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Conheça o computador de 25 dólares
22 de Outubro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda
Foi o tempo em que ter um computador era algo apenas da elite. Na Latinoware 2012, o palestrante Claudimir Zavalik (à direita) irá mostrar aos participantes detalhes do projeto Raspberry Pi, um computador de placa única comercializado a partir de 25 dólares. Um dos diferenciais do produto é a ausência de um disco rígido, com o armazenamento de dados e do sistema operacional (Debian, Fedora ou Arch Linux) sendo realizado através de cartões SD.
De acordo com Zavalik, o projeto surgiu na Universidade de Cambridge – no Reino Unido – da necessidade de se criar uma plataforma de hardware de baixo custo para aplicações educacionais. “As primeiras 100 unidades foram produzidas em dezembro de 2011. Em janeiro de 2012, a fundação abriu a venda de 10 mil unidades que foram produzidas na China e vendidas em apenas 15 minutos”, conta.
Ao lado de Ankesh Sharma (à direita), Claudimir irá apresentar os recursos e exemplos do Raspberry Pi com o Linux. De acordo com o palestrante, o modelo está sendo comercializado, porém devido a imensa procura os pedidos estão demorando bastante para serem entregues. Ficou curioso com os detalhes do modelo? Veja a configuração completa:
• Broadcom BCM2835 700MHz ARM1176JZFS processor with FPU and Videocore 4 GPU• GPU provides Open GL ES 2.0, hardware-accelerated OpenVG, and 1080p30 H.264 high-profile decode
• GPU is capable of 1Gpixel/s, 1.5Gtexel/s or 24GFLOPs with texture filtering and DMA infrastructure
• 256MB RAM
• Boots from SD card, running a version of the Linux operating system
• 10/100 BaseT Ethernet socket
• HDMI socket
• USB 2.0 socket
• RCA video socket
• SD card socket
• Powered from microUSB socket
• 3.5mm audio out jack
• Size: 85.6 x 53.98 x 17mm
Ministros do STF, 380 milhões de olhos vos contemplam
22 de Outubro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda(cena do filme Metrópolis, de Fritz Lang) |
Em agosto deste ano, o ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello concedeu liminar suspendendo o júri popular que finalmente faria Justiça ao “caso Nicole”. O empresário Pablo Russel Rocha é acusado de, em 1998, ter arrastado com sua caminhonete, até a morte, a garota de programa Selma Artigas da Silva, então com 22 anos, em Ribeirão Preto. A jovem era conhecida como Nicole.
Grávida, Nicole teve uma discussão com Pablo. A acusação diz que ele a prendeu ao cinto de segurança e a arrastou pela rua. Pablo, que responde pelo crime em liberdade, diz “não ter percebido” que a moça estava presa ao cinto e nem ter ouvido os gritos da moça porque “o som da Pajero estava muito alto”. O corpo de Nicole foi encontrado, totalmente desfigurado, do outro lado da cidade. Com a suspensão, a família de Selma/Nicole vai esperar não se sabe quantos anos mais pelo julgamento do acusado.
Na segunda-feira 22 de outubro, o mesmo ministro Celso de Mello condenaria os petistas Delúbio Soares, José Dirceu e José Genoino pelo crime de formação de quadrilha. Já os havia condenado por corrupção ativa. “Eu nunca vi algo tão claro”, disse ele, sobre a culpabilidade dos réus.
Em novembro de 2011, o ministro do STF Marco Aurélio Mello concedeu habeas corpus ao empresário Alfeu Crozado Mozaquatro, de São José do Rio Preto (SP), acusado de liderar a “máfia do boi”, mega-esquema de sonegação fiscal no setor de frigoríficos desvendado pela Polícia Federal. De acordo com a Receita Federal, o esquema foi responsável pela sonegação de mais de 1 bilhão e meio de reais em impostos. Relator do processo, Marco Aurélio alegou haver “excesso” de imputações aos réus.
Na segunda-feira 22 de outubro, o mesmo ministro Marco Aurélio Mello condenaria os petistas Delúbio Soares, José Dirceu e José Genoino pelo crime de “formação de quadrilha”. Já os havia condenado por “corrupção ativa”. O esquema do chamado “mensalão” envolveria a quantia de 150 milhões de reais. “Houve a formação de uma quadrilha das mais complexas. Os integrantes estariam a lembrar a máfia italiana”, disse Marco Aurélio.
Em julho de 2008, o ministro do STF Gilmar Mendes concedeu dois habeas corpus ao banqueiro Daniel Dantas, sua irmã Verônica e mais nove pessoas presas na operação Satiagraha da PF, entre elas o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (que morreu em 2009). A Satiagraha investigava justamente desdobramentos do chamado mensalão, mas, para Mendes, a prisão era “desnecessária”.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), o grupo de Dantas teria cometido o crime de evasão de divisas, por meio do Opportunity Fund, uma offshore nas ilhas Cayman que movimentou entre 1992 e 2004 quase 2 bilhões de reais. O grupo também era acusado de formação de quadrilha e gestão fraudulenta.
Na segunda-feira 22 de outubro o mesmo ministro Gilmar Mendes que livrou o banqueiro Daniel Dantas da cadeia enviou para a prisão a banqueira Kátia Rabello, presidente do banco Rural, por formação de quadrilha. Já a havia condenado por gestão fraudulenta, evasão e lavagem de dinheiro. “Sem dúvida, entrelaçaram-se interesses. Houve a formação de uma engrenagem ilícita que atendeu a todos”, disse Gilmar.
O final do julgamento do mensalão multiplica por 25 – o número de condenados – a responsabilidade futura do STF. É inegavelmente salutar que, pela primeira vez na história do país, um grupo de políticos e banqueiros tenha sido condenado por corrupção. Mas, a partir de agora, os olhos da Nação estarão voltados para cada um dos ministros do Supremo para exigir idêntico rigor, para que a Justiça se multiplique e de fato valha para todos.
Estamos fartos da impunidade, sim. E também estamos fartos dos habeas corpus e liminares concedidos por alguns ministros em decisão monocrática, em geral nos finais de semana ou em férias, quando o plenário não pode ser reunido. Não se pode esquecer que o Supremo que agora condena os petistas pelo mensalão é o mesmo Supremo que tomou decisões progressistas importantes, como a liberação do aborto de anencéfalos e da união civil homossexual e a aprovação das cotas para afro-descendentes nas universidades. Estas foram, porém, decisões do colegiado. Separadamente, saltam aos olhos decisões injustas como as que expus acima.
Se há, como defendem alguns ministros, uma evolução no pensamento do STF como um todo, que isto também se reflita nas posições tomadas individualmente por seus membros. Não se pode, diante das câmeras de TV, anunciar com toda a pompa a condenação e a prisão de poderosos e, à sorrelfa, na calada da noite, soltar outros. Cada vez que um poderoso for libertado por um habeas corpus inexplicável, ou que uma liminar sem pé nem cabeça for concedida por um ministro do Supremo para adiar o julgamento de gente rica, estará demonstrado que o mensalão não foi um divisor de águas coisa nenhuma.
Daqui para a frente, os ministros do Supremo Tribunal Federal têm, mais do que nunca, a obrigação de serem fiéis a si próprios e ao que demarcaram neste julgamento. Nós, cidadãos, estaremos atentos às contradições. Elas serão denunciadas, ainda que ignoradas pela grande mídia.
A Justiça pode ser cega. Mas nós, brasileiros, temos milhões de olhos. E estaremos vigiando.
Mídia não viu? Islândia nacionaliza bancos, mantém direitos e sai da crise
20 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda Por Rosanita CamposA Islândia, desaparecida do noticiário sobre a crise na imprensa internacional, crescerá 2,6% segundo previsão do FMI, depois de ter crescido os mesmos 2,6% em 2011. Apesar de ter sido o primeiro país europeu a entrar em crise logo após o colapso dos bancos americanos em 2008.
Não se tem falado muito sobre o que fez a Islândia sair da crise e recuperar o crescimento econômico, mas lembremos o que escreveu em junho de 2011 no New York Times o Nobel Paul Krugman: “Enquanto os demais resgataram banqueiros e fizeram o povo pagar o preço, a Islândia deixou que os bancos quebrassem e expandiu sua rede de proteção social. Enquanto os demais ficaram obcecados em aplacar a ânsia dos investidores internacionais a Islândia impôs controles temporários aos movimentos de capitais para abrir um espaço de manobra. A Islândia deve sua recuperação a sua moeda nacional, a Coroa, esta recuperação econômica demonstra as vantagens de estar fora do euro”.
O desemprego na Islândia que chegou a atingir quase 10% da população em junho deste ano tinha já baixado para 4,8% da população ativa.
Mas não se chegou a esses resultados sem que o país se mobilizasse. Em 2008 logo que se iniciou a crise o governo da época chegou a propor que para socorrer os bancos a dívida fosse dividida pelo número de habitantes e a população pagasse por 15 anos com juros de 5,5% ao ano a dívida (3,5 bilhões ) que os bancos na Islândia tinham com os bancos da Inglaterra e da Holanda.
O povo ocupou as ruas rejeitando tamanho sacrifício e exigindo que o governo fizesse um inquérito policial para apurar os responsáveis pela crise para que fossem para a cadeia. O Presidente apoiou e encaminhou a proposta, e nacionalizou os três principais bancos do país o Kaupthing, o Landsbanki e o Glitnir. As atividades na bolsa foram suspensas e o FMI fez um empréstimo de dois bilhões e 100 milhões de dólares, mais dois bilhões e meio de dólares foram emprestados por países nórdicos.
Em 2009, com a economia em situação ainda precária - fechou o ano com uma queda de 7% do PIB - o povo nas ruas derrubou o Primeiro Ministro e todo o governo foi demitido pelo Presidente da República que convocou eleições parlamentares nas quais os conservadores e apoiadores de bancos foram derrotados perdendo a eleição e o governo.
Em 2010, com o país ainda em crise, mas se recuperando, vários banqueiros e ex-membros do governo começaram a fugir do país. Um acordo com a Interpol permitiu que vários fossem presos em Londres e outros lugares e enviados de volta ao país. Muitos continuam presos. Muitos ainda respondem a processos judiciais.
Em março de 2010 em um referendo sobre o acordo para pagamento da dívida proposto pelo Presidente da República, 93% da população vota contra. Diante disso os credores concordaram em baixar os juros para 3% e prolongar o prazo para pagamento da dívida de 15 para 37 anos.
Em meio a essa crise elegeu-se uma assembleia para elaborar uma nova proposta de Constituição do país a ser referendada posteriormente, pois a que existia era cópia da constituição da Dinamarca. 522 cidadãos islandeses apresentaram sua candidatura, para isso precisavam apenas ser maior de idade e ter 30 apoiadores. Foram eleitos 25 cidadãos que trabalham na nova proposta de Constituição com base nos ensinamentos da crise.
O FMI vem pressionando o governo do país a parar com o controle de capitais e entrar no bloco dos países que utilizam o euro como moeda, entretanto mais da metade do parlamento islandês (39 de 63 deputados) é contra que o país entre para a zona do euro.
Em junho de 2012 aconteceram as eleições presidenciais e Olafur Ragnar, 16 anos exercendo a presidência, foi novamente reeleito com 53% dos sufrágios para cumprir seu quinto mandato presidencial.
O que há de objetivo e que demonstra o caso da Islândia é que os líderes islandeses souberam ouvir a voz das ruas e que é possível que o povo não pague pela dívida dos bancos.
Com base em seu mercado interno, em sua moeda e nos investimentos governamentais internos e graças à mobilização popular a Islândia é hoje um dos países que mais solidamente cresce na Europa sem renunciar ao Estado de bem estar social.
A Revolução na Islândia
19 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários aindaA negativa do povo da Islândia a pagar a dívida que as elites abastadas tinham adquirido com a Grã Bretanha e a Holanda gerou muito medo no seio da União Europeia. Prova deste temor foi o absoluto silêncio na mídia sobre o que aconteceu. Nesta pequena nação de 320.000 habitantes a voz da classe política burguesa tem sido substituída pela do povo indignado perante tanto abuso de poder e roubo do dinheiro da classe trabalhadora. O mais admirável é que esta guinada na política sócio-económica islandesa aconteceu de um jeito pacífico e irrevogável. Uma autêntica revolução contra o poder que conduziu tantos outros países maiores até a crise atual. Este processo de democratização da vida política que já dura dois anos é um claro exemplo de como é possível que o povo não pague a crise gerada pelos ricos.
(Vídeo visto no Com Texto Livre)
Vitória dos 10% do PIB para a educação
17 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda Editorial do sítio VermelhoA Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara de Deputados deu um passo importante, nesta terça-feira (16), para criar as condições materiais para superar as deficiências representadas por um dos principais problemas brasileiros, a educação. A CCJ aprovou o projeto criando o Plano Nacional de Educação (PNE), que determina a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a área de Educação.
A proposta praticamente dobra os atuais 5,1% do PIB que o país destina à educação, considerando os investimentos da União, Estados e municípios. O objetivo é chegar aos 10% do PIB no prazo de 10 anos (em 2013) e alcançar outras metas fixadas pelo PNE, entre elas a garantia de vagas para pelo menos 50% de todas as crianças que tenham até 3 anos de idade, universalizar o acesso à pré-escola para as crianças de 4 a 5 anos de idade, e a criação de planos de carreira para os professores da rede pública, tomando o piso profissional nacional como base. São objetivos gigantescos que, aprovados na Câmara dos Deputados, serão agora submetidos ao Senado.
Lutar pelos 10% do PIB para a educação é a tarefa desta geração, disse Daniel Iliescu, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), que comemorou a decisão. Renato Rabelo, presidente nacional do Partido Comunista do Brasil, destacou o papel da juventude nessa luta fundamental, e relatou a simpatia manifestada pela presidenta Dilma Rousseff na busca de uma educação de qualidade e seu entusiasmo pelo empenho da juventude nesta luta de profunda consequência para o avanço do país.
Hoje os beneficiários dessa mudança seriam os quase 53 milhões de alunos matriculados nas escolas de todos os níveis existentes no país, da educação infantil ao ensino superior. Para atendê-los, existem mais de 2,3 milhões de professores em todos os níveis, categoria que também receberá impacto favorável direto decorrente da aprovação do PNE.
Criar as condições materiais para aprimorar a educação brasileira, em todos os níveis, é uma das urgências contemporâneas. Além do gasto direto com folha de pagamento e manutenção das instituições, os orçamentos das várias instâncias de poder (nacional, estadual e federal) contemplam uma série de outras atividades pedagógicas, que seriam fortalecidas com maiores investimentos. Um exemplo é o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) que envolveu, este ano, mais de 1,1 bilhão de reais na compra de livros para serem distribuídos aos estudantes brasileiros.
A criação de condições materiais é um aspecto fundamental para o fortalecimento da educação. Ao lado delas, impõe-se também a necessidade da criação das condições subjetivas para essa mudança. Entre elas o aprimoramento da formação dos mestres, em todos os níveis. O país registra avanços na formulação de um projeto nacional de desenvolvimento. Para a educação, precisa também de um projeto nacional afinado com as necessidades do país e de seu povo. Educação de qualidade, para todos, significa – além de melhores instalações, professores mais bem pagos e com jornadas de trabalho adequadas, e existência de material didático para suprir a demanda de conhecimento – a existência de um ambiente que fomente a busca do conhecimento, que valorize o envolvimento de alunos e mestres com esse objetivo.
A tradição de mestres como Anísio Teixeira ou Paulo Freire – apenas para citar dois dos mais destacados – precisa ser mantida e aprofundada. Recursos materiais são fundamentais para isso e a aprovação do PNE pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados precisa ser comemorada como uma importante vitória dos lutadores pela educação. A contrapartida a estes recursos materiais é o compromisso com a melhoria da qualidade de ensino e com a elevação cultural e científica dos mestres e estudantes brasileiros a partir de um projeto nacional. A decisão da CCJ foi um passo enorme nesse rumo.