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Nas eleições, foi melhor quem teve mais dinheiro
9 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda Em 20 das 26 capitais, o candidato a prefeito que mais arrecadou recursos, segundo a última parcial divulgada pelo TSE, venceu a disputa ou passou para o segundo turnoPOR EDSON SARDINHA E MARIANA HAUBERT
Arrecadação rima com eleição. Combina com reeleição. Rima também com segundo turno. Quem arrecadou mais obteve melhor desempenho nas eleições do último domingo (7). Em apenas seis das 26 capitais estaduais, o candidato a prefeito que declarou ter arrecadado mais saiu derrotado das urnas. Os demais 20 campeões de arrecadação só tiveram motivos para comemorar: sete venceram a eleição e 13 avançaram ao segundo turno – seis deles na condição de mais votado. Ou seja, o índice de sucesso entre os maiores arrecadadores foi de 77%.
O cenário é o mesmo quando são analisados somente os dez candidatos a prefeito de capital que mais receberam recursos. Desse seleto grupo, apenas Gabriel Chalita (PMDB) – quarto colocado em São Paulo e dono da quinta maior arrecadação – e Luciano Ducci (PSB) – terceiro colocado em Curitiba e sexto no ranking nacional das doações – perderam a eleição. Por outro lado, dois venceram a disputa já no primeiro turno. É o caso do prefeito reeleito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), terceiro maior arrecadador, e do prefeito eleito de Recife, Geraldo Júlio (PSB), dono do sétimo maior valor declarado. Os montantes dizem respeito à última parcial da prestação de contas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2 de setembro.
Outros seis campeões de arrecadação seguem na disputa até o próximo dia 28. Entre eles, os donos das campanhas mais caras destas eleições municipais: Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB). De olho na capital paulista, o maior colégio eleitoral do país, o petista e o tucano haviam arrecadado mais de R$ 10 milhões e R$ 8 milhões, respectivamente, até o começo de setembro.
“A regra do financiamento de campanha é botar dinheiro em quem tem mais chance. Há uma tendência de o doador ser mais favorável a quem tem mais chances de se eleger”, explica o cientista político José Luciano Dias.
Sobrou dinheiro, faltou voto
Mas a maior capacidade de captar recursos não foi suficiente para garantir a eleição de seis campeões de arrecadação em suas respectivas capitais. Além de Ducci, em Curitiba, também foram derrotados mesmo tendo recebido mais dinheiro a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre; o senador Wellington Dias (PT-PI), em Teresina; o deputado Jovair Arantes (PTB), em Goiânia, e os candidatos Fernando Melo (PMDB), em Rio Branco, e Mário Português (PPS), em Porto Velho.
Em alguns desses casos, a arrecadação dos derrotados supera, de longe, a dos adversários que os superaram no último domingo. O atual prefeito de Curitiba, por exemplo, informou ao TSE, no começo de setembro, receita sete vezes superior à de Gustavo Fruet (PDT), candidato que avançou para o segundo turno para enfrentar Ratinho Júnior (PSC), dono da segunda maior arrecadação na capital. Eram R$ 4,8 milhões do prefeito contra R$ 625 mil do pedetista. Em Teresina, Wellington Dias terminou na terceira colocação mesmo tendo arrecadado, até a última parcial do TSE, o dobro dos dois adversários que o deixaram fora do segundo turno. Na capital de Rondônia, a arrecadação de Mário Português foi o triplo da declarada por Mauro Nazif (PSB) e 38 vezes a de Lindomar Garçom (PV), que disputam a prefeitura de Porto Velho no dia 28.
Prestação de contas
Fernando Melo aparece como maior arrecadador na capital do Acre, onde um dos candidatos que passaram ao segundo turno, o tucano Tião Bocalom, não entregou a prestação parcial de contas à Justiça eleitoral. Além de Bocalom, somente Zenaldo Coutinho (PSDB), que concorre em Belém, também não informou quanto arrecadou e gastou ao TSE. O adversário de Zenaldo, Edmilson Rodrigues (Psol) aparece como maior arrecadador em Belém.
Nas cidades em que o prefeito foi eleito em primeiro turno, todos os candidatos deverão prestar contas até 6 de novembro. Nos 50 municípios onde haverá segundo turno, o prazo se estende até 27 de novembro. Segundo a assessoria de imprensa do TSE, as informações serão divulgadas até uma semana depois do prazo final. Até agora, a Justiça já divulgou duas parciais de prestação de contas de todos os candidatos do país, uma em agosto e outra em setembro.
Olimpíadas 2016: você será vigiado
8 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Andrea Dip para Agência Pública
Durante os 16 dias dos Jogos Olímpicos de Inverno em Vancouver, no Canadá em 2010, mais de 30 orgãos do governo americano – entre eles a Casa Branca, o FBI, o Departamento do Tesouro, o Centro Nacional de Contraterrorismo, a Secretaria Nacional de Defesa, os Comandos militares (incluindo o famoso Comando do Sul) e até um bunker nuclear da época da Guerra Fria (conhecido como “Cheyenne Mountain”) – receberam relatórios do Consulado americano em Vancouver, detalhando todas as manifestações que aconteceram e que aconteceriam. Todas mesmo. No pacote, eram descritas com minúcias o que os representantes americanos consideravam suspeitas de atos terroristas, possíveis ameaças de bombas, incidentes, e manifestações de qualquer tipo – até mesmo uma inofensiva bicicletada atraiu a atenção dos americanos.
Nos 16 documentos vazados pelo Wikileaks entitulados “Vancouver 2010 Winter Olympics: Situation Report” (Jogos Olímpicos de Vancouver 2010: Relatório de Situação) disponíveis noCablegate, é possível ver o grau de vigilância americana sobre os países que recebem megaeventos. Os relatórios, enviados geralmente por volta de 22h, continham uma sessão “Questões de Segurança”, onde eram detalhados os protestos que estavam sendo programados para os próximos dias, os que haviam acontecido naquele dia, incidentes e possíveis ameaças terroristas; outra chamada “Operações de Segurança” que acompanhava os compromissos de autoridades norte-americanas, principalmente os do vice-presidente Joe Biden, que assistia aos Jogos de Inverno; uma parte dedicada a “Assuntos Públicos/Diplomacia Pública” que relatava as atividades da equipe de relações públicas e geralmente não tinha nada a dizer; “questões consulares” que também não tinha nada a dizer na maioria das vezes e uma última sessão de “questões políticas e gerais” que podia dar o posicionamento dos times dos Estados Unidos nos jogos, falar do clima de festa na cidade ou dizer que “o tempo continuava quente em Vancouver, apesar da estação”.
Vários relatórios mostram como as informações da polícia canadense eram amplamente compartilhadas com os serviços de inteligência americanos. O report #11 fala de um jogo de hockey entre Canadá e Estados Unidos que poderia estimular a desordem pública: “As autoridades policiais locais estão preocupadas com a natureza potencialmente litigiosa do jogo entre Canadá e EUA e seu impacto na ordem pública. O local está localizado a quarteirões do distrito de entretenimento de Vancouver, dos corredores de pedestre e de vários hotéis. As autoridades esperam uma atmosfera carregada entre os fãs com implicações para as áreas referidas. (…) Como uma medida preventiva, o Departamento de Polícia de Vancouver pediu ajuda à B.C. Liquor and Licensing Branch com o fechamento às 19 horas das lojas de venda de bebidas públicas e privadas na área do centro durante este fim de semana”.
Até as redes sociais de organizações e manifestantes eram checadas e qualquer tipo de protesto considerado “anti-olímpico” era detalhado antes mesmo de acontecer. No report #3, por exemplo, o consulado alerta para futuras manifestações de grupos anarquistas: “Antecipação de atividade de protesto: ‘Outra [manifestação]‘’2010 Autonomous Day of Action’ está prevista para segunda-feira 15 de fevereiro (…) pequenos grupos de anarquistas podem se envolver em atos de vandalismo e confronto com a lei”. E no report #12: “Uma manifestação intitulada ‘Games Over! Resistance Lives!’ (Os Jogos acabaram! A resistência vive!) está agendada para acontecer das 13h às 15h do dia 28 de fevereiro na intersecção entre as ruas Smithe e Cambie. O evento é anunciado como ‘um festival público barulhento para celebrar nossas comunidades e nossa resistência’. Essa manifestação está sendo organizada no site www.no2010.com”. E no report #18: “A manifestação “Games Over! Resistance Lives!” (“Os Jogos acabaram! A resistência vive!”) está agendada para acontecer das 13h as 15h de hoje na intersecção entre as ruas Smithe e Cambie. As informações iniciais indicavam que os organizadores queriam que o evento fosse inofensivo para a polícia e para os manifestantes. Contudo, 171 pessoas estão confirmadas para comparecer ao local e eles podem bloquear as ruas. O grupo Black Bloc deve participar do evento, embora não haja indicação alguma de que eles queiram engajar-se em táticas violentas ou ilegais durante o evento. Discussões online sobre o evento indicam que um grande número de participantes pode prosseguir para a Tent Village para juntar-se a outros simpatizantes, uma decisão que pode se transformar em uma marcha improvisada”.
Outra ação citada em vários relatórios é a “Critical Mass Bike Ride”. O report #10 diz: “Atividade de protesto antecipada: a próxima atividade marcada digna de nota é a ‘Critical Mass Bike Ride’ no dia 26 de fevereiro. Os ciclistas planejam se reunir no lado norte da Galeria de Arte de Vancouver, na rua Georgia, e pedalar pelas ruas de Vancouver”.
VARAS DE PESCA AMEAÇADORAS
Já o documento número #2, enviado no dia de abertura dos Jogos de Inverno, diz que um cidadão americano foi deportado depois que a polícia encontrou uma granada de mão inerte e literatura pornográfica em seu veículo: “Em entrevista ao FBI ele disse que estava emocionalmente perturbado e não tem vínculos com grupos domésticos de milícias”, explica. No mesmo relatório, consta que um pacote suspeito foi identificado em um terminal de transporte aquático chamado Lonsdale Quay, e que o serviço foi suspenso até que o pessoal da Real Polícia Montada do Canadá usou um canhão de água, neutralizou a embalagem e constatou que a caixa continha varas de pesca e equipamentos.
Nem a igreja passou desapercebida pelos olhos do grande irmão. O documento #7 alerta para um protesto organizado por membros da Igreja Unida do Canadá, estudantes católicos da Universidade da Colúmbia Britânica e estudantes universitários evangélicos, que marchariam no começo da tarde do dia 17 de fevereiro para destacar a forma como as Olimpíadas historicamente deslocam os pobres de suas casas. Qualquer semelhança não é mera coincidência.
AQUI NÃO VAI SER DIFERENTE
Como os documentos do WikiLeaks no Brasil já haviam revelado, mesmo antes da escolha do Brasil como sede das Olimpíadas de 2016 a segurança dos jogos já era um dos principais temas na pauta de reuniões bilaterias entre diplomatas e militares. Telegramas enviados pela embaixada americana em Brasilia e publicados pelo Wikileaks revelaram que os EUA não só estavam preocupados com a segurança durante os megaeventos mas queriam lucrar com isso. “Os EUA buscam cooperação militar, oportunidades comerciais e já preparam um aumento do seu pessoal no país” diz a comunicação diplomática.
Em 24 de dezembro de 2009, o Departamento de Defesa americano recebeu um relatório intitulado “Olimpíadas do Rio – O Futuro é Hoje”, assinado pela Ministra Conselheira da Embaixada Lisa Kubiske apontando oportunidades comerciais e militares: “O governo brasileiro compreende que enfrenta desafios críticos na preparação dos Jogos de 2016 e demonstrou grande abertura em áreas como compartilhamento de informações a cooperação com o governo dos Estados Unidos – chegando até a admitir que poderia haver a possibilidade de ameaças terroristas”, diz o documento.
O raciocínio que se segue demonstra que os relatórios emitidos em Vancouver não foram uma ação isolada: “além de preparar as oportunidades comerciais que os jogos vão oferecer às empresas americanas, o governo dos EUA deveria se aproveitar do interesse do Brasil no sucesso olímpico para progredir na cooperação bilateral em segurança e troca de informações”.
O telegrama, de dezembro de 2009, diz que a missão missão americana já estava coordenando a ampliação de pessoal, estrutura e recursos, com suas agências em Brasília e no Rio de Janeiro – o que seria necessário para gerenciar o envolvimento dos EUA nos Jogos. “Já existem oportunidades para o governo americano buscar colaboração em função dos Jogos, incluindo aumentar a cooperação e a expertise brasileira em contraterrorismo”, finaliza.
Os comitês populares e manifestantes brasileiros que se cuidem: estarão todos sob a mira do “Big Brother” durante os megaeventos. Ou será que já estão?
*Colaborou Ciro Barros
Ex-Obreira da Universal revela esquema de manipulação de votos pró Russomanno
7 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda Russomano não foi para o segundo turno, mas o vídeo merece ser visto e compartilhado.(Post visto no Com Texto Livre)
Exclusividade #PosTV: Fala que eu te escuto, Regiane. Testemunho de Regiane Brito, ex-obreira da Igreja Universal do Reino de Deus.
Ela fala sobre como a igreja manipula votos em favor de Celso Russomanno, a construção do templo de Salomão, o projeto político da IURD e porque ela teve a coragem de largar a igreja e trazer isso à tona.
As rapidinhas do Sr Comunica - urnas e urnas
7 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários aindaAinda na Venezuela, aquele país que nossa mídia costuma chamar de ditadura, o voto não é obrigatório como aqui, na festa da democracia brasileira. O comparecimento dos eleitores, no país comandado por Hugo Chavez, foi de 80,79% da população, com um índice ínfimo de 1,89% de votos nulos.
Aqui em nosso 'Brasilzão', país democrático ao extremo, o voto é obrigatório. Na cidade do Rio de Janeiro, as abstenções foram de 20,45%. Porém, votos nulos foram 8,94% e brancos 8,12%. Somando-se as abstenções, nulos e brancos na capital carioca temos o resultado módico de 37,51% da população que não quis ou não teve como participar ou opinar na festa da democracia.
Números muito superiores aos da 'ditadura venezuelana', segundo costuma dizer nossa mídia. Por tudo isso, talvez esteja na hora de repensarmos nossa democracia. Mais de um terço da capital fluminense não opinou nesta eleição municipal, ou seja, um em cada três habitantes cariocas.
Um domingo eleitoral na festa da democracia
6 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda Acordo cedo no domingo e aproveito para votar, logo após o café da manhã. Somente este ano transferi meu título de eleitor para o Rio de Janeiro, ou seja, é a primeira vez que voto em solo carioca.A escola na qual voto fica aproximadamente a vinte passos de onde moro. Neste pequeno percurso vejo um eleitor pegando um 'santinho' no chão, dentre os muitos espalhados, e se dirigindo para dentro da escola. Não é a primeira vez que presencio semelhante fato e este é um dos motivos de eu questionar a validade do voto obrigatório.
Já na minha seção eleitoral, ouço as pessoas se perguntando sobre o almoço, onde poderiam comer por um preço baixo. O governo, os partidos e os candidatos gastam rios de dinheiro numa eleição, mas até onde sei, os trabalhadores convocados para trabalhar numa seção eleitoral nos locais de votação não são remunerados. A festa da democracia é custosa para alguns, gratuita e sacrificante para outros.
Após registrar meus votos na avançada urna das eleições brasileiras, saio de minha seção e me deparo uma vez mais com um forte cheiro de esgoto. Ao lado do muro que abriga a escola municipal passa um esgoto a céu aberto, aqui no Rio de Janeiro também conhecido como 'valão'. A tecnologia das urnas contrasta fortemente com a falta de infraestrutura básica da cidade.
Já na calçada, decido aproveitar o domingo, a rua e ir passear um pouco, tomar um sorvete. Alguns passos depois percebo uma cena inusitada: um 'santinho' literalmente afundado na merda. Os inúmeros papéis que alguns candidatos jogam pelas ruas forma uma espécie de tapete pós-moderno da democracia na qual vivemos. Um deles repousou sobre as fezes de um inocente cachorrinho, que por sua vez, possui um dono tão porco quanto os candidatos. Resultado? Um eleitor descuidado levou um pouco do animalzinho grudado em seu sapato. Nem o santinho lhe salvou.
Mais adiante sou abordado por pessoas fazendo boca de urna. Ganham entre 50 e 200 reais para se arriscar e pedir votos para um candidato que, se eleito, deveria fazer as leis da cidade. Para tanto, já começa desrespeitando outras leis. É muita vontade de trabalhar e representar o povo, não é mesmo?
Voltando de meu pequeno passeio dominical, encontro novamente as mesmas pessoas fazendo boca de urna, mas desta vez não sou incomodado. Vale também registrar que alguns deles fazem campanha por candidatos a vereador que buscam a reeleição.
O sol escaldante me faz suar e desejar chegar logo em minha casa. De minha janela, vez ou outra, observo o caos do trânsito, as buzinas enlouquecidas, o tapete de santinhos pelo chão, a boca de urna e uma calçada entupida por entulhos que algum cidadão jogou na calçada, fazendo um enorme bloqueio e obrigando os pedestres a andar no asfalto. Um dia de domingo eleitoral na famosa festa da democracia.