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Novo ativismo: distraídos venceremos?
20 de Novembro de 2012, 22:00 - sem comentários aindaSegundo encontro da série Primaveras debate significado e potência de ocupações festivas do espaço público, como a da Praça Roosevelt em São Paulo |
Por Amanda Safatle
Quando uma multidão de cerca de 10 mil pessoas ocupa a recém-reformada Praça Roosevelt em um movimento apartidário, advogando que Existe Amor em São Paulo, a gente se põe a perguntar: isso faz parte de um novo ativismo? Será esta uma outra forma, soft e informal, de fazer política?
Nossa hipótese é de que festa, a arte e a distração fazem parte desse caldo que passa recados fortes de insatisfação com o que está aí: uma sociedade desigual, imersa em crises civilizatórias e prova viva de que o atual sistema não está dando conta de fazer a economia funcionar em prol do bem-estar humano. E ainda por cima avança sobre os próprios limites físicos do ambiente.
Se no primeiro encontro do ciclo “Primaveras – diálogos sobre ativismo, democracia e sustentabilidade” Ricardo Abramovay e Ladislau Dowbor nos ajudaram a mapear essas crises, no segundo evento avançamos na discussão sobre como usar o ativismo e a mobilização social para enfrentá-las.
A pergunta norteadora do diálogo foi: será que assim, às vezes de forma tão distraída, venceremos? A multidão que participou do “Existe Amor em SP” ou do evento “Amor sim, Russomano não”, terá sido meramente atraída pelos shows de Criolo, Emicida e Gaby Amarantos, ou estava lá movida também por alguma indignação e motivação política, no sentido de buscar transformações? Até que ponto esse ativismo difuso, que parece episódico, festivo e sem continuidade, é efetivamente transformador?
Pablo Capilé, um dos criadores do coletivo Fora do Eixo, que esteve por trás do Existe Amor em SP, vivenciou os movimentos de indignação na Espanha e foi um dos convidados do ciclo Primaveras. Traçou um comparativo que coloca o Brasil como um ator de destaque no ativismo mundial. Para ele, enquanto na Europa primeiro se aglutinaram bandeiras para depois buscar formas de criação e articulação de territórios, aqui se dá o contrário: existe uma estruturação permanente de pequenos territórios que aos poucos vão se articulando em rede. Eventos como o Existe Amor ajudam a amarrar esses laços entre grupos que antes não tinham diálogo, mas giram em torno de causas e pautas muito similares entre si. São os bikers, os grafiteiros, os ambientalistas, o pessoal do hip hop, oshackers. São 20 a 30 coletivos que, segundo Capilé, continuam debatendo dentro e fora dos shows.
A soma dessas forças é poderosa: “A cada 1 real captado, esse movimento é capaz de transformar em 100”, diz Capilé. “Por exemplo: para fazer o Existe Amor em SP, o movimento gastou R$20 mil. Se cada um fosse fazer por fora, um evento como esse custaria R$ 500 mil. Só o cachê do Criolo custa R$ 70 mil. O do Emicida é R$ 40 mil. Mais segurança etc.”
“Quem sempre viveu em gambiarra, em época de crise, surfa”, diz Capilé, comparando o Brasil de sempre com a Europa recentemente afundada em crise econômica. Para ele, tem muita gente lá fora querendo saber como a gente faz, qual é nossa tecnologia. “Não tem nenhum continente fazendo o enfrentamento como a América do Sul. E a África está pronta para se conectar com a América Latina, querendo saber como parir este novo mundo possível, que está grávido. Esses grupos continuam discutindo criando observatórios constantes, fazendo pressão social o tempo inteiro”, disse Capilé.
O contraponto ficou por conta de Pablo Ortellado, professor de Gestão de Políticas Públicas na USP, coordenador do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai) e também convidado pelo Primaveras. Para ele, a geração de ativistas de hoje, dos “occupies” não é pragmática e está completamente despreparada para converter essa energia potencial em mudança efetiva.
Não sabe, por exemplo, lidar com a mídia, com as ONGs, com os partidos. Tem dificuldade em trabalhar com aspectos práticos do ativismo político, como captação e gestão de recursos financeiros. “Essas coisas são difíceis, tem que saber como se alinhar, como conseguir dinheiro, doação. São coisas básicas, mas que não são feitas porque esta geração não tem experiência política – não sabe fazer política”, critica.
Ele ainda aponta que é um erro atribuir aos modos de comunicação o florescer de movimentos como a Primavera Árabe e os “ocupas”. Na verdade é o contrário: foi a geração política anterior, nos anos 1990, que desenhou os meios difundidos hoje, como YouTube, Flickr e Twitter para dar suporte aos movimentos que já estavam em curso. O Twitter tem poucos caracteres porque foi inventado justamente para servir como instrumento de mobilização política.
Nesse momento, Ortellado convidou a uma reflexão: vitória ou derrota? Pois o que havia sido inventado como uma forma de fazer frente ao meios de comunicação dominantes e ao sistema econômico viraram as novas grandes corporações da comunicação, estrelas do mundo capitalista.
“A gente desenvolveu um monte de tecnologias nos anos 90: primeiro, a comunicação ponto a ponto, aí tinha listas de emails, depois os sites de publicação aberta, depois os blogs coletivos. São as mesmas pessoas, nossos amigos, que foram desenvolvendo tudo isso. Fundaram empresa, hoje são milionários e estão profundamente integrados ao sistema. Temos agora 2 bilhões de usuários de internet. Vitória ou derrota?
Capilé discorda da afirmação de que falta pragmatismo à atual geração de ativistas. “O problema são as plataformas atuais [sindicatos, partidos, movimento estudantil, conselhos municipais]. São analógicas e não dão conta de ativar os desejos do século XXI. Essa geração atual é pragmática quando se olha o processo, e não o produto final”, disse.
Se as plataformas vigentes são inadequadas, quais seriam as adequadas? Estão para ser criadas? Como afirmou uma participante, ao mesmo tempo em que os partidos políticos podem trazer opressão, também trazem proteção – não é indivíduo sozinho defendendo uma ideia. “Ainda é interessante manter instituições e se combinar com elas?”, questionou.
Outro participante deu seu depoimento: “Tentei me ligar a movimento estudantil, mas as estruturas de reunião, até esteticamente, não condizem com o desejo da galera. Os jovens estão negando tudo isso, mas sem propor coisas no lugar. Como criar novas estruturas de participação política que dialoguem com os centros de decisão?”
“Conversar sobre política é muito difícil em qualquer sala de aula do Brasil. Vamos hackear as escolas porque aí fazem delas o local do debate das novas gerações”, propôs outra participante. “O movimento da mídia livre está crescendo, enquanto a TV Globo perde audiência. Embora eu tenha votado no Haddad, não me filiei ao PT, e sim aos vários coletivos dos quais faço parte. Então existe um novo movimento acontecendo em torno de uma pauta em comum que é a de viver bem”.
“A juventude não entra no partido porque lá não sabe o que pode falar. Já nos coletivos, entra numa roda, senta no chão e fala o que quiser”, comentou-se.
“Fazer memes, fazer arte, fazer festa é muito importante porque assim se consegue falar o que as palavras não dizem”, disse um rapaz. “A gente está muito mais empoderado e isso é uma forma de ativismo. Não dá mais para ser super pragmático, bibliográfico, sistematizado. É importante abrir um pouco mão do pragmatismo.”
Capilé pontuou que é um mito o senso comum de que juventude atual não tem foco. “Ela tem, sim, um multifoco. Está preparada para lidar com várias coisas ao mesmo tempo”. Mas, em vez de trabalhar isso, receita-se Ritalina às crianças e aos adolescentes.
E quando a discussão enveredou para a questão do centro de poder versus periferia, ele a taxou de contraproducente. “Não vale a pena ficarmos aqui discutindo o que é periferia e o que é a periferia da periferia do Brasil. Eu venho de Cuiabá – a capital mais longe do mar de todos os lados [onde o Fora do Eixo foi criado]. O Amapá não tem banda larga – quando o pessoal sai de lá, descobre que o GTalk é instantâneo! Ninguém sabe que Roraima é Brasil. E o ativismo nesses lugares é muito ativo. O Brasil não se define mais por São Paulo e Rio. Isso pra mim é revolucionário”. E assim Capilé fechou sua metralhadora.
O Primaveras é uma iniciativa coletiva de Página22, Matilha Cultural, Escola de Ativismo, Outras Palavras, IDS e Crisantempo. O segundo encontro reuniu cerca de 100 pessoas no espaço Matilha Cultural, em São Paulo, e foi assistido on-line por 350 espectadores. Assista à íntegra do evento em www.ustream.tv/recorded/26971348.
Igualdade, fraternidade, liberdade
13 de Novembro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda
Um libertário de esquerda não fica feliz por ser livre sozinho, mas apenas se os outros também o forem
Fraternidade quer dizer algo mais do que se pensa. Ela significa que estamos todos no mesmo barco e que algo nos une que vai para além da doutrinas e dos laços políticos e jurídicos. Há quem entenda a fraternidade estritamente como sendo apenas relativa ao que é de irmãos, ou seja, homens. Não é assim; a fraternidade diz respeito a um sentido de irmandade com o que está fora de nós; estende-se naturalmente aos nossos próximos e aos forasteiros, aos que existem e aos que virão. É por esse sentimento de pertença comum, também com aqueles que hão de vir, que devemos zelar pelo planeta, não por uma espécie de racionalidade egoísta mas porque gostaríamos que eles chegassem a conhecer isto. O conceito de fraternidade encontra-se em particular nos movimentos ecologistas. A fraternidade não é a mesma coisa que justiça (os animais não nos tratam com justiça, nem nós a eles) pois transcende a mera equidade. A fraternidade é o menos entendido conceito da trilogia da esquerda, mas ele é a moldura que integra os outros dois conceitos e de certa forma os segura e impede (ou deveria impedir) de serem totalitários: ninguém pode ter tanta razão, na ideologia, na doutrina, ou na luta política, que esteja dispensado da fraternidade.
Finalmente, porque é o essencial, a Liberdade, que é mais do que individualmente podermos fazer coisas sem restrições exteriores. Um libertário de esquerda não fica feliz por ser livre sozinho, mas apenas se os outros também o forem. A liberdade é, desde logo, uma cultura de liberdade: um espaço onde se pesquisa, descobre e aprende a liberdade, um espaço comum onde se cuida da liberdade. Liberdade é liberdade de expressão, consciência e associação; mas também libertação do medo, dos preconceitos, da dependência e da exploração. Se a fraternidade é o menos falado e menos entendido dos conceitos da esquerda, a liberdade é o mais falado, mas o mais difícil de explicar. Liberdade era, para os republicanos clássicos, a capacidade de viver sem estar na dependência de alguém poderoso, ou seja: uma vida sem dominação. Para os românticos, um instinto de liberdade animava cada um de nós. Para os pós-modernos, liberdade é também capacidade de autorrealização. Uma entidade política humana deve poder acomodar estas e outras concepções de liberdade. Numa frase: a liberdade sem a qual os laços entre humanos perdem significado.
(Crônica publicada no jornal Público, de Portugal, em 7 de Novembro de 2012, de autoria de Rui Tavares)
MP investiga caixinha de partidos
13 de Novembro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda
Procurador abre inquérito civil para apurar prática denunciada pelo Congresso em Foco: alguns partidos obrigam seus funcionários a entregar 5% do que ganham para a legenda
Publicado no Congresso Em Foco
A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu inquérito civil para investigar a “caixinha” de vários partidos políticos, o recolhimento obrigatório de 5% dos salários dos funcionários dos gabinetes no Congresso Nacional. Como mostrou oCongresso em Foco, o esquema foi inicialmente denunciado no PSC. Mas também surgiram informações de que isso poderia acontecer também em outros partidos e mesmo fora da Câmara dos Deputados, em assembleias legislativas, como a de São Paulo.
De acordo com o procurador Bruno Baiocchi Vieira, que pediu a abertura da investigação, o caso revela “possível afronta ao princípio da moralidade administrativa”. O motivo da quebra desse princípio constitucional são “indícios da cobrança de contribuição, conhecida como ‘caixinha’, por diversos partidos políticos a servidores públicos comissionados, supostamente em troca da manutenção destes nos cargos ocupados, preenchidos por indicação política”.
Participação de deputados
Em 16 de abril, o procurador da República Francisco Guilherme Vollstedt, do 10º Ofício Criminal da procuradoria no Distrito Federal, remeteu o mesmo caso para o chefe do Ministério Público, o procurador-geral da República Roberto Gurgel. O objetivo é que ele avalie a investigação criminal de “deputados federais listados” nos autos. O site não conseguiu identificar quais seriam esses parlamentares, embora as reportagens sobre o tema mencionem Zequinha Marinho (PSC-PA) e Luís Tibé (PTdoB-MG).
Além de fazer sua própria investigação cível, Baiocchi enviou cópia de sua apuração para o Tribunal Superior Eleitoral e para o próprio Gurgel, o procurador-geral Eleitoral. O objetivo é que a Corregedoria do TSE e Gurgel analisem se houve algum indício de crime cometido durante campanhas políticas.
Houve coação?
Na apuração de Baiocchi, o procurador quer analisar se houve pressão para que as “doações” aos partidos fossem, na verdade, obrigatórias. Ele determinou a intimação das pessoas citadas nas reportagens do Congresso em Foco para que esclareçam se contribuíram para partidos ou políticos. “Houve alguma forma de coação ou coerção moral para que fossem realizadas as ‘doações’?” é uma das perguntas às quais o procurador quer obter a resposta. Pelo menos em um caso, houve. Documento publicado pelo site mostra que o deputado Zequinha Marinho demitiu o Humberto Azevedo porque ele se recusou a pagar os 5%.
“Todo mundo faz”
Em entrevista ao site, Zequinha Marinho disse que todo o PSC faz isso, embora o vice-presidente nacional da legenda, Everaldo Pereira, afirme desconhecer os fatos. “Todo mundo faz”, afirmou Zequinha. Uma semana depois, ele enviou nota ao Congresso em Foco admitindo que demitiu o assessor porque ele não contribuiu com o partido.
No ano passado, Luís Tibé disse que “a maioria” dos funcionários vinculados aos gabinetes do PTdoB paga 5% como contribuição partidária, mas só 22% eram realmente filiados à legenda. O deputado não soube dizer por que isso acontecia.
Apesar da declaração de Marco Maia, assessores petistas negam que a legenda cobre “caixinha” de seus não-filiados. A assessoria do TSE não localizou o processo remetido por Baiocchi. Gurgel e sua assessoria não puderam prestar esclarecimentos até o fechamento deste texto.
Semana Baiana de Hip-Hop 2012 promove reflexões sobre o movimento e a consciência negra
13 de Novembro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda
A Produção da Semana Baiana de Hip Hop, trouxe em sua grade de workshops um debate que tratou sobre o tema “Como se manter na mídia, sem a mídia tradicional”.
A mesa de debate foi composta pelos Dj KL Jay dos Racionais Mc’s, a produtora cultural e artística Jussara Santana e o jovem comunicador e blogueiro do Ibahia Enderson Araújo. Nos primeiros momentos do dialogo, os convidados se apresentaram ao público e cada um falou como o Hip Hop teve influência e importância na vida deles. Depois disso, a plateia referiu algumas perguntas aos debatedores, como por exemplo: A postura que o hip hop tem diante das mídias convencionais; e como o hip hop ter sua própria mídia; O KL Jay respondeu sobre estas questões, citando que o hip hop, especificamente o Rap, pode ir sim na TV ou qualquer outra mídia convencional, e explicou que a postura citada por ele, é a qual os grupos tem que ter, entre elas ele destacou, que os grupos não devem se moldar ao que as mídias querem, e trouxe exemplos que aconteceram com os Racionais, onde foram convidados para ir ao SBT, mas desistiram pois a produção do programa queria que os caras fizessem dublagem e ele não toparam, queriam fazer o som ao vivo, relatou também que a mídia do hip hop pode ser feita com a venda de cd de mão em mão, a produção de um jornal colaborativo e o uso da internet que tem facilitado bastante a divulgação e informação e a troca de ideias. A produtora Jussara Santana diz que o rap tem que sim estar dentro dos meios de mídia, pois entende que é importante, porém de uma maneira em que o trabalho seja respeitado e cita exemplos de programas que o grupo que ela produz, o Nova Saga, esteve se apresentando, sobre a mídia ela diz que os grupos precisam ter um bom cartaz, um bom release, uma boa fotografia, para que o trabalho de assessoria seja louvável à apresentação nos meios de mídia, pois se você apresenta um trabalho de divulgação mal feito pode causar a impressão de bagunça, e quando é um trabalho organizado, se tem um respeito e olhar de profissionalismo. O jovem Enderson Araújo, falou que para o hip hop ter seu próprio veiculo de comunicação, basta cada um criar seu twitter, facebook e blog, e agregar ferramentas e aplicativos, e entrelaçar estas redes, fazendo com que umas trabalhem junto com as outras, se tem um blog, coloca gadgets nele do facebook e do twitter, coloca um áudio player do seu Soundcloud, e é necessário ter release e noticiar tudo que se faz, pois se não é noticia, para os meios de comunicação tradicional não vai ser interessante, e isso não quer dizer que devemos virar as costas e não fazer, devemos profissionalizar cada vez mais nossos trabalhos, e cada grupo deve ter uma equipe que trabalhe por setores, se não a coisa fica presa em uma só pessoa e atola.
O som foi comandado pelos mestres de cerimônia Coscarque e Róbson Veio onde apresentaram a discotecagem do Vitrola 71 e shows dos grupos, Nova Era e Risco 88 com participações especiais de MC’s como: Léo Soulza, Fall Clássico e Galf.
Quem ainda fez uma participação especial mostrando elementos da Cultura Marginal foi o Nelson Maca, que recitou uma poesia onde teve a companhia de um BeatBox executado pelo Álvaro Réu, e a noite fechou com discotecagem do DJ KL Jay, com direito a surpresa e tudo mais, pois o KL Jay tocou em sua playlist da noite a musica Bola de Neve do um grupo residente Saca Só.
Para quem quiser baixar os sons dos grupos que se apresentaram, coloco disponível links abaixo:
Risco 88 – http://soundcloud.com/risco88
Nova Era – http://soundcloud.com/rap-nova-era
Vitrola 71 – www.facebook.com/djleandro.vitrola?fref=ts
Fall Clássico – http://soundcloud.com/falclassico
Léo Soulza – http://soundcloud.com/leosoulza
DJ KLJay – http://www.djkljay.com
Fiquem por dentro do que vai rolar nos próximos dias da Semana Baiana de Hip hop Pelos:
Site – http://sbhh2012.com/
Fanpage – http://www.facebook.com/SBHH2012?fref=ts
Twitter – https://twitter.com/sbhh2012
Texto: Enderson Araújo
Fotos: Nara Gentil
Fotos: Nara Gentil
BBC, mentiras e pedofilia
12 de Novembro de 2012, 22:00 - sem comentários aindaFachada do prédio da BBC, em Londres. Foto: Justin Tallis / AFP |
Publicado na Carta Capital
De fato, por nove décadas essa instituição conhecida por reportagens bem apuradas, e sempre a escutar as versões opostas, era reconhecida pela sua honestidade.Até agora.
O campo no qual se meteu não poderia ser mais minado. O abuso de menores. Sim, porque esse é um tema a afetar a opinião pública como poucos.
No sábado, o diretor-geral da BBC, George Entwistle, de 50 anos, renunciou ao cargo. Os motivos foram dois, ambos a envolver o programa de tevê Newsnight.
Primeiro, o famoso – até agora crível programa – resolveu não levar ao ar uma investigação de que Jimmy Savile, ex-apresentador vedete da emissora que teria abusado sexualmente cerca de 300 crianças e jovens durante pelo menos quatro décadas de sua carreira. Os atos de Savile, um carismático solteirão falecido no final do ano passado aos 84 anos, eram cometidos nos vestiários da BBC e nos hospitais aos quais doava enormes somas.
Segundo motivo pela renúncia de Entwistle, e esse é o mais recente caso: no dia 2 de novembro o Newsnightimplicou um ex-tesoureiro da conservadora Margaret Thatcher em um caso de pedofilia em um hospital para menores no Principado de Gales.
A rede de tevê não deu o nome do predador, mas as redes sociais, unânimes, identificaram o Lorde McAlpine. Detalhe: Lorde McAlpine é inocente. Para piorar o quadro para a BBC, a vítima retratou suas declarações. Ela se enganou.
Causa estranheza o fato de a BBC ter levado ao ar um programa baseado nas asserções de apenas uma vítima. E, raios, por que o Lorde McAlpine não foi ouvido?
O que está acontecendo com a BBC?
Eis que entra em campo Chris Patten, presidente da Fundação da BBC (BBC Trust). Entrevistado pelo jornalista Andrew Marr na manhã de domingo em um programa da BBC, Patten concordou: “A BBC precisa de uma reforma total, estrutural e radical”.
Entwistle, considerado por Patten um homem “bom”, ficou apenas 54 dias no posto. Patten garantiu, porém, que o escândalo não representa o fim do programa Newsnight. E muito menos da BBC.
O presidente do BBC Trust disse, ainda, que duas investigações internas têm como objetivo descortinar a cultura da época em que Savile trabalhava; a outra busca o motivo pelo qual o programa Newsnight desistiu de levar ao ar a reportagem sobre Savile.
No entanto, até os paralelepípedos de Downing Street, o endereço do premier britânico, estavam a par dos rumores de que Savile era pedófilo.
O povo quer saber, ainda, se havia cúmplices na BBC e nos hospitais. E se sim, por que os colegas de Savile se calaram por tanto tempo?
Segundo o diário The Guardian, pelo menos três médicos de um hospital ajudavam Savile a ter contato com menores.
E Entwistle não sabia nada sobre o programa Newsnight a abordar os casos de pedofilia de Savile? Seu antecessor, Mark Thompson, que deixou o cargo em setembro após oito anos como diretor-geral da BBC, alega não saber nada sobre o que fazia Savile. Atualmente chefe-executivo do The New York Times Company, Thompson disse, porém, que está disponível para responder perguntas de comissões parlamentares no Reino Unido.
O quadro é no mínimo vago.
Um repórter da BBC, que pede anonimato, disse a CartaCapital que o problema é a falta de liderança na BBC. Diretores recebem salários astronômicos, e o próprio Entwistle levou um pacote considerável ao pedir demissão (apenas, vale lembrar, após ter exercido 54 dias no cargo).
O pacote, é lógico, criou grande polêmica entre os súditos do reinado.
Enquanto isso, os britânicos se indagam se precisam de uma rede de tevê, rádio e Internet com orçamento de 16 bilhões de dólares anuais e a empregar 23 mil funcionários. Os britânicos pagam uma “licença” (leia imposto) de 230 libras anuais pela existência da BBC.
Diante do último escândalo, a pergunta dos britânicos é válida.