Amor e Capital
18 de Fevereiro de 2015, 14:32Há diferentes maneiras de narrar a história e oferecer subsídios para quem quer conhecê-la, interpretá-la, conectar significados e refletir sobre o sentido da vida, do trabalho e da ação daqueles que nos antecederam e que, de múltiplas maneiras, contribuíram para construir o presente. Três sentidos para o termo presente: aqui e agora; declarar presença; dádiva.
Londres, 28 de setembro de 1864. Uma famosa sala de espetáculo recebe um público diferente convocado por ativistas franceses. Reúnem-se militantes ingleses, irlandeses, poloneses, italianos e alemães. Convocado de última hora, um jornalista alemão, que vivia precariamente na capital londrina, participou do encontro, transformando-se em grande protagonista da criação da Associação Internacional dos Trabalhadores, que veio a desdobrar-se na 1a Internacional. Presença declarada e destacada!
Um ótimo presente oferece Mary Gabriel, uma norte-americana que dedicou anos pesquisando a vida de um dos maiores intelectuais do século XIX, que transformou, de maneira radical, a maneira como vemos e interpretamos o mundo e como nele vivemos. O longo e minucioso investimento culminou em uma escolha delicada que orientou toda a narrativa: ter como fonte estruturante as cartas trocadas entre o personagem, sua esposa e filhas.
Em entrevista para Carta Capital, Mary declarou: “... depois que li sobre suas filhas, pensei que seria mais enriquecedor se eu me ocupasse de todas as mulheres de Marx. Essa história, porém, deveria ser centrada no homem da vida delas, o que ele de fato foi, para o bem ou para o mal”. Essa opção está registrada de maneira magistral nas 968 páginas do livro “Amor e Capital: A saga da família de Karl Marx e a história de uma revolução”, Editora Zahar.
O texto é leve, mas os fatos são densos. As cidades se sucedem no tempo de buscas e de fugas, enquanto o trabalho de reflexão se confronta com inúmeros dramas pessoais e familiares. Apoiada em grande base documental, inúmeras biografias e principalmente nas cartas trocadas entre Marx, a esposa dele, Jenny, as filhas do casal e Engels, a saga da família Marx torna-se um presente simplesmente imperdível!
É fantástico o contexto histórico que brota em cada página deste século turbulento, repleto de erupções e de lutas sociais continuadas até hoje, processos nos quais floresceu a classe operária como protagonista de uma longa história de confrontos para superar a exploração, a desigualdade e a miséria.
Dramático é ver o esforço político da classe trabalhadora para construir a unidade para empreender suas lutas; desesperador é perceber a desigualdade na correlação de força com a classe dominante; triste, muito triste, são os inúmeros e intermináveis rachas, divisões, disputas e brigas oriundos de um “certo vírus histórico” para o qual a política ainda hoje não encontrou cura! Há inúmeros e complexos elementos nessa história que nos ajudam a compreender o presente!
Ano de 1880. Marx e família estavam no balneário de Ramsgate, Inglaterra, em agosto. Com a palavra Mary: “De forma surpreendente, Marx convidou John Swinton, um jornalista reformista liberal de Nova York para visitá-lo... Swinton diria que ficara aguardando a tarde inteira o momento de fazer uma pergunta a Marx sobre o que o jornalista chamou de “a lei definitiva do ser”. Por fim, surgiu uma oportunidade, e ele perguntou: “E qual é essa lei?” Marx olhou para o mar agitado e a multidão na praia e respondeu: “A luta!”.
Ação permanente no presente daqueles que sonham com a utopia de vivermos em liberdade e igualdade!
Clemente Ganz Lúcio é Sociólogo, diretor técnico do DIEESE, membro do CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Getúlios
18 de Fevereiro de 2015, 14:30Por Clemente Ganz Lúcio
O processo eleitoral recente foi quente, recolocando o embate político em todas as esferas da sociedade brasileira. Projetos de desenvolvimento colocados em disputa, visões diferentes sobre a estrutura e o poder do Estado, o papel das forças sociais e das instituições testado. Exigiu-se das organizações que promovem o jogo democrático, em especial dos partidos políticos, uma resposta à altura para promover um debate que esclarecesse e abrisse opções e possibilidades de escolha, pelo voto, de continuidade ou alternância. Esse jogo de debate, de disputa e de escolha envolve inúmeras dimensões e práticas que vão, permanentemente, nas condições concretas, construindo a democracia.
Mas a história do Brasil é marcada por golpes e pela luta pelo restabelecimento da liberdade e da democracia. Essa luta não tem fim, é permanente. A história econômica e política do país é sinalizada por processos tensos e muitos conflitos em um país grande, com muita riqueza, objeto de cobiça e disputa ao longo de 500 anos. O último século, em especial, foi de profundas transformações econômicas, sociais, culturais e políticas. Recuperar essa história faz parte do conhecimento necessário para compreender o presente e prospectar os desafios do futuro.
Uma maneira de apreender a história é por meio da trajetória de personagens que a marcaram. Getúlio Vargas é um desses grandes personagens que reúne, no curso da vida, conflitos e contradições do desenvolvimento do país. Foi brilhantemente biografado por Lira Neto, que sustenta uma narrativa envolvente em três volumes que contam a história do país por meio da vida do ex-presidente. “Getúlio: dos anos de formação à conquista do poder (1882-1930)”; “Getúlio: do governo provisório à ditadura do Estado Novo (1930-1945)”; “Getúlio: da volta pela consagração popular ao suicídio (1945 - 1954)”, todos publicados pela Companhia de Letras.
O trabalho foi fundamentado por uma vigorosa pesquisa documental a partir da qual o autor construiu o percurso do desenvolvimento do país, costurado a partir dos fatos e contextos da vida privada e pública de Getúlio, tangenciando a alma desse personagem que marcou a história econômica e política.
Lira Neto conta a história do berço do caudilhismo gaúcho até a chegada de Getúlio à presidência, encilhando o cavalo no Catete, no início dos anos 1930; aborda o governo autoritário até a deposição, em 1945; a volta apoiada no movimento queremista, as eleições em 1950, o suicídio em 1954.
É fascinante a história por trás da instituição do salário mínimo; da legislação de proteção laboral; de representação sindical; do direito de greve, estabelecido na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT; da criação da Petrobras, do atual BNDES, da Eletrobras, da infraestrutura produtiva, com a Companhia Siderúrgica Nacional, entre inúmeros outros feitos.
O suicídio, em 1954, conforme afirmou depois Tancredo Neves, retarda em 10 anos o golpe civil-militar de 1964 e abre caminho para a eleição de Juscelino Kubitschek, com Jango na vice-presidência, resultando na construção de Brasília e em tudo que isso significou.
A biografia recupera a formação do pensamento da elite, suas articulações e estratégias para se enraizar no poder, bem como ajuda a compreender o que é a “arte da política” diante das contradições de uma sociedade capitalista em expansão.
Esta leitura será iluminada se vier acompanhada pela empreitada, de maior fôlego, para percorrer os sete volumes da clássica série literária de Érico Veríssimo, intitulada “O tempo e o vento”, dividida em três partes: “O Continente”, “O retrato” e “O arquipélago”. A obra percorre dois séculos (1745 a 1945) da história do Brasil e do Rio Grande do Sul e ajuda a compreender a alma gaúcha e o perfil de Getúlio.
Leituras para religar significados e estabelecer elos com muito do que vivemos e viveremos.
Clemente Ganz Lúcio é Sociólogo, diretor técnico do DIEESE, membro do CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Classe Trabalhadora parananense vence uma batalha (Vídeos e Fotos)
14 de Fevereiro de 2015, 13:19No dia 09 de fevereiro de 2015 até a bandeira do Paraná, em frente ao Palácio Iguaçu, se enrola de vergonha por conta do pacotaço de maldades enviado à Assembleia Legislativa do Paraná pelo tucano Carlos Alberto Richa.
Os vídeos abaixo não foram editados. Os publicamos aqui tal qual foram produzidos no calor do momento.
A ocupação da ALEP, 09/02/2015
Alep Ocupada, 10/02/2015
Protesto na ALEP, 11/02/2015
Desocupação da Alep, Início, 12/02/2015
Desocupação da Alep, Fora Ratazanas, 12/02/2015
Desocupação da Alep, Batucada da Retirada, 12/02/2015
Desocupação da Alep, É só o começo, 12/02/2015
O Monumento aos medrosos e fujões
Esta parte da grade da Assembleia Legislativa do Paraná foi serrada a mando dos aliados do governador tucano, Carlos Alberto Richa, para que os medrosos deputados estaduais do Paraná, apoiadores dos desmandos de Richa, pudessem entrar na ALEP literalmente pela porta dos fundos.
Esta grade serrada é o monumento à burrice, ao medo e ao total descompromisso com o povo.
Clique aqui e veja a Galeria de Fotos dos Principais Momentos desta Luta!
Ontem e hoje, a mesma intolerância!
11 de Fevereiro de 2015, 23:06Troque o idioma, o país, o ano e verá um filme sobre a elite e a classe média brasileira 2015.
Deputados entram com mandado de segurança contra Comissão Geral
11 de Fevereiro de 2015, 21:51(Curitiba, 11/2/15) – Um grupo de 14 deputados estaduais ingressou na tarde desta quarta-feira (11) com um mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) contra o regime de Comissão Geral para votação do "pacote de maldades" do governo Richa.
Os parlamentares argumentam que a votação dos projetos em Comissão Geral é ilegal, tendo em vista que o debate é uma prerrogativa parlamentar garantida na Constituição. “A realização da Comissão Geral fere o direito de oposição garantido na Constituição. A supressão do debate viola o direito à Democracia e ao devido processo legislativo”, diz o mandado.
Assinaram o documento os seguintes deputados:
Ademir Bier (PMDB)
Antonio Anibelli Neto (PMDB)
Chico Brasileiro (PSD)
Gilberto Ribeiro (PSB)
Márcio Pacheco (PPL)
Márcio Pauliki (PDT)
Nelson Luersen (PDT)
Nereu Moura (PMDB)
Ney Leprevost (PSD)
Péricles de Mello (PT)
Professor Lemos (PT)
Rasca Rodrigues (PV)
Requião Filho (PMDB)
Tadeu Veneri (PT)