Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir.
Leia mais: http://comunicatudo.blogspot.com/p/sobre.html#ixzz1w7LB16NG
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives
O drama de Ravel, jovem esperança olímpica do vôlei de praia que sofre com as obras para o evento de 2016
20 de Março de 2013, 21:00 - sem comentários aindaFonte: http://espn.estadao.com.br/video/3161...
Petições da Avaaz rendem milhões de dólares. As campanhas são sérias ou é golpe na internet?
19 de Março de 2013, 21:00 - sem comentários aindaAVAAZ é uma ONG de uma única pessoa que já faturou mais de 18 MILHÕES DE DÓLARES em doações feitas por internautas
Pedidos de doações são disfarçados em textos apelativos de petições que exploram qualquer assunto em destaque na mídia. O dinheiro das doações vai para uma conta no exterior.
As mensagens são enviadas de um computador dos Estados Unidos. Ou seja, a ordem para brasileiros clicarem em alguma coisa vem de fora do País.
IP dos e-mails da Avaaz 69.60.9.158
Resultado da consulta: IP Address: 69.60.9.1 Country: United States
Esta ONG norte-americana surgiu há pouco tempo na internet pedindo doações em suas campanhas (petições) e já está MILIONÁRIA. Pertence a uma única pessoa conforme informações da declaração de imposto de renda apresentada ao fisco do governo dos Estados Unidos (Department of the Treasure – Internal Revenue Service)
Pesquisando na internet verifica-se que o dono da Avaaz tem várias ONGs virtuais e todas usam a mesma tática da Avaaz de pedir dinheiro pela internet enviado petições sobre assuntos com forte repercussão na imprensa. Percebe-se que Avaaz é apenas um nome diferente para as ONGs virtuais MoveOn.org e Res Publica.
Uma de suas ONGs virtuais, Faithful América (FA), criada em 2004, explora o sentimento religioso das pessoas para pedir dinheiro em petições. O nome “Faithful América” pode ser traduzido como América da Fé. Em 2008 mudou de nome para Faith in Public Life (Fé na Vida Pública).
Pelas informações no site da FA, percebe-se claramente que trata-se de uma versão religiosa da Avaaz.org ou da MoveOn.org: a FA é uma comunidade online de milhares de cidadãos motivados pela fé para agir nas questões prementes moral do nosso tempo e mobiliza seus membros, solicitando sua participação nas petições de internet, campanhas de envio de cartas, manifestações, eventos e grupos de pressão.
A Avaaz apareceu no Brasil usando algum artifício para disparar em massa mensagens com as petições e pedido de doações para milhares de contas de e-mails do Brasil. Depois, alguns internautas brasileiros fizeram o resto do serviço para a Avaaz prospectar doadores aqui, reenviando as petições para seus contatos, que por sua vez repassaram para outros e assim por diante.
Em uma de suas primeiras mensagens a Avaaz dizia que tinha o poder até de “persuadir” o Presidente Lula. Imagine se isso fosse verdade. Uma ONG estrangeira, comandada por uma única pessoa, sem registro no Brasil (as doações de brasileiros vão para uma conta no exterior, via cartão de crédito internacional), dispara mensagens em massa de outro país capazes de influenciar até nosso Presidente.
Nos Estados Unidos é obrigatório as ONGs tornarem públicas suas declarações de imposto de renda. No ano passado a AVAAZ Foundation publicou em seu site as declarações de imposto de renda, do período de 01 junho de 2006 até 31 de dezembro de 2009, apresentadas ao fisco do governo dos EUA (Department of the Treasure – Internal Revenue Service), que estão disponíveis nestes links
Declaração Imposto de Renda 01jun2006 a 31mai2007
Declaração Imposto de Renda 01jun2007 a 31mai2008
Declaração Imposto de Renda 01jun2008 a 31dez2008
Declaração Imposto de Renda 01jan2009 a 31dez2009
Declaração Imposto de Rende 01jan2010 a 31dez2010
ARRECADAÇÃO de doadores
De acordo com estas declarações de imposto de renda apresentadas ao governo dos EUA a AVAAZ Foundation arrecadou em doações as seguintes quantias
01jun2006 a 31mai2007 – 1,093 MILHÕES DE DÓLARES
01jun2007 a 31mai2008 – 4,398 MILHÕES DE DÓLARES
01jun2008 a 31dez2008 – 1,275 MILHÕES DE DÓLARES
01jan2009 a 31dez2009 – 4,767 MILHÕES DE DÓLARES
01jan2010 a 31dez2010 – 6,742 MILHÕES DE DÓLARES
TOTAL DO PERÍODO (jun/2006 – dez/2010): 18,276 MILHÕES DE DÓLARES.
DESPESAS – salário do diretor-executivo: R$ 40 mil por mês
Atividade de disparar mensagens em massa na internet tem um custo muito baixo, como pode ser verificado pelo reduzido número de funcionários declarado no imposto de renda (em 2008, por exemplo, tinha apenas seis). Então, o que o dono da avaaz.org faz com os milhões de dólares que arrecada?
Observem na declaração de imposto de renda que o diretor-executivo recebeu US $ 126 mil no semestre 01jun2008 a 31dez2008, que dá 21 mil Dólares mensais, ou seja, aproximadamente R$ 40.000,00 por mês de salário.
CREDIBILIDADE da AVAAZ – AS PETIÇÕES FUNCIONAM?
A comodidade de alguém exercer a cidadania por você tem um preço. Já se constatou vários equívocos nas petições, como falhas de interpretação de matérias jornalísticas (do congresso nacional, exemplo), comemoração de vitórias que foram terríveis derrotas. Basta ler atentamente os textos que já se percebe algo estranho. O que é motivo para muitas desconfianças.
Petição sobre a Lei da Grilagem da Amazônia
Veja o equívoco da Avaaz na informação em seu site sobre o resultado da votação Medida Provisória (MP) da legalização da grilagem de terras na Amazônia. Ao contrário do que a Avaaz informa, a MP da grilagem virou lei e foi considerada uma das maiores derrotas da história do ambientalismo brasileiro.
Do site da Avaaz
A floresta Amazônica – No ápice de um momento de decisão em junho de 2009, membros da Avaaz no Brasil fizeram mais de 14.000 ligações e enviaram mais de 30.000 mensagens online ao presidente Lula em dois dias. No último momento, a pressão pública reverteu a lei que daria boa parte da floresta Amazônica para a exploração de agronegócios (Junho 2009). Uma grande vitória para o Brasil, e para o planeta, já que a Amazônia consome enormes quantidades de gases estufa que vem aquecendo o planeta.
Como todos sabemos, a MP da grilagem virou lei, isto é, foi aprovada e sancionada. Veja o que imprensa publicou na época
Senado aprova MP da Grilagem
Vira lei medida provisória apelidada de MP da grilagem
Lei que regulariza terras irá beneficiar grileiros, afirma Marina Silva
Petição sobre a Lei da Ficha Limpa.
Em seu site a Avaaz comete exageros em sua propaganda internacional. Reinvidica ter sido responsável pela lei da ficha limpa no Brasil. Diz na propaganda que foram suas petições na internet que fizeram surgir um movimento popular no Brasil para propor a lei da ficha limpa.
Do Site da Avaaz
Brazil (730,000 members) we took a civil society movement online and drove an anti-corruption law through congress that is putting large numbers of corrupt politicians out of a job – widely hailed as a political revolution.
Conforme a imprensa tem noticiado, foi o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que fez a proposta e a campanha para coletar mais de 1,6 milhão de assinaturas.
Por ingenuidade, o MCCE publicou em seu site um link para a site da Avaaz hospedado nos Estados Unidos da petição oportunista que explorou a repercussão na imprensa do projeto de lei da ficha limpa para pedir dinheiro aos brasileiros. Pelo jeito, o MCCE não deve se importar muito com a ficha de seus parceiros. Casa de ferreiro, espeto de pau. Já as ONGs brasileiras que tanto lutam combatendo a corrupção, os crimes ambientais, os licenciamentos ambientais ilegais etc. não merecem destaque na página do MCCE.
Na verdade, a Avaaz disparou a petição da ficha limpa pela primeira vez somente na véspera da votação na câmara (detectou o assunto porque estava bombando na mídia). Quando a lei tinha sido aprovada na Câmara havia 20 dias e já estava havia 3 dias no senado (e voltou a ser destaque na mídia), a Avaaz mandou outra mensagem estranha com o seguinte teor: Vencemos! A lei da ficha limpa foi aprovada, agora deverá ir para o Senado. Nas próximas semanas vamos precisar de vocês novamente para pressionar o Senado. Ou seja, mandou esta mensagem esquisita do resultado da votação na Câmara 20 dias depois do fato ter ocorrido e quando faltava apenas 1 dia para o prazo dos senadores aprovarem (para valer nas eleições de 2010).
É incrível as pessoas acreditarem na seriedade destas petições. Exercer a cidadania, provocar as mudanças no Mundo, exige muito mais esforço do que ficar na frente do computador clicando e repassando e-mails com pedido de doações. Exercer a cidadania não é ajudar a iludir as pessoas espalhando pela internet estas mensagens.
Se arrecadaram milhões de dólares por que não contratam jornalistas especializados? Por que não contratam um sistema de auditoria para atestar a autenticidade destas petições?
No exterior, há também muitas críticas, dúvidas e desconfianças sobre a eficácia das campanhas. Uma pessoa, por exemplo, acusa a Avaaz de ter fornecido seu e-mail para anunciantes (veja abaixo); quando se conferiu a autenticidade de uma petição no Canadá, descobriu-se IPs falsos. O dono da Avaaz alega que alguém entrou no sistema e inseriu aqueles milhares de IPs falsos e entrou na justiça exigindo investigação. Comenta-se na imprensa que devido ao sucesso de arrecadação de MILHÕES DE DÓLARES em doações é provável que muitos golpistas já tenham clonado a Avaaz pelo mundo inteiro e lançam as petições com pedido de doações desviados para uma conta particular.
COMENTÁRIOS – Forum da Austrália e blog da Irlanda
AUSTRÁLIA – Forum, acessado em 05/02/2011
Tradução
18 de dezembro 2010
Titulo da postagem: Avaaz é uma farsa
Texto Traduzido:
Recentemente aderi a uma petição da Avaaz, enviada por um amigo.
Hoje recebi um e-mail pedindo dinheiro. Eles dizem que têm 6,5 milhão de membros e que aumenta em 60.000 por semana.
Uma doação muito pequena de $ 3 ou $ 5 por semana a partir de 10.000 Avaazers cobriria todos os custos para manter uma pequena equipe, ajudando a salvar vidas em situações de emergência humanitária, a proteção do meio ambiente e dos animais, combater a corrupção e o crime organizado, trazer a paz e reduzir a pobreza ..
Objetivos ambiciosos: Eu me pergunto o que aconteceria se os 6,5 milhões doassem US $ 3 a US $ 5 por semana.
Que efeito isso teria? Eu entendo que eles mantenham em sigilo as identidades das pessoas que assinam suas petições. Isto quer dizer que é um desperdício de tempo e eles poderiam simplesmente inventar um número qualquer de adesões? Os governos realmente dão importância para números de petição que não se pode ser verificado?
Eu estou querendo saber se isso pode ser um golpe visando atingir os sentimentos das pessoas de querer fazer algo pela humanidade mas na verdade acabam deixando alguém rico.
Texto original:
Avaaz is it a scam
Recently I joined a Avaaz petition as a result of having it forwarded to me by a friend.
Today I received an email asking for money. They say they have 6.5 million members and are growing by 60,000 per week.
A very small donation of $3 or $5 per week from 10,000 Avaazers would cover all the core costs of our small team, helping to save lives in humanitarian emergencies, protect the environment and wildlife, fight corruption and organized crime, push for peace and reduce poverty.
Lofty aims. I wonder what could happen if the 6.5 million donate $3 to $5 per week.
What effect have they actually had. I understand they keep confidential the identities of people that sign their petitions. Does this mean it is a waste of time and they could just make up the numbers? Do governments really take notice of petition numbers that they cannot have verified.
I am wondering if this may be a scam targeting peoples feelings of wanting to have an effect in the world but in the end making someone rich.
IRLANDA – Blog, acessado em 05/02/2011
Posted on 2007/06/14 by dahamsta (dahamsta is Adam Beecher, an Internet consultant based in Cork City, Ireland)
Texto Traduzido:
Titulo da postagem: NÃO ASSINE AS PETIÇÕES DA AVAAZ
Não se dá valor ao seu endereço de e-mail, esta é a verdade. Eu assinei um bom número de petições estimulado pela minha irmã, mas recentemente eu comecei a receber spam no e-mail exclusivo que criei para se inscrever no site da Avaaz. Eu relatei isso para a Avaaz e recebi a garantia de que eles não vendem ou compartilharam a sua lista, mas que já receberam denúncias semelhantes e estão investigando. Perguntei-lhes sobre os resultados da investigação, mas eles não responderam nada. Obviamente, a segurança foi violada.
Texto original:
Don’t sign avaaz.org petitions
Not if you value your email address, that is. I’ve signed quite a few of them on prompting from Sista, but recently I’ve started received spam on the unique email address I set up to subscribe. I reported it to Avaaz and received an assurance that they don’t sell or share their list, but that they’ve received reports and are investigating. I asked them to follow up, they didn’t. Obviously their security has been breached.
(Publicado no Anonymous)
Clientes e Amigos: filme de Luiz Santos e Douro Moura
18 de Março de 2013, 21:00 - sem comentários aindaO vídeo abaixo é belíssimo e deve ser visto por todos. Faz parte do Projeto Fotopintura Contemporânea, premiado no Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais - 8ª Edição. Permitiu que os artistas Luiz Santos e Mestre Julio realizassem ação no Museu de Imagens do Inconsciente, Espaço Aberto ao Tempo e Hotel da Loucura, todos no Instituto Nise da Silveira, Engenho de Dentro-Rio de Janeiro, o que resultou no filme Clientes e Amigos e no livro Fotopintura Contemporânea. Evoé!
Com informações do blog Núcleo de Cultura, Ciência e Saúde
Conheça mais:
http://www.museuimagensdoinconsciente.org.br/
Página do Ocupa Nise no Facebook
Bloco Loucura Suburbana
Instituto Nise da Silveira
Reino Unido chega a acordo sobre regulação da imprensa
17 de Março de 2013, 21:00 - sem comentários aindaO órgão terá poder de aplicar multas elevadas (inclusive acima de 1,5 milhão de dólares), obrigar jornais a publicar correções e desculpas a vítimas, além de adotar medidas para garantir a privacidade.
Muitos detalhes ainda não foram acertados ou divulgados, mas o órgão deve ser autorregulatório, com encontros independentes, financiamento próprio e um sistema de reclamações rápidas.
Segundo a carta régia, estão incluídos na medida jornais, revistas e sites com conteúdo de notícias.
O resultado sai menos de seis meses depois da publicação do relatório do inquérito Leveson, uma ação do governo que investigou a cultura e a ética da mídia do país. No final de novembro, o inquérito recomendou a formação de um órgão regulador independente.
O caso ganhou repercussão quando investigações mostraram que o tabloide News of the World, fechado em meio ao escândalo, havia mantido por anos um esquema de escutas ilegais de telefones de celebridades e outras pessoas. Além disso, havia casos de pagamentos a autoridades para ter acesso a informações privilegiadas.
Diversos jornalistas do grupo de Murdoch foram presos e respondem processos na Justiça pelo caso.
O primeiro-ministro David Cameron afirmou que a medida não afeta a liberdade de Imprensa e que é preciso “colocar em prática um novo sistema de regulação da imprensa para garantir que esses casos [como as escutas telefônicas] jamais aconteçam novamente. Devemos fazer isso sem mais atrasos.”
Segundo o premiê, foi evitada uma “lei da imprensa”.
A carta régia não poderia ser alterada, exceto se forem respeitados os requisitos a serem definidos no documento. Ainda assim, precisaria passar pela aprovação de 2/3 terços do Parlamento. O objetivo da medida é evitar que mudanças sejam feitas por ministros.
Cada jornal vai indicar um membro para o painel de reuniões do órgão regulador, que devem seguir estritos requisitos profissionais. As vagas do corpo regulatório serão preenchidas por 1/3 de editores, 1/3 de jornalistas e 1/3 de leigos.
Os jornalistas criarão um código de conduta da imprensa, mas fica a cargo do regulador averiguar se houve violação destas diretrizes.
(Publicado na Carta Capital)
#P2PWikisprint - utopia latina em 20 de março
17 de Março de 2013, 21:00 - sem comentários aindaSul da Europa e América Latina preparam-se para jornada de ação e conhecimento compartilhado. Veja como participar, onde e por quê
Por Bernardo Gutierrez | Tradução: Gabriela Leite
Um coletivo indígena de Chiapas enlaçado com um espaço de co-working de Quito. Uma plataforma de crowdfunding de Barcelona trabalhando com o movimento de dados abertos de Montevidéu. Uma cooperativa grega inspirando coletivos artísticos de Caracas (e vice versa). Um grupo hacktivista de Madri, retroalimentando-se da permacultura das favelas do Rio de Janeiro. Uma comunidade de programadores de software livre de Buenos Aires colaborando com urbanistas de Lima. Coletivos culturais junto de hackers. Fundações com ativistas. Artistas copyleft e gestores de cooperação. Política em rede. Ecologia de código aberto. Open data. O sul da Europa, seus movimentos bottom up e horizontais, unido à enérgica América Latina. A #GlobalRevolution, a inovação social e o bem comum dialogando entre fronteiras. E ambos os lados do Oceano Atlântico unidos pelo peer-to-peer (P2P), uma topologia de rede aberta na qual cada nó está conectado ao resto sem passar por nenhum centro. O P2P – com sua abetura, descentralização e empoderamento coletivo – não é mais algo minoritário. É filosofia, tendência de trabalho, uma realidade sólida. O P2P é o sistema nervoso do mundo.
Não é apenas um começo poético. Tampouco um exagero geek. Este parágrafo pode ser realidade a partir do próximo dia 20 de março, quando o #Wikisprint da P2P Foundation será celebrado simultaneamente em vinte países, no que estou especialmente envolvido. O wikisprint, um processo de documentação coletiva e mapeamento de experiências, tem sua origem nas comunidades de programadores de Python, uma das linguagens mais populares de software livre. A prática estendeu-se a outros âmbitos, como à redação de livros coletivos. A respeitadíssima P2P Foundation realiza wikisprints para mapear experiências ao redor destes novos paradigmas. O wikisprint do próximo 20 de março servirá, por exemplo, para mapear experiências ao redor dos commons, da inovação aberta, da co-criação, da trânsparência, do co-projeto, da impressão 3D, das licenças livre… entre outras coisas. Vale a pena ler os critérios de inclusão na wiki da P2P Foundation. Neste documento aberto está a lista de cidades confirmadas: qualquer pessoa pode adicionar a sua. Todos os fluxos circularão de alguma forma pelo site criado para a ocasião (wikisprint.p2pf.net) e por uma hashtag do Twitter #P2PWikisprint.
Apesar de que inicialmente o #wikisprint seria desenvolvido apenas na Espanha, aproveitando a visita de Michel Bauwens, fundador da P2P Foundation, o intercâmbio de informação e as conexões humanas estenderam a convocatória a toa a América Hispânica. Também se uniram o Brasil, a Grécia e a Itália. Redes, pessoas e instituições, unidos pelo P2P. Contudo, no #wikisprint do próximo 20 de março, possivelmente um dos maiores da história, vai haver muito mais que um mapeamento. A inércia colaborativa gerou um riquíssimo roteiro. Durante o #wikisprint haverá todo o tipo de atividades. Debates, conferências, projeções, self media, oficinas, visualizações de redes, vídeos…
Por que é importante o próximo wikisprint da P2P Foundation? Por muitos motivos. O primeiro: visibilizar processos que as grande mídias e governos ocidentais ignoram. A Espanha, um dos países mais castigados pela crise macroeconômica, é uma das pontas da lança do mundo em rede, do P2P, dos commons, das novas lógicas horizontais, da economia colaborativa. E os meios de comunicação em massa ignoram uma realidade facilmente comprovável com dados. A Espanha é o país do mundo com o maior número de espaços de co-working per capita (terceiro em números absolutos). O país lidera, com muita distância, o movimento das moedas sociais. A Espanha em 2010 já tinha mais obras licenciadas com Creative Commons que os Estados Unidos. A Espanha é o quarto país do mundo em número de fab labs (que não se resume apenas ao mundo da impressão 3D, mas é em si um sintoma).
Além disso, a cultura copyleft contagiou, na Espanha, a arquitetura, a agricultura, a comunicação e a advocacia. Lá opera a maior rede do mundo de Wi-Fi alternativa,Guifi.net, que incentiva os nós compartilhados. E lá nasceu o projeto Lorea, a maior sementeira global de redes sociais livres. E se ainda for pouco, o movimento transversal 15M-Indignados está catapultando os processos de participação políticos-sociais-comunicativos e revitalizando os commons urbanos e rurais. Por que a grande mídia ignora essa realidade? Por que apenas associam a P2P a “pirataria”?
Pelo mesmo motivo que escondem o que está acontecendo na Grécia, atingida pelas exigências neoliberais da “Troika”: por medo. Ignorados pelos grandes meios de comunicação, os gregos estão construindo um novo paradigma da economia do bem comum, um mundo coletivo alimentado pelas redes. Não é casualidade que a P2P Foundation tenha uma versão em grego. Por outro lado, a Itália, que é governada por um tecnocrata, também tem muito a dizer neste novo mundo em rede. Italianos são a placa Arduino (no caso open hardware mais popular), os pensadores Toni Negri (que preconizava em Multidão a irrupção do crowd) e Franco Berardi ‘Bifo’, experiências tão novas quanto o Open P2P Design ou o mal compreendido MoVimento 5 Stelle (M5S). Em seu lugar, Portugal, que ainda não havia confirmado sua participação no #wikisprint, está vendo como seu governo migra ao software livre.
Por que não criar uma aliança tecnopolítica entre os cidadãos do Sul da Europa e da América Latina? Possivelmente, a América Latina tenha o melhor ecossistema para criar um novo protótipo de mundo. Governos, em geral, orientados à esquerda, ao social. Uma intensa história ao redor da propriedade coletiva e o trabalho colaborativo. Uma forte inércia social, analógica e digital. Na América Latina está o único país do mundo que protege a Wikileaks (o Equador). Na América Latina, concretamente na cidade brasileira Porto Alegre, nasceram o Orçamento Participativo e o Fórum Social Mundial. Na América Latina, muitos governos usam software livre. Na América Latina, os zapatistas iniciaram o caminho da tecnopolítica e do hacktivismo dos 99%. Na América Latina (na Argentina de 2001), as trocas e assembleias renasceram das cinzas do capitalismo. Na América Latina ainda existem práticas tradicionais de trabalho comunal, como o ayni (Bolívia), o tequio (México) e a mingua (Equador) em total sintonia com as redes P2P ou com os commons.
O crowd, o colaborativo, está no DNA da América Latina. A raça cósmica, profundamente mestiça, de que já falava o pensador mexicano José Vasconcelos em 1925, pode salvar os europeus dos tubarões de Frankfurt e de Wall Street. E por isso é tão importante o #wikisprint do próximo 20 de março. Um wikisprint, que unirá os movimentos e inovadores sociais do sul da Europa com a América Latina, o território onde pode nascer um novo mundo em rede, sustentável, orientado para o bem comum.
A utopia latina, isso sim, caminha em paralelo às distopias. O neoliberalismo quer transformar a América Latina em um novo espaço de consumo insustentável. O capital inventa siglas (como os BRICS, que juntam Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul) para seduzir. Para impor. E alguns governos estão caindo na armadilha do “consumo, logo existo”. O risco é gigantesco: que os governos latino-americandos identifiquem progresso com consumo, com mercado, exclusivamente com propriedade privada ou com Estado vertical. Por isso, o #wikisprint de 20 de março é mais que um #wikisprint. É um grito coletivo. Um novo espaço de diálogo. Uma nova topologia de mundo. O primeiro passo em um processo planetário que pode começar a mudar as regras do jogo.
–
Bernardo Gutierrez (@bernardosampa) é jornalista, escritor e consultor digital. Pesquisa o mundo P2P e as novas realidades da cultura open source. Fundador da rede de inovação Futura Media.net