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Blog Comunica Tudo

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir. Leia mais: http://comunicatudo.blogspot.com/p/sobre.html#ixzz1w7LB16NG Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Facebook tem acesso às senhas dos usuários, alerta ex-funcionária

18 de Julho de 2013, 9:37, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Diante do aumento das acusações de grandes empresas sobre a participação de grandes empresas no Prism, o programa de vigilância dos EUA aos usuários da internet, uma ex-funcionária do Facebook foi a público para alertar sobre os riscos da inclusão de informações nas redes sociais.

Segundo Katherine Losse, que trabalhou durante cinco anos na empresa até 2010, a preocupação não deve ser apenas com a espionagem governamental, mas também com o cuidado com que o Facebook trata as contas dos usuários.

Em entrevista à publicação britânica The Guardian, ela afirma que os empregados da rede social também têm acesso aos dados dos usuários, incluindo sua senha. A informação é importante, já que boa parte das pessoas usam a mesma palavra-chave para outros serviços, incluindo o e-mail de cadastro na rede social.

“Usuários de redes sociais entendem que eles são os únicos que podem acessar as informações que colocam na rede e, na maioria dos casos, isso não é verdade, porque alguns dos funcionários precisam ter acesso às contas para fazer seus trabalhos”, ela alega, lembrando que em outras startups, os dados normalmente não são inacessíveis por empregados.

Losse, que foi uma das primeiras funcionárias do Facebook, afirma que “todos os funcionários de suporte ao cliente recebiam uma senha-mestra, com a qual era possível fazer login como qualquer usuário e ter acesso aos seus dados e suas mensagens”. Ela acrescenta que com o passar do tempo, outras formas mais seguras de recuperação de contas foram implementadas.

O Facebook, no entanto, afirma que o acesso de funcionários a dados de usuários funciona com um sistema de “need-to-know”, no qual a pessoa só tem acesso a informações que ele necessita para realizar uma tarefa específica. Desta forma, ele não pode acessar indiscriminadamente o perfil de outra pessoa.

Entretanto, ela afirma que, mesmo assim, não há garantia de segurança de seus dados nas redes sociais. “Mesmo se um funcionário comum não possa acessar suas informações, elas podem estar sendo gravadas em algum lugar para a NSA”.

Durante o período em que trabalhou no Facebook, Katherine Losse operou o serviço de atendimento ao cliente, sendo promovida, posteriormente, ao cargo de redatora de discursos de Mark Zuckerberg.

(Publicado por Anonymous Brasil)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Conjuntura no Brasil pode desembocar em crise revolucionária

17 de Julho de 2013, 9:52, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Excelente artigo José Arbex Jr., especial para o Viomundo. Imperdível.

“Seria mais fácil explicar os protestos quando eles ocorrem em países não democráticos, como no Egito e na Tunísia, em 2011, ou em países onde a crise econômica elevou a índices assustadores o número de jovens desempregados, como na Espanha e na Grécia, do que quando eles ocorrem em países com governos populares e democráticos – como no Brasil, que atualmente exibe os menores índices de desemprego de sua história e uma expansão sem paralelo dos direitos econômicos e sociais. Muitos analistas atribuem os recentes protestos à rejeição da política. Creio ser precisamente o contrário: eles refletem o desejo de ampliar o alcance da democracia, de encorajar as pessoas a participarem de uma maneira mais plena.”

O diagnóstico é feito pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, em artigo de sua autoria, publicado no jornal estadunidense The New York Times, em 16 de julho. Lula está certo. Os jovens que tomaram as ruas querem mais do que aquilo que já têm.

O desejo se reflete na palavra de ordem “queremos escolas (e hospitais, postos de saúde, serviços públicos) com padrão Fifa”. A alusão à Fifa não é um aspecto secundário das manifestações.

Ao contrário: mostra que, no Brasil contemporâneo, o próprio circo pegou fogo. Estamos a um milhão de anos luz do inglório 1970, quando a conquista do tricampeonato mundial deu fôlego à ditadura em sua fase mais sangrenta, sob as botas do general Emílio Garrastazu Médici.

Embalados pelos inestimáveis serviços prestados ao regime pela Rede Globo, os brasileiros cantavam o hino oficioso “90 milhões em ação / pra frente Brasil / do meu coração”, enquanto agentes da ditadura torturavam e assassinavam nos presídios oficiais e nas masmorras clandestinas.

Já não é assim. “Fifa”, hoje, virou sinônimo de imperialismo, e “Copa do Mundo” de corrupção, mamata e desperdício do dinheiro público.

Não por acaso, as sedes da Globo em São Paulo e no Rio foram objeto de repúdio dos manifestantes.

Mesmo Pelé teve que vir a público explicar que sua majestade nada tinha contra as “jornadas de junho”, após o seu apelo patético, gravado em vídeo, para que todos esquecessem as manifestações e apoiassem a seleção, durante a Copa das Confederações.

“Pelé calado é um poeta”, respondeu o ex-jogador e atual deputado federal Romário, que denuncia a imensa farra com o erário possibilitada pela Copa de 2014 e pelos Jogos Olímpicos de 2016.

Os tempos, pois, são outros. Um claro sinal disso é dado pela seguinte comparação: em 1995, a heroica greve dos trabalhadores brasileiros do petróleo, iniciada em 3 de maio, morreu melancolicamente, 32 dias depois, sem ter logrado atrair a solidariedade ativa do movimento sindical e da sociedade, abrindo o caminho para Fernando Henrique “Thatcher” Cardoso impor todas as reformas que pretendia ao mundo do trabalho; quase exatos 18 anos depois, no início de junho, um pequeno grupo intitulado Movimento pelo Passe Livre, convoca atos para protestar contra o aumento de 20 centavos no preço do transporte urbano, em algumas das principais cidades do país, para detonar um movimento que acabaria levando pelo menos 2 milhões às ruas. É isso que deve ser explicado: porque, em 1995, o movimento iniciado por uma das mais poderosas e organizadas categorias do país foi incapaz de atrair as simpatias da população, ao passo que, em 2013, o MPL incendiou o Brasil.

A resposta está na conjuntura. Não está na vontade dos dirigentes partidários, sindicais, dos movimentos sociais e nem mesmo do MPL – que foram tão pegos de surpresa quanto qualquer outro cidadão. Não está em manobras e articulações palacianas, nem da “direita” nem da “esquerda”.

Está no conjunto complexo, contraditório, profundo e extremamente poderoso que constitui o tecido das relações econômicas, sociais, políticas, ideológicas, sociais e morais de uma determinada época.

Não é só no Brasil que isso acontece, é óbvio. Dificilmente o vendedor ambulante tunisiano Ahmed Buazizi teria consciência de que ao atear fogo ao próprio corpo, em 17 de dezembro de 2010, estaria com isso incendiando o Oriente Médio.

Quantos Bouazizis fizeram gestos extremados, antes dele, sem com isso causar o menor distúrbio social? Porque justamente aquele gestou produziu a assim chamada “primavera árabe”? A resposta está na conjuntura.

A revolucionária Rosa Luxemburgo notou isso, ao comparar uma greve espontânea, organizada pelos trabalhadores de Batumi, na Geórgia (situada no Cáucaso), em 1902, com movimentos liderados, na mesma época, pelas poderosas centrais sindicais social-democratas na Alemanha: a greve dos trabalhadores de Batumi acabou desembocando, três anos depois, no Soviete de São Petersburgo, um dos grandes impulsionadores da Revolução Bolchevique de 1917; os movimentos na Alemanha mal foram notados.

Novamente: o que faz com que uma greve espontânea, numa região tão secundaria, do ponto de vista econômico, acabe sendo o motor de uma das mais importantes revoluções da história, enquanto movimentos operários organizados num país central para a economia capitalista não surta grandes efeitos? A própria Rosa explica: a resposta está na conjuntura.

Lula está certo, ao dizer que a juventude quer mais. O Programa Bolsa Família, o aumento real do salário mínimo, os programas de inclusão social (como o Luz para Todos), na esfera da educação (como o Prouni) e o da casa própria (Minha Casa Minha Vida) colocaram milhões de brasileiros na esfera do consumo, a qual foi artificialmente ampliada ao máximo com a concessão de créditos fáceis aos consumidores.

Milhões e milhões de brasileiros, antes relegados às margens do sistema econômico, agora aprenderam, com os mais variados graus de consciência ou intuição, que não têm que se conformar com a precariedade do sistema público de educação e saúde; que a corrupção pode e deve ser punida; que o sistema de transporte público é entregue a empresas privadas, embora fartamente subsidiado pelos impostos que todos pagam; que não há dinheiro para a segurança, para as escolas e para a saúde, mas há para imensos estádios de futebol.

O que Lula não diz em seu artigo é que boa parte dos problemas que hoje afligem a população brasileira também é resultado das políticas adotadas pelo seu governo e mantidas por aquela que preenche os contornos de seu espectro refratado no Planalto, a senhora Dilma Rousseff.

Lula não diz, por exemplo, que o programa Bolsa Família equivale a escassos 10% do total dos juros da dívida pública anualmente pagos ao capital financeiro; que os investimentos feitos pelo governo federal em educação e saúde são um dos menores do mundo, quando comparados ao PIB; que o governo adotou uma política irresponsável de promover o crescimento econômico com base no endividamento das famílias, que hoje enfrentam o fantasma da inadimplência; que, ideologicamente, o lulismo privilegiou uma concepção neoliberal que confunde “progresso social” com “enriquecimento dos indivíduos”, assim criando um abismo intransponível entre o eventual maior bem-estar que cada família passou a experimentar da porta de sua casa para dentro e o desastre absoluto verificado da porta para fora (insegurança, medo, poluição, caos urbano, guerras entre gangues, etc.); e que o”lulismo” transformou o PT e a CUT, símbolos das esperanças que mobilizaram milhões de brasileiros no final dos anos 70, em condutos forçados de negociatas do mercado persa chamado Congresso Nacional.

O Brasil chegou a um ponto de basta. Esse “ponto de basta” apenas aparentemente se apresenta como que do nada, uma espécie de raio em céu azul.

Ele vem se anunciando há tempos, embora só retrospectivamente os sinais ganhem visibilidade adequada: no elevado índice de abstenção e voto nulo nas eleições de 2010; em revoltas explosivas, como a ocorrida no canteiro de obras na usina de Jirau (Amazônia), em março de 1911; nas inúmeras greves do funcionalismo público, nas revoltas em bairros da periferia, na longa paralisação que envolveu quase 100% das universidades federais em 2012, seguida pela greve dos professores do ensino municipal e estadual durante os primeiros meses de 2013.

Ninguém aguenta mais o inferno em que se transformou a vida nas grandes cidades, o espetáculo perdulário dos gastos públicos com a Copa, o descaso das autoridades com as pessoas que, diariamente, morrem ou padecem nas filas do SUS.

É esse sentimento de basta que explica aquilo que, de outra maneira, permaneceria incompreensível: quanto mais a polícia usa da violência, mais as pessoas vão às ruas. Seria de se esperar o oposto.

De fato, a polícia também foi surpreendida pela decisão da população. Ao contrário do que sempre aconteceu, a violência, por si só, mostrou-se incapaz de conter ou impedir os protestos. Trata-se de uma situação conjuntural em que os “de cima” – a burguesia e os seus representantes – já não conseguem governar como sempre governaram, ao passo que os “de baixo” – os trabalhadores, a juventude, a maioria da nação – já não suportam mais viver como sempre viveram.

Vladimir Ilitch Lênin assim descreve uma conjuntura que pode desembocar numa crise revolucionária.

Não se trata, aqui, de fazer futurologia. Potencialmente, o Brasil vive hoje uma situação conjuntural que pode desembocar numa crise revolucionária.

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Isso aconteceu, por exemplo, na Argentina, no começo do século, quando os trabalhadores e a população expulsaram o presidente Fernando de La Rúa e sucedâneos a pontapés da Casa Rosada, aos gritos de “que se vayan todos”; e tudo para acabarem, melancolicamente, elegendo o peronista Néstor Kirchner, que ainda teve tempo de conduzir a sua mulher, a inefável Cristina, à chefia da Casa Rosada, antes de morrer.

O que acontecerá no Brasil? É claro que ninguém sabe. Mas é uma questão que preocupa, pelas dimensões que o país ocupa no cenário mundial.

O Brasil ostenta o 7º maior PIB do planeta (2,5 trilhões de dólares), é um dos pilares dos BRICs e peça importante de um edifício econômico cujas bases estão solapadas pela crise que se arrasta desde 2007.

Do ponto de vista do capital financeiro mundial, a conjuntura ideal seria aquela que lhe permitisse manter taxas de lucro astronômicas no Brasil (como as exibidas pelos bancos), numa situação de “ordem” e estabilidade social.

Se uma pequena ilhota como o Chipre (PIB de 25 bilhões) foi capaz de colocar o mundo em polvorosa – tamanha a fragilidade da Zona do Euro -, imagine o que acontecerá se o “gigante” começar a dar passos de anão.

Mas rimar paraíso financeiro com ordem social não será mais possível no Brasil. O capital não pode abrir mão da taxa de lucros, ainda que isso signifique pressionar o governo para arrancar da população as poucas conquistas sociais já alcançadas (por exemplo, com investimentos ainda menores nos setores de educação e saúde, para assegurar a remuneração do capital, por meio do superávit primário).

Dilma está entre a cruz e a espada. Para atender ao capital, terá que enfrentar a população nas ruas; para atender às demandas da população, terá que romper, ou pelo menos resistir ao capital.

Os prazos são cada vez mais curtos, como mostra a valorização crescente do dólar (mais de 10% em dois meses), e com ela o preço do petróleo importado, dos insumos agrícolas e das máquinas que empregam tecnologia de ponta, com todas as consequências para a vida.

Até quando o governo federal conseguirá manobrar para impedir que a população sinta em cheio os efeitos da crise econômica?

Dilma procura “enquadrar” o movimento das ruas, canalizando as energias para as vias institucionais, configuradas pelas propostas de Constituinte (que teve curtíssima vida) e de plebiscito sobre a reforma política (incapaz, até o momento, de agregar um núcleo capaz de lhe dar forma concreta e eficaz).

Claro que a “oposição de direita” (aqui entendida como os patéticos senhores agregados no PSDB e redondezas) tenta bombardear qualquer proposta oriunda do Planalto.

A “esquerda”, ou o que sobrou dela, agrupada principalmente no PSOL, mostra-se impotente para apontar alternativas.

Todos os partidos estão de olho nas eleições presidenciais de 2014, e jogarão as suas fichas para colher os máximos de dividendos da crise.

A “direita”, que nada tem a propor, tenta alimentar a erosão da base governista, ao passo que faz o elogio da “ordem” nas manifestações (novamente, a Rede Globo, secundada por emissoras de menor importância, é providencial na tarefa de criar um consenso nacional segundo a qual só é legítima a manifestação que respeita estritamente os limites da propriedade privada e o respeito supersticioso à “autoridade constituída”).

A mediocridade da oposição “de direita” e a impotência da “esquerda” ainda dão fôlego ao governo Dilma, que, claramente, oscila ao sabor dos acontecimentos.

Lula acompanha à distância a evolução da conjuntura. Assiste de camarote à “fritura” de Dilma.

Não por acaso, escolheu o NYT, porta-voz do establishment financeiro liberal dos Estados Unidos, para dar o seu recado: ele ainda faz parte do jogo, ainda é capaz de mover as peças, ainda pode ser o Bonaparte que surge a cavalo, no alto do Planalto, para tentar recompor a confiança da juventude e dos trabalhadores na forma partidária da representação política.

Em seu artigo, ele acena com a necessidade de uma “transformação profunda do PT”.

O que isso significa, talvez nem o próprio Lula saiba. Ainda.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Ana Moser lidera movimento de atletas por “Legado Positivo” das Olimpíadas

17 de Julho de 2013, 9:26, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Presidente da associação Atletas pela Cidadania explica em primeira mão para a Pública propostas para moralizar o uso e distribuição de recursos públicos e criar uma estrutura de incentivo da prática do esporte para toda a população



Ela jogou três Olimpíadas, Seul (1988), Barcelona (1992) e Atlanta (1996), quando a seleção brasileira de vôlei conquistou sua primeira medalha (de bronze), venceu dois Grand Prix de Vôlei (em 1994 e 1996) e entrou para o seleto grupo do Hall da Fama do Vôlei dez anos depois de deixar de ser atleta profissional. Fora das quadras, não deixou de se dedicar ao esporte, mas com outro foco. Em vez de conquistar medalhas ela luta para que o esporte seja um direito da população. E quer que seja essa a prioridade do Brasil que se prepara para receber as Olimpíadas de 2016.

“O esporte para todos” é o bordão da presidente da associação Atletas pela Cidadania, fundada por ela e outros nomes de peso do esporte nacional como Raí, Joaquim Cruz, Cafú, Dunga, Edmilson, Fernanda Keller, Fernando Scherer (Xuxa), Hortência e o seu colega de vôlei Giovane.

O objetivo é universalizar a prática do esporte nas escolas e incrementar sua prática entre os brasileiros em geral através da criação de um Sistema Nacional de Esporte, com estrutura legal, recursos adequados e transparência. Em vez de passivos espectadores de um megaevento que por enquanto tem trazido mais prejuízo do que benefício à população, Ana e seus colegas querem contribuir para que a realização das Olimpíadas deixe um “legado positivo” para a prática do esporte no Brasil.

Esse é o foco do manifesto “Atletas pelo Brasil” que a associação lança hoje (leia aqui) para chamar a atenção para a necessidade de criar uma política pública para a prática do esporte e apresentar três propostas concretas: a instituição de um comitê interministerial para reestruturar a legislação do sistema esportivo nacional e a criação de um Plano Nacional de Esporte; a aprovação de legislação sobre as condições necessárias para as entidades do Sistema Nacional de Esporte receberem recursos públicos (emenda nº à MP 612 e emenda nº à MP 615); e a total transparência dos investimentos e das apurações referentes às denúncias de violações de direitos humanos nos grandes eventos esportivos.

Em entrevista à Pública, Ana explica em primeira mão o que pretendem os atletas com essas propostas e por que elas podem mudar a realidade do esporte no país. Leia a seguir:

Como foi o seu acesso ao esporte?

Eu sou de Blumenau, Santa Catarina. Ali a colonização alemã e italiana é muito forte. E o esporte é cultural; na Europa, faz parte do dia a dia das famílias, das cidades. Então eu comecei antes de ter esporte na escola, num clube, aos sete anos, depois na escola, estudei em colégio particular. Então, quer dizer, eu não sou o padrão. E, para mim, sempre foi esporte pelo esporte, pelas coisas boas que ele traz. Fui virar atleta depois de adolescente, com 17 anos. Até lá o esporte na minha vida era cultural. E essa visão que eu trago nas atuações que eu tenho.

Uma das bandeiras que a ONG Atletas pela Cidadania defende é o esporte acessível a todos os brasileiros. Quão distantes estamos desse cenário?

Na real, esporte de pobre e esporte de rico não tem. Todos são carentes nesse sentido. Rico e pobre. Carentes por bons lugares, aptos para a prática esportiva. Nos Estados Unidos, por exemplo, você tem as associações de bairro em que se começa a praticar o esporte até que na escola vira uma coisa mais séria. Mas a raiz é comunitária. E aqui nós não temos isso. Então eu vejo que todos os setores têm carência, e dizer o quão longe a gente está é uma suposição, porque os dados mesmo a gente não tem. Tem algumas pesquisas, mas insuficientes. Eu imagino que estejamos num patamar de 20 a 30% da população que pratica esportes, pessoas realmente ativas.

Publicamente você não se manifestou contra a vinda dos Jogos Olímpicos, mas você me disse que você é contrária. Por que?

Acho que não faz sentido. A grande chance na estrutura que estava naquele momento, e acho até que já involuímos de lá para cá, era de direcionar investimentos no esporte para todos, o esporte que não envolve medalhas. Eu tenho até um amigo que é empresário e que investe em esporte, que tem a mesma visão. As Olimpíadas trouxeram o foco no esporte de rendimento, então nós nos estruturamos errado. Há um foco em esporte nesse momento, há muitos investimentos, mas não se consegue investir no esporte para todos. E tem boas ações nesse sentido, no governo, na sociedade civil. Mas na época eu tinha uma visão mais conservadora. Eu achava que se ocorressem os grandes eventos iria se concentrar os investimentos em esporte, tanto na questão da infraestrutura e preparação da equipe olímpica. Mas eu vi que se se investir só nisso, você não tem impacto embaixo. Por dois anos eu vi isso acontecer no Instituto Esporte e Educação (outra ONG presidida por ela): caiu em 70% a captação de recursos privados para projetos de esportes para todos, para todos os projetos esportivos que não envolvem medalhas. O Ministério do Esporte está construindo ginásios, estádios, cuidando de aeroporto, de orçamento, e daqui a pouco vai cuidar do Parque Olimpíco, botando recurso direto nas confederações e no COB. Mas, por outro lado, se trouxe o esporte para o centro do interesse nacional. E nós estamos agora querendo juntar forças para lutar por um outro lado: investe em cima, mas estrutura embaixo para tornar sustentável e transformar em legado. Se não, fica aquele negócio: o que que eu ganho com isso?

Você é uma ex-atleta que está militando pelo esporte para todos em nível nacional. Falta mais posicionamento dos atletas e ex-atletas que tenham algum prestígio em questões relacionadas à gestão política do esporte?

A gente até criou a ONG Atletas por isso também, para criar entre os atletas essa cultura de participação. Mas em relação a atletas em atividade é complicado. Eu tinha assinado na CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) um código de ética que dizia que eu não poderia falar contra a CBV. Se eu falasse na imprensa alguma coisa eu pagava uma multa. Então é complicado. A gente está caminhando, mas o sistema é ainda muito conservador.

E por que vocês estão lançando esse manifesto agora, que destaca entre outras coisas, as violações de direitos humanos nos megaeventos?

A gente está na rua há uns cinco anos, mais focados nos bastidores, em movimentação interna no esporte, com menos campanhas para fora. É um movimento grande, e estamos sós nesse sentido, ainda ganhando forças. E agora a gente criou uma maturidade, uma condição de irmos para fora com mais força, e quer dar mais visibilidade às denúncias, primeiramente, para mitigar essa situação. Todo mundo sabe que foi feita muita coisa – e muito rápido – na preparação para os grandes eventos esportivos. E tudo muito escondido, em momentos de trocas de gestão, sem que houvesse contrapartidas. Por exemplo, você não tem como fazer um evento para atrair visitantes e deixar que os nossos saiam de suas casas! Seja na condição que for, invasão, “não-invasão”, com cinco ou 40 anos de existência, comunidades foram destruídas. Então somos solidários e queremos ajudar primeiro com a divulgação [das denúncias], para dar mais voz às pessoas que estão nessa situação. E também nos somamos para exigir transparência nos gastos públicos. Tem estudos da FGV que falam em retorno desses investimentos na ordem de R$ 147 bilhões. Queremos nos somar para promover um debate qualificado sobre isso também. Se trará lucro, como vamos distribuí-lo? Se não trará esse lucro todo, como se potencializa esses eventos? Acho que a gente tem que encarar isso com responsabilidade. E enquanto ONG queremos propor discussões como essa.

Outra bandeira que vocês levantam é a revisão do Sistema Esportivo Nacional…

Na verdade a construção, porque o sistema nem existe… O esporte de elite e especificamente o futebol é bem estruturado. Mas as outras dimensões não estão. Não existem serviços públicos de esporte a longo prazo. Então o que as Prefeituras investem em termos de esporte atualmente? Ok, tem as escolas, a educação física, teoricamente. Mas depende ali do orçamento em Educação e do que a gestão municipal queira fazer. E o resto da população? Como ela é atendida em esporte? Não existe uma regra para isso, não existe orçamento para isso. As Prefeituras, as Secretarias de Esporte tem 0,5% do orçamento total! Então não existe. A gente teve programas, o Segundo Tempo, o Mais Educação, em que alguns municípios investiram em mobilidade, pistas de corrida, ciclofaixas, ciclovias, parques, e outros não. Ou uma gestão faz e outras não. Não existe nada estruturante no esporte. Por exemplo, quais as funções da Federação? Do Estado? Do município? Então queremos essa estrutura para guiar os investimentos em esporte.

Quem formaria o Comitê Interministerial, proposto por vocês, e como ele atuaria na disseminação da prática esportiva?

O Comitê seria formado pelos ministérios da Saúde, da Educação e, claro, do Esporte. A questão é como você coloca a questão da disseminação da prática esportiva para todos, mas com uma abordagem em outras áreas de influência. Não é que não tenha nada, existem alguns projetos. Por exemplo, existe o projeto Mais Educação, uma estratégia do Ministério do Esporte junto com o programa de Educação, que injeta dinheiro direto nas escolas, e tem lá no cardápio de opções o esporte, uma meta para se investir em uma política de escola integral, e se pretende também incluir pautas ligadas ao esporte, como a ampliação e a qualificação do esporte para toda a rede pública de ensino. Há então uma combinação de recursos e de estratégias, entre o Ministério do Esporte e o Ministério da Educação, para ver como é possível viabilizar isto, mas há dificuldades em adequar uma política e uma visão para guiar essa estratégia. O Ministério do Esporte, por exemplo, acha que só professor de educação física pode realizar atividades no Mais Educação. Mas o Ministério da Educação, que é quem tem a escola, não tem professores lá na ponta, aí entra toda uma rede comunitária, com professores de capoeira, tudo mais, para suprir essa demanda. Mas com a Educação já tem uma entrada. Com relação ao [ministério] da Saúde, pensamos em um programa de como usar o esporte na prevenção de doenças coronárias, respiratórias, diabetes…A saúde tem programas, o esporte tem programas, mas como é que se potencializa isso em termos de recurso e como se potencializa isso em termos de se criar uma linha de atuação? E também pensamos em uma participação da sociedade, que teria voz e voto nesse comitê. Porque a sociedade já desenvolve programas e metodologias na ponta, em menor escala, e o poder público tem que dar a escala.

E como a sociedade participaria desse comitê?

Isso já existe em outras áreas, na questão da Lei do Aprendiz, por exemplo. Ela também é interministerial: tem o Ministério da Educação, a sociedade civil, as delegacias regionais do trabalho… enfim, tudo que diz respeito ao setor representado. Então os agentes do esporte, o COB, as confederações, a rede de ONGs, as universidades, os conselhos regionais, cicloativistas, enfim, todos aqueles que fazem o esporte acontecer teriam lugar em sua composição. Pretendemos a criação de um projeto de lei para regulamentar e disseminar a organização e a participação de conselhos municipais, estaduais e nacional de esportes, como existe em outras áreas. E também queremos criar um fundo para fazer levantamento de dados, porque não temos praticamente nada e é a primeira coisa necessária para criar políticas públicas. Na área da educação, por exemplo, você tem uma base de dados suficiente para orientar políticas, o Plano Nacional de Educação, na área da saúde também tem. Então é essa mesma evolução que o esporte pode ter e isso que a gente quer dizer com reestruturar o Sistema Nacional de Esporte. Tudo começa com um posicionamento do governo de enfrentar seriamente e dar prioridade a essa estruturação. Enxergar isso como legado dos grandes eventos, e entregar para a sociedade como um legado que vai ficar além de 2016.

E como se faria para criar essa base de dados? Quais atores poderiam ajudar nesse processo?

Tem muita gente mexendo com isso, desde a Unicef a ONGs. A gente está criando com o UniEthos uma série de indicadores de monitoramento do esporte nas cidades-sede da Copa do Mundo, que é um programa do Atletas junto com o Instituto para a Educação. Temos muito poucos dados atualmente, dados de educação física no esporte que são sobre as escolas brasileiras da rede pública, com número de quadras abertas ou cobertas, número de professores contratados, mas não se sabe nem se eles estão dando aulas ou estão na parte administrativa, para quantos alunos eles estão dando aula, quantas horas de esporte os alunos praticam por semana, os programas complementares às escolas. Olha que dilema: no Ensino Fundamental I, que é do primeiro ao quinto ano, não tem professor especialista em educação física. Então, teoricamente, tem educação física na grade, mas quem é que dá essas aulas? O professor de sala. Mas qual é a preparação ele tem para dar essas aulas? Qual conhecimento? Qual linha ele segue? Qual política? Enfim, o que ele faz? Ele é atleta amador, ou foi? Como ele dá as aulas? Só roda uma bola? Então essas aulas de educação física não existem na prática, mas ninguém fala disso porque não é um dado que aparece. E isso no Brasil inteiro, não é só no interiorzão, sertão, não. As capitais do nordeste, por exemplo. Em Minas também, você sai de Belo Horizonte, você não acha um professor de educação física.

Vocês também falam também em limitar mandatos de dirigentes esportivos, né?

Essa é uma emenda que a gente propôs à MP 612, uma questão importante na moralização, na gestão do esporte. Porque também é recurso público, também representa a nossa bandeira, então é um caminho de avanço que queremos para o nosso esporte. Também propusemos uma adequação na MP 615, que é uma adequação da Lei Pelé. As confederações, as federações e o COB têm direito a recurso público na medida em que tomarem algumas medidas, como a participação de atletas na gestão, fiscalização e eleição de dirigentes, a de estabelecer dois mandatos de quatro anos no máximo, de ter prestação de contas, transparência.

Sobre a atual gestão da Confederação de Vôlei, como você avalia?

É um modelo econômico que funciona, tem planejamento a longo prazo. A dimensão que vejo do esporte de rendimento é com as outras dimensões do esporte, o esporte na escola, iniciação esportiva. Por exemplo, existe a Lei Piva, que é um percentual das loterias esportivas, que vai para o COB e ele distribui por critérios próprios para as confederações. O quanto desse recurso é investido nas federações dos estados ou no desenvolvimento do esporte nos estados? No vôlei, você tem um modelo de seleção brasileira, no topo de categoria, com centro de treinamento, e uma Superliga. E agora uma Liga B, mas nos Estados é fraco. Então você tem na verdade uma máquina de renovação [de jogadores] de dez, doze clubes espalhados aí pelo Brasil, mas as federações não agem para disseminar a prática do vôlei na sociedade. Não tem volume, escala da prática esportiva. Quantas crianças praticam o esporte? Quantas crianças de 10 a 16 anos participam de campeonatos regionais? Essa é a questão. Queremos um esporte presente em todos os níveis para as pessoas, para ter uma população ativa. O que é o futebol de várzea, por exemplo? Existe em tudo que é lugar, em todos os níveis, e tem outros esportes também. Mas e o investimento nessas áreas, nesses modelos de praticar o esporte? São debates que estão na rua há muito tempo. É isso que está posto: vão passar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, mas fica o que para o país? É isso que estamos questionando.
O que você espera para para o próximo ciclo olímpico, após as Olimpíadas de 2016? Quais pautas a ONG propõe para haver uma preparação melhor?

A gente propõe um caminho que começa agora e termina em 2022 de ter todas as crianças em todas as escolas do Brasil com educação física e atividade esportiva, dobrar a prática de esporte na população e construir esse Sistema Nacional de Esportes de maneira que ele garanta uma estrutura legal e de recursos para que o esporte aconteça nas várias condições. Quanto mais o Brasil avançar na disseminação da prática de esportes e na disseminação da cultura ativa, mais a população em geral vai ganhar em qualidade de vida.

O blog Copa Pública é uma experiência de jornalismo cidadão que mostra como a população brasileira tem sido afetada pelos preparativos para a Copa de 2014 – e como está se organizando para não ficar de fora.

Documento é da Associação Atletas pela Cidadania, que inlcui Ana Moser, Giovane, Raí, Cafú, Dunga, Edmilson, Fernando Meligeni, Fernando Scherer (Xuxa), Gustavo Borges, Hortência, Joaquim Cruz, Kaká, Lars Grael, Magic Paula, Oscar Schmidt, Robson Caetano, Rogério Ceni, Rubens Barrichello e Zetti.
Há mais de dois anos, a associação Atletas pela Cidadania vem tentando chamar a atenção do governo para a importância de uma agenda de um legado dos grandes eventos esportivos.
Copa e Olimpíadas têm um valor inegável para o país que as recebe, mas somente se tornam uma oportunidade efetiva quando a prioridade do interesse público é a regra e quando existam propostas concretas de Legado Esportivo e Social.
O interesse público e a transparência têm que prevalecer em todas as ações: nas obras, construções, intervenções sociais ou investimentos públicos e privados. Mais do que isso: todos os recursos gerados pelos eventos devem ser destinados ao desenvolvimento social e econômico do país, chegando de forma positiva na vida das pessoas.
Nós, Atletas pela Cidadania, somos contra a destinação de recursos públicos para benesse de alguns, as remoções que violam os direitos humanos, a corrupção e a falta de transparência nas decisões e nas contas. Tudo isso é contra o espírito e os valores do Esporte.
Acreditamos nos valores positivos do Esporte e sabemos do seu impacto no desenvolvimento do país. O Esporte é direito de todos os brasileiros. Melhora a saúde e a qualidade de vida, diminui a evasão escolar, aumenta o desempenho dos alunos.
Repetimos: há mais de dois anos apresentamos uma agenda positiva ao país, com dois pontos centrais para o Legado Esportivo e Social da Copa e das Olimpíadas: o Esporte acessível a todos os brasileiros e a urgente revisão do Sistema Esportivo Nacional. As diretrizes são claras. Limitar o mandato de dirigentes esportivos, definir os papéis e integrar os entes federativos, abrir à participação democrática de atletas, qualificar educadores e profissionais esportivos permanentemente, ampliar a infraestrutura esportiva pública.
São medidas para garantir o acesso ao Esporte para todas as pessoas, de norte a sul. Além de desenvolver a cultura esportiva no país e levar os benefícios do Esporte a todos. E como consequência natural, também melhorar o esporte de alto rendimento e suas conquistas.
Felizmente, o país hoje clama por mudanças. A agenda pública deve se balizar pelo que seu povo decide e não só pelo que seus governantes acreditam que sejam as prioridades. O dia a dia do poder tem afastado a máquina pública do interesse público. Vivemos uma crise da democracia representativa, cuja solução está em ouvir diretamente os detentores reais do poder – o povo.
Queremos ser ouvidos e por isso solicitamos:
1. A criação de um comitê interministerial para a reestruturação da legislação do sistema esportivo nacional e a criação de um Plano Nacional de Esporte. Com metas, estratégias, métricas de avaliação e resultados claros. Um comitê com participação da sociedade, com voz e voto, liderado pela Presidência da República.
2. Aprovação de legislação que dispõe sobre as condições necessárias para as entidades do Sistema Nacional de Esporte receberem recursos públicos (emenda nº à MP 612 e emenda nº à MP 615).
3. Total transparência dos investimentos e das apurações referentes às denúncias de violações de direitos humanos nos grandes eventos esportivos, como exploração sexual infantil, remoções sociais forçadas, sub-emprego.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Polícia do RJ ataca imprensa e persegue manifestantes

16 de Julho de 2013, 6:37, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Polícia do Rio de Janeiro ataca imprensa e persegue manifestantes

Abuso de poder em 11 de julho: após forças policiais atacarem os que protestavam em frente ao Palácio Guanabara com jatos d'água, bombas foram arremessadas em direção a repórteres e manifestantes foram perseguidos e fichados por policiais do Choque.

Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Eike enganou todo o mundo direitinho. Estará rindo agora?

15 de Julho de 2013, 12:28, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Como Eike Batista levantou tantos empréstimos em setores nos quais não tinha experiência nenhuma?

Os bancos que emprestaram para as empresas do grupo de Eike Batista começaram a renegociar as dívidas de curto prazo. Para Itaú e Bradesco, elas somam R$ 1,5 bi.

Por que estão fazendo isso? Ora, porque não existe outra saída.

Os bancos têm sérias dificuldades de conseguir garantias reais, como máquinas, equipamentos e imóveis, e o valor das ações colapsaram. Contas a receber? Pior ainda.

Empurraram com a barriga o problema um pouco mais para a frente, na esperança de que Eike venda suas empresas — de preferência a controladores e empresários competentes, para que as ações voltem a subir um pouco. Com um valor maior das ações, novas vendas poderiam ser realizadas, melhorando o caixa e a liquidez.

A dívida do grupo EBX no curto prazo está estimada em quase R$ 8 bi, e o total da dívida do grupo é hoje R$ 23 bi.

Como Eike conseguiu levantar tantos empréstimos em setores nos quais ele não tinha experiência nenhuma?

Eike só deveria, no máximo, ter recebido investimentos no setor de mineração. Em todos os outros, que se virasse sozinho porque os riscos eram altíssimos (e mesmo assim a MMXM, a companhia de mineração, não entregou o que prometeu).

Ele ingressou em várias outras áreas, como energia, petróleo, portos, estaleiros, carvão, sem nenhuma experiência. Pior, começou do nada, basicamente graças aos empréstimos.

O fato de o Brasil estar carente nesses setores não era motivo de se investir de forma cega num empresário sem experiência, sem comprovação de competência, excessivamente vaidoso e marqueteiro. E agora o país, que necessita de tantos projetos nesses segmentos, tem todos eles atrasados ou deficitários.

Por que, mesmo com esses empréstimos gigantescos, as empresas possuem tão poucos ativos reais? Os recursos foram para o ralo? Ralo de quem? Ora, à medida em o dinheiro foi entrando no caixa, ele deveria estar sendo investido em máquinas, equipamentos etc. Foi tudo em mão de obra?

Eike deveria estar sendo pesadamente investigado. Assim como os critérios que levaram o BNDES a liberar quantias tão volumosas para ele: foram R$ 4 bi. O BNDES pouco se manifestou a respeito.

Mesmo no caso dos bancos privados, houve critério técnico ou simplesmente seus controladores assinaram a liberação porque acham Eike um cara bacana? Também resta a dúvida se não houve no mercado de ações uso ilícito de informações privilegiadas, mas pouco se está fazendo sobre isso.

Os únicos ativos de valor que Eike tinha para mostrar a seus credores e o mercado eram suas ações no Bovespa há algum tempo. Ou seja, vento, bolha, especulação, expectativas exageradas, marketing barato.

Ele enganou todo o mundo direitinho. Estará rindo agora?

(Publicado no DCM)
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..