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Blog Comunica Tudo

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir. Leia mais: http://comunicatudo.blogspot.com/p/sobre.html#ixzz1w7LB16NG Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Statista oferece acesso gratuito para jornalistas e blogueiros por até seis meses

5 de Junho de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



O site Statista.com está oferecendo seis meses de acesso gratuito a jornalistas e blogueiros que se cadastrarem em seu site. Basta o cadastrado provar que publica textos em algum site, jornal ou blog enviando o link de seus trabalhos no ato da inscrição. O banco de dados do Statista dá acesso a 1,5 milhão de estatísticas e gráficos sobre mais de 60 mil tópicos de 18 mil fontes.

Voltado para jornalistas, administradores, institutos de pesquisa e à comunidade acadêmica, o Statista.com dá acesso direto a dados quantitativos sobre mídia, negócios, finanças, política e muitas outras áreas de interesse. Os gráficos podem ser baixados em formato JPG, ou Powerpoint e usados em apresentações e projetos de pesquisa. Além disso, os dados brutos são disponibilizados em formato xls, compatível com Excel e outras planilhas eletrônicas Atualmente, o site fornece um serviço especial com infográficos gratuitos diários que podem ser usados e exibidos por sites comerciais ou não comerciais.

A Abraji é parceira do Statista e oferece desconto de 20% para seus sócios em assinaturas corporativas, que dão acesso l a todas as estatísticas, relatórios exclusivos e à base de dados do Statista. Para saber mais sobre esta parceria, clique aqui.

(Publicado por Abraji)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Higienismo disfarçado de combate às drogas

5 de Junho de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Se algum desavisado, pouco versado nos debates intensos que o Rio de Janeiro vive, entrasse por engano na Câmara de Vereadores na manhã de 4 de junho, teria uma surpresa. A tal internação compulsória, elogiada por tantos “especialistas” nos veículos tradicionais de comunicação, era ali criticada ou questionada por cada entidade do setor. A audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos da casa, presidida pela vereadora Teresa Bergher (PSDB), visava fazer algo que tem se tornado estranho na cidade nos últimos anos – colocar um assunto vital da administração municipal em debate.

Na mesa ou no plenário, estavam presentes as entidades e movimentos mais importantes na discussão de saúde no Rio de Janeiro. A política pública adotada para enfrentar a utilização, na cidade, de substâncias químicas, em especial o crack, foi criticada pela maioria das pessoas ouvidas. E a ausência da secretaria de saúde foi amplamente criticada.

“Ao todo, 46% das internações se dá na zona sul, 29% no Centro e 15% na zona norte. Somando as três percentagens, temos 90%. Isso confirma que temos um quadro de limpeza social, e não de tratamento de saúde”, afirma o promotor de Justiça Rogério Pacheco. No Rio de Janeiro, a zona sul, o Centro, e os bairros de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, na zona norte, formam a região mais rica da cidade.

Segundo Pacheco, de maio de 2010 a setembro de 2012 – pouco mais de dois anos –, houve 56,5 mil ingressos no abrigo de Paciência. Isso representa uma média de 65 internações por dia. O abrigo está superlotado, segundo detectou visita da própria Teresa Bergher na véspera. Com capacidade de 350 pessoas, estaria com 150 a mais. Abandonado, o abrigo teria sido invadido até por traficantes de drogas. A vereadora tucana questionou a suposta ausência de servidores públicos no abrigo, sendo questionada em seguida por diversos presentes.

O vereador Renato Cinco (PSOL), integrante da Comissão, e que reivindica uma CPI da Internação Compulsória, também defendeu a tese da higienização. “Por que a rede de saúde mental é tão precária na cidade? Temos apenas seis CAPS-AD, e só três funcionam 24 horas. Mais de 40% da cidade não tem acesso. Como pode a internação acontecer sem laudo médico?”, disse Cinco. Ele lamentou a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei 7663/10, de Osmar Terra (PMDB-RS), que redesenha sob viés punitivo a Política de Drogas no país.

O Ministério Público (MP) já ingressou com duas ações por improbidade administrativa relacionadas à política de internação compulsória. Em uma delas, chegou a pedir a cassação do mandato do prefeito Eduardo Paes (PMDB), e de Rodrigo Bethlem (PMDB), secretário de Governo do município, por abusos na remoção dos sem teto. Em abril, quando foi divulgada, a ação chamou a atenção dos militantes de saúde pela pouca visibilidade nos meios de comunicação, já que era o MP sugerindo a cassação do prefeito.

A defensora pública Juliana Moreira, do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos, apresentou dados surpreendentes. Após desenvolver um software de mapeamento da população de rua, e fazer mais de 35 visitas em unidades de tratamento, a entidade cruzou informações. Descobriu que a grande maioria dessas pessoas não é usuária de droga nem de álcool. “Enviamos uma série de questionamentos à Prefeitura. Recebemos em troca o silêncio. A falta de transparência é uma das maiores dificuldades”, lamentou.

Hilda Correia, do Fórum de População em Situação de Rua, foi ainda mais enfática. “Estamos chegando no limite. Nós todos estamos gritando que não cabe recolher pessoas a contragosto. Temos que efetivar políticas públicas que garantam serviços de qualidade. Criar um processo de reestabelecimento de vínculo da população de rua com suas relações”, disse.

Um momento peculiar, durante a audiência pública, foi o discurso do vereador Carlos Bolsonaro (PP), vice-presidente da Comissão, e filho do folclórico deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). Após chegar atrasado, afirmou que “as verdadeiras vítimas estavam sendo consideradas culpadas, e vice-versa”. O parlamentar também parabenizou a Prefeitura, por “ter política pública para quem usa drogas”, e disse acreditar que o usuário é tão culpado quanto o traficante. Foi vaiado pela plateia em coro.

O único representante do poder público presente era Rodrigo Abel, subsecretário de Desenvolvimento Social – pasta gerida por Adilson Pires (PT), também vice-prefeito. Embora tenha feito um discurso apaixonado, Abel não respondeu à maioria dos questionamentos colocados na audiência. “Abrigo deveria ser o último instrumento. Temos que ter menos e melhores abrigos”, disse, lamentando o orçamento da secretaria. “Que seu belo discurso seja colocado em prática”, respondeu Teresa.

A representante do Núcleo Estadual do Movimento de Luta Antimanicomial, Beatriz Adura, leu um contundente texto sobre as políticas em andamento no país e na cidade para o setor. Foi a mais aplaudida. Renato Cosentino, do Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas, apresentou fotos e artes gráficas que indicavam o rápido processo de elitização do espaço urbano no Rio de Janeiro.

Dados apresentados por Pacheco reforçam a ideia de que o problema está no projeto de cidade em implantação no Rio. Segundo ele, o orçamento da Guarda Municipal é superior ao das secretarias de Habitação, Fazenda, Trabalho e Esporte e Lazer, e apenas 10% inferior à de Desenvolvimento Social. “Esse dado é chocante”, concluiu. Chocado de verdade ficaria o eventual cidadão que entrasse, por acaso, na audiência pública. Perceberia a nada sutil dissonância entre o discurso dos veículos de mídia de massa e as opiniões ali apresentadas pelas entidades especializadas.

(*) Foto: Arquivo Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Religiosidade poderá ser tratada como doença mental, diz neurocientista

4 de Junho de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Neurocientista afirma que a religiosidade poderia ser tratada como doença mental


Uma pesquisadora da Universidade de Oxford, e autora especializada em neurociência sugeriu recentemente que um dia o fundamentalismo religioso pode ser tratado como uma doença mental curável. Kathleen Taylor, que se descreve como uma “escritora de ciência filiada ao Departamento de Fisiologia, Anatomia e Genética”, fez a sugestão durante uma apresentação sobre a pesquisa do cérebro no Festival literário no País de Gales na última semana.

Em resposta a uma pergunta sobre o futuro da neurociência, a pesquisadora afirmou que “uma das surpresas pode ser a de ver pessoas com certas crenças como pessoas que podem ser tratadas [clinicamente]“.

- Alguém que tem, por exemplo, torna-se radical a uma ideologia de culto – nós podemos parar de ver isso como uma escolha pessoal resultado de puro livre-arbítrio e começar a tratá-lo como algum tipo de distúrbio mental – afirmou a cientista, segundo o Huffington Post.

- Em muitos aspectos, poderia ser uma coisa muito positiva, porque não há dúvida de crenças em nossa sociedade que fazem muitos danos – completou.

Ela afirmou ainda que não estava apenas se referindo aos candidatos óbvios, como o islamismo radical”, mas também exemplificou tais crenças como a ideia de que bater em crianças é aceitável.

Esse não é um tema novo na carreira acadêmica de Taylor, que em 2006 escreveu um livro sobre o controle da mente chamado de “Brainwashing: The Science of Thought Control” (Lavagem cerebral: A Ciência de controle do pensamento, em tradução livre), que explorou a suposta ciência por trás das táticas persuasivas de cultos e grupos como a al Qaeda.

(Por gospel mais)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Juristas e intelectuais questionam Dilma sobre questão indígena

4 de Junho de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Em carta, governo federal é acusado de gerar “insegurança jurídica para os interesses dos povos indígenas no Brasil”


A política para os povos indígenas, da presidenta Dilma Roussef, foi questionada em carta aberta por intelectuais ligados aos direitos humanos e juristas. Para o grupo, “o caminho para uma demarcação de terra indígena hoje é complexo”, por conta da atuação do governo federal.

No começo do ano, foram os Guarani Kaiowá que tiveram de lutar pela sobrevivência e permanência nas terras de Pyelito Kue (MS). Na última quinta-feira (30), o índio Oziel Gabriel foi assassinado por policiais federais em uma ação de reintegração de posse. Houveram protestos e novas ocupações por parte da tribo Terena, que relatou terrorismo em conflito por terra no Mato Grosso do Sul.

Confira a carta na íntegra:
Carta à presidenta Dilma Rousseff

A atitude do governo federal de desqualificar, através da Casa Civil, os estudos antropológicos desenvolvidos pela FUNAI e que servem de base aos processos administrativos para efetivar as demarcações de terras indígenas, gerou uma insegurança jurídica para os interesses dos povos indígenas no Brasil.

A decisão da Casa Civil da Presidência da República apresentada aos representantes do agronegócio e parlamentares do Mato Grosso do Sul, em reunião na semana passada em Brasília, de que a Embrapa, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério do Desenvolvimento Agrário, “avaliarão e darão contribuições” aos estudos antropológicos realizados pela FUNAI, repete a ação do último governo militar ao instituir o famigerado “grupão” do MIRAD, capitaneado pelo general Venturini, para “disciplinar” a FUNAI e “avaliar” as demandas indígenas.

O caminho para uma demarcação de terra indígena hoje é complexo e apesar do Decreto 1.775/96 (da lavra do então Ministro Nelson Jobim) facultar o contraditório em todas as fases do processo administrativo, este processo acaba indo parar na justiça a partir da simples nomeação, pela FUNAI, do grupo técnico encarregado de identificar uma terra indígena. E a judicialização é cheia de percalços e artimanhas jurídicas, medidas liminares a serviço do impedimento, chegando a absurdos como, por exemplo a Reclamação 8070 (relativa a terra indígena Raposa Serra do Sol), que ocupou tempo e trabalho de juízes. Mecanismos de protelação judicial que empurram a solução dos conflitos por décadas afrontando a obrigação constitucional da União de concluir as demarcações até cinco anos após a promulgação da Constituição de 1988.

O processo das terras terenas, onde acaba de ser assassinado pela Polícia Federal o índio Oziel Gabriel de 35 anos, chegou ao STF depois de 13 anos de tramitação e ao alcançar tão alta instância do judiciário brasileiro, com aprovação em plenário, onde analisou-se nos autos as provas de cada lado envolvido juntadas em todos estes anos de tribunais, retorna à Justiça do Mato Grosso do Sul, para novas perícias e faz-se um looping para não resolver o problema. Será que começa do zero?

A proposta da Ministra Gleisi Hoffmann introduz uma nova rota de fuga para criação de contraditórios jurídicos. É mais um mecanismo que favorece a geração de novos impedimentos jurídicos por parte do agronegócio, proporcionando que a ação de demarcação de terras, continue circulando nas instâncias da justiça. Agora, também com questionamentos embasados em contra-laudos e opiniões de setores do próprio estado e cujos interesses são distintos dos interesses indígenas, representados constitucionalmente pela FUNAI, através de laudos antropológicos aprovados pelo Ministério da Justiça para as questões de demarcação de suas terras.

A medida atinge os estudos já aprovados pelo Ministério da Justiça, aqueles que aguardam homologação e os em curso e abre também possibilidades de questionamento na justiça de terras já demarcadas, promovendo uma insegurança jurídica, que evidentemente é sentida por todos os povos indígenas envolvidos em disputas territoriais e setores da sociedade que acompanham e atuam neste problema.

Com tal medida fica evidente a responsabilidade da Ministra Gleisi Hoffmann pela radicalização da tensão no Mato Grosso do Sul e que atinge também outros povos de outros estados. O governo erra ao escolher lidar com o problema pelo caminho da protelação e do desmonte constitucional das funções da FUNAI, priorizando aspectos de desenvolvimento econômico e eleitorais frente aos direitos indígenas. Atenta aos direitos humanos e gera mais tensão no conflito indígena brasileiro.

No Mato Grosso do Sul a não solução da demarcação das terras indígenas é uma das várias guerras de baixa intensidade que vivemos em nosso país. São centenas de milhares de pessoas atingidas e a mudança de rito de tramitação da demarcação de terras indígenas, abrindo à consulta e apreciação os laudos antropológicos produzidos pela FUNAI para setores antagônicos à demarcação, contrariamente o que pensa a Casa Civil, só trará mais resistência indígena e mais conflitos.

Estes povos vivem em conflito permanente com o desenvolvimento de nossa sociedade há muitas décadas, em 1908 uma área de hum milhão de hectares é arrendada para uma empresa de mate, como se lá não existissem índios, 1955 houve uma CPI para apurar a apropriação ilegal de suas terras por grandes figuras da política mato-grossense, em 1965 um IPM é instaurado para apurar o roubo de terras indígenas, em 1968 o Relatório Figueiredo [leia-o aqui], recentemente localizado, aponta inúmeras violências e esbulhos de suas terras e renda, documentos que jogam luz sobre conflitos que se arrastam por décadas, causando sofrimento e dor em uma das maiores populações indígenas do Brasil.

Num país em que engatinhamos no direito de acesso à informação pública, cuja lei foi aprovada junto com a que criou a Comissão Nacional da Verdade, onde muitos documentos continuam escondidos, fora de catalogação institucional e portanto do acesso público, a hipótese de que terras demarcadas não possam mais ser objeto de ampliação é atitude antagônica ao momento em que vive a sociedade brasileira de busca por verdade e memória, justiça, reparação e não-repetição.

A justiça de transição, que reclamamos aos mortos e desaparecidos políticos, aos atingidos por torturas, aos perseguidos pela ditadura de 64, também alcança os povos indígenas brasileiros. Em sua grande maioria foram perseguidos, sofreram atentados, assassinatos, chacinas, massacres, como também sofreram torturas, prisões, desaparecimentos, remoções forçadas, escravização e hoje tais violações são objeto de estudo pela Comissão Nacional da Verdade.

O documento anexo [aqui,o Relatório Figueiredo], desaparecido por 45 anos, contém o depoimento dado pelo Chefe da Inspetoria Regional do Serviço de Proteção do Índio de Campo Grande ao procurador Jader de Figueiredo Correia, presidente da Comissão de Investigação do Ministério do Interior, onde aponta nomes de governadores, senadores, deputados federais e estaduais, juízes e outras pessoas que se apossaram de forma ilegal de terras indígenas no antigo estado do Mato Grosso.

A questão indígena dará o tamanho da régua que apontará a medida da evolução democrática de nossa sociedade, que está entre reconhecer os erros cometidos pelo estado, mudar condutas, reparar direitos destes povos e desenvolver mecanismos de não-repetição ou seguir o rumo da protelação judicial e os retrocessos em direitos humanos com o retorno de assassinatos, demonstração de e uso indevido de força e censura.

No passado muitos crimes foram cometidos em nome do desenvolvimento e da lei de segurança nacional, hoje tais práticas se escondem atrás de um discurso sobre a necessidade de “governabilidade” e de um “governo em disputa”, porém na prática os crimes continuam os mesmos, mudamos os atores e não avançamos em mudarmos estas condutas do estado brasileiro, gerando mecanismos de respeito aos cidadãos e garantias de seus direitos.

Assinam:

Anivaldo Padilha – membro do Konoinia, Presença Ecumênica e Serviço

Dalmo Dallari – jurista e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo

Gilberto Azanha – antropólogo e coordenador do Centro de Trabalho Indigenista

Marcelo Zelic – vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de SP

Roberto Monte – membro do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular do Rio Grande do Norte

(Publicado na Revista Forum)

Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Bomba brasileira na pele turca

4 de Junho de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Enquanto o Itamaraty diz não poder investigar abusos com gás lacrimogêneo brasileiro no exterior, Apex fomenta exportação

Em 2012, quando a inscrição “Made in Brazil” estampava projeteis de gás lacrimogêneo usados contra manifestantes pró-democracia no Bahrein e ativistas denunciavam inclusive a morte de um bebê supostamente vítima do gás brasileiro, o Ministério das Relações Exteriores anunciou que iria averiguar se houve alguma irregularidade na exportação. Porém, um ano depois, o Itamaraty informa que apenas observa o caso, sem conduzir investigações ou tomar medidas. Em resposta indignada, um ativista americano-saudita escreveu: “O Itamaraty deve achar que somos ingênuos”.

Na ausência de restrições à exportação de armas não-letais, o mesmo gás, fabricado pela empresa Condor SA, do Rio de Janeiro, é agora empregado pela polícia da Turquia na repressão aos crescentes protestos contra o governo de Recep Tayyip Erdogan, que se espalharam por mais de 60 localidades em todo o país, deixando centenas de feridos e estimativas de 2 mil pessoas presas.
A Anistia Internacional confirma o uso de gás lacrimogêneo brasileiro durante as manifestações – que se iniciaram após um protesto pacífico contra a derrubada de 600 árvores na Praça Taksim, em Istambul. A professora americana Suzette Grillot, que está em Ankara, fotografou um dos projeteis brasileiros utilizadas pela polícia. “Um membro do nosso grupo encontrou a cápsula na noite de ontem (3 de junho) em Ankara”, relatou à Agência Pública.
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Professora americana fotografou um dos projeteis de gás lacrimogêneo brasileiros utilizados pela polícia turca. Imagem: Suzette Grillot
O gás lacrimogêneo brasileiro vem sendo usado desde o começo dos protestos, em 31 de maio, em Istambul. “Naquele dia, havia apenas um grupo pequeno de ambientalistas. A polícia invadiu o parque às 5h da manhã enquanto essas pessoas dormiam nas barracas. Os policiais queimaram barracas e atacaram os manifestantes com gás lacrimogêneo”, conta um participante do movimento Occupy Gezi, que preferiu não se identificar por medo de represálias. “Os policiais deveriam atirar os projeteis de gás para cima, mas eles miram nas pessoas. Alguns perderam a visão por serem atingidos diretamente (pelos projeteis), outros são atingidos nos braços e pernas. Existem centenas de vídeos mostrando efeitos do gás: lágrimas, náusea, vômito, dificuldade em respirar”.
O escritório de Direitos Humanos da ONU pediu à Turquia que conduzisse uma investigação independente sobre a conduta das suas forças de segurança em relação aos protestos. “Estamos preocupados com relatos de uso excessivo de força por agentes legais contra manifestantes”, disse a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Cecile Pouilly.

ARMAS “NÃO-LETAIS” QUE, SIM, MATAM

A cápsula fotografada pela americana Suzette Grillot é o resto de um projétil lacrimogêneo de longo alcance (GL 202) produzido pela Condor, líder em produção deste tipo de arma na América Latina. O projétil chega a uma distância média de 120 metros e tem a capacidade de passar por cima de obstáculos como muros e barricadas “para desalojar pessoas e dissolver grupos de infratores da lei”, segundo descrição da própria fabricante. No entanto, a Condor explica, no seu site, que a má utilização dos projéteis pode causar danos sérios à saúde – e até a morte.
Outra foto tirada pelos manifestantes mostra uma granada lacrimogênea de movimentos aleatórios (GL 310), também conhecida como “bailarina”. Ao tocar o solo, a bomba salta e faz movimentos em diversas direções, espalhando o gás por uma grande área e evitando assim que o “alvo” a jogue de volta, em direção às forças policiais. O site da empresa explica que, em contato com materiais inflamáveis, a granada pode gerar chamas.
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Na foto divulgada pelos manifestantes, aparecem as armas GL 310 e Gl 202 da Condor (1º e 3º itens da esquerda para direita). O 2ª armamento da esquerda para direita é da Nonlethal Technologies, companhia dos Estados Unidos que é a principal exportadora de armas não-letais para a Turquia, ao lado da brasileira Condor.
Além dos projeteis de longo alcance e da granada “bailarina”, a Condor produz sprays de gás lacrimogêneo e pimenta, bombas de fumaça, balas de borracha e pistolas elétricas incapacitantes, conhecidas como “taser”. A Condor é a única empresa brasileira que vende esses equipamentos para o governo da Turquia, conforme divulgou sua assessoria de imprensa. Em 2011, a empresa já havia confirmado a venda de armamento para países árabes, embora tenha negado a venda direta para o Bahrein. Entre seus clientes estava o governo dos Emirados Árabes Unidos, que enviou tropas de apoio ao governo baremita.
Em abril deste ano, a Condor assinou mais um contrato com o governo dos Emirados Árabes, no valor de US$ 12 milhões, para o fornecimento de 600 mil unidades de munições não-letais. O acordo foi anunciado durante a Laad, a maior feira de defesa e segurança da América Latina, realizada no Riocentro em abril.

EM MAIO, EMPRESAS DE ARMAS FORAM À TURQUIA COM APOIO DO GOVERNO BRASILEIRO

Menos de um mês antes do início dos protestos na Turquia, o governo brasileiro apoiou um encontro de empresas de armamento nacionais com compradores estrangeiros em Istambul. Durante a mostra Internacional de Defesa IDEF 2013, realizada entre 7 e 10 de maio, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde) – cujo vice-presidente, Carlos Frederico Queiroz de Aguiar, é presidente da Condor – montaram um vistoso estande no pavilhão do Brasil.
No parte que coube à Condor, uma vitrine estampava variados projéteis metálicos, granadas e latas de sprays coloridas, iguais àqueles que seriam utilizados poucas semanas depois nas ruas do mesmo país. Sob o nome da empresa, em um letreiro vermelho, também foram expostos a granada “bailarina” e “diversas soluções em defesa” - segundo o jargão da indústria – como 13 tipos de munições incapacitantes de 40 x 46mm para lançadores.
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Estande da empresa Condor em pavilhão brasileiro na Turquia em maio de 2013. Alguns dos itens expostos são os mesmos que seriam utilizados contra a população em menos de mês depois.
Questionada sobre o incentivo à Condor e a outras empresas brasileiras na Turquia, a Apex não respondeu à reportagem da Pública até o momento de publicação. De acordo com o jornal turco Sozcu, o ministro de Comércio Hayati Yazici informou que nos últimos 12 anos, o país importou 628 toneladas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta sobretudo do Brasil e Estados Unidos. O valor das importações chegou a US$ 21 milhões.
Em fevereiro deste ano, a Abimde já havia participado de outra feira de armamento, dessa vez em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Novamente, a Condor participou do evento como a única empresa brasileira produtora de armas não-letais.

E NO BRASIL… ARMAS NÃO-LETAIS SÃO QUESTIONADAS PELO MPF

O Brasil assinou no último dia 3 de junho o Tratado sobre Comércio de Armas (ATT, em inglês) na Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o texto, que visa a eliminação do comércio de armas para genocidas, terroristas e crime organizado internacional, “será regulado o comércio de armas convencionais estabelecendo critérios para a exportação e trazendo mais transparência às transferências”. Considerado um grande avanço para um país que evita a transparência quando se trata de venda de armas brasileiras – o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior se nega a divulgar números das empresas que exportam armas, por exemplo – o tratado não tem definições específicas sobre comércio de armas não-letais.
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Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior se nega a divulgar dados de empresas brasileiras que exportam armas.
Os produtos da Condor são vendidos para mais de 40 países. Mas enquanto a Apex incentiva a exportação para países como Turquia e Emirados Árabes, o uso das mesmas armas não-letais é questionado pela justiça brasileira. Em novembro do ano passado, a Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos decidiu investigar as consequências para a saúde do uso dessas armas dentro do país. A pedido da organização Tortura Nunca Mais, de São Paulo, foi criado um grupo de trabalho (GT) composto por representantes dos Ministérios da Justiça, Defesa, Saúde e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, além das Polícias Federais, Estaduais e Guardas Municipais, para acompanhar Projetos de Lei sobre o tema. Isto porque não existe uma norma nacional para balizar condutas e garantir o uso adequado de tais armamentos.
O GT também deve realizar estudo comparativo dos programas de treinamento policiais e estudos sobre as consequências para a saúde das pessoas alvejadas, em especial, por armas que utilizam eletrochoque e componentes químicos. “Nossas polícias estão usando este tipo de armas supostamente não-letais de maneira ostensiva”, diz Wilson Furtado, do Tortura Nunca Mais-SP. “O policial, em vez de deter a pessoa, atira e pronto, atingindo principalmente jovens que estão protestando”.
O grupo pede uma legislação que discipline e regulamente os armamentos não-letais, definindo os tipos de armamentos autorizados e normas para compra, controle, emprego e uso, além de mecanismos de informação aos cidadãos.

CONDOR, VENDENDO BRASIL AFORA

As armas não-letais da Condor são amplamente usadas por polícias em todo o país – e pelo Governo Federal. Programas federais compram tais armas, por exemplo, para as UPPs no Rio de Janeiro e para forças policiais de 12 Estados envolvidos no programa “Crack, É Possível Vencer” – incluindo pistolas de choque, as “tasers”, e sprays de pimenta. Apenas para os megaevemtos – Copa das Confederações  e Copa do Mundo de 2014, o Brasil já destinou R$ 49 milhões para a Condor.
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Gás lacrimogêneo exportado para a Turquia também foi comprado pelo Governo Federal para utilização durante a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas.
Em abril de 2012, segundo o Portal da Transparência, o Governo Federal gastou R$ 1,5 milhão na compra de munições não-letais da Condor para uso do Exército na “garantia da lei e da ordem dos complexos do Alemão e da Penha”. Entre os itens adquiridos estavam 1125 granadas explosivas de luz e som (GL 307), 500 granadas multi-impacto pimenta (GM 102) e 500 granadas fumígenas, 29,5 mil cartuchos de bala de borracha e 700 granadas lacrimogêneas de movimentos aleatórios (GL -310) – a mesma usada contra os manifestantes na Turquia.
Em junho, foi a vez do governo comprar armamentos da Condor para a segurança da Rio+20, num total de R$ 1,3 milhão. Entre os eles mais de 900 sprays de pimenta, 1,3 mil granadas lacrimogênea tríplice, 870 granadas explosivas de luz e som e 5 mil cartuchos calibre 12, com projétil de borracha.
Até na Copa – pela bagatela de R$ 50 milhões
Por um total de 49,5 milhões, o Governo Federal fechou a compra de milhares de armamentos não-letais da empresa Condor – a mesma que forneceu as bombas usadas contra manifestantes na Turquia – para serem usadas pelas polícias de todas as cidades-sede durante a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014.
O contrato com a Condor S.A. Indústria Química, assinado em 26 de novembro de 2012 e com vigência até 31 de dezembro de 2014, prevê o fornecimento de diversos tipos de armamentos, como 2,2 mil kits não-letais de curta distância, contendo sprays de pimenta e de espuma de pimenta, granadas lacrimogênea com chip de rastreabilidade, granadas de efeito moral para uso externo e indoors e granadas explosivas de luz e som; além disso, 449 kits não-letais de curta distância com cartuchos de balas de borracha e cartuchos de impacto expansível – balas que se expandem em contato com a pele, evitando a perfuração.
Além disso, o contrato inclui a compra de 1,8 mil armas elétricas para lançamentos dardos energizados – as pistolas “taser”, 8,3 mil granadas de efeito moral, 8,3 mil granadas de luz e som, 8,3 mil granadas de gás lacrimogêneo fumígena tríplice e 50 mil sprays de pimenta.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..