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24 Momentos dos protestos em SP que você não verá na TV
13 de Junho de 2013, 21:00 - sem comentários ainda
A intenção desse post não é dizer o que é certo e errado, dizer como um ou outro lado deve agir, mas só mostrar o outro lado da moeda, aquele que os noticiários na TV que falam dos “vândalos” não vão mostrar, aquele diferente do que a tendenciosa Veja mostra, dos policias heróis que salvam a cidade em perigo.
(Publicado no Melhor que Bacon)
Bem, na TV você não vai ver:
01. A matéria do jornalista Elio Gaspari (O Globo) que afirma que a Polícia começou o confronto armado.
02. E se preferir uma segunda opinião para acreditar, a jornalista da Band que confirma que a polícia começou a violência.
03. Quando os policias começaram a atirar na imprensa, mesmo ela se identificando:
04. A conversa presenciada em plena Avenida Paulista (na manifestação de terça) POR MIM, QUE VOS ESCREVO, ao sair do Conjunto Nacional em direção à minha casa:
05. O policial que foi filmado quebrando O P-R-Ó-P-R-I-O vidro da viatura.
É isso mesmo que vocês leram e viram. O policial quebrou o vidro da viatura dele para culpar manifestantes.
06. As bombas de gás lacrimogênio vencidas há 3 ANOS, que como o próprio fabricante diz: OFERECEM PERIGO SE FORA DA VALIDADE.
07. O jornalista da Carta Capital que foi preso porque estava carregando vinagre na mochila. VI-NA-GRE. É PROIBIDO CARREGAR VINAGRE AGORA?
08. Quando a Tropa de Choque jogou bombas e atirou em manifestantes na calçada por gritarem “SEM VIOLÊNCIA”.
09. Aliás, gritar “SEM VIOLÊNCIA” já era motivo para você levar tiro, mesmo que estivesse na calçada (sem atrapalhar o trânsito) e sem destruir nem agredir fisicamente nada nem ninguém:
10. Esse perigoso manifestante que tem uma ameaçadora flor. Vai que é uma flor bomba né minha gente?
11. O promotor esquentadinho preso no trânsito que disse que se os manifestantes que estavam atrapalhando o dia dele fossem mortos, ele arquivaria o inquérito policial:
Diz ele que estava apenas extravasando.
12. A repórter da Folha, Giuliana Vallone, que foi atingida no olho.
Trabalhando, e tentando ajudar pessoas perdidas na rua, Giuliana levou um tiro na cara.
13. O policial que disse que ia dar voz de prisão a QUEM USASSE MÁSCARA, E IRRITADINHO, RESOLVEU DISPERSAR O PESSOAL COM SPRAY DE PIMENTA. Será que ele tinha o direito de fazer isso? Rs.
14. Os relatos de pessoas que viram policias arrastando pessoas feridas para fora do hospital.
Relato 1.
15. O relato de um rapaz que foi ajudar um garoto e tomou tiro.
Relato 2.
16. Outros relatos de abuso de poder da polícia como esse eesse.
Relatos 3 e 4.
17. O casal que apanhou às 22h40 (bem depois da manifestação), porque tinham participado dela e agora estavam em um bar.
É isso mesmo, olha aqui a matéria.
18. A professora que não tinha nada a ver com a manifestação, só estava passando, e ao tentar passar longe da confusão levou um tiro na cara.
19. A excelente pontaria da Tropa de Choque. (PS: os manifestantes que tentaram ajudar o senhor também levaram tiro!)
20. O rapaz que mostra que os jovens cansaram de protestar do sofá.
21. O jornalista Pedro Ribeiro, perigosíssimo hein, que precisou apanhar e ser contido por SETE policias.
22. RESUMINDO: jornalistas e cinegrafistas se dando muito mal. Porque essas pessoas que estão ali só para trabalhar, e cobrir a manifestação, representam um grande perigo para a sociedade, hein?
23. E esse tapa de luva em todo mundo que reclama que tá fazendo barulho na hora da novela.
24. E se você não leu esse texto ainda, precisa saber quenão são só sobre os 20 centavos as manifestações.
Concluindo:
É triste ver a polícia exercendo esse abuso de poder com tanta falta de preparo em manifestações populares. Mas nos resta vibrar, pois apesar de estarmos vivendo uma época em que as forças armadas agem de forma desordenada e ilegal, estamos vivendo a era da informação, na qual nós blogueiros estamos aqui para espalhar a notícia para o mundo, época em que qualquer pessoa é um reporter, basta sacar um celular. A informação não é mais unilateral, ninguém precisa engolir os absurdos da Veja ou de qualquer outro veículo que se recusa a dar voz aos dois lados, que não legitima o poder da população por lobby e interesses políticos de poucos. Acabam virando motivo de chacota ao tentarem editar uma matéria que todo mundo sabe que foi diferente.
Quanto mais os policiais agem de forma indevida, mais a população vai se revoltar. E mais ainda virá pela frente.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..
Policial pilhado quebra vidro da própria viatura
13 de Junho de 2013, 21:00 - sem comentários aindaA cena gravada neste vídeo conta muito sobre o que está acontecendo em São Paulo nestes dias em que jovens estudantes decidiram ir às ruas protestar contra o aumento do ‘busão’ – e muitas coisas mais, naturalmente.
Um policial foi pilhado quebrando o vidro da própria viatura sabe-se muito bem com que finalidade – culpar os vândalos, armados com uma perigosa arma chamada vinagre.
Quanto os protestos tocaram fundo na insatisfação da sociedade com o rumo das coisas se vê nas pesquisas.
A despeito da cobertura vergonhosamente condenatória da mídia, a população de São Paulo apoia os manifestantes, como mostra uma pesquisa do Datafolha.
Não é surpresa para o Diário: uma enquete aponta a mesma coisa. Mais da metade de nossos leitores é a favor do movimento. Um quarto não tem opinião formada. E apenas o restante é contra.
Cenas tragicômicas apareceram na aferição do que pensam os paulistanos. Circulou na internet ontem um vídeo em que Datena pergunta aos espectadores o que eles acham.
A enquete estava no ar, e a resposta era positiva para o MPL, para desconforto de Datena. Então ele, numa manipulação desonesta, resolveu mudar a questão. Quis saber se as pessoas apoiavam ‘a baderna’.
A irritante desigualdade brasileira – isso é claro – está por trás dos protestos nascidos do preço dos busões Brasil afora.
O PT, que procura ridiculamente se vitimizar em São Paulo, não controla a garotada descontente, e isso é muito bom para o Brasil.
E até para o PT porque a mensagem é clara: os jovens, que graças a Deus não enxergam em Lula Deus e em Dilma Nossa Senhora, estão dizendo que se o partido não se sacudir vai ter o mesmo fim melancólico do PSDB.
(Publicado no DCM)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..
Aumento de R$0,20 na passagem obriga pobres de SP a pular refeição
13 de Junho de 2013, 21:00 - sem comentários aindaO reajuste de R$ 0,20 no preço da tarifa dos transportes públicos na cidade de São Paulo obrigou o paulistano de baixa renda a deixar de fazer refeições e arranjar ‘bicos’ para conseguir pagar o novo valor das passagens
“Além de trabalhar como cuidadora 26 dias por mês, ainda chego em casa e preciso fazer bordados e crochê em panos de prato para complementar a renda”, afirmou Humbertina Lima da Silva, 47, nesta quarta-feira (12), na praça da Sé, região central da capital e que foi palco de um enfrentamento entre a polícia e manifestantes que pediam a redução das tarifas na noite de ontem (11).
Humbertina, que ganha pouco menos de R$ 1000 por mês, estima em R$ 50 o valor adicional gasto com transportes após o aumento da passagem. “Por isso os protestos pela redução são importantes”.
A estudante e auxiliar administrativa Caldineya Oliveira Santos, 23, afirma que deixou de se alimentar entre o almoço e a hora em que chega em casa da faculdade. “Almoço no trabalho, por volta do meio dia, e depois só como lá pelas 23h. Meu salário de R$ 900 não permite que eu pague R$ 3,20 no transporte e me alimente direito”, diz.
Para o gari Célio Ferreira, 35, o novo preço prejudica muito quem tem um orçamento limitado. “Deixo de comprar alimentos ou às vezes até mesmo uma garrafa de água”, afirmou. Segundo ele, que recebe R$ 800 por mês, o preço justo para o transporte público seria “no máximo R$ 1,50″. Após o reajuste na passagem, Célio passou a gastar R$ 26 a mais por mês.
O office boy Rodrigo Oliveira, 19, reclama que continua recebendo o vale transporte no valor de R$ 3. “Os outros R$ 0,20 eu tiro do meu bolso. Vira e mexe deixo de comer um lanche na rua, porque para quem ganha R$ 700 por mês, como eu, o aumento pesa no orçamento”.
Presos no protesto
Ao menos 20 pessoas foram presas durante o protesto na Avenida Paulista e na Rua da Consolação. Até a manhã desta quarta-feira, dia 12, 13 manifestantes continuavam presos acusados de crime de dano, lesão corporal, desacato à autoridade e formação de quadrilha, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado.
(Por Pragmatismo Político)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..
Em São Paulo, vinagre dá cadeia
13 de Junho de 2013, 21:00 - sem comentários ainda O repórter de CartaCapital Piero Locatelli narra sua prisão por "porte de vinagre", revela a violência contra detidas e lamenta que não-jornalistas não tiveram a mesma sorte e seguiram presos
(Por Carta Capital)
Eu comprei uma garrafa de plástico de 750ml de vinagre por menos de dois reais nesta quinta-feira 13. Fui a um mercado no caminho para a manifestação contra o reajuste das passagens, que iria cobrir para o site da revista.
Explico o porquê.
Acompanhei o primeiro protesto de perto na semana anterior. Na avenida Paulista, tive contato com bombas de gás lacrimogêneo. No dia seguinte, pela manhã, tinha a impressão de que havia passado um ralador em meu nariz e em meus olhos.
No segundo protesto, na última sexta-feira 7, manifestantes que seguiam pacificamente foram recebidos com mais bombas na zona oeste da cidade. No meio do ato, uma pessoa só com os olhos de fora espirrou vinagre na minha camiseta, dizendo para eu respirar e me cuidar.
Foi quando descobri que o vinagre atenua os efeitos do gás lacrimogêneo. O exemplo da manifestante desconhecida me fez ser mais precavido desta vez. Nesta quinta-feira, desembarquei do ônibus em frente ao metrô Anhangabaú. Ao chegar, vi dois estudantes sendo presos. Perguntei ao policial o que eles portavam. Ele falou em “artefatos”, sem especificar. Os presos responderam que era vinagre.
Eu não sabia que o mesmo iria acontecer comigo logo em seguida. No viaduto do Chá, a caminho da Praça do Patriarca, para onde os estudantes haviam sido levados, me deparei com jovens sendo revistados. Liguei a câmera do celular para filmá-los, quando gravei o seguinte diálogo:
SD PM Leandro Silva: Tira a sua [mochila] também.
Piero: Eu sou jornalista, amigo. Você quer a minha identificação?
SD PM Leandro Silva: Não, não. Não precisa não.
Piero: Tem vinagre aqui dentro. Tem algum problema?
SD PM Leandro Silva: Tem. Vinagre tem.
Piero: Por quê?
SD PM Leandro Silva: Pode ir lá [ser revistado]
Em seguida, minha mochila foi aberta enquanto eu continuava filmando (como é possível ver no vídeo) e pedia para pessoas próximas fazerem o mesmo. Questionei algumas vezes qual lei, norma ou portaria proibiria o porte de vinagre, mas não obtive resposta.
No caminho, tive a oportunidade de ligar para uma amiga, também jornalista, que estava indo ao ato. Disse a ela que estava sendo levado à praça do Patriarca.
Em seguida, continuei gravando. Foi este meu último diálogo com os policiais antes de ser colocado contra a parede de uma loja fechada na praça:
SD PM Pondé: Tá gravando aí, irmão?
Piero: Tô. Sou jornalista, amigo.
Cap. PM. Toledo: Vinagre... Pode ficar ali com a mão para trás.
Piero: Como é que é? Eu estou sendo preso? É isso?
Cap. PM. Toledo: Pega e fica ali com a mão pra trás! Coloca a mão pra trás aí! Mão pra trás! Mão pra trás e pega a sua bolsa! Mão pra trás!
Fiquei com a cara colada contra a parede. Enquanto isso, meu gravador permaneceu ligado em meu bolso. Este é um dos diálogos captados:
Policial homem não identificado pela reportagem: Encosta na parede! (2x) Mão pra trás! Coloca a mão pra trás! Mão pra trás!
Mulher: Para de me agredir. (2x) Você é homem.
Policial homem não identificado pela reportagem: Cala a boca! (3x)
Mulher: Para de me agredir. Eu não fiz nada (3x)
Policial homem não identificado pela reportagem: Quer uma policial feminina pra te agredir? Tá com spray!
Mulher: Eu não tô com spray! (2x)
Homem (policial?): Cala a sua boca! (3x)
Na sequência, a mesma mulher detida fala baixo com uma colega:
Mulher detida 1: O que ele fez com você?
Mulher detida 2: Ele me bateu com o cassetete.
Mulher detida 1: Onde?
Mulher detida 2: Em tudo. Na minha barriga, nas minhas costas.
(....)
Mulher detida 2: Ele me bateu, ele me agrediu, eu não fiz nada. Eu tava respeitando ele (2x). Ele tem que me respeitar. Eu sou uma cidadã.
Mulher detida 1: Calma. Calma. Calma. Ele não vai te respeitar porque ele tá passando dos limites. Isso é abuso de poder. Calma.
Logo após ter sido colocado contra a parede, estive ao lado de um fotógrafo, conhecido de outras pautas. Ele percebeu os flashes na parede em que nos escorávamos, disse que havia fotógrafos atrás de nós.
Eu tentei virar para ver se havia conhecidos. Não via ninguém e era recebido com gritos de policiais que me mandavam olhar para frente novamente e “não arranjar problema”.
Na terceira vez que virei, vi ao longe outro colega. Gritei o nome dele e fui colocado novamente contra a parede. Esses jornalistas se comunicaram novamente comigo por duas vezes. Na primeira, gritaram para eu virar e tirar uma foto. Na segunda, que haviam conseguido um advogado para mim.
Fui jogado em um ônibus da Polícia. Tentei perguntar por que eu havia sido preso e para onde eu estava sendo levado. Mais uma vez, não obtive resposta.
Dentro do veículo, policiais diziam que, caso houvesse pedras, era para seguir dirigindo. As ruas eram abertas por batedores, algumas motos que seguiam à frente.
Ao meu lado estava uma menina, pré-vestibulanda, que me perguntou cochichando porque estavam tirando fotos de mim no ônibus. Eu expliquei que era jornalista e aqueles eram amigos. Ela disse que “ao menos eu ia poder escrever sobre o que aconteceu, os outros não poderiam fazer o mesmo”. Falei que estávamos presos pelo mesmo motivo.
O ônibus da polícia seguiu por um caminho longo até o 78º DP, nos Jardins. Fomos colocados em fila para a revista. Pedi para colocar a blusa e um policial negou, dizendo que dali a pouco ia “ficar quente”.
Em seguida, finalmente explicaram porque estávamos ali. A delegada dizia que não estávamos presos, estávamos “sob averiguação”. Eu não sei a diferença. Tinham me levado para um departamento policial à força e não me diziam o motivo. Os meus documentos tinham sido retidos pela polícia.
Iriam fazer um Boletim de Ocorrência para todos os presentes. Segundo disseram os policiais, todos os outros (cerca de quarenta pessoas, nas minhas contas) haviam sido levados por conta do vinagre. A exceção era um que havia sido pego com entorpecentes.
Uma vez dentro da Polícia Civil, fui bem tratado. Vários policiais me perguntavam o que eu estava fazendo com um vinagre na mão. Eu tentava explicar e eles, incrédulos, não sabiam que o problema era justamente uma garrafa de vinagre. Cerca de duas horas após ser detido, fui liberado com a chegada de advogados. Deixaram que eu levasse o vinagre.
O fato de eu ser jornalista amenizou os problemas causados pela ação da polícia. A delegada chegou a me perguntar por que eu não havia me identificado como jornalista à Polícia Civil. A minha redação me disponibilizou um advogado e tentou contatar quem fosse possível. Meus amigos e outros colegas foram solícitos, mostrando o meu caso em redes sociais. A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) fez um comunicado falando da minha prisão, que foi reproduzido pelos maiores veículos do País.
Sou grato a todos eles por terem me ajudado. Só lamento que as histórias de todos os outros não tiveram a mesma conclusão. Ir e vir com garrafas de vinagre deveria ser um direito de todo cidadão.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..
Instituto Vladimir Herzog cria blog para monitorar violência contra jornalistas
11 de Junho de 2013, 21:00 - sem comentários aindaMuito além da segurança pessoal dos jornalistas e de todos os profissionais que trabalham em veículos de comunicação, essa luta visa fortalecer a instituição da liberdade de expressão e assegurar o direito de todos os cidadãos ao acesso a informações que lhes permitam formar seus próprios juízos individuais a respeito dos assuntos de interesse público da vida nacional.
Esse trabalho abrangerá, entre outros aspectos, o auxílio a governos no desenvolvimento de leis sobre segurança e liberdade de expressão, aumento da conscientização dos cidadãos, treinamento em segurança e em segurança eletrônica, fornecimento de assistência médica, mecanismos de reação emergenciais, zonas de conflito, descriminalização da difamação e remuneração dos jornalistas.
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(Por FENAJ)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..