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Não dará na TV: preso na manifestação do dia 15 relata experiência
6 de Novembro de 2013, 14:14 - sem comentários ainda(Por TV Vírus)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..
Stédile analisa o Plano Nacional de Agroecologia e a reforma agrária no Brasil
5 de Novembro de 2013, 20:18 - sem comentários aindaJoão Pedro Stédile, porta voz do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, analisa o Plano Nacional de Agroecologia e a reforma agrária no Brasil. Foto: Brasil de Fato/Pablo Vergara |
Por Eduardo Sá
Durante a Caravana Agroecológica da Chapada do Apodi, no Rio Grande do Norte, realizada entre os dias 22 e 26 de outubro, conversamos com João Pedro Stédile, porta voz do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Na entrevista ele fala sobre o lançamento do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), reforma agrária, a situação de Apodi com o projeto do perímetro irrigado e os protestos Brasil afora desde julho.
Segundo o economista, o plano Brasil Agroecológico nasceu de uma forte pressão da sociedade civil e, para não ser uma mera carta de intenções, é preciso lutar para sair do papel.
A presidenta Dilma acabou de lançar um Plano Nacional de Agroecologia. Em que contexto, e quais avanços e insuficiências ele traz?
O Plano Nacional de Agroecologia é resultado das pressões dos movimentos sociais e ambientalistas nos últimos dez anos, desde o primeiro mandato do governo Lula. Devagarzinho abrimos essas brechas, acho que o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) também nos ajudou, assim como alguns amigos dentro do Ministério do Meio Ambiente.
Foi construído de certa forma bastante democrático, e é resultado muito mais da pressão dos movimentos e dessa força social que o movimento de agroecologia gerou no país. Levou o governo brasileiro a se dar conta que faltava uma política pública, mas ainda é uma carta de intenções. Os movimentos sociais, o movimento camponês e ambientalista, vão ter que continuar fazendo muita pressão para transformar aquelas linhas de propostas políticas de fato em programas governamentais com recursos, planos, metas e liberação de pessoas.
No lançamento a presidenta anunciou cem decretos de desapropriação de terras para reforma agrária. Há muito tempo não era anunciado nada desse gênero, é uma iniciativa satisfatória ou vem muito aquém da demanda dos movimentos?
O governo Dilma ainda está em dívida com a reforma agrária, porque o agronegócio e os ruralistas são hegemônicos no Congresso, depois vem o judiciário e o governo Dilma. Os setores que apoiam a reforma agrária, a agroecologia e o meio ambiente são minoritários dentro desse governo. Isso se revelou também em outros temas, como o Código Florestal e a questão indígena, então o governo Dilma está em dívida com os povos do campo.
Naquela semana estávamos mobilizados em todo país, ocupamos diversos Incras (Instituo Nacional de XXX), e isso levou o governo envergonhado a fazer aquela promessa de até o final do ano desapropriar cem áreas. Vai dar no máximo cinco mil famílias, ou seja, é insignificante diante da pressão e demanda social que está reprimida: temos hoje no Brasil mais de 120 famílias acampadas.
O governo devia fazer um plano de emergência para em alguns meses resolver o problema de todas as famílias. Não adianta só ficar anunciando dois ou três decretos que podem servir para propaganda, mas não resolvem o problema social.
Em Apodi há uma situação bem complicada, é um dos maiores assentamentos do MST no Brasil. Como se encaixa essa questão local da Chapada do Apodi no cenário nacional em termos de modelo de desenvolvimento?
Apodi hoje é o exemplo emblemático de toda política agrária e agrícola do país, e em especial para o nordeste. Há um projeto do perímetro irrigado do DNOCS (Departamento Nacional de Combate a Seca), que está voltado única e exclusivamente para fazer obras e saiba Deus atender a que interesses.
São obras caríssimas com mais de R$ 200 milhões, que tem a pretensão de canalizar o rio de volta, ou seja, pegar a água do rio embaixo e bombear cem metros de volta para cima na Chapada. Só que ali já vivem mais de 600 famílias de pequenos agricultores que há décadas sobrevivem cultivando com a agricultura familiar e produtos sadios.
O DNOCS desapropriou 13 mil hectares, vai despejar essas 600 famílias para depois fazer o edital de licitação para entregar os lotes a pequenos, médios e grandes empresários aplicarem o monocultivo de frutas para exportação. É o absurdo dos absurdos, porque tecnicamente não tem sentido fazer uma irrigação morro acima.
É muito mais barato fazer a irrigação na planície, ou seja, barragem abaixo, manter essas famílias que estão na Chapada, aplicar com elas outras técnicas de irrigação com poços artesianos ou cisternas. E desenvolver a agricultura familiar, porque Apodi se transformou outra vez num paraíso da biodiversidade e da produção de alimentos sadios.
Tanto que é o melhor mel da região nordeste e a abelha é um termômetro para a natureza, por causa dessas características da biodiversidade e de não ter veneno. Se esse projeto de irrigação é efetuado, vamos entregar 13 mil hectares para o monocultivo de frutas com o uso intensivo de agrotóxicos, vai contaminar as águas, os solos e tudo para exportação. Vai alterar, inclusive, a economia do município porque essas empresas que vêm de fora não aplicam o dinheiro aqui e levam para fora.
É uma situação realmente vergonhosa e esdruxula, que só atende aos interesses de uma oligarquia rural aqui do Rio Grande do Norte que tem muita força política por causa do PMDB. Outra circunstância é que ainda no município há um acampamento com mais de mil famílias acampadas dentro de uma área de 2 mil hectares, que poderia ser aproveitada para reforma agrária e até agora não está.
Esperamos que esse processo de debate político de qual é o modelo de agricultura para o município ajude a assentar aquelas famílias que estão acampadas.
Estamos vivendo um momento de inquietações sociais nas ruas, só que muitas cartilhas utilizadas há anos para protestar não são bem vistas pelos jovens, como as bandeiras, sindicatos, partidos, etc. Como você avalia essa movimentação espontânea?
A luta de classes em qualquer sociedade e aqui no Brasil ocorre em ondas históricas. Há períodos que a classe trabalhadora toma a ofensiva e faz grandes mobilizações em torno do seu projeto e seus direitos. Há períodos de disputa e períodos de refluxo. Estamos vivendo um refluxo do movimento de massas, que vem desde as duas grandes derrotas que o movimento popular teve no Brasil: a derrota política em 1989 e a derrota do movimento sindical na grande greve dos petroleiros em 1995. De lá para cá há um dissenso, uma pasmaceira do movimento de massas.
O que assistimos nesse ano em junho e julho foi uma parcela da sociedade, a juventude, de forma espontânea e sobretudo indignada com as grandes obras da Copa, com a falta de transporte público, que foi às ruas. E é natural que seja assim, as primeiras mobilizações sempre são fruto de indignação e resultado de algum estopim que leva a juventude para a rua. Acredito que no próximo ano essas mobilizações voltarão às ruas, porém agora casadas com o movimento da classe trabalhadora.
Seja dos movimentos sociais organizados, seja do movimento estudantil, seja dos sindicatos, para então colocar em pauta não apenas um transporte público ou a educação, mas as reformas estruturais que o Brasil está precisando: começa pela reforma política e tende a desembocar numa constituinte para repactuar as forças políticas do país. Porque do jeito que está há um clima de indignação e o povo quer mudanças, mas não para trás para voltar aos tucanos, a direita.
Queremos mudanças no sentido de aprofundar as reformas necessárias no país, que levem a resolver esses problemas como os perímetros irrigados, a reforma agrária, o transporte público, educação de qualidade, ampliar as vagas nas universidades públicas para os jovens.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..
"Fantástico é o racismo da Rede Globo"
5 de Novembro de 2013, 19:31 - sem comentários ainda
Quadro do programa Fantástico exibiu episódio cujo tema é muito caro para a história da população negra no Brasil
Por Douglas Belchior, em seu blog
“A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil“, deveras sentenciou Joaquim Nabuco. Mas na versão global, ironicamente “inteligente”, ele diz: “O Brasil já é um país mestiço! E não vamos tolerar preconceito!”.
Nas últimas semanas escrevi dois textos sobre a relação entre meios de comunicação, publicidade e humor e a prática de racismo, o primeiro provocado por uma peça publicitária de divulgação do vestibular da PUC-PR e o segundo por conta de um programa de humor que ridicularizava as religiões de matriz africana. Hoje, graças a Rede Globo de televisão, retorno ao tema.
Neste domingo 3 de novembro o programa Fantástico, em seu quadro humorístico “O Baú do Baú do Fantástico”, exibiu um episódio cujo tema é muito caro para a história da população negra no Brasil.
Passado mais da metade do programa, eis que de repente surge a simpática Renata Vasconcellos. Sorriso estonteante ainda embriagado pela repentina promoção: “Vamos voltar no tempo agora, mas voltar muito: 13 de maio de 1888, no dia em que a Princesa Isabel aboliu a escravidão. Adivinha quem tava lá? Ele, o repórter da história, Bruno Mazzeo!”
O quadro, assinado por Bruno Mazzeo, Elisa Palatnik e Rosana Ferrão, faz uma sátira do momento histórico da abolição da escravidão no Brasil. Na “brincadeira” o repórter entrevista Joaquim Nabuco, importante abolicionista, apresentado como líder do movimento “NMS – Negros, mulatos e simpatizantes”!
Princesa Isabel também entrevistada, diz que os ex-escravos serão amparados pelo governo com programas como o “Bolsa Família Afrodescendente”, o “Bolsa Escola – o Senzalão da Educação” e com Palhoças Populares do programa “Minha Palhoça, minha vida”!
“Mas por enquanto a hora é de comemorar! Por isso eles (os ex-escravos) fazem festa e prometem dançar e cantar a noite inteira…” registra o repórter, quando o microfone é tomado por um homem negro que, festejando, passa a gritar: “É carnaval! É carnaval!”
O contexto
Não acredito que qualquer conteúdo seja veiculado por um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo apenas por um acaso ou sem alguma intencionalidade para além da nobre missão de “informar” os milhões de telespectadores, ora com seus corpos e cérebros entregues aos prazeres educativos da TV brasileira em suas últimas horas de descanso antes da segunda feira – “dia de branco”.
E me perguntei: Por que – cargas d’água, a Rede Globo exibiria um conteúdo tão politicamente questionável? O que teria a ganhar com isso? Sequer estamos em maio! Que “gancho” ou motivação conjuntural haveria para justificar esse conteúdo?
Bom, estamos em novembro. Este é o mês reconhecido oficialmente como de celebração da Consciência Negra. É o mês em que a população a f r o d e s c e n d e n t e rememora, no dia 20, Zumbi dos Palmares, líder do mais famoso quilombo e personagem que figura no Livro de Aço como um dos Heróis Nacionais, no Panteão da Pátria. Relevante não?
Estamos também na véspera da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, que começa nesta terça, dia 5 e segue até dia 7 de Novembro, em Brasília, momento ímpar de reflexão e debates sobre os rumos das ações governamentais relacionadas a busca de uma igualdade entre brancos e negros que jamais existiu no Brasil. Isso somado à conjuntura de denúncia de violência e assassinatos que tem como principais vítimas os jovens negros, essa Conferência se torna ainda mais importante.
Voltando ao Fantástico, evidente que há quem leia as cenas apenas como um mero quadro humorístico e como exagero de “nossa” parte. Mas daí surge novas perguntas:
Um regime de escravidão que durou 388 anos; Que custou o sequestro e o assassinato de aproximadamente 7 milhões de seres humanos africanos e outros tantos milhões de seus descendentes; e que fora amplamente denunciado como um dos maiores crimes de lesa-humanidade já vistos, deve/pode ser motivo de piadas?
Quantas cenas de “humor inteligente” relacionado ao holocausto; Ou às vítimas de Hiroshima e Nagasaki; Ou às vítimas do Word Trade Center ou – para ficar no Brasil – às vítimas do incêndio na Boate Kiss, assistiremos em nossas noites de domingo?
Ah, mas ex-escravizados festejando em carnaval a “liberdade” concebida pela áurea princesa boazinha, isso pode! E ainda com status de humor crítico e inteligente.
Minha professora Conceição Oliveira diria: “Racismo meu filho. Racismo!”.
A democratização dos meios de comunicação como forma de combate ao racismo
Uma das tarefas fundamentais dos meios de comunicação dirigidos pelas oligarquias e elites brasileiras tem sido a propagação direta e indireta – muitas vezes subliminar, do racismo. É preciso perceber o que está por trás da permanente degradação da imagem da população negra nesses espaços. Há um pensamento racista que é, ao mesmo tempo, reformulado, naturalizado e divulgado para a coletividade.
A arte em forma de publicidade, teledramaturgia, cinema e programas humorísticos são poderosos instrumentos de formação da mentalidade. O que vemos no Brasil, infelizmente, é esse poder a serviço do fomento a valores racistas e preconceituosos que, por sua vez, gera muita violência. A democratização dos meios de comunicação é fundamental para combater essa realidade. No mais, deixo duas perguntas ao governo federal e ao congresso nacional, dos quais devemos cobrar:
O uso de concessão pública para fins de depreciação, desvalorização da população negra e da prática do racismo, machismo, sexismo, homofobia e todos os tipos de discriminação e violência não são suficientes para colocar em risco a concessão destes veículos?
Por que Venezuela, Bolívia e Argentina, vizinhos latino-americanos, avançam no sentido de diminuir a concentração de poder de certos grupos de comunicação e no Brasil os privilégios para este setor só aumentam?
Tantas perguntas…
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..
DEA Americana censura informações sobre cerco a presidente paraguaio
1 de Novembro de 2013, 11:08 - sem comentários aindaDEA Americana censura informações sobre cerco a presidente paraguaio. Órgão chega ao absurdo de tarjar documento disponível na íntegra na web desde 2011, vazado pelo WikiLeaks |
O que levou a maior força antidrogas do mundo a infiltrar agentes no círculo do atual presidente paraguaio Horácio Cartes? Por que o Departamento de Justiça americano oficialmente o considerava líder de “uma das organizações mais significativas de tráfico de drogas internacional”? E o que os policiais infitrados pela DEA descobriram durante a investigação secreta?
Essas e outras perguntas levaram a Agência Pública a fazer uma série de pedidos pela lei de acesso a informação americana a órgãos do governo daquele país a respeito da investigação, realizada pelo governo americano, sobre Horácio Cartes e seu círculopróximo, três anos antes de vencer a eleição para a presidência do Paraguai.
A base para os pedidos foi um documento impressionante vazado pelo WikiLeaks em 2011, que descrevia os pormenores da operação “Coração de Pedra”, da DEA – a agência antodrogas americana – cuja missão era “interromper e desmantelar a operação de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro na área da tríplice fronteira entre Argentina, Paraguai e Brasil, e em outras partes do mundo”. Segundo esse documento, a operação infiltrou, em 2009, agentes da DEA nas empresas e no círculo familiar de Horácio Cartes, empresário do ramo do tabaco que venceu as eleições no Paraguai após o contestado impeachment que destituiu Fernando Lugo, o primeiro presidente de esquerda do país. (leia mais sobre o impeachment de Lugo aqui)
Pouco se sabe, além deste documento, sobre os negócios pouco claros do atual presidente do país vizinho. Em 2004, o Banco Amambay, de propriedade de Cartes, chegou a ser investigado pelo Ministério Público Federal do Brasil no esquema conhecido como as Contas CC5 – em que brasileiros eram acusados de evadir mais de R$ 600 milhões do país através da instituição. O caso foi arquivado por insuficiência de provas.
O que todo mundo já sabe…
Na época do vazamento do WikiLeaks, como em todos os outros vazamentos, o governo americano não se pronunciou sobre o documento.
Agora, em resposta ao pedido da Agência Pública, a DEA liberou o mesmo documento, já vazado, considerado internamente como “sensível”. Comprova, assim, a sua autenticidade. Porém, se negou a revelar qualquer outra informação. Pior: o documento liberado apresenta mais de 80% do seu conteúdo censurado (tarjado) – embora o documento esteja disponível na íntegra neste link, para qualquer um ver.
O documento vazado pelo WikiLeaks especifica com detalhes como foi planejada a infiltração da organização de Horácio Cartes em 2009. Em uma reunião entre os dias 6 e 9 de novembro daquele ano, divisões da DEA em Assunção, Lima e Buenos Aires compartilharam informações sobre as investigações já realizadas e planejaram os passos seguintes. A mesma reunião contava, supreendentemente, com a presença de representantes das maiores empresas do mercado internacional de cigarros, British American Tobacco, Reynolds American, Imperial Tobacco e Phillip Morris. (clique aqui para saber mais).
Os agentes da DEA usaram, primeiro, uma “fonte colaboradora da DEA em Buenos Aires e outros funcionários da DEA disfarçados” para infiltrar o “empreendimento de lavagem de dinheiro” de Cartes. O próximo passo do plano era se aproximar de William Cloherty, lobista de Cartes em Washington, e de seus representantes Osvaldo Gane Salum e Juan Carlos Lopez Moreira – ambos hoje na equipe do atual presidente do Paraguai.
O objetivo final da DEA era “interromper e desmantelar a organização de tráfico de drogas de Cartes”. Três anos depois, não há sinal dos resultados dessa investigação. E Cartes assumiu a presidência do Paraguai em agosto deste ano.
…e o que os EUA acham que todo mundo pode saber
Partindo dessas informações a agência Pública fez em maio um pedido à DEA de todo o material existente sobre a operação “Coração de Pedra”. A agência negou, afirmando que “a busca levaria meses” e “poderia possivelmente interromper as operações normais da DEA”. Pedia que a Pública reduzisse o escopo da busca. Restringimos então a busca aos anos mais relevantes – 2009 e 2010, quando sabíamos que a operação de infiltração estava em andamento, e portanto, documentada em relatórios e evidências resultantes.
A resposta chegou no final de setembro deste ano. A DEA permitiu a publicação, parcial, do documento de quatro páginas, sendo duas completamente tarjadas pelo risco de “revelar uma fonte confidencial”, “constituir invasão de privacidade privada”, ou “revelar técnicas e procedimentos de investigação policial”. Detalhe: todos esses dados já estão disponíveis na web.
O real motivo é a verdadeira esquizofrenia da bucrocracia americana, depois dos recentes vazamentos, que disponibilizaram milhares de documentos ao público. Os Estados Unidos continuam considerando-os como “classificados” – mesmo os que foram publicados por jornais como o Guardian, ou na íntegra na web.
Em dezembro de 2010, a Casa Branca emitiu uma ordem proibindo todos os seus funcionários de acessar os documentos publicados pelo WikiLeaks, alegando que “informação classificada, tenha sido ou não postada em sites públicos ou pela mídia, continua sendo classificada e deve ser tratada assim por funcionários federais e contratistas”.
No dia 7 de junho deste ano, depois de publicadas as primeiras reportagens no Guardian sobre a espionagem da NSA com base nos documentos vazados por Edward Snowden, o Departamento de Defesa publicou um memorando idêntico. De autoria de Timothy A. Davis, Diretor de Segurança do Departamento, a ordem adiciona que “funcionários do Departamento de Defesa ou contratistas que buscarem informação classificada no domínio público, que reconheçam a sua acuidade ou existência, ou que proliferem a informação de qualquer maneira, estão sujeitos a sanções”. Não há descrição de quais seriam essas sanções.
A Agência Pública apelou da decisão, com base na primeira resposta: se o material em posse da DEA é tão extenso que “levaria meses de pesquisa”, por que apenas um documento, totalmente censurado, foi liberado? Estamos aguardando
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STF faz concursos para jornalistas diplomados. Cozinheiros não servem!
1 de Novembro de 2013, 9:52 - sem comentários aindaApós mais de quatro anos da controversa decisão, capitaneada pelo ministro-relator Gilmar Mendes, que chegou a comparar o jornalista a um cozinheiro, o douto colegiado de ministros abre um concurso que será apenas para profissionais diplomados.
Li o edital com cuidado. Atribuições como cozinhar o velho e bom arroz e feijão ou saber preparar um tradicional Coq au Vin francês, para oferecer aos coleguinhas do Itamaraty, não fazem parte das habilidades exigidas.
O edital é claro:
"CARGO 3: ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA: APOIO ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE: COMUNICAÇÃO SOCIAL
REQUISITOS: diploma, devidamente registrado, de curso de nível superior de graduação em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, fornecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo MEC, e registro na Delegacia Regional do Trabalho.
DESCRIÇÃO SUMÁRIA DE ATIVIDADES: realizar atividades de nível superior, de natureza técnica, relacionadas ao planejamento, organização, coordenação, supervisão, assessoramento, estudo, pesquisa e execução de tarefas que envolvam todas as etapas de uma cobertura jornalística integrada: produção, redação, reportagem e edição de conteúdos para mídias eletrônicas como rádio, TV, internet e imprensa escrita."
Se você se interessou, corra. O período de inscrições para o concurso organizado pela Cespe vai até o dia 4 de novembro.
O salário é bom, pouco mais de 7,5 mil reais, mas são apenas três vagas sabendo-se que há vacância de mais de setenta, considerando-se todas as mídias que trabalham no STF e, diga-se de passagem, realizam um ótimo trabalho por sinal. A carga horária também não é a nossa, o velho e utópico sonho de cinco horas por dia ou sete, no máximo.
Acho que isso só fortalece nossa luta em prol da exigência do diploma para o exercício do Jornalismo tendo em vista que, nem quem derrubou o diploma e promoveu uma censura indireta em nosso trabalho, usa do mesmo mal que propagou, atendendo a interesses prá lá de escusos.
Dotes culinários? Deixe-os para os finais de semana. Isso se não houver plantão.
* Escrito por Sylvio Micelli - Jornalista profissional diplomado e servidor público concursado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..