a diversidade de visões e opiniões numa única reportagem.

A tendência é a TV deixar de ser a referência obrigatória para as pessoas saberem o que está acontecendo porque elas estarão se atualizando por uma miríade de veículos, quase todos alimentados pela internet. Com isso, os telejornais tendem a se tornar menos atrativos e consequentemente menos valorizados em matéria de espaços publicitários. Para manter sua relevância diante do público, o telejornalismo precisa descobrir o que a TV tem de único em relação aos demais veículos de comunicação, algo que muitos sabem mas não aplicam.

A televisão é o melhor veículo para exposição da diversidade de perspectivas e opiniões, desde que os profissionais deixem as pessoas debater, sem impor condicionamentos ou direcionamentos. Os programas jornalísticos na TV em ambiente Web podem assumir duas características: espaços abertos para discussão ou espaços de opinião personalizada diversificada.

Dos dois espaços, a TV comercial, e também a estatal, usam apenas o ocupado por porta-vozes das opiniões ou projetos das respectivas direções. Na TV paga há mais debates do que na aberta, mas a razão fundamental não é o principio da livre discussão, mas o fato de que programas deste tipo são mais baratos, já que não envolvem produção sofisticada – bem como, quase sempre, encontram participantes interessados na visibilidade e marketing pessoal.

Nos Estados Unidos, empresas surgidas na internet, com a Yahoo!, estão contratando profissionais da televisão convencional e mostrando interesse em ocupar espaços diante da demora das grandes redes de TV em mudar suas estratégias editoriais na era digital. Além disso, os grandes jornais, originalmente impressos, estão agora investindo pesado na multimídia, abrindo outro flanco de ataque aos territórios antes exclusivos da TV. Quase todos os grandes jornais norte-americanos, europeus e japoneses já têm hoje boa parte de suas notícias na internet editadas na forma de vídeos.

As receitas publicitárias da televisão também estão caindo, mas em ritmo muito menor do que na imprensa escrita. As margens de lucro ainda são compensadoras. O momento da mudança é agora, porque esperar mais significa a possibilidade de ter que tomar decisões complexas em clima de crise ou quase crise, quando a margem de erro aumenta muito.

Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Pesquisadores alertam para expansão de transgênicos e agrotóxicos no Brasil

10 de Janeiro de 2014, 11:33, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


O pedido para a liberação de sementes transgênicas de soja e milho resistentes ao herbicida 2,4-D esquentou o debate sobre a regulamentação de plantas geneticamente modificadas e agrotóxicos na agricultura brasileira.

Pesquisadores e o Ministério Público Federal (MPF) solicitaram em dezembro à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), encarregada de analisar pedidos de vendas de transgênicos, que suspendesse os trâmites para a autorização das sementes tolerantes ao 2,4-D, um herbicida usado contra ervas daninhas que consideram nocivo à saúde.

Eles dizem que a liberação desses transgênicos poderá multiplicar de forma preocupante o uso do 2,4-D no Brasil.

Paralelamente, cobram maior rigor dos órgãos reguladores na liberação tanto de agrotóxicos quanto de transgênicos e alertam para a associação entre esses dois produtos no país.

A reportagem é publicada por BBC Brasil, 10-01-2014.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil é hoje o maior consumidor global de agrotóxicos. O mercado brasileiro de transgênicos também é um dos maiores do mundo. De acordo com a consultoria Céleres, quase todo o milho e a soja plantados no país hoje são geneticamente modificados.

Especialistas ouvidos pela BBC Brasil dizem que a expansão dos transgênicos estimulou o mercado de agrotóxicos no país, já que grande parte das sementes geneticamente alteradas tem como principal diferencial a resistência a venenos agrícolas. Se por um lado essa característica permite maior controle de pragas, por outro, impõe riscos aos consumidores, segundo os pesquisadores.

Agente laranja

No centro do debate, o herbicida 2,4-D é hoje vendido livremente no Brasil e utilizado para limpar terrenos antes do cultivo.

Pesquisadores dizem que estudos associaram o produto a mutações genéticas, distúrbios hormonais e câncer, entre outros problemas ambientais e de saúde. O 2,4-D é um dos componentes do agente laranja, usado como desfolhante pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.

O MPF pediu à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que acelere seus estudos de reavaliação da licença comercial do 2,4-D. O órgão quer que o resultado da reavaliação da Anvisa, iniciada em 2006, embase a decisão da CTNBio sobre os transgênicos resistentes ao produto.

Já a Dow AgroSciences, que fabrica o agrotóxico e é uma das empresas que buscam a liberação dos transgênicos associados a ele, diz que os produtos são seguros. Em nota à BBC Brasil, a empresa afirma que "o 2,4-D é um herbicida que está no mercado há mais de 60 anos, aprovado em mais de 70 países".

O herbicida teve o uso aprovado em reavaliações recentes no Canadá e nos Estados Unidos. Segundo a Dow, trata-se de uma das moléculas mais estudadas de todos os tempos, gerada após mais de uma década de pesquisa e com base nas normas internacionais de segurança alimentar e ambiental.

Agrotóxicos combinados

O pedido para a liberação das sementes resistentes ao 2,4-D reflete uma prática comum no mercado de transgênicos: a produção de variedades tolerantes a agrotóxicos. Geralmente, assim como a Dow, as empresas que vendem esses transgênicos também comercializam os produtos aos quais são resistentes.

"É uma falácia dizer que os transgênicos reduzem o uso de agrotóxicos", afirma Karen Friedrich, pesquisadora e toxicologista da Fiocruz.

Friedrich cita como exemplo a liberação de soja transgênica resistente ao agrotóxico glifosato, que teria sido acompanhada pelo aumento exponencial do uso do produto nas lavouras.

Caso também sejam liberadas as sementes resistentes ao 2,4-D, ela estima que haverá um aumento de 30 vezes no consumo do produto.

Segundo a pesquisadora, o 2,4-D pode provocar dois tipos de efeitos nocivos: agudos, que geralmente acometem trabalhadores ou pessoas expostas diretamente à substância, causando enjôo, dor de cabeça ou até a morte; e crônicos, que podem se manifestar entre consumidores muitos anos após a exposição a doses pequenas do produto, por meio de alterações hormonais ou cânceres.

O médico e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Wanderlei Pignati, que pesquisa os efeitos de agrotóxicos há dez anos, cita outra preocupação em relação aos produtos: o uso associado de diferentes substâncias numa mesma plantação.

Ele diz que, embora o registro de um agrotóxico se baseie nos efeitos de seu uso isolado, muitos agricultores aplicam vários agrotóxicos numa mesma plantação, potencializando os riscos.

Pignati participou de um estudo que monitorou a exposição a agrotóxicos pela população de Lucas do Rio Verde, município mato-grossense que tem uma das maiores produções agrícolas do Brasil.

A pesquisa, diz o professor, detectou uma série de problemas, entre os quais: desrespeito dos limites mínimos de distância da aplicação de agrotóxicos a fontes de água, animais e residências; contaminação com resíduos de agrotóxico em todas as 62 das amostras de leite materno colhidas na cidade; e incidência 50% maior de acidentes de trabalho, intoxicações, cânceres, malformação e agravos respiratórios no município em relação à média estadual nos últimos dez anos.

O pesquisador defende que o governo federal invista mais no desenvolvimento de tecnologias que possam substituir os agrotóxicos - como o combate de pragas por aves e roedores em sistemas agroflorestais, que combinam a agricultura com a preservação de matas.

Já a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) diz que os agrotóxicos (que chama de produtos fitossanitários) são imprescindíveis para proteger a agricultura tropical de pragas e ervas daninhas, assim como para aumentar a produtividade das lavouras.

Cabo de guerra

Pesquisadores e o MPF também querem maior rigor dos órgãos que analisam pedidos de liberação de agrotóxicos e transgênicos.

A liberação de agrotóxicos exige aprovação da Anvisa (que analisa efeitos do produto na saúde), do Ibama (mede danos ao ambiente) e do Ministério da Agricultura (avalia a eficiência das substâncias).

Cobrada de um lado por pesquisadores e médicos, a Anvisa é pressionada do outro por políticos ruralistas e fabricantes de agrotóxicos, que querem maior agilidade nas análises.

Ana Maria Vekic, gerente-geral de toxicologia da Anvisa, diz que há várias empresas, entre as quais chinesas e indianas, à espera de entrar no mercado brasileiro de agrotóxicos.

Ela diz que a falta de profissionais na Anvisa dificulta as tarefas da agência. A irritação dos ruralistas tem ainda outro motivo: a decisão da agência de reavaliar as licenças de alguns produtos.

As reavaliações, explica Vekic, ocorrem quando novos estudos indicam riscos ligados aos agrotóxicos - alguns dos quais são vendidos no Brasil há décadas, antes da criação da Anvisa, em 1999.

"Quando começamos a rediscutir produtos, passamos a ser um calo para os ruralistas", ela diz à BBC Brasil.

Instatisfeitos, os representantes do agronegócio têm tentado aprovar leis que reduzem os poderes da Anvisa na regulamentação de agrotóxicos.

"Fazemos o possível para nos blindar, mas a pressão é violenta", diz Vekic.

Questionada sobre a polêmica em torno do 2,4-D, a CTNBio disse em nota que voltaria a discutir o assunto em fevereiro.

Segundo a comissão, o plantio de transgênicos não impede a produção de orgânicos ou de outras variedades de plantas.

A CTNBio disse ainda que não lhe compete avaliar os riscos de agrotóxicos associados a transgênicos, e sim a segurança dos Organismos Geneticamente Modificados.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Pesquisadores alertam para expansão de transgênicos e agrotóxicos no Brasil

10 de Janeiro de 2014, 11:33, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


O pedido para a liberação de sementes transgênicas de soja e milho resistentes ao herbicida 2,4-D esquentou o debate sobre a regulamentação de plantas geneticamente modificadas e agrotóxicos na agricultura brasileira.

Pesquisadores e o Ministério Público Federal (MPF) solicitaram em dezembro à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), encarregada de analisar pedidos de vendas de transgênicos, que suspendesse os trâmites para a autorização das sementes tolerantes ao 2,4-D, um herbicida usado contra ervas daninhas que consideram nocivo à saúde.

Eles dizem que a liberação desses transgênicos poderá multiplicar de forma preocupante o uso do 2,4-D no Brasil.

Paralelamente, cobram maior rigor dos órgãos reguladores na liberação tanto de agrotóxicos quanto de transgênicos e alertam para a associação entre esses dois produtos no país.

A reportagem é publicada por BBC Brasil, 10-01-2014.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil é hoje o maior consumidor global de agrotóxicos. O mercado brasileiro de transgênicos também é um dos maiores do mundo. De acordo com a consultoria Céleres, quase todo o milho e a soja plantados no país hoje são geneticamente modificados.

Especialistas ouvidos pela BBC Brasil dizem que a expansão dos transgênicos estimulou o mercado de agrotóxicos no país, já que grande parte das sementes geneticamente alteradas tem como principal diferencial a resistência a venenos agrícolas. Se por um lado essa característica permite maior controle de pragas, por outro, impõe riscos aos consumidores, segundo os pesquisadores.

Agente laranja

No centro do debate, o herbicida 2,4-D é hoje vendido livremente no Brasil e utilizado para limpar terrenos antes do cultivo.

Pesquisadores dizem que estudos associaram o produto a mutações genéticas, distúrbios hormonais e câncer, entre outros problemas ambientais e de saúde. O 2,4-D é um dos componentes do agente laranja, usado como desfolhante pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.

O MPF pediu à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que acelere seus estudos de reavaliação da licença comercial do 2,4-D. O órgão quer que o resultado da reavaliação da Anvisa, iniciada em 2006, embase a decisão da CTNBio sobre os transgênicos resistentes ao produto.

Já a Dow AgroSciences, que fabrica o agrotóxico e é uma das empresas que buscam a liberação dos transgênicos associados a ele, diz que os produtos são seguros. Em nota à BBC Brasil, a empresa afirma que "o 2,4-D é um herbicida que está no mercado há mais de 60 anos, aprovado em mais de 70 países".

O herbicida teve o uso aprovado em reavaliações recentes no Canadá e nos Estados Unidos. Segundo a Dow, trata-se de uma das moléculas mais estudadas de todos os tempos, gerada após mais de uma década de pesquisa e com base nas normas internacionais de segurança alimentar e ambiental.

Agrotóxicos combinados

O pedido para a liberação das sementes resistentes ao 2,4-D reflete uma prática comum no mercado de transgênicos: a produção de variedades tolerantes a agrotóxicos. Geralmente, assim como a Dow, as empresas que vendem esses transgênicos também comercializam os produtos aos quais são resistentes.

"É uma falácia dizer que os transgênicos reduzem o uso de agrotóxicos", afirma Karen Friedrich, pesquisadora e toxicologista da Fiocruz.

Friedrich cita como exemplo a liberação de soja transgênica resistente ao agrotóxico glifosato, que teria sido acompanhada pelo aumento exponencial do uso do produto nas lavouras.

Caso também sejam liberadas as sementes resistentes ao 2,4-D, ela estima que haverá um aumento de 30 vezes no consumo do produto.

Segundo a pesquisadora, o 2,4-D pode provocar dois tipos de efeitos nocivos: agudos, que geralmente acometem trabalhadores ou pessoas expostas diretamente à substância, causando enjôo, dor de cabeça ou até a morte; e crônicos, que podem se manifestar entre consumidores muitos anos após a exposição a doses pequenas do produto, por meio de alterações hormonais ou cânceres.

O médico e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Wanderlei Pignati, que pesquisa os efeitos de agrotóxicos há dez anos, cita outra preocupação em relação aos produtos: o uso associado de diferentes substâncias numa mesma plantação.

Ele diz que, embora o registro de um agrotóxico se baseie nos efeitos de seu uso isolado, muitos agricultores aplicam vários agrotóxicos numa mesma plantação, potencializando os riscos.

Pignati participou de um estudo que monitorou a exposição a agrotóxicos pela população de Lucas do Rio Verde, município mato-grossense que tem uma das maiores produções agrícolas do Brasil.

A pesquisa, diz o professor, detectou uma série de problemas, entre os quais: desrespeito dos limites mínimos de distância da aplicação de agrotóxicos a fontes de água, animais e residências; contaminação com resíduos de agrotóxico em todas as 62 das amostras de leite materno colhidas na cidade; e incidência 50% maior de acidentes de trabalho, intoxicações, cânceres, malformação e agravos respiratórios no município em relação à média estadual nos últimos dez anos.

O pesquisador defende que o governo federal invista mais no desenvolvimento de tecnologias que possam substituir os agrotóxicos - como o combate de pragas por aves e roedores em sistemas agroflorestais, que combinam a agricultura com a preservação de matas.

Já a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) diz que os agrotóxicos (que chama de produtos fitossanitários) são imprescindíveis para proteger a agricultura tropical de pragas e ervas daninhas, assim como para aumentar a produtividade das lavouras.

Cabo de guerra

Pesquisadores e o MPF também querem maior rigor dos órgãos que analisam pedidos de liberação de agrotóxicos e transgênicos.

A liberação de agrotóxicos exige aprovação da Anvisa (que analisa efeitos do produto na saúde), do Ibama (mede danos ao ambiente) e do Ministério da Agricultura (avalia a eficiência das substâncias).

Cobrada de um lado por pesquisadores e médicos, a Anvisa é pressionada do outro por políticos ruralistas e fabricantes de agrotóxicos, que querem maior agilidade nas análises.

Ana Maria Vekic, gerente-geral de toxicologia da Anvisa, diz que há várias empresas, entre as quais chinesas e indianas, à espera de entrar no mercado brasileiro de agrotóxicos.

Ela diz que a falta de profissionais na Anvisa dificulta as tarefas da agência. A irritação dos ruralistas tem ainda outro motivo: a decisão da agência de reavaliar as licenças de alguns produtos.

As reavaliações, explica Vekic, ocorrem quando novos estudos indicam riscos ligados aos agrotóxicos - alguns dos quais são vendidos no Brasil há décadas, antes da criação da Anvisa, em 1999.

"Quando começamos a rediscutir produtos, passamos a ser um calo para os ruralistas", ela diz à BBC Brasil.

Instatisfeitos, os representantes do agronegócio têm tentado aprovar leis que reduzem os poderes da Anvisa na regulamentação de agrotóxicos.

"Fazemos o possível para nos blindar, mas a pressão é violenta", diz Vekic.

Questionada sobre a polêmica em torno do 2,4-D, a CTNBio disse em nota que voltaria a discutir o assunto em fevereiro.

Segundo a comissão, o plantio de transgênicos não impede a produção de orgânicos ou de outras variedades de plantas.

A CTNBio disse ainda que não lhe compete avaliar os riscos de agrotóxicos associados a transgênicos, e sim a segurança dos Organismos Geneticamente Modificados.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..