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As rapidinhas do Sr Comunica - urnas e urnas
7 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários aindaAinda na Venezuela, aquele país que nossa mídia costuma chamar de ditadura, o voto não é obrigatório como aqui, na festa da democracia brasileira. O comparecimento dos eleitores, no país comandado por Hugo Chavez, foi de 80,79% da população, com um índice ínfimo de 1,89% de votos nulos.
Aqui em nosso 'Brasilzão', país democrático ao extremo, o voto é obrigatório. Na cidade do Rio de Janeiro, as abstenções foram de 20,45%. Porém, votos nulos foram 8,94% e brancos 8,12%. Somando-se as abstenções, nulos e brancos na capital carioca temos o resultado módico de 37,51% da população que não quis ou não teve como participar ou opinar na festa da democracia.
Números muito superiores aos da 'ditadura venezuelana', segundo costuma dizer nossa mídia. Por tudo isso, talvez esteja na hora de repensarmos nossa democracia. Mais de um terço da capital fluminense não opinou nesta eleição municipal, ou seja, um em cada três habitantes cariocas.
Um domingo eleitoral na festa da democracia
6 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda Acordo cedo no domingo e aproveito para votar, logo após o café da manhã. Somente este ano transferi meu título de eleitor para o Rio de Janeiro, ou seja, é a primeira vez que voto em solo carioca.A escola na qual voto fica aproximadamente a vinte passos de onde moro. Neste pequeno percurso vejo um eleitor pegando um 'santinho' no chão, dentre os muitos espalhados, e se dirigindo para dentro da escola. Não é a primeira vez que presencio semelhante fato e este é um dos motivos de eu questionar a validade do voto obrigatório.
Já na minha seção eleitoral, ouço as pessoas se perguntando sobre o almoço, onde poderiam comer por um preço baixo. O governo, os partidos e os candidatos gastam rios de dinheiro numa eleição, mas até onde sei, os trabalhadores convocados para trabalhar numa seção eleitoral nos locais de votação não são remunerados. A festa da democracia é custosa para alguns, gratuita e sacrificante para outros.
Após registrar meus votos na avançada urna das eleições brasileiras, saio de minha seção e me deparo uma vez mais com um forte cheiro de esgoto. Ao lado do muro que abriga a escola municipal passa um esgoto a céu aberto, aqui no Rio de Janeiro também conhecido como 'valão'. A tecnologia das urnas contrasta fortemente com a falta de infraestrutura básica da cidade.
Já na calçada, decido aproveitar o domingo, a rua e ir passear um pouco, tomar um sorvete. Alguns passos depois percebo uma cena inusitada: um 'santinho' literalmente afundado na merda. Os inúmeros papéis que alguns candidatos jogam pelas ruas forma uma espécie de tapete pós-moderno da democracia na qual vivemos. Um deles repousou sobre as fezes de um inocente cachorrinho, que por sua vez, possui um dono tão porco quanto os candidatos. Resultado? Um eleitor descuidado levou um pouco do animalzinho grudado em seu sapato. Nem o santinho lhe salvou.
Mais adiante sou abordado por pessoas fazendo boca de urna. Ganham entre 50 e 200 reais para se arriscar e pedir votos para um candidato que, se eleito, deveria fazer as leis da cidade. Para tanto, já começa desrespeitando outras leis. É muita vontade de trabalhar e representar o povo, não é mesmo?
Voltando de meu pequeno passeio dominical, encontro novamente as mesmas pessoas fazendo boca de urna, mas desta vez não sou incomodado. Vale também registrar que alguns deles fazem campanha por candidatos a vereador que buscam a reeleição.
O sol escaldante me faz suar e desejar chegar logo em minha casa. De minha janela, vez ou outra, observo o caos do trânsito, as buzinas enlouquecidas, o tapete de santinhos pelo chão, a boca de urna e uma calçada entupida por entulhos que algum cidadão jogou na calçada, fazendo um enorme bloqueio e obrigando os pedestres a andar no asfalto. Um dia de domingo eleitoral na famosa festa da democracia.
'Love Me Do' é novidade para jovens brasileiros, cinco décadas depois de seu lançamento
6 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
Há 50 anos, o mundo ouvia pela primeira vez uma banda que mudaria a história da música. 'Love me Do', do Beatles, virou sucesso absoluto entre os jovens dos anos 60.
Mas o que os jovens de hoje pensam sobre o primeiro single da banda?
Inspirada em uma reportagem da BBC inglesa, que visitou uma escola no sudoeste de Londres, a BBC Brasil foi conversar com alunos da escola Guaracy Silveira, no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
Ao ouvir os primeiros acordes de 'Love me Do', muitos se mostraram intrigados, ergueram as sobrancelhas, balançaram a cabeça. A maioria disse não fazer ideia de que música era.
A grande exceção foi a aluna Catarina, de 16 anos, que não só adivinhou na hora que se tratava de 'Love Me Do', como contou que aprendeu - no YouTube - a tocar a música na gaita. E, claro, deu uma palhinha.
Assista ao vídeo da BBC em Londres Cliqueaqui.
Com reportagem de Jéssica Fiorelli e Mariana Della Barba.
Vidas paralelas: Murdoch e Marinho
4 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
Rupert Murdoch e Roberto Marinho têm muito mais que as iniciais em comum. Ambos perderam o pai cedo, uma tragédia pessoal que, paradoxalmente, acabou por empurrá-los vigorosamente na indústria da mídia.
Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo
Os dois herdaram, jovens ainda, um jornal, Murdoch em sua Sidney, na Austrália, Marinho no Rio de Janeiro. Isso foi determinante para estabelecer nos dois um amor invencível pelos jornais. Mesmo quando já tinham construído, cada qual do seu jeito, um império de mídia diversificado, o jornal continuaria no centro da atenção dos dois.
A língua foi determinante para estabelecer a maior diferença. O inglês facilitou a Murdoch montar um grupo mundial: da Austrália foi para a Inglaterra, nos anos 1960, e acabaria depois incluindo espetacularmente os Estados Unidos no mapa de seus negócios. Sua News Corp, baseada em Nova York, onde Murdoch mora, é dona de marcas como a Fox e o Wall Street Journal. Roberto Marinho, até por não falar inglês, ficou essencialmente restrito ao Brasil até morrer, em 2003, aos 98 anos. Por isso a influência de Murdoch – ainda vivo e ativo, aos 81 anos — é global, e a de Marinho foi nacional.
Como típicos barões da imprensa, deixaram sempre evidente que a voz de seus jornais e demais mídias era a deles e de mais ninguém. “Se alguém quer saber minhas opiniões, basta ler os editoriais do Sun”, diz Murdoch. Sun é seu tablóide londrino, um campeão de vendas e de controvérsias. Marinho não disse isso, mas nem precisava: estava patente.
Cercaram-se de jornalistas que sabiam que jamais deveriam brilhar tanto a ponto de ofuscar o dono. Quando Murdoch comprou o lendário Times na década de 1960, um passo essencial no seu ganho de poder na Inglaterra, sabia-se que os dias do grande editor Harold Evans no jornal estavam contados. O editor Evandro Carlos de Andrade, que dirigiu o Globo por longos anos e depois o telejornalismo do grupo, fez questão desde o início de deixar claro a Roberto Marinho que era “papista”. Fazia o que o Papa mandava. Muito mais que o talento, foi esse traço de pragmática servilidade que explicou a duração da carreira de Evandro nas Organizações Globo.
Murdoch e Marinho sempre disseram ter em vista, acima de tudo, o interesse público. Mas jamais deixaram de ser objeto de suspeita de que, fora da retórica, colocaram invariavelmente seu interesse pessoal acima de quaisquer outros. Por isso acabaram sendo amplamente detestados pela opinião pública que eles, paradoxalmente, tentaram moldar com sua mídia.
Em torno deles se construiu a imagem – exagerada — de homens capazes de fazer ou destruir governos. Ninguém acreditou mais nisso que os politicos no Brasil e na Inglaterra, e por isso adularam Murdoch e Marinho para além da abjeção. Buscavam sempre apoio, o que às vezes receberam – acompanhado, quase sempre, de uma merecida dose de desprezo. No código de etiqueta e de poder de Murdoch e Marinho, competiu sempre aos políticos ir atrás deles, e não o inverso.
Lutaram, como todos os barões da imprensa, por estabelecer uma dinastia. As chances de êxito de Murdoch, nisso, são pequenas. Três filhos seus – uma mulher e dois homens – já estiveram na condição de herdeiros aparentes. O último deles, James, 39 anos, renunciou a seu posto depois que sua reputação foi destruída no escândalo das escutas ilegais telefônica de um tablóide do grupo, o News of the World. Murdoch tem dois filhos pequenos de Wendi, sua bonita mulher chinesa, mas é difícil imaginar que Murdoch vá estar vivo quando os dois estiverem em condições de tocar uma empresa.
Roberto Marinho teve mais sorte aí. Seus três filhos, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto, conseguiram até aqui manter o vigor – econômico, pelo menos — da Globo. São discretos, têm noção de suas limitações e, juntos, estabeleceram uma maneira de trabalhar em conjunto com a qual a Globo se manteve competitiva sem Roberto Marinho. Diferentemente do pai, parecem menos interessados em influenciar presidentes e mais focados no negócio em si. Não inovaram, mas já mostraram entender que o futuro é digital e saber que, se a Globo não transferir sua potência para a internet, o declínio é inevitável. Todos os três estão na faixa dos 50 anos, o que significa que a Globo não enfrentará tão cedo um novo teste de troca de geração. O que os três irmãos não conseguiram foi desfazer a imagem negativa da Globo perante a opinião pública qualificada. A Globo é vista — menos que antes, é certo –, mas está longe de ser admirada pelos formadores de opinião.
Pessoalmente, Murdoch e Marinho compartilharam uma vaidade que os fez claramente ficar incomodados com algumas características físicas. Murdoch durante boa parte da vida tentou esconder a calvície com um penteado em que fios longos eram estrategicamente dispostos de um lado ao outro da cabeça. Apenas recentemente desistiu do expediente. Roberto Marinho não se orgulhava de sua estatura, ampliada por saltos, e de sua tez mulata, na qual passava pó de arroz.
Em suas vidas paralelas, Murdoch e Marinho dividiram, acima de tudo, o amor pelo poder, pela influência, pela manipulação – por todas aquelas coisas, enfim, advindas da propriedade de um império de mídia.
É o neoliberalismo, estúpido!
3 de Outubro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda Por Cynara MenezesDesde o ano passado, com o agravamento da crise europeia, começaram a pipocar na rede produções independentes esclarecendo as barbeiragens dos governantes que levaram à crise na Europa.
A animação “Espanistán”, de Aleix Saló, foi a pioneira ao explicar como a bolha imobiliária levou a Espanha à bancarrota (e está cada dia pior, como as últimas manifestações no país evidenciam).
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